Capitulo vinte

20

Sonhos de uma noite de outono

Ciclo Um

Chegou o dia da abertura do festival de outono.

As 10 torres de Sephirot começaram a tocar os sinos anunciando às seis horas. Era a primeira vez que Alix e Belle escutavam o som longínquo e claro dos sinos que durante todo o verão ficou em silencio.

As garotas do quarto do pônei alado se levantaram e vestiram seus uniformes cerimoniais. Naquele dia não iriam como simples alunas e sim como membros do time mágico das arcanoides Max hearth.

A cerimônia do inicio do festival seria no parque da sabedoria após o horário do almoço, na primeira parte elas deveriam se unir com seu respectivo responsável. Todos no castelo aparentemente estavam alvoroçados e se preparando para a cerimônia. O uniforme tradicional era algo que não se via em lugar nenhum, o festival parecia mais importante do que nunca.

As garotas do clube de eventos ocupadíssimas tinham permissão de andar com tapetes mágicos por toda a parte. Claro que entre elas estava Nicole em meio período. Todos os membros inativos e honorários do clube estavam trabalhando naquele dia, nem mesmo Nicole conhecia todos eles.

Os cadetes e monitores como Maria também estavam com roupas especiais para o festival, aparentemente todas as reformas de segurança principais de Medhal haviam sido cumpridas em tempo recorde e a quantidade de pessoal para a organização estava dobrada. Tudo estava nos conformes.

As garotas foram para o salão mundial, um dos enormes salões que Alix e Belle ainda não conheciam. Todas as outras garotas do primeiro ano as acompanharam lideradas pelas cadetes.

- Não vamos pela sala móvel? – Estranhou Belle indo pela primeira vez pelas escadas do dormitório.

- Não! – Piscou Cassandra. - Hoje vamos conhecer um pouco os caminhos do castelo. - Cassandra tinha uma certa dificuldade e tropeçava em suas vestes.

O salão mundial tinha um enorme teto em vitral com velho mapa do mundo pintado com muito azul. Muitos alunos vinham se reunir. Lumina e Rembrandt logo encontraram as garotas na multidão, eles conheciam muita gente e rapidamente apresentaram, mas nada que realmente pudessem se lembrar depois, ainda mais com tanta coisa acontecendo. Entre os cadetes que organizavam a multidão puderam reconhecer Maria e Prometeu o irmão mais velho de Cassandra e Janus.

- A luz que vem desses vitrais também é magia não é mesmo? – Perguntou Belle que recebeu uma resposta positiva de Cassandra.

- Puxa! Está todo mundo aqui? – Perguntou Alix procurando rostos conhecidos.

- Sim! – Respondeu Rembrandt. – mas não espere encontrar todo mundo aqui. Aqui só tem o pessoal do primeiro ano.

- Pra onde vão os outros alunos? – Perguntou Belle.

- Eles têm suas próprias coisas pra fazer, bem mais divertidas do que essa. – Suspirou Lumina como se quisesse estar lá.

- O que estamos esperando agora? – Perguntou Alix.

- Os novos alunos. – Apontou Cassandra para uma multidão impressionada e razoavelmente assustada que chegava. Nem todos eram alunos do ginásio, mas obviamente a maioria eram novos alunos que nunca haviam colocado os olhos em nada mágico de verdade. Entre eles estava Zelda e suas amigas.

Duas estatuas enormes abriram uma porta que levava para outra parte do castelo. Os novos alunos ficaram muito apreensivos por atravessar aquele portão no meio do salão que levava para outra parte, mesmo assim caminharam como condenados que marchavam para seu terrível destino.

Com todo o grupo se dirigiu para o grande salão da Lua em Yesod, era o mais majestoso salão que já entraram em toda Sephirot. O lugar era grande como um estádio. No teto havia um enorme sistema planetário que flutuava fazendo o percurso do sistema solar e ficava tão longe que era difícil imaginar a estrutura que o segurava. Uma majestosa estatua de um anjo ficava sobre a entrada principal. Tudo estava decorado em tons de índigo, púrpura e violeta. Havia um grande espaço entre os alunos e o balcão dos professores, ao lado ver o maestro Pisani e os alunos avançados de musica tocando para os novos alunos. Entraram no salão recebidos por uma alegre fanfarra e logo foram colocados na platéia com instrução dos cadetes.

Existiam muitas estatuas de coelhos olhando os alunos e entre os professores enfeites de cálices. Belle se sentiu um pouquinho vingada ao ver os alunos do ginásio assustados, ela já estava se fanfarronando por saber mais do que eles. Aquilo deixou Alix animada ao ver que ela estava voltando a sua forma antiga.

Entre os professores Alix começou a reconhecer alguns rostos familiares. Rembrandt explicou que existiam vários professores que ensinavam as mesmas matérias. Lucy estava entre outros dois professores de magia negra que não pareciam nada contentes ao sentar ao lado dela. Belle quase riu quando um garoto estranhou aquela menina no meio dos professores.

Assim que os alunos se acomodaram foi anunciada a turma de Sídhe composta de seres mágicos, como fadas, duendes e animais falantes. Uma nova musica começou a tocar e eles entraram. Pareciam tão impressionados e assustados quanto os alunos humanos. Os cadetes de Sídhe os distribuíram entre os outros alunos que logo perceberam que Kitsune a raposa de tapa-olho e os outros animais mágicos não eram apenas mascotes que estavam sentados entre os professores. Sem falar nos professores que eram seres mágicos como fadas e quimeras. Alix estava achando aquilo tudo o Maximo.

Após a introdução musical um palanque brotou no meio do salão e Érika subiu para falar. Ela estava mais linda do que o normal com seu vestido mágico que brilhava e esvoaçava. Para encurtar ela se apresentou como uma mestiça entre humanos e fadas e presidente do corpo estudantil e fez um discurso de apresentação aonde explicou que apesar das historias que contavam, ninguém seria obrigado a se alistar ou entrar na guerra e que a obrigatoriedade do ensino da mágica não seria diferente da obrigatoriedade do ensino comum.

Começou a primeira apresentação com as meninas do ensino básico dançando em meio a um coro, elas carregavam longas fitas de seda e bailavam no ar. Claro que os seres mágicos também estavam em meio à apresentação.

- Me sinto na abertura das olimpíadas comentou Rembrandt.

Após sua apresentação o diretor Dietrich afirmou o discurso inicial criticando enfaticamente a postura fascista que era adotada ao se tratar das academias de magia, como se quem possuísse habilidades mágicas não tivessem direitos. Depois agradeceu a todos e os convidou para o festival de outono que começaria em duas semanas.

- Quem é aquela moça sentada ao lado do Diretor? – Alixandra reconheceu a mulher que varias vezes ela encontrou visitando Derek quando ele estava se recuperando na ala hospitalar...

- Aquela é a secretaria Dele. – Cochichou Rembrandt. – A srta. Madison, ela também é secretaria do professor Kazam.

A segunda apresentação foi dos alunos juniores, entre eles Nicole, Derek e Janus estavam participando.

Érika anunciou Kazam que falou das utilidades da mágica e atividades curriculares com muito entusiasmo. Baseado em seu discurso começou uma apresentação dos clubes sempre anunciada pelo próprio, entre os clubes é claro que estava o clube de eventos com Érika, a professora divina e as outras garotas da turma, houve uma explosão de aplausos para a turma de conjurabol no final terminaram com o clube de musica que entrou se unindo a orquestra.

Todos já estavam alegres e tranqüilos quando Érika fez a apresentação da academia militar e o complexo sistema das casas. O primeiro chamado foi à senhora Jones mestre de Paus. Ela fez um breve discurso sobre as vantagens em se fazer parte das casas de paus e sua função na área cientifica. Depois vieram respectivamente os tutores da casa de fogo, do espírito e da mente. Após cada discurso havia uma pequena apresentação feita pela respectiva casa. Podiam se ver claramente os alunos que se impressionavam e os que se preocupavam com as características militares de Sephirot.

Em seguida veio o professor Crowley, mestre de Copas. Ele fez um discurso sobre a posição política e negociações sobre paz feitas pela casa de copas que evitava combates e lutava pela paz incentivando os alunos a entrarem nela.

- Esse é o pai da Grace a garota que estava dançando com o Rembrandt. – Comentou Mina Boyer do clube de eventos surpreendendo as garotas, pois acabara de aparecer na apresentação dos clubes.

- Mina? – Estranhou Alix. - O que vocês estão fazendo aqui?

- Acabou a nossa parte a gente queria ver o resto da festa.

- Como vocês acharam a gente? – Perguntou Lumina.

- Perguntamos pro Prometeu. – Mina apontou para o irmão de Cassandra acenando.

A apresentação continuou com os tutores da casa de água, gelo e nuvem discursando seguidos da apresentação de suas casas. O professor Shawn, mestre da casa da nuvem fez um discurso exaltando a importância da nobreza e do seu lugar na sociedade e a responsabilidade que cada individuo tem para o estado.

- Acho que esse é o tal fascista que a Érika e o pai dela estavam falando. – Comentou Rembrandt.

Em seguida surgiu novamente o diretor apresentando as casas de Ouro, terra, flora e fauna. Novamente Érika e Derek fizeram parte da apresentação junto com Maria. Durante a apresentação Janus apareceu e se sentou ao lado de Lumina.

Por ultimo Medhal, não incentivou muito para que entrassem nas casas de espada e fez a apresentação dos mestres de ar, vento e raio. Yuki apareceu extasiada entre as demonstrações de armas e artes marciais.

A apresentação continuou com Kitsune fazendo um discurso sobre as buscas e missões. Muitos alunos se espantaram com a raposa falante. Ela explicou o sistema dos alunos tutores. Alunos Seniores seriam encarregados de ensinar para os juniores macetes e ajudá-los a se entrosar melhor. Alix podia sentir o seu sangue ferver por ter Denise Dinamite como sua tutora a ultima coisa que ela podia fazer era ensiná-la ou ajudá-la em alguma coisa.

Por ultimo os professores fizeram alguns alertas e instruções de praxe. Terminaram avisando sobre as reformas na segurança comandadas por Medhal e um coral cantou anunciando o fim das festividades.

Todos foram levados para o salão ao lado onde um banquete estava sendo servido. Os cadetes continuavam em sua tarefa de auxiliar os alunos mais novos e desnorteados.

Claro que a festa ainda não tinha acabado, ainda havia outras apresentações. Entre elas a do time arcanoides. Nicole e as garotas do clube de eventos deram uma carona para as arcanoides com seus tapetes voadores. O pessoal cumprimentava entusiasmadamente as garotas de uniforme. O gosto de Claude realmente era um sucesso.

Como combinado no salão vermelho dos professores Medhal e uma misteriosa figura estavam esperando. Ela usava um manto que cobria todo o seu corpo com o grande logo das arcanoides nas costas e grossos óculos escuros que escondiam todo o seu rosto.

