Capitulo nove

09

A magia de Alixandra

16:00H.

Área interna norte. Jardim de Aleph.

Cassandra olhava para seu livro sempre relendo o mesmo parágrafo apenas para esquecê-lo logo em seguida. Ela não sabia explicar porque não conseguia ler. Se o livro era muito chato, se o lugar que ela escolher era muito escuro ou se era porque Alixandra a estava encarando.

- Qual é o problema?

- Nenhum, eu só achei que seria legal se nós almoçássemos juntas.

- Por que não vai almoçar com uma das outras garotas?

- Eu não sei aonde nenhuma delas esta.

- E a Belle? Vocês nunca saem de perto uma da outra.

- Nos separamos no exame físico, daqui a pouco a gente tem que ir até o escritório do professor Kazam e a gente se encontra de novo.

- Não estou com muita vontade de ir até o refeitório.

- Tudo bem, eu peguei comida o suficiente pra nós duas. – Alixandra mostrou a sua bandeja e se sentou no gramado. - Vamos conversar um pouco o que é que você esta lendo?

- Um livro sobre magia branca.

- É mesmo, e o que ele fala?

- Ele não tem nenhum encanto pra falar, você tem que ler nele mesmo.

- Encanto pra falar? Tem livro que fala? Digo... Sobre o que é o livro?

- Alguma bobagem que me empurraram pra eu aprender a diferença entre magia branca. Sei lá...

- Você não sabe a diferença entre magia branca e magia negra?

- Não! Você sabe?

- Bem... Magia negra é a que você faz pro mal e a magia negra é a que se faz pro bem...

- mas daí a magia mesmo é tudo a mesma coisa, o que muda é a pessoa que usa. Se eu convocar fogo pra queimar uma pessoa é magia negra, se usar pra fazer comida é magia branca.

- Bem... Sim!

- Eu penso da mesma forma. Só que todo mundo me vem com esse papo de que magia negra é ruim... Bla, bla, bla...

- Você sabe fazer magia negra?

- Eu passei cinco anos em Sídhe aprendendo magia eu sou uma Bruxa muito mais forte do que a maioria desses professores mixurucas. Mesmo com todos esses selos idiotas que colocaram nas minhas costas.

- Você fala bruxa. Eu pensei que não podia.

- Bruxa, mago, é tudo a mesma coisa. Só mudam os nomes de idiotas que são.

- Faz uma magia pra eu ver.

Cassandra colocou o livro de lado, juntou as mãos e fechou os olhos como em uma prece e rapidamente colocou a mão no chão.

- Peguei seu nariz. – Uma mão saiu do chão e agarrou o nariz de Alixandra. Ela pulou pra trás com o susto e Cassandra caiu na gargalhada. A mão se desmanchou em um punhado de terra.

- mas que legal. O que foi isso? Como é que você faz?

- Geomancia! Eu imagino o que eu quero que aconteça, nesse caso a mão materializada. Depois eu deixo a minha energia se unir à energia da terra, depois deixo fluir como um circulo, passando pelo meu peito e pelo meu braço. Então é só passar a informação pra terra.

Cassandra fez de novo e a mão se levantou pra fazer um aceno.

- Enquanto eu estiver conectada com a terra, a mão vai fazer o que eu mandar.

- E esse lugar que você morou... Qual é o nome dele mesmo?

- Sídhe! Aqui vocês chamam de o outro lado ou o mundo das fadas.

- Você morou no mundo das fadas?

- Sim! mas na parte dos trolls, não das fadas.

- O que é um troll?

- O oposto de uma fada.

- Uma fada do mal?

- Não.

- Então você é uma bruxa poderosa, mesmo assim esta aqui na escola porque eles querem que você só use magia Branca.

- Exatamente. Até que você é mais esperta do que parece.

- Então nós podemos ser amigas.

- Acho que podemos.

- Então eu posso fazer uma pergunta pessoal?

- Eu acho que pode.

- Qual é o problema que você tem com a Érika?

