Capitulo cinco

05

Encurralada


Ciclo Um

Alixandra caiu do segundo andar no gramado. Os pedaços da parede ainda estavam no ar, ela ergueu a mão direita para se defender, os destroços se transformavam em cinzas antes de se aproximar dela.

Derek apagou duas vezes antes de conseguir se levantar sentia como se tivesse sido usado para demolir uma casa e quando olhou viu que era exatamente o que tinha acontecido. Conseguiu agarrar a garota, seu corpo era mais leve e frágil do que parecia, teve a sensação que ela ia quebrar como se fosse uma casquinha de sorvete e com as suas ultimas forças gritou.

Ralo

Alixandra sentiu um forte tremor como se todas as suas células fossem chacoalhadas ao mesmo tempo, até seus olhos ficaram formigando.

KLITEVO CHEIMONAS

Novamente o frio veio com uma força terrível, Alixandra sentia suas entranhas se resfriando e a pele rachando. Era muito forte, mas não o suficiente.

Uma onda de choque lançou Dietrich com a força de uma batida de carro, ele não conseguia mais controlar seu corpo que contorcia no ar. Rembrandt o segurou e impediu de se espatifar no chão, com muita dificuldade se levantou. Tinha que atacá-la. Tinha que derrotá-la. Ela era frágil, inexperiente, mais jovem... Estava sangrando... Praticamente morrendo. Como ele poderia ser derrotado por alguém assim?

Com as ultimas forças tentou avançar, mas ela foi mais rápida.

Rembrandt se jogou contra Dietrich e recebeu a maior parte do impacto. A lufada de ar quente o jogou três metros pro alto girando.

Dietrich fora salvo duas vezes pela pessoa que mais detestava no mundo. Ele estava derrotado, tinha que ser o herói. Tinha que desobedecer às ordens e ignorar sua própria segurança pra brincar de herói mais uma vez.

THERAPEVO

Era Rembrandt, salvando sua vida. Sentiu gosto de sangue na boca.

FARMAKO

Achava que seus colegas iam atrapalhá-lo, mas quem estragou tudo foi ele. Se ao menos tivesse obedecido a suas ordens, seu currículo permaneceria impecável. Qualquer problema seria de outro, e teria cumprido suas ordens.

Seu currículo de missões perfeitas estava acabado.

Ciclo dois

A explosão chamou a atenção das garotas no furgão.

Mwangaza pegou um dos bastões elétricos e saiu correndo antes que a comandante pudesse fazer alguma coisa.

- Aonde ela vai? – Inazuma perguntou a Mercedes.

- Lumina adora brigas. – Respondeu.

- Não temos equipamento para enfrentá-la. – Inazuma mal terminou de falar e o camburão guiado pelo sargento Mcneil surgiu. – Maria! Fique com Mcneil vamos tentar evacuar a área.

Muitos garotos estavam assustados, gritos de bombardeio ecoavam por toda parte. Uma multidão corria desesperada a procura de um lugar seguro. Os escombros flutuavam no ar e a nuvem de poeira subia alta. Não era um bombardeio, Lumina já vira um bombardeio antes e o estrago era muito maior.

PIDIMA

Com o comando Lumina saltou e girou no ar acima das pessoas que corriam e atingiu o telhado da casa. O alvo estava no gramado, o ar estava distorcido a sem volta de sua mão direita e a grama queimava, parte de sua roupa também estava em chamas.

Lançou três cordões de contenção, um incinerou no ar, dois atingiram o alvo derrubando-a no chão. Lumina saltou logo em seguida empunhando o bastão elétrico no ar. O cristal com líquido azul borbulhava no centro do bastão, não conseguia absorver tanto poder. O alvo tocou no bastão com a mão direita.

O bastão explodiu jogando Lumina com força no chão.

Com um movimento rápido tomou impulso e usou toda a força do impacto para atingir o alvo, antes de cair no chão. Três socos certeiros, a garota cuspiu sangue e tombou. Poucas pessoas ficariam conscientes após um golpe desses. A garota estava tombada, mais ainda de olhos abertos.

Rapidamente se levantou e se preparou para atacar novamente, mas Rembrandt se jogou nela com toda força.

- O que pensa que esta fazendo? – Reclamou Mwangaza.

- Ela usa Merazoma! – Gritou Rembrandt. – Droga! Preciso de uma carta.

Mwangaza olhou aterrorizada para a cratera no lugar onde ela estava.