Medhal rapidamente as cumprimentou e tratou de ir fazer os seus afazeres. A professora desceu de onde estava e disse que deveriam ir se encontrar com os garotos. Por alguns instantes as garotas ficaram atônitas por reconhecer aquela vozinha tão familiar.

- LUCY WESTER!

- O que é essa reação? – Reclamou com seu gato no colo. – Vai me dizer que vocês não sabiam?

- Que roupa é essa? – Se espantou Alix. – Eu mal posso ver o seu rosto. Eu não posso ver nenhuma parte de você. – Ela se aproximou bem de Lucy pra ver. – Sua cara esta toda branca.

- Por acaso não viram o tempo que esta fazendo lá fora? Eu não tenho melanina não sei se vocês perceberam.

- Eca! O que é isso na sua cara? Bronzeador? – Nicole tentou passar a mão. - O que você fez? Mergulhou nele?

- Não sei porque, mas isso não me surpreendeu. – Resmungou Alix.

- Ei! – reclamou Lucy. – Porque você tem enfeites vermelhos? Eu é quem sou a líder.

- Não! - Corrigiu Cassandra. – Você é a professora responsável, não pode ser a líder.

Logo os rapazes apareceram com a Lumina.

- A Lumina esta com eles de novo. – Comentou Nicole. – Por acaso ela também dorme no dormitório masculino?

- Vocês fizeram um uniforme pro Sapão. – Cumprimentou Rembrandt.

- Toma aqui teu pai. – Lucy delicadamente entregou o gato pra Belle e chutou Rembrandt na canela com toda força. - Quem você esta chamando de Sapão seu vagabundo cabeludo?

- Lucy Western? – Os três se espantaram. Thomas ainda não sabia sobre Lucy, ele tinha aulas de magia negra com outro professor.

- Quem é ela? – Perguntou Thomas.

- Eu sou sua patrocinadora. A magnífica professora Lucy Western.

- Você que é a tal professora que assina com beijos?

- Quer um?

Thomas ficou encabulado. Nunca tinha sido atacado por Lucy antes.

- Vamos pra área dos participantes. – Anunciou Lucy. – Temos que nos preparar pro desfile inicial.

O time das arcanoides acabou ficando maior do que esperavam, Paxa e Sapão se juntaram como mascotes. Os membros honorários do time de conjurabol Dinamite e Spunky, assim como a equipe do carro de Thomas também participaria do desfile. O garoto quase caiu pra traz ao ver Soleil com a versão rosa do uniforme que as garotas do segundo time usavam. Mas sua felicidade durou pouco, assim que ela começou a insistir em ficar ao lado de Janus.

Como Lumina competiria na corrida dos tapetes ela iria desfilar no seu tapete voador e ainda teria uma segunda volta com os outros competidores. Yuki participaria das competições marciais com uma espada longa de Kenjutsu. (é a arte marcial japonesa clássica do combate com espadas, Pode também ser chamada de Kenpô) Janus, Rembrandt e ou outros iriam como o time de conjurabol, Thomas pilotaria o carro com toda a equipe andando atrás, Nicole usaria a faixa de candidata ao concurso de beleza e as outras carregariam a bandeira.

Após o ensaio para o desfile, o grupo foi almoçar nos restaurantes da cidade. A festa já havia começado, havia pessoas por toda parte, barraquinhas vendendo petiscos e bugigangas.

- Puxa! – Alix olhou em volta. - Se acontecer alguma coisa nós vamos ter problemas em fazer alguma coisa por aqui.

- Como assim? – Lucy olhou desconfiada. – Você teve algum daqueles sonhos premonitórios?

- Não! Não! – Alix se desculpou.

Lucy não deixou que pedissem o que quisessem e insistiu para que comessem comidas leves e saldáveis. Após o almoço foram rigorosamente para a concentração aonde iniciaria o desfile. Lá encontraram os outros grupos que também fariam o desfile de inauguração.

Belle até tinha uma boa experiência em aparecer na frente de pessoas por participar de competições e recitais, mas era a primeira vez para Alix que estava se maravilhando com os bastidores e de longe era a mais nervosa.

- Eu não tenho mais esse problema. – Sorriu Belle mostrando sua carta. – Eu posso incorporar uma carta com uma personalidade mais confiante.

- Hum? – Fez o gato.

- Isso mesmo! Pra qualquer problema agora eu tenho as cartas. Ao que parece eu sou um gênio.

Os grupos foram atravessando o corredor um a um. Finalmente chegou o momento que entrariam em cena. As arquibancadas estavam cheias, havia muito mais gente do que Alix podia imaginar, havia muita musica risos e aplausos. Novamente no centro de tudo estava Érika como sempre brilhando no lugar da apresentadora. Quando foram anunciados como o time arcanoides Marx Hearths, seu coração parecia que ia pular fora do peito com os aplausos.

Aquilo era o Maximo.

Ciclo dois

Após o desfile inicial começaram novas comemorações e atrações por toda à parte, grande parte da área reservada aos estudantes agora podiam ser visitadas por qualquer um. Depois do Jantar as garotas foram dormir mais cedo. O dia fora muito mais agitado do que imaginavam.

Alix acordou se sentindo ótima, o sábado tinha sido glorioso e o domingo seria melhor ainda, era o dia da abertura das atividades e ela não queria perder nada. As garotas nem pensaram em tomar café da manhã e já correram para o parque da sabedoria.

Havia muitas brincadeiras e jogos e estranhamente pela primeira vez Alix percebeu que entre as famílias e os grupos de amigos, também tinham muitos e muitos, casais de namorados. Ela nunca havia reparado nisso.

Após a abertura oficial no dia anterior todos os grupos se dispersaram para comemorar com seus amigos. Claude estava orgulhosíssima pelo desfile e recebeu muitos elogios. Grace finalmente resolveu tomar uma atitude e estava conversando com Derek. Todos comentavam da aparência de Érika e como ela brilhou na apresentação. Ela era tão perfeita e maravilhosa em todos os sentidos a única pessoa que conseguia tirar ela do serio era Rembrandt. Curioso que diziam isso, pois ele também era a pessoa mais perfeita e maravilhosa que ela conhecia.

Em meio a toda a alegria ela entre a multidão uma simpática poltrona flutuante com um rosto muito amigável e familiar lhe acenando.

- Alixandra. – Acenou o professor Kazam. – mas que bom encontrá-la.

- Há quanto tempo professor. Estava procurando por mim? – Sorriu alegremente. – Agora que eu faço parte de um time eu tenho esses comunicadores. Pode me achar a qualquer hora.

- Eu prefiro a informalidade de uma boa conversa e um aperto de mão.

- mas porque você queria me ver?

- Eu tenho uma surpresa. Tem uma pessoa que quer muito lhe ver.

- É mesmo? E onde esta essa pessoa.

- Neste instante está junto aos outros professores. Eu falei sobre você e ela esta muito entusiasmada.

- mas quem seria essa pessoa?

Entre as mesas dos professores, com um pequeno prato em suas mãos e conversando com o diretor ela pode vê-la. Estava tão diferente, seu rosto jovem e saudável, seu sorriso alegre e sincero. Durante muitos anos ela era grande como a própria vida e sem saber exatamente quando, em algum ponto, em algum lugar, algum momento, ela havia se tornado tão pequena. E agora esta grande de novo. Alix não pode conter as lagrimas.

Abryele se virou e por algum momento teve que parar para olhar, para entender e sem grandes motivos sentiu tamanho orgulho e felicidade que palavras não podiam mais descrever.

Alixandra abraçou sua mãe e finalmente compreendeu tudo que havia acontecido, como elas haviam se separado e agora como tudo estava bem. Nos braços de sua mãe ela perdeu tudo o que carregava durante todo esse tempo e se sentiu leve, muito leve. Ela queria contar tudo o que aconteceu. Ficaram horas falando.

Quando nada podia ser melhor sua mãe lhe mostrou uma surpresa maior ainda, três rostos sorridentes, que ela não imaginava que veria novamente, estavam paradas na sua frente. Caroline e Anne Marie, suas grandes amigas e ao lado de Belle sua prima Régine. Elas também eram bruxas, a partir daquele instante também iriam viver em Sephirot, todas juntas.

Se tudo acabasse agora seria um final feliz.

Ciclo três

O dia da cerimônia de abertura do festival havia chegado e a tarde seria o inicio das festividades. Maria Mercedes era uma das monitoras da casa de discos, por isso tinha tido muito trabalho. Devido a sua carga de trabalhos realizados poderia aproveitar a comemoração no dia seguinte, mas ela não era do tipo de pessoa que aproveitava aquilo. Talvez fosse melhor trocar seu dia de folga com alguém que fosse trabalhar e queria se divertir. Isso mesmo, ela iria trabalhar em alguma coisa bem tranqüila e poderia ficar quieta em um canto.

Ansiosa não conseguia dormir e aos poucos a falta de sono lhe lembrou que não havia comido nada o dia todo. Comer bem sempre dava sono, mesmo que não fosse recomendado. Alem disso domingo seria seu dia de folga.

Maria saiu da cama e foi fazer um lanchinho na cozinha das estudantes. Como monitora ela tinha permissão de sair dos limites dos quartos a noite, e como uma garota precavida tinha uma boa quantidade de ingredientes estocados e fez uma boa refeição. Agora que estava sozinha e tranqüila desde que voltara de Galita não pode deixar de pensar na preocupação de Lumina. Será que ela realmente estava agindo de forma tão diferente assim? Acontecera tanta coisa nas ultimas semanas que nem ao menos percebera o tempo passando.

Estranho mesmo foi uma súbita presença que ela sentiu e os vultos se esgueirando rapidamente pelo corredor. Alguém ou alguma coisa estava espreitando pelos corredores do dormitório feminino fora do horário permitido e fora dos andares residenciais.

Maria não tinha nenhum material ou equipamento. Até mesmo seu baralho havia ficado no quarto, só estava com sua identificação da casa de discos e isso ia ter que servir. Os vultos se esgueiravam rapidamente e sabiam para onde estavam indo. Seja o que for estava descendo a torre para fora da área do dormitório, e os andares mais baixos do castelo eram estritamente proibidos depois das onze da noite. Antes que pudesse pensar já haviam saído do dormitório e se esgueiravam pela área de segurança. Para sua surpresa sem disparar nenhum dos dispositivos de segurança instalados pela equipe de espadas.

Ela não sabia o que estava acontecendo, nem quem eram eles, mas seu dever era detê-los e mesmo sem nenhum equipamento ou coragem era o que ela iria fazer. Tentando não pensar Maria andou em direção às sombras encolhidas no corredor tentando controlar seu medo, esticou sua identificação de monitora e torceu para que fosse apenas um grupo de garotas encrenqueiras que tivesse tido sorte em burlar o sistema de defesa. Ela se aproximou com toda coragem que tinha e pode identificar a verdadeira natureza do vulto.