- Nenhum, é que essa coisa das Dríades afetarem a percepção dos humanos me incomoda. É como se ela tivesse usando uma magia pra me controlar o tempo todo. Eu sei que não é de propósito. Geralmente as mestiças são mais fracas que Dríades normais, mas nela é muito mais forte. Só não colocam um selo nela porque é filha do diretor.

- Dríade? Isso é uma espécie de fada?

- Sim são uma espécie de Ninfa, espíritos das florestas.

- mas então a Érika não é humana?

- Isso é fácil de se ver. A mãe dela é a rainha de Firewood em Sídhe!

- Eu entendi. Vocês duas vêm de Sídhe, mas a Érika é toda paparicada enquanto você recebe um monte de selos e tem que aprender magia branca com seus livros.

Cassandra olhou com seus olhos arregalados para Alixandra e rapidamente voltou a enfiar a cara no livro.

- mas por que o Rembrandt não é afetado pelo poder dela?

- Porque Rembrandt é o Maximo! – Cassandra quase largou o livro de entusiasmo. - Ele já me disse que é afetado pela magia só que ele não liga. Só porque ela é muito bonita não tem motivo pra tratá-la diferente de todo mundo.

- Puxa! Você gosta mesmo do Rembrandt!

- Eu amo o Rembrandt, ele é o Maximo! Sabia que ele é mais poderoso do que o próprio Merlin quando tinha a idade dele? Todo mundo gosta dele, ele não salvou a sua vida?

- É verdade! Se não fosse por ele eu não estaria aqui.

- Você viu como ele tem selos não é mesmo? Eles não querem que a gente use determinadas magias antes da “idade certa” como eles dizem. Quando ele fez sua primeira magia foi tão forte que afetou cinco andares inteiros.

- Agora que você falou... Eu queria saber por que ele fez com que me trouxessem aqui em vez de Holloway.

- Ele fez você vir até aqui?

- O senhor Medhal disse que ele me trouxe aqui porque devia um favor pro Rembrandt.

- O senhor Medhal é o padrinho da casa de espadas, ele quer que o Rembrandt entre na casa dele. Sempre esta pedindo “favores” pra casa de espadas.

- Eu quero perguntar pra ele porque ele pediu pra me trazerem aqui.

- Por quê? Você não gostou daqui?

- Gostei. Eu só quero saber...

- Tem alguma coisa a ver com o seu sonho?

- Meu sonho? Não. Por que?

- Cisma minha! Pareceu importante pra você e... Tenho um pressentimento.

- Um pressentimento Bom ou ruim?

- Não sei.

16:10H.

Torre nordeste de Hocmah Salão de festas de Gêmeos.

Rembrandt e Janus estavam ajudando a carregar caixas com os enfeites do equinócio de outono para o clube de eventos.

- Vocês não têm algum Golem, magia de teleporte ou qualquer outra coisa pra trazer essas coisas aqui?

- Eu gosto de ver homens sem camisa suarem. – Respondeu Nicole.

Janus olhou para Rembrandt com um sorriso vitorioso.

- Eu sei que você é um patético que faz tudo o que ela manda. – Reclamou Rembrandt. – mas por que eu estou aqui?

- Por que eu pedi. – Respondeu Janus.

- Sei! E isso faz de mim amigo do patético?

- Não! – Respondeu Janus. – Isso faz de você o amigo mais patético ainda.

- Que bom.

- Garotos! – Chamou Nicole. – Eu e as meninas vamos almoçar, vocês podem continuar colocando as caixas.

- Não! – Rembrandt largou a ultima caixa e foi embora.

- A vai! – Choramingou Janus. – Não custa nada.

- Exatamente! De onde eu venho isso se chama trabalho escravo.

- Tudo bem! – Disse Nicole com uma piscadela. – Lhes darei uma recompensa pra vocês mais tarde.

- Ouviu isso? Ela vai dar uma recompensa.

- Então eu volto mais tarde.