Ciclo três

Bombas de pasta térmica explodiram, um grande caminhão apontou um holofote cegando Alixandra. Quatro homens surgiram com os mesmos bastões que pegaram Belle. Alixandra ficou aterrorizada, mal conseguia ficar de pé e respirar, o ar estava cada vez mais quente. Eles iam Pegá-la. Queriam fazer o mesmo que fizeram com Belle.

O holofote estourou, um dos homens laçou o braço direito de Alixandra e sua vara estilhaçou em milhares de pedaços. Conforme avançou os homens saltaram do camburão, que se contorceu em uma forma disforme.

Alixandra olhou em volta. Não havia mais ninguém para enfrentá-la. Ela vencera, era a bruxa mais terrível de todas e aquilo era horrível. Ela foi feita para destruir, era isso que fazia bem.

Rembrandt olhou para ela, desesperada, apavorada, o sangue que saia do seu corte evaporava, suas roupas estavam queimadas, havia marcas de queimadura pelo seu corpo, marcas da própria mão direita. Viu como era frágil e magra. Ela havia derrotado um esquadrão inteiro de caçadores de bruxa e precisava de ajuda.

Alixandra sentiu algo gostoso, era uma espuma fria e agradável, havia mais uma pessoa, uma garota.

Mercedes pegara uma roupa térmica, ela apontava a espuma para o alvo. Todos haviam sido derrotados, só sobrara ela. A espuma deveria ser suficiente para apagar o fogo, dezenas de cristais com líquido azul em sua roupa borbulhavam, os cordões de contenção brilhavam e faiscavam.

Essa era a sua primeira missão, a mais importante de todas que definiria sua verdadeira vocação. Por toda sua vida foi insegura e indecisa, mas pela primeira vez sabia exatamente o que queria. Queria ser um dos Arcanos, queria salvar seus companheiros.

Mwangaza pegou duas varas e laçou o alvo, ela e Mercedes venceriam.

Alixandra olhou para as duas, pateticamente tentando detê-la. Com muita facilidade acabaria com elas e nem mesmo haveria corpo. Ela era má, ela era poderosa, ela era uma bruxa.

PARE

Ciclo quatro

Ele estava parado olhando para ela, com um triste em seus olhos, um azul e outro verde, cabelos negros balançando contra o vento tatuagens no lado direito do corpo e segurando bandagens. Tudo era silencio, não existia mais ninguém no mundo, só os dois.

- Pare! - Ele disse.

- Por quê?

- Você esta morrendo.

- Prefiro morrer a deixar você me pegar.

- Eu não quero te pegar.

- O que você quer fazer?

- Eu quero te salvar.

Delicadamente ele enrolou as bandagens em volta do seu braço, parando o sangramento. Outras pessoas também foram gentis, também disseram que queriam ajudar. Todas mentiram. Ele também estava mentindo. Ele também devia ser queimado. mas ela queria tanto, tanto que fosse verdade. Havia tanta tristeza em seus olhos, sentia que havia mais tristeza do que nela mesma.

- Por que quer me salvar?

- Se eu não te salvar... Quem vai?

- Eu machuquei seus amigos.

- Ninguém morreu.

- Eu destruí tudo.

- Pode ser concertado.

- Eu sou uma bruxa. Eu sou má.

- Não tem que ser.

- É tarde demais.

- Por que?

- Não posso parar.

- Você tem que parar.

- Eu não consigo!

- Eu posso parar pra você.

- Não! É mentira!

- Eu consigo.

- Vai começar de novo depois.

- Eu prometo que não.

Sua mão direita subiu pelo seu braço, era fria e agradável. Ele tocou a palma de sua mão e o calor foi embora. A sensação ruim foi embora. Estava tudo acabado. Não existia mais nada, apenas o seu rosto olhando pra ela.

Ciclo cinco

Quando abriu os olhos a primeira coisa que Alixandra viu foi o rosto de Belle com seus olhos arregalados e a espuma escorrendo pela boca.

Ela saltou de susto, a visão de Belle era horrível, não podia suportar aquele olhar, ela percebeu que ambas estavam nuas, olhou para sua mão e não havia nada abaixo do cotovelo, não havia mão direita.

Estava sozinha com Belle em uma espécie de cela abafada e escura. Uma única porta de ferro velha e enferrujada por onde entrava a luz.

- Já acordou? – Disse uma voz tenebrosa.

- Aonde eu estou? – Perguntou assustada. – Que lugar é esse?

- Sua nova casa.

- O que vocês vão fazer comigo?

- O que quisermos. Ninguém vai ligar para uma bruxa feia como você.

- Eu faço o que vocês quiserem, me deixem sair.

- Você não vai sair. Nunca mais vai ver o sol.

- Eu preciso sair daqui. Por favor.