Ciclo quatro

Alixandra queria contar tudo o que acontecera para sua mãe e suas amigas, acima de tudo queria apresentá-las para todos os seus novos amigos. Já estavam fazendo planos para novas e emocionantes aventuras quando todos pararam para ver os fogos que começaram a estourar por cima da gigantesca arvore enfeitada.

Então. Em meio aos fogos que começaram a ser soltos e as belas luzes que refletiam no céu, tudo parecia mais lento, menos real. Rembrandt e Érika discutiam como sempre faziam, mas ela não estava zangada. De alguma forma as garotas sabem disso e aquele não era o rosto de alguém que se estava zangada. Era o rosto de alguém que encontrava uma pessoa que mexia com ela. Juntos eles eram perfeitos.

Naquele momento ela podia contar as faíscas de cada fogo que estava estourado no céu, e podia ver o rosto de Cassandra, sua expressão ao olhar para eles e sabia exatamente o que ela sentia. Ela era apenas a irmãzinha do melhor amigo do seu cavaleiro de armadura brilhante. Mesmo que ela fosse irmã de um cavaleiro e por si só fosse uma princesinha, o grande cavaleiro já tinha sua princesa, e essa princesa era a mais maravilhosa de todas princesas. Então Alix percebeu que aquele cavaleiro, também era o seu cavaleiro que a salvava dos perigos. Mas ela nem mesmo era uma princesa, apenas uma camponesa, que teve a sorte, de por um breve momento, ter o cavaleiro em seus braços.

Aquilo não era nada agradável. Ela nunca se interessou por ele. De alguma forma sabia que não podia, mesmo assim se sentia muito mal.

Submersa naquela nova sensação continuou observando tudo e todos, como de alguma forma ela não estivesse lá. Todos os rostos felizes e alegres faziam com que ela se sentisse bem. Não alegre como eles, mas se sentia bem.

De repente sentiu um arrepiou seguido de um aperto no coração. Podia jurar que em meio a multidão vira um vulto familiar. Nicole do futuro. Mas não podia ser. Mesmo com todas as criaturas mágicas perambulando alguém perceberia aquela figura coberta por farrapos. Ela correu para se verificar, foi então que tudo aconteceu. Foi tão rápido que Alix nem ao menos conseguiu entender direito. Érika havia se declarado para Rembrandt e o inicio do romance dos dois fora recebido com ovações e aplausos. Teria sido uma cena muito romântica se não tivesse sido tão terrível. Quando os dois se beijaram, quando seus lábios se tocaram, ela correu. Não sabia porque correu. Correu até não poder mais. Correu até onde podia. Correu até cair e se machucar. Então ela chorou. Chorou de tristeza. Chorou de raiva, muita raiva por sentir tristeza em um momento de tanta felicidade. Chorou de raiva por sua estupidez, mas não chorou pela perna machucada.

- Todos estão felizes, menos você meu raio de sol.

Alix levantou o rosto para reconhecer a voz suave. Era o garoto que havia lhe encarado na cerimônia de abertura o mesmo que impressionara a todos no treino de conjurabol. Ele olhou para ela com seu sorriso e a ajudou a se levantar.

- Lagrimas surgem quando os sentimentos são tão fortes que não podem ser contidos e explodem para fora do corpo. E é isso que são as lagrimas. Que sentimento é esse que não pode ser contido?

Alix tentou limpar o rosto e parar de soluçar para falar. O garoto lhe deu um lenço e ela pode enxugar o rosto. É muito embaraçoso assoar o nariz na frente de um garoto.

- Eu... Eu... Eu sei que eu não devia estar triste! Eu sei que eu não tenho o direito de ser egoísta... Eu não tinha nada a ver com isso. Eu nunca pensei nele assim. Eu não queria pensar nele assim. Eu não posso deixar de pensar que ele foi o meu primeiro beijo. Eu sei que não era um beijo. Era uma magia... Mas eu... Eu tenho o direito de ser egoísta não é mesmo? Esta tudo bem... Eu posso ser egoísta agora, não é mesmo? Não é mesmo?

Ele continuou sorrindo e consentiu com a cabeça. Era tudo o que ela precisava, que alguém concordasse com ela.

- Eu... Desculpe-me eu esqueci o seu nome.

- Michelangelo!

- Ele ... Você... Desculpe.

Alixandra não sabia o que dizer. Ela se apoiou timidamente nos escombros do muro a suas costas e percebeu que não deveria haver escombros a sua volta. Não deveria haver uma casa aos pedaços, mesmo nos subúrbios da cidade. Não poderia haver uma área desolada e destruída como... Galita sua cidade natal.

- O que esta acontecendo aqui? – Alix começou a se afastar das festividades e quanto mais caminhava, mais o cenário piorava.

- O que esta acontecendo? – Perguntou para Michelangelo. – Por que esta área esta assim?

- Acho que é porque ninguém passa por aqui. – Comentou Michelangelo a seguindo tranqüilamente.

- Eu podia jurar que já passei por aqui e não havia casas destruídas, nem mesmo essas plantas crescendo entre o chão e as paredes. Esse lugar parece abandonado a anos.

- Você correu bastante. – Comentou Michelangelo. – Estamos quase em uma das torres.

- Exatamente! – Alixandra acelerou o passo. – Aqui já é a área do castelo, como é possível que esteja tão mal tratada?

Alix correu pelos escombros em direção a torre, conhecia aquela área, já tinha passado por lá. Os bancos estavam velhos e cobertos por plantas, a água do chafariz estava verde e as estatuas que antes se moviam trincadas e sujas. Algumas até mesmo estavam quebradas. Ela correu para a entrada desolada da torre, ao abrir rapidamente a porta pode ver uma pessoa que estava para a segurar a maçaneta do outro lado.

- Janus Volonaki! - Não seu amigo de escola e irmão de sua colega de quarto. O velho Janus Volonaki do futuro.

Ciclo cinco

Maria iluminou as figuras que se esgueiravam pelo corredor.

- Nicole, Cassandra e Belle! O que pensam que estão fazendo há essa hora, fora da cama? - Maria usou sua identificação para projetar luz como uma lanterna. Era a única coisa que podia fazer, mas era melhor do que nada.

As três voaram para o outro lado do corredor com o susto.

- Que susto, sua assombração. – Reclamou Nicole tentando controlar a sua respiração. – Eu pergunto a mesma coisa pra você.

- Sou uma arcana menor. – Mostrou a identificação. – Tenho permissão para andar em qualquer lugar do dormitório, coisa que eu devo lembrar que vocês não têm.

- Não estamos mais no dormitório feminino. – Provocou Cassandra. – Agora você esta fora da área permitida.

- Eu sei disso! – Rosnou Maria. – Só torna a situação pior ainda. Um bando de garotas andando de camisola pelos corredores do castelo é inaceitável.

- Silencio! – Ordenou Belle em meio às sombras com seu cabelo se movendo anormalmente e subindo pelas paredes como se tentasse se esconder da luz. – Se fizerem muito barulho não vou poder nos esconder.

- Você? Poder? – Maria, percebeu que Belle estava diferente e as três estavam com seus cajados. – O que vocês estão fazendo aqui com esses cajados?

- Tem alguma coisa ali nos seguindo. - Imediatamente os cabelos de Belle multicolorido se estenderam e se curvaram como se fosse água e formou um espelho aonde o reflexo. Revelou-se O que estava oculto, a principio era um gato e logo atrás com um sorriso maroto outra figura familiar.

- Professora Western! – Maria se espantou. – O que esta fazendo aqui.

- Estou no encalço dessas já faz um tempo. – Sorriu Lucy. – De algum forma quase conseguiram passar por mim desapercebidas.

- O que foi isso? – Maria reclamou de Belle.

- Um escudo espelho. – Cassandra reconheceu. – Um dos feitiços mais elaborados que se conhece... E saiu do seu cabelo... Sem nem ao menos conjurar uma palavra, isso é impossível.

- O escudo espelho é uma das quatro habilidades secretas da bruxa do arco-íris um dos arcanos maiores do baralho do olho da bruxa. – Contou Belle.

- Existe um arcano conjurado por aqui? – Maria mal podia falar. – Como ninguém percebeu? De onde você tirou tanto poder para mantê-lo todo esse tempo?

- Realmente eu pensei em mandar a carta conjurada como alguns alunos fazem andando por ai com as suas invocações. Só que para magos treinados é fácil perceber e um arcano maior é uma carta que puxa muita energia. Por isso eu pensei: Como os arcanos são uma manifestação da nossa própria alma em um molde e ela até se parecia comigo eu pensei em incorporá-la. Assim essa parte da minha personalidade se manifestaria e de quebra eu ainda teria as habilidades dela. Assim como a antiga dona do livro fez.

As garotas ficaram sem palavras.

- Belle pode fazer o que? – Lucy caiu pra trás de bumbum no chão.

- Ela consegue incorporar as cartas do baralho. – Repetiu Cassandra.

- Mas... Mas... A incorporação de cartas é uma magia muito avançada, não da pra ser ensinada em um livro. – gaguejou Maria.

- Realmente o livro não entra em detalhes. Eu apenas vi as indicações e pensei em como seria a forma mais lógica de se fazer isso. E fiz!

- Belle! – Até Nicole estava desnorteada. – Incorporar cartas é uma coisa de magos muito avançados. Até hoje só ouvi falar em magos que faziam isso nas próprias cartas exclusivas que eles mesmos faziam.

- Bom! – Sorriu Belle. – Isso só quer dizer que o baralho do olho foi feito pra mim.

- Você esta incorporada? – Maria teve que confirmar a idéia. - Eu ordeno que pare com isso imediatamente. Eu sei que ainda não existem regras especificas pro uso do seu poder esquisito, mas isso pode ser providenciado.

- Belle minha querida! Estou tão orgulhosa de você. – Lucy saltou e agarrou sua mão de uma forma muito orgulhosa. – Consegues incorporar qualquer carta que quiser?

- Não. Eu voltei pro quarto pra tentar com o baralho das fadas, mas até agora eu só consegui com as cartas do baralho do olho das bruxas.

- O olho das bruxas? – Estranhou Lucy. – mas tem um erro ai. Isso não devia ser o poder da outra irmã?

- O que? – Belle novamente não entendia nada do que Lucy estava falando.

- Não temos tempo pra isso. – Reclamou o gato. – Ela já deve estar muito a nossa frente há essa hora.

- Você pode falar. – Apontou Belle. – Eu sabia que você podia falar o tempo todo.

- Ela? – Estranhou Maria. - De quem vocês estão falando?