Janus correu atrás de Rembrandt reclamando enquanto caminhavam pro refeitório. Janus pegou uma das bandejas e ficou na fila e Rembrandt foi dar uma volta.

- Aonde é que você vai? – Reclamou Janus.

- Procurar comida. Estou morrendo de fome.

- Sabe! Quando as pessoas por aqui estão com fome pegam uma bandeja e enchem de comida.

- Você não me deixa mais comer da bandeja.

- Não deixo mesmo.

– Então eu tenho que procurar comida em outro lugar.

Rembrandt deu uma volta pelo refeitório cumprimentando seus conhecidos e mordiscando alguma coisa de seus pratos até que encontrou uma figura em particular.

- Derek!

Rembrandt se sentou a apanhou um punhado de bolinhos do prato dele.

- O que pensa que esta fazendo?

Rembrandt cumprimentou as outras pessoas da mesa, entre elas Maria e Érika.

- Que bom que você esta vivo.

- Eu já estou ótimo! – Afirmou zangado.

- O medico disse que você ia ficar de cama no mínimo uma semana.

- Como pode ver estou completamente recuperado.

- Não parece.

- O senhor devia descansar um pouco. – Maria. – Esta trabalhando desde que chegou.

- Faltam duas semanas pro festival e não sei se lembram eu sou responsável pela segurança.

- Maria pode fazer isso. – Apontou Érika.

- Eu não vou deixar ela fazer tudo isso sozinha.

- Eu posso pedir ajuda pro Senhor Medhal. – Respondeu Maria humildemente. – Ele se ofereceu.

- Inconcebível. – Reclamou Derek. – Não há motivo pra ocupar o Senhor Medhal com isso.

- Eles têm razão. – Concordou Érika tentando colocar a mão na testa do irmão. - Você não parece muito bem.

- Você também? – Reclamou. – Não comprem as idéias desse ai.

- Pega leve. – Reclamou Rembrandt. – Apesar de você ser um imbecil, estava todo mundo preocupado. Devia ter um pouco de consideração.

- Derek. – Reclamou Érika. – Rembrandt salvou a sua vida... Duas vezes. Não custa nada você agradecer.

Derek olhou contrariado para todos, da mesa e com um ar de dignidade se levantou em posição de sentido.

- ...

Neste instante Alixandra percebeu um sujeito alto e bonito com um sorriso encantador andando no meio das mesas com uma bandeja saldando as pessoas e indo na direção de um grupo bem seleto de pessoas.

- Cassandra é o seu irmão.

- E lá esta a Érika. Vamos embora.

- mas você disse que não tinha nada contra a Érika.

- E não tenho. mas eles devem estar ocupados. Vamos embora. Não quero incomodar.

- Não me pareceu que eles se incomodam com você.

- Impressa sua vamos embora.

- Cassandra. – Ouviu-se uma voz.

- Viu! Eles te chamaram. Vamos lá.

Contrariada Cassandra foi com Alixandra e cumprimentou quem estava na mesa.

- Acho que você se lembra do nosso querido Derek. – Lembrou Rembrandt.

Alixandra o complementou, respondeu rapidamente com um aceno de cabeça enquanto continuava cada vez mais vermelho prendendo a respiração.

- O que ele esta fazendo? – Perguntou Alixandra.

- Nosso caro cadete estava tentando terminar uma frase. – Explicou Rembrandt.

- Eu . . . Queria dizer...

- ...

Após mais alguns momentos de tenção.

- OBRIGADO!

O grito foi tão alto que Alixandra até ficou tonta com um zumbido no ouvido.

- Não tem por onde! – Rembrandt agarrou os braços de Derek e entoou:

Farmako

– Pronto agora esta tudo bem. – Pegou um monte de comida de Maria e colocou no prato de Derek. – Come tudinho e daqui a pouco esta inteirão.

- O que foi isso?

- Um Farmako. E de grátis. Aproveita que eu estou caridoso hoje.