- Pra que você quer sair? Ninguém se importa com você. Ninguém vai sentir a sua falta.

- Minha mãe se importa! Eu preciso ver a minha mãe.

- Você não precisa ver ninguém. O que você precisa é de punição. Muita punição.

- Por favor, não me machuquem.

- É! Claro que vamos te machucar, você é uma bruxa! Tem que ser machucada, muito machucada.

- Não podem fazer isso comigo. Eu sou um ser humano.

- Não! Você é uma bruxa! Um monstro.

- Eu não sou um monstro.

- Sim você é! Só um monstro faria o que você fez coma sua mãe.

- Minha mãe? O que eu fiz com a minha mãe?

A portinhola se abriu e um pote lentamente foi empurrado porta adentro ele caiu no chão e se abriu derramando o seu conteúdo.

Ela olhou para as cinzas e gritou de horror.

Rembrandt a segurou e a obrigou a deitar novamente na maca.

- Calminha! Foi só um pesadelo.

Alixandra estava deitada em uma maca, estava coberta com cobertores bem quentinhos, uma mascara de oxigênio no rosto e um tubo de soro em seu braço esquerdo. Rembrandt continuava segurando sua mão.

- Você continua me segurando.

- Segurar você é como pegar uma flor. Parece que se eu apertar vai se desmanchar!

- Eu estou morrendo?

- Esta.

- Eu vou morrer?

- Espero que não! Fizemos uma transfusão de emergência e você esta com uma boa quantidade do meu sangue correndo em suas veias.

- Seu sangue?

- Isso mesmo. Tem sorte por ser uma garota. Se um homem tivesse perdido todo esse sangue já teria morrido. Eu doei só um litro pra você e já estou tonto.

- Há quanto tempo esta aqui?

- Algumas horas.

- Desculpe pelo incomodo.

- Não é nenhum incomodo.

- O que vai acontecer agora?

- Você perdeu muito sangue e esta com uma anemia profunda, por isso vão colocar você em coma induzido para que o seu corpo use o menos de energia possível até chegar ao hospital.

- Muito obrigada!

- Pelo que?

- Por contar a verdade.

Finalmente ela sorriu e sentiu paz.

- Acho que só segurar sua mão não será o suficiente.

- Então o que vai fazer?

Ela sentiu os lábios dele delicadamente tocando os seus, seu gosto inundou sua boca que estava seca e novamente a vida parecia entrar no seu corpo.

Ciclo seis

Os jovens estavam todos alvoroçados, duas bruxas no mesmo dia.

O medo das bruxas nunca foi tão grande, tanto Belle quanto Alixandra eram bruxas. A terrível batalha contra os caçadores de bruxas e a destruição da casa de Vladimir foi indescritivelmente perturbadora.

O belo cadete que havia salvado a escola fora retirado de maca assim como Alixandra. Colocaram uma coisa estranha em seu braço direito e ela foi com uma mascara de oxigênio e um tubo de soro.

Já se contaram muitas historias sobre bruxos que deram problemas para serem capturados e até mataram caçadores pra fugir, mas nada como isso.

Belle e Alixandra fingiam que se detestavam, mas eram comparsas? Ninguém sabia o que dizer. As teorias não faziam sentido e as hipóteses não batiam.

Caroline e Anne Marie estavam tremendo, cresceram ao lado de uma bruxa e nunca haviam percebido. O poder de Alixandra era terrível, seus gritos de desespero ainda ecoavam em suas cabeças.

Michete não tirava os olhos do estranho e simpático moreno, as bandagens escondiam tatuagens pelo seu rosto e braço direito. Por horas segurou na mão direita de Alixandra enquanto os médicos tratavam dela. Até que uma moça passou muito tempo desenhando nas faixas que amarraram a mão dela.

A garota morena retirou sua peruca e óculos, revelando um longo cabelo prateado, ela e a outra garota ficaram fazendo desenhos nas paredes e no chão. Enquanto os profissionais cuidavam do lugar.

- Acabamos por aqui! – Informou Mwangaza quando pararam de desenhar.

- Já estamos indo! – Respondeu a capitã Inazuma, quando levava Alixandra para a ambulância. Logo em seguida chamou Lebre. - Sargento Mcneil! Vamos precisar de você.

- Não tem outro? – Reclamou! – Muitos desses garotos me conhecem do mercado. São quase seis meses de disfarce por água abaixo.

- Use uma mascara de gás e um chapéu. – A comandante pegou uma mascara. – Só temos você no momento. Foi um dia cheio e eu quero ir pra casa.

Rembrandt parecia abatido, diferente do seu usual jeito despojado.