- Alixandra. – Respondeu Cassandra. – estamos atrás dela e já perdemos muito tempo.

- Alixandra? – Maria ficou mais confusa ainda. – O que ela tem a ver com tudo isso?

As garotas correram pelos corredores escuros do castelo deixando Maria para trás. Sem saber exatamente o que fazer, ela correu atrás dos cinco perseguidores na esperança de descobrir o que estava acontecendo. Lucy passou a ajudar Belle com sua magia para ocultar a presença delas de Alixandra, apesar de Maria nem ter idéio do porque estavam se escondendo dela.

Ciclo seis

- Ela me reconheceu. – Janus se virou para as figuras que estavam atrás dele.

- Será que não é ela? – Perguntou a velha Lumina.

Alixandra foi dominada pela raiva e atacou com toda a magoa no coração. Ela não acertou ninguém, mas pode sentir a energia de sua ira deixando seu coração e destruindo toda a área a sua volta. Janus, Lumina e dois outros homens conseguiram se desviar.

- Não quero escutar essa discussão de novo! – Gritou Histérica. – Vocês idiotas não perceberam ainda depois toda essa palhaçada?

Alix estava zangada. Alix estava muito zangada. Alix estava mais zangada do que nunca esteve em toda sua vida. Os arcanoides do futuro estavam aparentemente temerosos e isso de alguma forma fazia ela se sentiu um pouco menos mal.

- Acalme-se! – Gemeu a figura se aproximando das sombras. – Eu sei quem você realmente é. Respire um pouco enquanto eu converso com eles.

Nicole conversou com eles e os lembrou de como deveriam olhar para ela e ver sua verdadeira aparência. Enquanto tentava se controlar Alix observou os outros dois homens. Um deles ela conhecia de vista por andar pela escola, mas não sabia seu nome e o outro era Prometeu o irmão mais velho de Janus e Cassandra. Claro que já não se podia distinguir a diferença de idade entre os irmãos agora. Todos eles pareciam ter medo de Nicole. Isso não a incomodou já que também pareciam estar bem temerosos em relação a ela. Aquele golpe fora o suficiente para impor respeito. Provavelmente usara de forma inconsciente uma das muitas magias que Medhal lhe ensinara e ela esquecera. Finalmente Janus se manifestou.

- Me desculpe! – Praticamente se ajoelhou. - Me desculpe. É que nós...

- Eu sei muito bem o que vocês queriam. – Gritou Alix. - Vocês me jogaram naquela fantasia ridícula pra me enrolar, enquanto a minha versão do futuro tenta matar Derek. Vocês já fizeram isso antes.

- mas a idéia foi sua. – Gemeu Nicole.

- Cala a boca Nicole. Eu sei que de todos você é a mais culpada. Você sabia de tudo o que aconteceu nas outras vezes. Quem fez aquela ilusão idiota?

- Não fomos nós. Foi Érika.

- Érika? – Alix se surpreendeu. – Aonde ela esta?

- Lá na ilusão. – Apontou Nicole. – Aquela é a Érika de verdade.

- Como? Mas... Por que?

- Érika tem o poder de alterar a sua volta. – Explicou Lumina. – Com o passar dos anos ela não foi suportando, até que perdeu a razão e o controle dos seus poderes. Metade do castelo esta com essa ilusão.

- Érika não é a única. – Completou Nicole. – Muitas pessoas foram absorvidas pela sua ilusão. Ela tem o poder de realizar o sonho das pessoas de forma que combinem com o sonho de Érika. Viver eternamente na época mais feliz de sua vida.

- Perdi a conta de quantas vezes eu vi este dia se repetindo. – Lumina comentou melancólica. – Foi o ultimo dia que ela foi feliz.

- O dia em que Rembrandt morreu. – Completou Alix.

- Como é que você sabe? – Janus se espantou.

- Diferente de vocês, pra mim aquilo não é uma memória. O dia estava normal até a festa depois da abertura. Posso até imaginar que foi neste momento que ele morreu.

- Ele e Derek morreram naquele momento, mas em outro lugar. – Explicou Janus.

- Deixe-me adivinhar. Eles morreram competindo por alguma coisa boba e de uma forma estúpida.

- Como você sabe? – Até Lumina estranhou.

- Eu tive tempo pra pensar no assunto. Aonde esta Thomas?

- No laboratório, com Cassandra e as máquinas. – Contou Janus.

- Você é incrível mesmo! – Lumina elogiou. – Conseguiu sair da ilusão e ainda percebeu tudo isso.

- Não fui a única. Michelangelo também não foi afetado.

- Michelangelo? – Estranhou Janus. – Aquele amigo de Cassandra?

Como se fosse chamado ele surgiu, para o espanto dos arcanoides do futuro. Com seu sorriso leve e aparência tranqüila. Em seguida a porta se abriu e Medhal surgiu com uma expressão severa e preocupada.

- O que aconteceu? – Perguntou Janus.

- Bel, Enlil e Tiamat estão vindo pra cá com os Monstros mecânicos. A transmissão no tempo deve ter usado energia o suficiente pra chamar a atenção deles.

- É melhor nos preparamos pro ataque. – Ponderou Janus. – Já sabíamos que isso poderia acontecer.

- Acho que é um risco desnecessário. – Conclui Medhal. – Podemos levar essa garota como isca e afastá-los do castelo.

- De modo algum. Temos que protegê-la com todas as nossas forças ou tudo o que aconteceu no passado vai ser em vão.

- Será que você já se esqueceu de tudo que vem estudando todos esses anos? Se essa garota morrer aqui, sua Alixandra vai continuar vivendo no passado.

- Você quer que eu saia sozinha por ai pra atrair a atenção de sei lá o que pode ameaçar o castelo? – Interrompeu Alix.

- Não se preocupe. – Garantiu Medhal. – Eu vou com você. Estou disposto a morrer para garantir que você viva. Só precisamos despistá-los e depois voltamos para o castelo.

- Espere um pouco! – Alix reclamou da atitude de Medhal. – Afinal você não se importa se eu morra, mas quer que eu fique viva?

- Eu não quero que você morra! – mas se continuar por aqui pode morrer da mesma maneira e destruírem as máquinas, não vai poder voltar. De qualquer forma sua melhor chance é sair do castelo comigo.

- Muito bem, Nada! – Reclamou Janus. – Acha mesmo que eu vou entregar a nossa líder para o inimigo?

- Tem muita gente naquela ilusão? – Perguntou Alix.

- Mais do que imagina. – Respondeu Nicole. – Viver na fantasia pode ser mais agradável do que a realidade.

- Alguém que eu conheço alem de Érika?

- Eu não sei. – Respondeu Janus desconcertado com a pergunta. – As garotas do clube de eventos e outros alunos... Não sei dizer quem você conhecia na época.

- É o suficiente pra mim. – Concluiu Alix. – Vamos Medhal.

- Se incomodam se eu for também? – Perguntou Michelangelo?

- Eu vou também. – Anunciou Lumina determinada.

- Então... – Perguntou Alix. – O que estamos esperando?

Lucy - Ciclo sete

Perseguindo Alixandra, as arcanoides entraram em lugares que Maria nunca havia visto antes e passaram por sistemas de segurança impressionantes, tanto as estatuas, quanto Brownies e até mesmo quadros jaziam inconscientes como se algo arrasador tivesse passado por ali. Ao passar por uma curva terminou a trilha de vigias inconscientes.

- Este corredor está intacto. – Nicole observou o obvio. – Ela não passou por aqui.

- Então ela simplesmente desapareceu no ar? – Maria estava impaciente.

- Tem uma porta aqui. – Belle observou no corredor anterior. – Ela pode ter passado por aqui.

- Ela esta certa. – Observou o gato. – A magia que estava nesta porta esta suspensa. Em pouco tempo vai voltar.

- Suspender magia pra voltar depois? – estranhou Maria. – Eu nunca ouvi falar disso nem mesmo remotamente. Como Alix sabe fazer uma coisa assim.

- É o que vamos descobrir assim que a alcançarmos. – Lucy lambeu os beiços entusiasmada.

- Pra onde leva essa porta? – Perguntou Belle.

- Essa é a entrada para o subsolo. – Maria se assustou. – Ouvi que existem monstros depois dessa passagem.

- Suponho que ela esta indo para alguma outra torre. – Supôs o gato. – Temos que salvá-la antes que encontre as defesas mais avançadas. Existem coisas que nem mesmo o Merazoma dela pode salvá-la.

- A porta esta fechada, foi aberta desse lado e fechada do outro. – Analisou Lucy. – Só tem um modo de abrir sem disparar algum alarme mágico agora.

Nicole respirou fundo e encarou Maria e Belle. – Eu sei que é uma emergência. Por isso vocês têm que me prometer que não vão contar o que vocês vão ver aqui pra ninguém.

- Podemos vendá-las. – Sugeriu Lucy.

- Não! – Insistiu Nicole determinada. – Se acontecer alguma coisa eu posso precisar fazer de novo e elas vão ver de qualquer modo.

- Tudo bem. – Disse Belle. – Qualquer coisa pode contar comigo.

- Não é bem assim Belle. – Nicole precisou respirar fundo. – Vou ter que fazer vocês duas jurarem um pacto de sangue. Assim não poderão contar a ninguém.

- Cassandra fez? - Perguntou Belle olhando para Cassandra que afirmou com a cabeça. – Então eu faço.

- Se esse segredo pode prejudicar então eu aceito. – Concordou Maria.

Belle desincorporou a carta e Rapidamente Lucy fez um encantamento em uma lamina e Nicole cortou os pulsos de Belle e Maria em um rápido ritual. Elas sentiram o corte e até mesmo a lamina sugar seus sangue, mas não havia nada no instante seguinte.

- Porque você anda por ai com uma faca? – Cassandra perguntou pra Lucy que respondeu com uma piscadela.

- Muito bem. – Disse Maria. – O que é tão secreto.

Nicole de alguma forma ficou mais sombria e assustadora, como se ávida tivesse saído do seu corpo e ficado apenas sombras. Ela se virou e entrou na porta como se entrasse em água. E em poucos instantes abriu a porta do outro lado.

- Ela... Virou um fantasma. – Belle estava tão branca quanto a própria Nicole e mal podia falar.

Maria caiu no chão e ficou até que Cassandra a puxou para continuarem. - mas o que esta acontecendo por aqui?

Ciclo oito

Após a usual discussão sobre o que fazer, Alix foi até seu quarto no futuro acompanhada de Nicole, para se trocar. Todos tinham um misto de insegurança por ela ser apenas uma estudante e um respeito militar por ela ser a líder delas. Alix não conseguia se imaginar como uma comandante de pessoas com aparência tão seria e tão forte. O quarto era grande e imponente, não havia muito espaço para trivialidades no futuro, plantas de construções e armas, anotações e muito equipamento mágico, nem mesmo havia roupas normais no seu armário, apenas espécies de armaduras. Decididamente quem morava neste quarto era uma pessoa que ela não queria se tornar. Tinha que descobrir como voltar para o futuro e impedir que tudo aquilo acontecesse.