- Caridoso? Se eu precisasse de um Farmako eu próprio faria.

- Você mal agüenta ficar de pé. Muito menos fazer uma magia.

- Eu ainda tenho força pra fazer magias o suficiente pra te mandar pro lugar de onde você veio.

- Não tem não.

- Mercedes. As cartas.

Mercedes abriu a mochila que estava com ela e Rembrandt tirou um pacote de cartas grandes que tinha no bolso.

- Já que você quer. – Disse Rembrandt. – mas não vai agüentar quinze minutos.

- Aqui não. No estádio.

Todos na mesa ficaram espantados. Maria principalmente. Um murmúrio começou a se espalhar pelas mesas.

- mas senhor. – Protestou evitando lhe dar as cartas. – No se estado...

- Eu ganho sem fazer força.

- Derek. – Reclamou Érika. – Não brinque com isso.

- Não estou brincando.

- Você precisa da autorização de um professor. – Alertou Rembrandt.

- Pois então vamos pegar.

Rembrandt se levantou e começou a andar atrás de Derek. As pessoas das outras mesas começaram a se levantar, logo havia dezenas de pessoas atrás deles.

Medhal estava parado em uma pilastra quando viu a multidão se aproximando.

- O que é isso, uma revolta? Eu não vou diminuir o nível dos exercícios.

Derek ofegante puxou seu maço de cartas para Medhal.

- Preciso de autorização para o uso de um campo senhor.

Alixandra apertada no meio da multidão não entendia nada do que estava acontecendo.

- Por que todo esse alvoroço por um jogo de cartas?

- Como assim? Cartas Arcanas é a maior febre entre os bruxos de todo mundo. Todo mundo joga isso o tempo todo. – Responde Cassandra.

- Você não sabe? Eu cheguei ontem, esse é o meu primeiro dia aqui.

- A... Desculpa.

16:15H.

Belle tomava um lanche leve com a professora Izma e alguns outros professores entre eles o professor Kazam e o diretor Dietrich em um salão de descanso logo ao lado do refeitório.

- Acredito que agora esta menos estressada não é mesmo srta. Pudim.

- Hã... Senhora Izma.

- Srta. Por favor.

- Srta. Izma na verdade eu... Quero dizer meu nome...

Neste instante, dezenas de alunos passaram eufóricos correndo na frente da entrada.

- mas que desconcertante exclamou a srta. Izma.

- O que esta acontecendo? – Se perguntou o Diretor Dietrich.

- Vamos descobrir. – O professor Kazam parou seu chá e levitou sua cadeira até próximo a entrada. – Alguém pode me dizer o que está acontecendo?

Um aluno parou com os olhos arregalados e gritou.

- Dietrich vai jogar cartas no campo de Beth contra Rembrandt.

Por alguns momentos o corpo estudantil ficou atônito.

- Com a permissão de quem? – Perguntou a srta. Izma.

- Provavelmente Medhal. - Respondeu o professor Kazam novamente bebendo o seu chá.

- Eu não sabia que Derek havia retornado. – Comentou o diretor.

A srta. Izma tranqüilamente retirou um caderninho de anotações do bolso e fez surgir um lápis de sua orelha.

- Quintos no jovem Dietrich. – Disse um professor sentado que aparentemente estava lendo o jornal.

- Eu cubro. - Disse o professor.

A seguir vários professores começaram a dizer números e comentar estatísticas enquanto a srta. Izma escrevia tão rápido que saia fumaça do caderninho.

- Alguém mais? – Perguntou a srta. Izma.

Ninguém respondeu apenas trataram de terminar suas xícaras e delicadamente colocar em um local apropriado. O ultimo a terminar foi o professor Kazam.

- Terminei.

Como um sinal de largada os professores se levantaram e correram abrindo caminho entre os alunos. Desorientada Belle foi atrás.

16:30H.

Área interna norte. Estádio de Beth.