- Como começou essa baderna? – Perguntou pra Rembrandt.

- Encontramos o alvo no banheiro. – E apontou para a banheira. – Como pode ver pelas manchas, ela havia cortado o pulso, eu tentei impedi-la e o resto é historia.

- Essa vai entrar pra historia. – Comentou Mcneil. – Vou contar pros meus filhos sobre esse dia.

- Rembrandt assuma seu posto. – Ordenou Inazuma.

Os cincos se posicionaram em frente a um dos círculos que as garotas desenharam e começaram ao que parecia entoar um cântico. Os oficiais saíram da área e obrigaram as pessoas que estavam assistindo a se afastarem. Todos os garotos se juntaram alvoroçados pra olhar. Todo mundo queria saber o que era aquilo.

Mcneil, Mwangaza, Mercedes, Rembrandt e Inazuma colocaram as mãos no chão e gritaram ao mesmo tempo.

RESTORE

As tatuagens de Rembrandt se iluminaram assim como os desenhos, os destroços voltaram para seu lugar de origem, a grama cresceu e o carro se contorceu, todas as coisas destruídas por Alixandra voltaram aos seus respectivos lugares com exceção do líquido azul nos recipientes de cristal que se reconstruíram vazios.

Mas a reconstrução da casa não foi à coisa mais impressionante, muito menos foi lembrada. Ninguém nem ao menos comentou sobre a batalha de Alixandra, o que deixou todos chocados e ecoou pela cidade, foi à descoberta de que os caçadores de bruxas eram bruxas.

Relatório

Segunda ferira, 20:48h. Ano 246, da era de Windsor.

Grupos de divisões de Arcanos oficiais.

A 27° divisão de cadetes de Sephirot liderada pela Comandante Mizuki Inazuma, com o apoio das forças controle de arcanos oficial da cidade de Galita, liderada pelo sargento Bel Mcneil, capturou uma arcana não oficial, de alta periculosidade.

O alvo foi identificado como: Alixandra Putin, branca, 14 anos.

Conforme as suposições do sargento Mcneil o alvo demonstrou manifestações de energia a nível Iota. Superando todas as expectativas o alvo apresentou o uso espontâneo da magia de sexto grau Merazoma.

Nunca antes fora registrado um mago não oficial acima do nível Delta e o caso demonstrou o completo despreparo dos oficiais em uma situação dessa magnitude. O sargento Mcneil levantou a possibilidade de que um prévio encontro com alvos semelhantes tenha culminado na morte de todo o esquadrão.

Até pouco tempo as missões de busca aonde esquadrões inteiros eram exterminados foram atribuídas a warlocks.

(Warlocks ou Dakinis = Ignorando outras interpretações do termo warlock que popularmente possam ter, o termo é usado para definir qualquer pessoa com instrução mágica que se oponha ao reino unido de Avalon).

A sugestão para mudança de procedimento de autoria do sargento Mcneil foi enviada para estudos.

Na captura, o alvo causou sérios danos estruturais no numero 824, da rua 42, do 12° distrito.

O Cadete Derek Dietrich foi ferido durante a operação. Sofreu inúmeras escoriações, contusões e ferimentos internos. Atualmente esta na cidade militar de Tor na ilha das maçãs.

O alvo foi capturado com a ajuda essencial dos cadetes em estado grave.

Sofreu perda de sangue, desnutrição, desidratação, anemia, queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus, hematomas e luxações, envenenamento e degeneração celular.

Os médicos consideraram Inacreditável que tenha sobrevivido a uma manifestação de mera tão longa e ainda conseguiu mais de cinco Merazomas.

O Merazoma é uma magia de alto nível, magos treinados mal conseguem fazer uma por dia e se levantar depois disso.

O alvo será enviado para reabilitação no instituto de Holloway.

Em uma busca na residência do alvo, encontramos sua mãe enferma.

Diagnosticada com Tuberculose, foi identificada como Abryele Putin, 32 anos, branca. Teste adjacente revelou que também possuía habilidades místicas nível Gama. Foi enviada para a o hospital militar da cidade do norte no reino de Camelot.

Alixandra Putin foi registrada como individuo de alta periculosidade.

Classificada como risco a segurança nacional.

Continua...

2 comentários:

Anônimo disse...

oie!
estou lendo sua história As Arcanoides e estou achando demais!
Onde é que você teve essa idéia!
esta linda!
xau
bjos

Unknown disse...

Sofreu perda de sangue, desnutrição, desidratação, anemia, queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus, hematomas e luxações, envenenamento e degeneração celular

essa foi a melhor parte ate agora XD