- Como eu foi que eu voltei pro meu tempo das outras vezes? – Perguntou para Nicole.

- A magia do seu corpo no passado que permite que fique por aqui. – gemeu timidamente em um canto. – Das outras vezes estava muito fraca.

- Só que desta vez, minha versão do futuro esta lá para garantir que eu continue presa aqui?

- Não se preocupe. Você se tornou uma pessoa muito sabia e poderosa. Vai conseguir cumprir sua missão e tudo vai estar bem.

- Se Derek morrer, nada vai estar bem. – Bufou enraivecida olhando para antiga cidade pela janela. – O que é essa nevoa cobrindo a cidade?

- A magia de Érika. Dentro dela é aquele mundo em que você estava.

- Pelo que eu entendi muita gente esta lá dentro. Por que você não foi afetada pela magia?

- Por que eu estou morta.

- Essa é a sua resposta pra tudo?

- Você se vestiu errado. – Apontou para sua roupa.

- Me ajude com essa armadura então.

Nicole se aproximou relutante tentando esconder o seu rosto, mas Alix olhava com curiosidade para seu rosto. Após algum tempo e esforço já começava a se acostumar com a grotesca aparência da amiga.

- Você também evita assim minha versão do futuro?

- Eu tenho consciência de que meu odor lhe causa mal estar.

- Não se preocupe! – Sorriu Alix. – Todo este lugar me causa mal estar.

- Você não confia neles. – Comentou Nicole ajudando Alix a colocar as peças de roupa.

- Exatamente o que foi que aconteceu. – Ela parou para tomar fôlego. – Como as coisas ficaram assim?

- O professor Kazam e o diretor Dietrich eram mais influentes do que você imagina. Kazam não é apenas um conselheiro, também é responsável por todas as academias de magia. Ambos tinham muita influencia sobre Avalon e impediram que os Bruxos fossem usados em grande escala na guerra. Sem eles quiseram transformar Sephirot e todas as outras academias de magia em quartéis militares e tornar o alistamento de magos obrigatório. Houve uma revolta entre os simpatizantes do professor Kazam, do diretor Dietrich e das novas leis de Avalon.

- Acho melhor explicar com mais detalhes. – Pediu Alixandra. – Como assim simpatizantes?

- O professor Kazam queria que os magos estivessem presentes no mundo e que as academias de magia acolhessem todos os aspirantes. O diretor também era a favor dessa idéia em parte, ele acreditava que os magos deveriam permanecer ocultos para que ninguém pudesse distingui-los das pessoas normais. Existia uma outra facção que se denominava a irmandade da magia que acreditava que os magos eram superiores e cujo objetivo era roubar o poder de Avalon para fazer com que os bruxos dominem a humanidade.

- Espere um segundo. – Reclamou Alixandra. – mas fazer com que os bruxos dominem a humanidade não era o objetivo do inimigo?

- Tem o mesmo tipo de gente dos dois lados.

- Então, quem são essas pessoas? Onde estão para que eu possa pegá-los quando voltar.

- Estavam infiltrados em Sephirot e eram membros do corpo docente, mas não sabemos exatamente quem, pois estão todos mortos. Só podemos dar um ou outro nome.

- E o que aconteceu? – Continuou Alixandra.

- Após a morte de Rembrandt e do professor o diretor perdeu muito o seu credito e tentaram fazer um golpe. Queriam transformar as academias de magia em quartéis e obrigar todos os magos a servirem. O diretor fez um boicote acusando essa atitude como fascismo. As coisas ficaram feias, os simpatizantes do professor fizeram uma facção que chamamos de Arcanoides.

- Que são vocês.

- Exatamente. Mas como o professor Kazam dizia, uma guerra dessas não vale a pena. Os sonâmbulos criaram máquinas que eram praticamente imunes a magia com a psicociência. Ainda existiam muitos conflitos políticos após a inclusão da Eslavia no governo mundial. Ao contrario do que se pensa políticos e governantes são mais emotivos e fúteis do que pessoas normais. Com o governo dividido em quatro facções com interesses diferentes a guerra se tornou excessivamente sangrenta e mal elaborada.

- E perderam a guerra? – Perguntou Alixandra um pouco zangada.

- Não! O mundo ficou em ruínas e a força dos bruxos foi reduzida drasticamente. A irmandade aproveitou para fazer um golpe contra Avalon e impor sua força contra as pessoas normais. Começou uma nova guerra que dividiu o governo mundial. O diretor Dietrich e seus acólitos se uniram aos arcanoides e dizimaram a irmandade que após tantas lutas estava fraca. Infelizmente enquanto os magos estavam ocupados lutando uns contra os outros começaram a surgir grupos antimagia e aos poucos foram crescendo, quando as pessoas sem magia chegaram novamente ao poder cada vez mais esses tipos se espalharam e logo começaram a usar as armas que combatem magia contra nós. Os simpatizantes do diretor abandonaram o reino unido e foram para Sídhe o que resultou na perda de um grande aliado. Com toda esta instabilidade Avalon caiu e pequenas guerras civis e entre países que um dia foram aliados estouraram por todo o mundo.

- Então a culpa de tudo é do diretor? – Perguntou Alixandra.

- Não! A culpa foi nossa. – Desabafou Nicole. - Dietrich nos avisou que isso aconteceria e não quisemos escutar. Cada vez mais havia essas pessoas e a intolerância crescia, mesmo assim não fizemos nada. Ignoramos a mídia e deixamos que uma visão distorcida sobre os magos crescesse. Mesmo com magos em cargos com aparente poder e influencia o verdadeiro poder está com o povo e a cada dia se voltavam cada vez mais contra os magos.

- Não quero parecer idiota. Mas não entendo aonde o professor Kazam se encaixa em tudo isso. Como ele pode mudar o mundo?

- Como já disse, ele era muito influente e sempre se preocupou com a imagem dos magos. Era a cola que unia Avalon. Um líder acima de tudo. Com o professor e o prestigio do diretor intactos tanto a irmandade da magia quanto os sonâmbulos não teriam coragem de se erguer contra ele.

- Tem certeza? Isso me parece meio grande para o professor.

- Você esta muito ferida e ainda muito abalada. Confie em mim.

- Por que acha que eu estou ferida e abalada.

- Você esta com aquela expressão de concentração. Só se esforça assim pra se concentrar quando não quer pensar em alguma outra coisa.

Alix olhou em cima de mesa e viu o seu baralho dos sonhos. Foi estranho ver ele todo velho e desgastado. Após se vestir foram para o subsolo aonde dois botes equipados aguardavam. Como não havia mais salas moveis foram pelas escadas. No caminho pode reconhecer algumas pessoas como a raposa kitsune, sua tutora dinamite com graves marcas de batalha e até mesmo Spunky com um ar triste e determinado bem diferente do que conhecera.

- Tem muita gente que eu não estou vendo ou reconhecendo por aqui. – Comentou Alix.

- Alguns morreram, outros estão ocupados em outro lugar. – Respondeu Nicole.

- Onde estão Thomas e Cassandra?

- Estão com a equipe de psicociência tomando conta das máquinas do futuro. Não querem que você chegue lá, pois temem que você desperte Cassandra e volte para sua época.

- Pelo menos já sei como voltar. E Lucy? Ela estava aqui na ultima vez que vim pro futuro.

- Ela foi embora depois que Belle desapareceu a alguns anos atrás.

- Belle desapareceu? Ela não morreu?

- Você nunca acreditou nisso.

- Da ultima vez me contaram que ela morreu dando a luz. Sempre quis saber quem poderia ter sido o pai. E Yuki?

- Esta em batalha com o príncipe Arthur.

- E quanto a professora Divina?

- Morreu em um ataque. Assim como a maioria dos professores que você conheceu. Ela era uma grande guerreira.

Alix entrou no bote com Nicole, Medhal, Lumina e Dinamite. No barco de trás comandado por Janus estava Spunky, Kitsune e mais dois rapazes com aparência forte e mercas de batalha.

Lentamente desceram por um túnel escuro e saíram pelo lago ao lado do castelo. Foi a primeira vez que Alix via o lado de fora do castelo que um dia era majestoso e que agora estava praticamente em ruínas. Aos poucos se adentraram em meio a nevoa gelada e já não se podia ver nada.

Ciclo nove

Belle, Cassandra, Maria, Nicole, Lucy e o gato continuaram adentrando as entranhas do castelo, nas áreas mais remotas e proibidas.

O corredor era antigo e enorme, feito de pedras muito antigas. O próprio ar denunciava que aquela parte do castelo não era usada há muito tempo. O gato ia à frente olhando atentamente a procura de alguma coisa.

- Eu não sabia que existia essa passagem no castelo. – Comentou Maria. – Ela não aparece nos mapas dos monitores.

- Nenhum lugar abaixo do primeiro subsolo aparece. – Comentou Lucy sem interesse. – Você não deveria estar aqui. Por isso não precisa saber que existe.

- Então é verdade o que falam sobre a décima primeira torre de Daat? – Perguntou Cassandra.

- Isso é bobagem que contam pra tentar assustar os novos alunos que ainda não entendem de magia.

- O que é essa torre? – Perguntou Belle.

- Você já deve ter percebido que o castelo segue um padrão. – Explicou Nicole. - E seguindo essa ordem bem no meio do parque aonde esta a arvore da vida deveria ter uma torre.

- Acho que sim. – Belle concordou.

- Dizem que é a torre invertida de Daat, ela fica em Nidavellir a cidade invertida, aonde quimeras, magos exilados e outros monstros vivem como parias. Ela foi construída de cabeça pra baixo e leva diretamente para o mundo inferior.

- Nidavellir? – Chiou Lucy. - Isso é meio idiota vocês não acham.

- Você discorda Lucy? – Perguntou Cassandra.

- Acha mesmo que existiria uma cidade subterrânea por aqui sem que eu soubesse depois de morar aqui embaixo todos esses anos? – Ela chamou o gato. – Não é verdade Hamlet?

- Verdade o que? – Ele não estava prestando atenção.

- Você achou alguma coisa? – Perguntou Lucy visivelmente preocupada.

- Ela não esta se esforçando para não deixar rastros. Com a minha visão noturna posso ver claramente suas pegadas na poeira. Ela desceu pela passagem alternativa de Nun que leva direto até Thifereth.

- Isso não é bom. – Maria engoliu seco. – Todos os monitores sabem que os caminhos pra Thifereth são os mais bem guardados e cheios de armadilhas.