Alixandra ficou espantada com o campo de Beth, era um verdadeiro estádio de futebol dentro das dependências do castelo, os alunos e professores começaram a chegar e se amontoar nos seus lugares como se fosse um grande evento.

Cassandra e Alix continuaram próximos de Medhal que liderava o campo.

Rembrandt e Derek se separaram, cada um caminhou para um lado do campo aonde havia duas altas plataformas. Medhal e outros rapazes acompanhavam Rembrandt como se ele fosse um lutador indo para um córner do ringue. Com Derek não chegava a ser muito diferente, mas seus amigos eram mais sérios e menos animados.

Os professores entraram e se posicionaram em lugares especiais, muito entusiasmados. Não paravam de entrar alunos, alguns bem mais jovens e outros bem mais velhos.

- Eu não sabia que tinham alunos tão novos. – Comentou Alix. – Eu nunca os vi.

- Os alunos com menos de quinze e mais de dezoito ficam em outras áreas do castelo, eles tem campos, dormitórios e refeitórios próprios.

- Quanta gente tem nesse castelo afinal de contas?

- Em media umas mil e quinhentas pessoas. Não se esqueça que vem gente de todo o reino unido pra cá.

Realmente aquele campo comportava bem umas três mil pessoas e aparentemente todos os 1500 alunos de Sephirot estavam lá, pulando e gritando como se fosse um grande evento.

Na altura do centro do campo um grupo de alunos colocou o que parecia ser um grande tanque um uma peça que até então Alixandra pensou ser uma escultura moderna. Em cada uma das plataformas os adversários puxaram uma carta e seus colegas se afastaram. Os dois gritaram ao mesmo tempo.

ARCHIZO

Símbolos luminosos começaram a sair das cartas, as cartas se espalharam no ar e começaram a voar em volta dos dois. A carta desapareceu, os símbolos giravam como uma esfera e ambos começaram a flutuar. Dois números surgiram no ar.

- O que esta acontecendo? – Perguntou Alixandra.

- Eles convocaram a carta campo que inicia o jogo e depois decidiram quem vai começar primeiro. – Respondeu Medhal. – Agora cada um vai retirar cinco cartas e vão começar a batalha.

KALO

Novamente puxaram cartas que desapareceram. Na frente de Rembrandt surgiu um passaro enorme com uma touca de couro e proteções nas patas e na frente de Derek uma bela mulher com asas negras e uma foice surgiu. Alixandra não entendeu nada do que estava acontecendo.

- As cartas possuem magias, convocações e encantamentos. – Explicou Cassandra. – A cada carta que conjuram gastam parte da magia, quem ficar sem magia primeiro ganha. Graças à carta lacre que usaram, ficam em segurança, em um combate real quando as criaturas são derrotadas, os ataques atingem os próprios magos diretamente, o que pode ser fatal.

Alixandra olhou para a lamina polida da foice e as brilhantes garras do passaro. Um arrepio correu pela sua espinha.

A batalha começou. Cassandra não tinha tempo de explicar exatamente o que acontecia durante o duelo. Correntes surgiam do chão e prenderam a mulher de foice, centenas de pombas carregando fitas amarraram o passaro. Um cavaleiro de asas em cima de um corcel alado foi convocado por Derek. Rembrandt conjurou uma floresta de arvores com aparência humana que se soltavam uma nuvem de pólen e folhas afastando as pombas e fazendo muitas tombarem tontas no chão. Criaturas novas eram chamadas a cada turno e as magias que invocavam para auxiliar as criaturas eram fantásticas.

- Eles chamaram as criaturas de verdade? – Perguntou Alixandra com dó dos passarinhos que cambaleavam tontos no chão.

- Não! Eles são apenas sombras das criaturas verdadeiras. As cartas são feitas baseadas em criaturas e guerreiros de verdade.

- Eu fui o modelo de uma das cartas do baralho de Rembrandt. – Se gabou Medhal. – Curioso como as cartas contrastam com seus usuários.

- Porque? – Perguntou Alixandra.