As garotas se aproximaram da escadaria que dava para um portão. Os símbolos e estatuas em volta não eram muito agradáveis. Escorpiões, peixes, serpentes, águias e estatuetas de deuses mitológicos como Anúbis, Osíris, Thanatos, Typhon, Apep, Ares que possuíam o mesmo significado do 13º arcano maior que estava entalhado no portão. A morte.

- Eu não gosto disso. – Reclamou Cassandra. – Parece até uma porta para Janus.

- Não existe nenhum cão gigante de três cabeças esperando pra te comer por trás desses portões. Eu lhe garanto. – O gato parou serio olhando o portão. – Não que o que há por trás dessas portas não seja menos perigoso.

- Alguém pode me dizer porque não é idiota uma passagem subterrânea por baixo da verdadeira passagem principal, que faz o mesmo caminho, mas é muito mais perigosa? – Reclamou Belle.

- Porque esse é o caminho original. – Respondeu o gato. – Ele possui algumas entradas que usamos para guardar algumas coisas que talvez seja melhor que permaneçam esquecidas. A passagem de cima foi construída antes do castelo virar uma academia.

- Lindo! – Sorriu Nicole. – Isso é um segredo do castelo?

- Não! – Respondeu Maria secamente. – Existem mais de 20 livros que falam sobre isso na biblioteca. Eles também dizem que esses lugares devem ser esquecidos.

- O que nós fazemos agora? – Cassandra olhou para um crânio empilhado em cima de dois ossos cruzados, o sinal universal de proibido. Ao lado as pegadas de Alix indo até o portão.

- Vamos embora! – Respondeu Maria. – Se ela entrou ai ela esta morta.

- Vai embora você. – Reclamou Belle. – Alix esta viva e vou até lá salvá-la enquanto posso.

- Gostei de ouvir. – Sorriu Lucy e segurou a porta para abri-la. – Prepare a sua melhor carta pra incorporá-la.

Atravessando o portão caminharam por uma enorme passagem por uma queda d’água e uma ponta, por toda parte se viam fios de teias de aranha como um enorme bordado em volta da ponte de pedra que levava ao outro lado do abismo.

- Teias de aranha. – Murmurou Hamlet o gato. – Isso não deveria estar aqui.

- O que isso significa? – Perguntou Belle.

- Ninguém passa por aqui há mais de 15 anos. – Respondeu o gato. – As criaturas já devem ter migrado de um lugar para outro. Não sei o que vamos enfrentar.

- 15 anos? – Estranhou Belle. – Essa é a media de vida de um gato. – Quantos anos você tem.

- Digamos que eu conheci o próprio Merlin pessoalmente.

- Ninguém houve falar dele a mais de quinhentos anos. – Duvidou Maria. – Quantos anos você tem?

- Pelo que eu sei, pode ser mais velho do que eu. – Sorriu Lucy.

- Não é estranho ter essas teias de aranha tão perto de uma queda d’água.

- Não! – Respondeu Belle. – Quedas de água são boas para teias de aranha. Elas pegam insetos e bebem as partículas de água que ficam nas teias.

- Deixe-me adivinhar. – Gemeu Nicole. – Vamos encontrar uma aranha gigante?

- Impossível! – Respondeu Belle aliviada. – Aranhas respiram por um sistema de traquéias e um pulmão folhoso. Se ficarem muito grande morrem sufocadas.

- Certo! – Reclamou Nicole. – Seu conhecimento sobre aranhas esta me dando nos nervos.

- Nota 10 em biologia? – Perguntou Lucy com um sorriso.

- Nota 10 em biologia. – Respondeu Belle orgulhosa.

- Aranhas! – Gritou Maria.

Centenas de aranhas começaram a aparecer nas teias.

- Garotas! Se vocês não perdessem tanto tempo falando já teríamos atravessado a ponte. – Reclamou Hamlet. – Aposto que as teias cobriam toda a passagem e Alix abriu pra passar.

- Preparem-se pra lutar. – Avisou Lucy. – Não tem mais barreiras contra magia por aqui, sintam se à vontade.

- Espere um pouco. – Reclamou Maria. – Você é uma professora de magia negra. Cassandra também sabe magia negra, Nicole pode virar fantasma, Belle pode incorporar o baralho dela, só que nem mesmo o meu baralho esta comigo.

- Eu tenho o meu baralho das fadas. – Belle entregou. – Eu não uso ele mesmo.

- Tenho uma varinha extra. – Cassandra entregou. – Eu prefiro o meu cajado.

- Você pode ser uma arcanoide honorária. – Nicole entregou um anel para ela. – Esse é o anel com o uniforme da Alix, ficara um pouco largo em você.

- MAX HEARTH! – Nicole, Cassandra e Belle disseram ao mesmo tempo e suas roupas de dormir foram substituídas pelos uniformes.

- Espera ai! – Protestou Lucy. – Porque eu não tenho um desses?

- Vamos ter que discutir isso de novo?

Maria olhou pensativa para o anel. – Eu não sei usar o baralho das fadas... Eu nem mesmo sei o porque estou fazendo isso. Eu não quero brincar de super-herói, ou seja, lá o que for. Isso é serio. Pode ser perigoso.

- Eu sei que librianas tem a tendência a serem indecisas. Mas não temos muito tempo para isso.– Lucy bateu sua faquinha no ar e um golpe de vento abriu a passagem contra as aranhas. – Se não quiser o anel, eu quero.

- Também dizem que somos influenciáveis. – Maria colocou o anel e correu pela ponte de pedra atrás das outras. Infelizmente sua passagem não foi tão tranqüila e uma aranha maior do que um carro caiu da escuridão no centro da ponte entre as outras garotas e ela.

- O que isso esta fazendo aqui? – Gritou o gato.

- Hamlet! Fique longe. – Ordenou Lucy.

Nicole correu através da aranha e tentou chamar a sua atenção. Ela fechou os olhos com medo de encarar a face horrenda da criatura, mas sem querer abriu os olhos e pode ver perfeitamente de relance a cabeça da criatura. – Não é uma aranha de verdade.

- Eu disse. – Gritou Belle.

- Isso não faz dela menos perigosa. – Gritou o gato Hamlet.

- Mexa-se Maria. – Nicole gritou zangada para a Maria que estava parada ainda chocada.

- Cassandra! – chamou Lucy. – Vou precisar da sua ajuda. Uma magia de pra derrubá-lo da ponte.

- Eu posso ajudar. – Belle rapidamente escolheu uma carta no seu baralho.

Maria atravessou rapidamente e passou pela aranha que imediatamente esqueceu Nicole e se concentrou nela. Nuvens escuras apareceram próximas ao teto momentaneamente, um raio surgiu ao mesmo tempo em que Cassandra e Lucy atacaram. O golpe foi tão violento que um pedaço da ponte caiu com a aranha.

- Ela se segurou! – Gritou Maria apontando para a aranha que tinha conseguido lançar uma teia na ponte.

- Maria! Pegue meu cajado! - Nicole se levantou e correu antes que a criatura voltasse à ponte.

- Não devemos enfrentar o monstro? – Perguntou Cassandra, mas as outras já estavam muito mais à frente para responder.

- Muito bem gato! – Gritou Lucy furiosa. – Quero uma explicação.

- Os Gwecopyns são aranhas mágicas feitas de teias e soltam pequenas aranhas que também são feitas de teias. – Explicou o gato. - Estavam trancados em uma das selas laterais. Acredito que a magia que os lacrava acabou antes da magia que os mantinha e de alguma forma conseguiram manter a magia que os faz existir e usaram as teias daquelas aranhas que vimos para reconstruir seus corpos.

- Eles? – Berrou Belle. – Esta dizendo que tem mais dessas coisas?

Para o desespero de Belle, mais aranhas anormalmente grandes começaram a aparecer pelo caminho. Cassandra e Maria começaram a estourar as aranhas que se aproximavam com os cajados. Elas explodiam em teias que se espalhavam como uma meleca.

- Cuidado. – Gritou o gato. – Se essas teias caírem em cima de vocês ainda podem se reconstitui em aranhas menores.

Após avançarem pelo túnel passaram por outra queda d’água coberta por teias de aranha, só que desta vez havia mais aranhas gigantescas. Belle imediatamente puxou a sua carta e lançou um raio em uma das aranhas.

- Pare! - Gritou Maria. – Você esta usando um arcano maior, a cada disparo gasta muito poder do cajado. Você tem que usar as cartas de forma mais ponderada. - Maria puxou a carta que cuidadosamente escolheu enquanto corria. - Surgiu um sol com um rosto corado e sorridente, era excessivamente quente, e brilhante demais para se olhar diretamente para ela, mas conseguia atacar as aranhas e queimar as teias com eficiência.

- Genial Maria. – Cassandra elogiou e rapidamente começou a escolher uma carta, mas não teve muito tempo, pois estavam cercadas. – Rei dos sois.

Um belo homem usando uma mascara que cobria seus olhos e um belo chapéu com o símbolo do sol apareceu, Estava envolto em um manto da cintura para baixo e nu da cintura para cima apenas com enfeitadas braçadeiras e um chicote. Ao seu lado duas belas garotas também pouco vestidas carregavam discos com o símbolo do sol. Ele começou a chicotear as aranhas que as perseguiam enquanto as duas as garotas lançaram os discos flamejantes contra.

- mas o que é isso? – Reclamou Maria revoltada.

- É o rei dos sóis. – Respondeu Cassandra.

- Isso é um baralho pornográfico. – reclamou Maria.

- Cassandra tem um baralho pornográfico? – Belle se surpreendeu.

- Não é pornográfico. - Reclamou Cassandra. – O baralho do labirinto possui algumas cartas um pouco eróticas. Ele é sensual no Maximo.

- Vocês querem correr? – Gritou Nicole já no meio da ponte.

- Eu não vou agüentar isso por muito tempo. – Reclamou Belle já sentindo uma dor na barriga de tanto correr.

- Vamos diminuir o ritmo um pouco assim que dermos distancia. – Avisou Hamlet. – Não é uma boa idéia pararmos.

- Acho melhor pensar em alguma coisa. – Maria se preocupou. – Aquelas convocações não vão durar muito tempo e nesses corredores cobertos de teia existe mais do que o suficiente para criar 100 daquelas Gwecopyns gigantes.

Correndo entraram em uma área com uma aparência um pouco mais ordeira, com velhos espelhos e tapeçarias nas paredes, velhas mesas quebradas e alguns restos de estatuas.

- Esse lugar parece um pouco com as passagens lá de cima. – Comentou Belle já com dificuldade em acompanhá-las.

- Porque não ha teias por aqui? – Nicole estranhou.

- Esta área tinha uma proteção que impedia o avanço das aranhas. – Observou o Gato. – Alixandra deve tê-las eliminado quando passou por aqui. Isso é bom, pois ela deve estar perdendo um bom tempo desfazendo as velhas mágicas e armadilhas.