- Derek é um guerreiro frio, suas magias e habilidades para o combate são excepcionais enquanto o baralho dos anjos que usa é espiritualizado e voltado para as magias de recuperação e suporte. Enquanto Rembrandt é um usuário fantástico de magias de cura e usa um baralho de feiticeiros de guerra voltado para o ataque e armadilhas.

Alixandra olhou e comprovou que as criaturas conjuradas por Dietrich eram iluminadas, sempre com uma aparência nobre enquanto as criaturas de Rembrandt eram sombrias e imponentes.

Finalmente em um clarão todas as criaturas do campo desapareceram.

- O que aconteceu? – Perguntou Alixandra.

- Empate! – Respondeu Cassandra. – O ultimo ataque tinha a mesma força e se anularam, ambos ficaram sem mana pra convocar mais criaturas.

- Então eles perderam o combate?

- Não. – Respondeu Medhal. – Derek pediu o “Full contact” eles vão terminar em um combate entre os dois.

PIDIMA

Dietrich e Rembrandt saíram cada um de seus postos e praticamente voaram pelo em direção um ao outro.

- Eu quase matei Dietrich! – Alertou Alixandra. – Ele não vai ser capas de lutar nessas condições.

- Ele é orgulhoso! – Respondeu Medhal. – Vai ser bom que Rembrandt de uma surra nele.

- Tem alguma coisa a ver com o sonho? – Lembrou Cassandra.

Alixandra desesperada se lembrou do sonho. Ela juntou as mãos como uma prece e se concentrou. Todo o seu corpo se tornou leve e o vento girou em torno dela, sentia como se fosse feita de ar.

PIDIMA

O impulso a lançou no ar mais rápido e alto do que imaginara, a sensação era ótima e a velocidade empolgante, a grama raspou em seus pés em alta velocidade enquanto ela corria, pousara com relativa suavidade, mas uma incrível velocidade. Corria mais para se equilibrar e ainda estava sendo movida pelo impulso do salto. Estava muito mais rápida do que os dois e os alcançou antes que se encontrassem no centro do campo para a luta.

- Parem! – Gritou! - Não briguem.

- Não fique no caminho. – Reclamou Dietrich empurrando Alixandra pra fora do caminho. – Isso é um duelo serio.

- Você ainda esta muito ferido. – Implorou Alixandra.

- Não se preocupe. – Respondeu Rembrandt. – Eu não vou machucá-lo.

- È claro que não vai. – Bradou Dietrich. – Nem se quisesse.

Novamente juntou as mãos e se lembrou das instruções de Cassandra e colocou as mãos na terra. Duas mãos enormes brotaram do chão e seguraram os dois. Seguido de aplausos, uivos e assovios os alunos invadiram o campo.

Os garotos chegaram cumprimentando e elogiando o feito de Alixandra, outros apalpavam as mãos pra ver se eram de verdade. Medhal olhou para Alixandra como se ela fosse mordê-lo.

- Quem te ensinou isso? – Perguntou assombrado.

- Foi a Cassandra. – Respondeu tentando conter um sorriso de orgulho.

Medhal fez uma expressão de quem havia entendido e olhou com o canto dos olhos pra Cassandra que se pendurava em uma das mãos.

- Eu aprendi a lição. – Gritou Rembrandt rindo. – Pode me soltar agora.

- E você? – Perguntou Medhal para Dietrich que estava suando e ofegante.

- Você venceu! - Gritou Rembrandt. – Eu desisto! Essa posição esta me dando câimbra.

- Então? – Insistiu Medhal.

- Meu comportamento foi inapropriado senhor. – Respondeu Derek.

- Pode soltá-los! – Ordenou Medhal.

Alixandra tirou as mãos do chão e sentiu a energia saindo e deixando seus braços e ombros doloridos. Imediatamente as mãos se dissolveram em terra.

Estava um verdadeiro clima de festa. Belle correu para se sentar ao lado de Alixandra.Dietrich se deitou no chão enquanto os professores e os alunos conversavam animadamente. Os companheiros de Dietrich o cercavam e até ele estava sorrindo. Os amigos de Medhal pulavam e riam. Estava tudo muito bem, o sonho de Alixandra estava errado era só uma coincidência. O sonho descrevia de certa forma o ocorrido. Ela não se lembrava muito bem porque era um sonho, mas havia alguma coisa sobre uma marca. Talvez fosse o selo de magia. A marca do selo. mas era tudo um sonho. A menos que...

Delicadamente colocou a marca na mão de Derek e olhou ele apenas parecia estar cansado, com sono, frio, suando muito...

- Professor! – Gritou para Kazam que estava entretido. – Professor!

Ele girou a sua poltrona e flutuou para perto das garotas. - O que aconteceu?

- Ele esta passando mal. – Alixandra começou a se desesperar.

- Rembrandt! – Gritou o professor Kazam.

Os alunos se afastaram e os professores se aproximaram. Érika segurou Maria que quase saltou no meio da multidão.

- Eu fiz um Farmako nele agora a pouco. - Rembrandt olhou assustado. – O que esta acontecendo?

Farmako

Todos pareciam mais tranqüilos, até a expressão de Derek mudou. Todos confiavam nas habilidades de cura de Rembrandt, mesmo assim Alixandra não resistiu.

- Aconteceu de novo. – Dessa vez quem reparou foi Belle.

Farmako

- Não esta funcionando. – Gritou Belle desesperada.

Farmako

- Sou eu. – Respondeu Alixandra mostrando sua marca. – E-eu... É o meu selo.

- Não pode ser. – Respondeu Kazam agarrando o pulso de Alixandra e analisando espantado. – Levem-no para a ala hospitalar.

O diretor se aproximou preocupado enquanto os cadetes corriam com uma maca pra levar Dietrich. – Kazam o que esta acontecendo.

- Verifique o selo dela. – Respondeu.

O diretor analisou o símbolo na mão de Alixandra e também percebeu alguma coisa muito importante.

- O que foi? – Perguntou Belle preocupada.

- Alixandra tem razão. – Respondeu o professor Kazam. – O selo dela desligou as magias de cura que estavam em Derek.

O professor e o diretor foram para a ala hospitalar com Alixandra e deixaram as outras garotas pra trás.

- O que aconteceu? - Perguntou Nicole.

- O selo da Alix desligou o Farmako do Rembrandt?

- mas isso é impossível! – Nicole ficou indignada. – Como cometeram um erro desses?

- Qual é o problema? – Perguntou Belle preocupada.

- Os selos são feitos para conter a nossa energia e não fazer magias muito mais poderosas do que somos capazes de controlar. Se um selo esta desligando magia em outras pessoas significa que o selo é forte demais para pessoa que está usando. – Explicou Nicole. – E nesse caso quando eu digo muito mais forte eu quero dizer uma coisa absurda.

- Mas... – Pensou Belle. – Então Alix não deveria fazer aquelas mãos não é mesmo?

- É mesmo. – Nicole concordou.

- Alix! – Ordenou Cassandra. – Faz de novo.

Alixandra obedeceu só que desta vez as mãos que saíram do chão eram pequenas como os próprios braços dela.

- Que estranho. – Comentou Nicole. – Eu nunca vi nada assim antes.

- Você parece que sabe de alguma coisa. - Cassandra olhou incomodada pra Alixandra. – Eu sinto que tem alguma coisa a ver com aquele sonho.

- Que sonho? – Perguntou Belle.

- Alixandra teve um sonho que viu o futuro. – Respondeu Cassandra. – Ela até viu meu irmão antes de se conhecerem.

- Não foi bem assim. – Explicou Alixandra. – Algumas coisas no meu sonho aconteceram... Eu não me lembro direito.

- Sonhos premonitórios são assim mesmo. – Respondeu Nicole.

- Talvez seja importante. – Ponderou Belle.