O gato parou por um trecho e Lucy fez sinal para que elas parassem também.

- O que foi? – Perguntou Belle já agoniada com a idéia das Gwecopyns que estavam perseguindo.

- Ela conseguiu desvendar a passagem. – O gato olhou para o chão.

- Meu rei foi derrotado. – Alertou Cassandra. – Eu pude sentir. Eram muitas contra ele.

- Muito bem garotas! – Lucy chamou a atenção. – Maria, coloque a roupa. Belle é melhor você incorporar uma carta e usar o poder da varinha sobressalente pra recuperar seu corpo. Cassandra arrume o seu baralho.

- Quer seu cajado de volta? – Maria perguntou para Nicole.

- Vou continuar assim. – Nicole não quis o cajado. – Me esforço muito pra mudar e neste estado não posso ser atacada.

- Estão vendo os desenhos no chão? – O gato alertou para os grandes azulejos que compunham o chão, com varias figuras. – Existe uma ordem a seguir. Águia, serpente, peixe, escorpião e depois águia novamente.

- O que acontece se nós errarmos? – Lucy provocou.

- Estão vendo essas estatuas de escorpiões próximas do teto? – O gato olhou pra cima, apontando com a cabeça.

- Acho que já deu pra entender. – Belle engoliu seco e escolheu a carta da Bruxa do arco íris para incorporar.

- Belle! – Maria chamou. – Você que conhece o baralho das fadas, me indique uma carta com poder de criar uma barreira e outra pra ataque.

- Pra defesa eu acho que o bosque petrificado seria a melhor. E para ataque as vinhas da ira. – Belle respondeu e convocou a bruxa do arco-íris que imediatamente se uniu a ela.

- Incrível. – Lucy ficou maravilhada. – Você faz parecer tão simples.

- Meninas! – Novamente Nicole chamou mais à frente. – Vocês não precisam ir tão devagar. Estes pisos são bem grandes.

Maria ainda perdeu um tempo colocando o uniforme de Alix e ajustando as botas que ficaram um pouco grandes. Elas continuaram sempre em frente, passaram por um enorme salão e outra passagem aparentemente tranqüila. Logo avistaram o que parecia um grande salão e os escorpiões começaram a se mexer.

- Por que eles estão se mexendo? – Nicole ficou aflita.

- Alguma coisa deve ter acionado a armadilha no começo do corredor. – Calmamente Belle incorporada analisou. – Talvez sejam as aranhas.

- Impossível. – Afirmou Cassandra. – Maria teria avisado se a convocação dela tivesse se extinguido.

- Isso? – Maria se surpreendeu. – A convocação do sol já se extinguiu a um bom tempo.

- Porque não disse antes. – Cassandra agarrou o gato e começou a correr.

Chegando ao salão sensível mente mais baixo que o corredor encontraram uma intersecção. O gato afirmou que Alix teve muito trabalho se livrando das armadilhas e ascendendo as luzes. Sempre que perguntavam para onde levava uma intersecção ou uma porta ele avisava que Alix passara pelo caminho à frente e continuavam.

- Espere! – gritou Lucy quando subiam as escadarias do salão. – Aqueles azulejos com desenhos de ondas indicam que existe um encanamento ou veio de água passando rente. Vamos abrir um buraco e inundar esse salão. Os Gwecopyns são feitos de teias e não vão atravessar a água.

Belle, Cassandra e Lucy se uniram estourando as paredes na área dos azulejos e água começou a jorrar.

- Minha varinha gastou toda a magia. – Belle observou tranqüilamente.

- Continue usando o cajado. – Avisou Lucy. – Temos que economizar nossas forças o Maximo possível.

- Agora é que nós não podemos voltar mesmo. – Maria olhou um pouco incomodada. – Quanto falta pra chegarmos do outro lado?

- Essa passagem possui o mesmo cumprimento que a passagem de cima. Algo em torno de três quilômetros em media. – Observou Lucy.

- Três quilômetros? – Cassandra se deu conta do problema. – enfrentando esse tipo de coisa vai levar horas.

- Isso se os corredores não se inundarem completamente primeiro. – Observou Belle bem tranqüila.

- Por que não pensou nisso antes? – Brigou Nicole. Aparentemente sua habilidade fantasmagórica não a protegeria de ser afogada.

- Calma! – Gritou o gato no colo de Cassandra. – Existe outra ponte mais à frente, a água vai escorrer por lá. Podem ficar tranqüilas.

- Isso se as Gwecopyns não pensarem em andar pelas paredes e o teto evitando a água. – Cogitou Belle.

- Pudim, você esta me enchendo o saco. – Gritou Nicole ameaçando dar um soco.

- Vamos correr! – Disse Lucy segurando uma risada. – Vamos correr.

Ciclo dez

Após algum tempo no meio das nevoas os botes pararam e seguiram rapidamente por uma trilha no meio da floresta até chegar as montanhas que cercavam o castelo. Alix podia sentir Janus usando sua magia para que ela corresse com mais facilidade em meio à trilha. Entrando em uma pequena caverna, saíram em um amplo salão, todos desembrulharam os tapetes que carregavam e colocaram no ar. Velozmente seguiram por dentro da montanha. Alix não podia ver nada, mas podia sentir que estavam voando em grande velocidade. Em poucos minutos chegaram em outra caverna no alto da montanha. Olhando de longe não se podia mais ver nem o castelo, nem sinais dos trilhos que um dia levavam até ele. Com dificuldade atravessaram um caminho no topo da montanha e puderam ver perfeitamente o outro lado. Para o espanto de Alix havia uma gigantesca construção como um tubo flutuando no céu em meio as nuvens, na parte de baixo gigantescos jatos de vapor cobriram a paisagem e no alto daquilo podia se ver o que parecia uma espécie de castelo.

- O que é isso? – Alix quase gritou.

- Gilgamesh, a fortaleza voadora dos sonâmbulos. – Janus respondeu. - Foi criada pela psicociência e esta repleta de monstros mecânicos carregados de mana.

- É ela quem faz essa nevoa?

- Não. Depois que a temperatura do mundo subiu e as calotas polares derreteram e os últimos anos foram assim no mundo todo, quando não esta chovendo a nevoa cobre tudo. Sem falar nas tempestades e maremotos quase que constantes. A maioria dos animais e plantas terrestres já pereceram, em breve este planeta não vai mais ser apto a ter vida humana. As novas gerações nunca foram capazes de ver o sol ou as estrelas. Pelo menos Sephirot e Camelot sempre estarão de pé para nos acolher.

- Foi por isso que nós te enviamos de volta no tempo. - Confirmou Lumina.

- A primeira vez que vim para o futuro eu vi o céu estrelado. - Comentou Alixandra.

Janus não conseguiu evitar parar e lhe dirigir um olhar de incomodo.

- A primeira vez que vim para o futuro, Sephirot era apenas um amontoado de pedras e Camelot não existia mais.

- Olhe ali. – Dinamite apontou entregando um estranho binóculo pra Alix. Ela pode ver as estranhas máquinas ao longe andando pela planície.

- E o que vamos fazer? – Perguntou Alix.

Medhal mostrou um dos estranhos tanques que estavam carregando. - Vamos inverter este tanque de mana em uma implosão. Isso vai liberar uma quantia de magia equivalente a que captaram com a viagem. Como vamos usar a mesma energia de Alixandra, assim eles vão atrás de nós acreditando que estamos nos movendo.

- Por isso precisam de mim. – Sorriu Alix.

- Precisamente! – concordou Medhal. – Depois eu te levo de volta para o castelo e você volta.

- Você fala como se confiasse mais em mim do que na minha versão do futuro que esta no passado.

- Você era tão esperta assim naquela época?

- Estamos muito perto da entrada da caverna. – Resmungou Janus. – Vamos correr até o outro lado.

Durante o caminho Alix aprendeu a sincronizar sua energia com o tanque e o grupo se separou para o caso de encontrarem um dos seus perseguidores Bel, Enlil ou Tiamat. Que comandavam tropas de monstros mecânicos.

- Tudo bem? - Alix perguntou preocupada. – Apenas algumas pessoas contra um esquadrão desses monstros.

- Não subestime os Arcanoides. – Animou Medhal. – Esses soldados já enfrentaram coisas muito piores.

Alix sincronizou sua energia com o tanque e Medhal ajustou alguma coisa.

- Rápido! – Fez um gesto para que corressem. - Temos que sair antes disso implodir.

Começaram a correr pela trilha, Alix não pensou duas vezes e foi atrás. Em pouco tempo um zumbido começou e foi aumentando até que após um estronde seco Alix sentiu uma terrível força a sugando. Metade da montanha parecia estar caindo onde estava a máquina.

- Deu certo gritou Medhal olhando para onde os monstros mecânicos estavam, aparentemente eles estavam tendo problemas para se mover por causa da implosão.

Medhal e Lumina puxaram suas cartas e estranhas esferas com inscrições brilhantes. Uma bola de letras luminosas explodiu das esferas soltando enormes gárgula e as cartas convocadas por eles correram em direção aos monstros mecânicos.

Correram para dentro da floresta aonde novamente prepararam outro tanque para implosão. Desta vez saíram voando em tapetes voadores. Alix pode ver a implosão de longe. A velocidade era estonteante e Lumina pilotava entre as arvores de uma forma quase artística. Após algum tempo começaram a receber chamados nos comunicadores.

- Um aviso de Spunky e Janus, eles conseguiram.

- Conseguiram o que? – Perguntou Alix.

- Não se preocupe com isso. – Lumina a segurou para não cair. - Estamos nos aproximando do grupo de Enlil, prepare o próximo tanque.

Novamente pegaram outros baralhos e soltaram todas as criaturas e duas enormes gárgulas. Pararam e desceram em uma clareira, muito próxima a nuvem de vapor, Alix podia sentir o terrível calor. Assim que prepararam o tanque o cobriram com um domo que até então ela não tinha visto.

Um estrondo soou por trás de Alix. Uma das máquinas monstruosas surgiu derrubando as arvores e abrindo caminho. Tentáculos de metal soavam e as armas atiravam. Lumina agarrou Alix enquanto ela via outra enxurrada de criaturas mágicas atravessando a clareira contra as máquinas. As balas paravam no ar e aparentemente as máquinas se surpreenderam com isso. Dois tapetes se estenderam no ar e Lumina saltou em um deles com Alix. Como das outras vezes veio a explosão e novamente um sinal de alguém. Desta vez foram surpreendidos por uma das máquinas, bem maior do que as outras.

- Encontramos Tiamat! – Anunciou Lumina. – Se segure.

Lumina lançou uma espécie de bomba na máquina e a explosão a jogou para trás, em uma manobra arriscadíssima usou o impulso para pegar velocidade e correr entre as arvores da floresta. As máquinas monstruosas começaram a surgir aos pares atirando e perseguindo. Em curvas fechadas e perigosas Alix quase fora arremessada do tapete. Assim que se segurou melhor pode perceber que estava em uma área antiga da floresta e para sua surpresa as arvores estavam zangadas e atacando tudo o que se movia, inclusive as máquinas. Elas voltaram para uma área da floresta que parecia um inferno em chamas, as máquinas estavam com muita dificuldade em enfrentar as chamas e começaram a apagar o fogo. Um sinal insistente começou a tocar do comunicador de Lumina ela entregou para Alix que falou com Janus.

- A ultima explosão derrubou Enlil. – Anunciou Alix.

- Não me admira que estejam tão zangados. – Sorriu Lumina. – Ele tem sido um dos nossos piores inimigos nos últimos vinte anos.

Lumina acelerou em linha reta fazendo máquinas perseguidoras baterem entre as rochas da montanha.

- Vou estabilizar por algum tempo. – Anunciou Lumina. – Prepare a próxima implosão.

Enquanto deslizavam pela encosta, atravessaram uma centena de criaturas convocadas pelas cartas, provavelmente a cada explosão todos os outros também lançaram um pacote inteiro de criaturas convocadas para atacar os monstros mecânicos. Por um instante Alix olhou para o Gilgamesh e viu uma chuva de pontos negros saindo de seu interior e pairando no ar. Eram monstros mecânicos, milhares deles. A situação parecia de mal a pior.

Assim que Alix preparou o tanque Janus surgiu em outro tapete ao lado de Lumina.

- Eu vou acabar com Tiamat. – Lumina agarrou o Tanque. – Você vai com Janus.

Ela nem ao menos teve tempo de reclamar. Lumina inclinou o tapete e para não cair, Alix se segurou desesperadamente no tapete de Janus. Foram ultrapassados pela amiga como se estivessem parados.

- Prepare o próximo tanque! – Janus anunciou descarregando mais duas gárgulas contra os robôs que os cercavam.

Infelizmente as habilidades de Janus para pilotar um tapete não estavam no mesmo nível que Lumina e as máquinas estavam cada vez mais agressivas.

- Daqui a pouco não vai existir mais floresta pra gente se esconder. – Reclamou Alix.

- Não se preocupe. – Janus segurou forte Alix e deu uma guinada, eles entraram com toda força por baixo de uma cachoeira, as máquinas perseguidoras não conseguiram acompanhar e se chocaram nas pedras. Antes que pudesse se aliviar do outro lado da cachoeira estava uma das máquinas lideres esperando, era Bel com muito mais armas e tentáculos que Janus poderia desviar. Um dos braços mecânicos agarrou o tapete e ambos continuaram no ar. Janus abraçou Alix e girou o corpo para que os dois caíssem em segurança no rio.

A água estava quente por causa da proximidade da gigantesca nuvem de vapor na parte superior do rio. Alix pode ver os peixes mortos flutuando a sua volta, e quando voltou à superfície a situação estava longe de melhorar. A terrível máquina Bel estava parada, bem em frente deles, com centenas de armas ameaçadoramente engatilhadas em sua direção.

Ouve a explosão do tanque de Lumina e a onda de energia momentaneamente paralisou as máquinas.

- Alix foge com esse tanque. – Ordenou Janus.

Imediatamente lançou uma serie de esferas no ar e seu baralho explodiu em dezenas de criaturas que começaram a atacar as máquinas. Alix pode ver Janus subindo na máquina Bel e arrancando alguma coisa de dentro com a ajuda da gárgula. Enquanto Janus entrava na máquina a gárgula batia com a coisa que havia tirado de dentro do aparelho e o usava para bater nas máquinas, logo depois jogou fora como se fosse imprestável. Alix desceu o rio correndo em direção a floresta em busca de um abrigo e para sua surpresa pode ver o que tinha sido retirado de dentro da máquina. Era uma pessoa e estava ainda viva, indescritivelmente ferida, mas ainda tinha forças para se arrastar. Ela se voltou e pode ver os tentáculos da máquina Bel rapidamente destruindo as máquinas a sua volta.

Os monstros máquinas eram controlados por pessoas, cada uma daquelas dezenas de máquinas destruídas tinha uma pessoa dentro. Naqueles destroços havia varias pessoas que ela nunca conhecia e que de certa forma morreram bem na sua frente, sem ela saber. Era estranho como essa idéia era difícil de se digerir.

Ela se aproximou da figura ensangüentada que se arrastava e para sua surpresa era um rosto conhecido.

- Lebre de março! – O mesmo sujeito que cambiava as mercadorias na feira ilegal de Galita.

- Há... – Lebre sorriu e puxou uma arma contra Alix. – Pendragon! Então realmente você conseguiu viajar no tempo.

- mas como! Você deveria estar velho... O que esta fazendo nas máquinas? Elas não deveriam ser pilotadas por humanos?

- Existe muita coisa que você não sabe Pendragon! Achou mesmo que nós não nos infiltraríamos no meio dos sonâmbulos? Apenas um mago realmente é capaz de distinguir um místico e um sonâmbulo. Assim como eu não vejo nenhum motivo de permitir que minha aparência envelheça. Afinal... Eu tenho poder pra que? Alem disso... Meu nome é Bel.

Bel se levantou e arrumou seus óculos. Alix podia sentir a magia dele, os ferimentos começaram a se fechar, seus ossos se estalavam enquanto se concertavam e voltavam ao lugar, até mesmo seus óculos se reparou e voltou ao lugar.

- Então... - Alix mal podia acreditar. – Os sonâmbulos são controlados por bruxos?

- Exatamente.

- Mas... Desde quando?

- Desde sempre. Nós somos a irmandade da magia. Sempre fomos.

- Mas... Os outros sabem disso.

- Eles não têm a mínima idéia. Esqueceu que você é que é a líder deles? Acha mesmo que esses idiotas são capazes de alguma coisa seguindo uma vadia burra como você?

- Então... Derek não matou Rembrandt, não é mesmo? Foram vocês que fizeram alguma coisa.

- Talvez você não fosse tão Burra! Acho que foi ficando com a idade. Sim! Nós controlamos Derek. Tínhamos homens da mais alta estima de Kazam e Dietrich infiltrados em Sephirot. Infelizmente nem todos eram tão leais assim o que nos causou muitos problemas. Se não tiver mais nenhuma pergunta, eu já terminei de me curar.

- O que... – Alix buscou por Janus, mas só havia escombros das máquinas, eles haviam levado a batalha para outro lugar. - O que você pretende fazer?

- Eu não sei! Talvez terminar o que começamos no dia em que você me procurou. Claro que você era uma seca nojenta, mas agora até que esta bonitinha. Acho que você pode me mostrar algumas coisas que você aprendeu na boa e velha rua do mercado. Eu sempre quis aproveitar aquelas menininhas, mas sabe como é... Com todo meu trabalho como espião não me sobrava tempo.

- Não se aproxime. – Alix colocou o tanque de mana na frente da arma.

- Não seja ridícula! – Zombou Bel. – Eu te conheço. Você não tem coragem. Não teve coragem pra se matar naquela época e não vai ter hoje também. Venho te vigiando desde que descobri quem era o seu pai. Fui eu quem desviou o dinheiro que vocês recebiam por causa do seu pai. Eu queria ver se sua mãe ia recorrer pra magia. Mas no final ela demonstrou que não era quem eu esperava. Só mais uma vadia como você.

- MINHA MÃE NÃO Ë VADIA! – Alix acionou o tanque para implodir.

Bel não pode esconder sua expressão de desespero.

- Você não sabe nada sobre mim.

Por alguns instantes ele hesitou, até que saiu correndo. Alix esperou um pouco e colocou o tanque no chão, ela correu o Maximo que pode até que veio a inevitável implosão. Desta vez estava perto demais e foi sugada para trás violentamente. Por alguns instantes ela ficou caída ferida, se não fosse pela armadura estaria morta. Se pelo menos soubesse alguma magia de cura como Bel, se tivesse suas cartas... Ela estava com suas cartas mágicas. Com dificuldade encontrou a carta do coração restaurado. Ela invocou a carta e em pouco tempo estava se sentindo bem de novo.

Assim que ficou em pé começou a se concentrar no seu objetivo. Já sabia o suficiente, bem mais do que as pessoas do futuro. Sabia o que havia dado errado, sabia que a irmandade estava por trás de tudo desde o começo e que a situação era pior do que imaginavam, sabia que Lebre era Bel, um terrível inimigo. Agora tinha que voltar para o castelo e acordar Cassandra para voltar no tempo e salvar Derek.

Alix correu pela floresta se afastando o Maximo que podia da área onde estavam as máquinas, ela tinha que atravessar a montanha e dar a volta no lago o mais rápido possível.

O comunicador tocou e Alix o pegou. Era Lumina, ela parecia ferida. Imediatamente preocupada Alix mandou um sinal para ela e começou a correr em direção onde ela estava.

O tapete surgiu fumegante e cambaleando, Alix foi atropelada e por pouco as duas não caíram no chão. Lumina estava queimada e ferida. Rapidamente usou sua magia para curar a amiga. O esforço foi maior do que imaginava, os ferimentos dela eram muito grandes e Alix já não tinha mais magia.

- Eu falhei. – Resmungou Lumina ofegante. Eu falhei.

- O que aconteceu? – Perguntou Alix.

- Não consegui me infiltrar. Não consegui... A missão...

- Lumina! Consegue fazer o tapete voar?

- Eu não consigo pilotar.

- Eu posso fazer. Se conseguir colocar o tapete no ar eu posso levar a gente de volta.

Lumina não discutiu. Ela se concentrou no tapete avariado e murmurou algumas palavras. Alix a colocou em cima dele, estava tremulo e mais fofo do que o normal, mas ele tinha que agüentar. Alix não sabia o caminho pelo túnel e tinha medo que o tapete parasse de funcionar no meio do lago, então teriam que fazer o caminho mais longo. Não conseguia fazer o tapete voar mais alto e estavam muito próximas do chão, podiam sentir todas as plantas pelo qual o tapete se chocava arrastarem por baixo.

Para seu azar foram paradas por uma máquina que derrubou o tapete. As duas se separaram na queda. Alix se chocou em uma arvore. Não estava rápido o suficiente para se machucar muito. Antes que pudessem se levantar pra procurar Lumina estava cercada pelas máquinas. Em meio a multidão de máquinas, uma maior e familiar surgiu. Era a máquina que Janus estava controlando. Ela esta salva.

Um dos tentáculos violentamente a agarrou pelo pescoço e segurou sua respiração. Aquele não era Janus, ela não estava salva. Os tentáculos pereciam sugar sua energia como se fosse água escorrendo por uma torneira. Era difícil ficar acordada.

Tudo ficou escuro.



Continua...

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