- Eu já não lembro direito. – Choramingou Alix olhando para Nicole e se lembrando daquela figura decrépita em seu sonho. – Não pode ser verdade.


17:00H.

Torre central de Tifereth. Salão de reuniões.

A bela Madame Endora professora de feitiços é informada do caso de Alixandra pela doutora Tibiriçá e por Medhal. O diretor Dietrich e o professor Kazam atentamente acompanham o caso.

- Então essa garota essa garota aprendeu a fazer um feitiço de geomancia avançado com a ajuda de sua coleginha.

- Eu não chamaria Cassandra de coleginha. – Comentou Medhal. – Ela é uma feiticeira provavelmente mais poderosa que a senhora.

- Força bruta sem direção não é poder senhor Medhal. – Respondeu Madame Endora. – Cassandra insiste no uso de magia das trevas, temos sorte de que não tenha ensinado nada de errado para essa menina.

- Então você concorda que ela aprendeu o controle da terra em um dia? – Perguntou o diretor.

- Acredito que a doutora vai revelar que sim pelos seus exames. – Respondeu madame Endora.

- Em parte. – Respondeu Tibiriçá. – Todos os exames indicam que ela própria causou os Meras sem nenhuma influencia externa ou controle. mas os Merazomas precisam de uma explicação. Todos os ferimentos dela são por estar próxima a eles e não por manifestá-los, não existe nenhuma evidencia que ela manifestou energia para um Merazoma muito menos cinco.

- E os seus exames professor? – Perguntou Kazam.

- Ela possui uma visão romantizada de Magia. Não deveria ser capaz de nem mesmo ver a cor das auras. Quanto mais aprender magia avançada.

- Eu recomendo recriarmos a situação que fez com que essa garota manifestasse o feitiço.

- Eu sou contra. – Declarou o professor Kazam. – Esses eventos foram muito traumáticos para a garota submetê-la aquelas emoções é inaceitável.

- Você é muito mole às vezes. – Disse Medhal. Se a guria agüentou uma vez agüenta de novo.

- Vamos ter que ter a aprovação dela e da mãe dela nesta situação. – Ponderou o diretor Dietrich.

- Temos que esperar até que ela tenha condições físicas de fazer esta experiência. – Respondeu Tibiriçá.

- Então eu sou o único que se opõe! – Concluiu o professor Kazam. – mas eu quero que ela seja alertada de todos os riscos antes de fazer pedir pra ela fazer isso. O mais importante é a decisão dela.

- Mais importante. – Alertou a doutora Tibiriçá. – O selo dela é inapropriado e deve ser retirado o quanto antes.

18:00H.

Torre Norte de Kéter. Primeiro andar.

Dietrich estava deitado na cama remoendo o que havia acontecido. Havia provado sua inaptidão como soldado desobedecendo a ordens diretas, arriscando a sua vida e de seus colegas. Fez um papel ridículo ao começar uma briga com Rembrandt e terminou sobrecarregando seu organismo. Ele começara o dia em um leito hospitalar e terminara o dia em um. Rembrandt nunca quisera se tornar um soldado, todas as suas habilidades eram voltadas para magias de cura, mesmo assim era o favorito para se tornar um oficial da casa de espadas por Medhal e enquanto ele se esforçava tanto Rembrandt sempre acabava sendo o herói. Não era justo.

Alguém bateu na porta, provavelmente era Érika ou Maria que abandonaram o jantar para trazer o dele.

- Com licença. – Disse uma voz suave trazendo o carrinho. Não era a voz melodiosa de sua irmã, nem a voz de Mercedes. Pelo menos não seriam as irmãs Puro-osso.

- Eu não sei se você se lembra de mim.

- Como eu poderia esquecer, a garota da mão. – Ele olhava perdido para o espaço. – Habilidade impressionante.

- Não eu... Esquece.

- Você veio aqui só pra me ver?

- Não eu… Estou fazendo um tratamento com a doutora e me ofereci pra trazer o jantar.

- Quer que eu peça desculpas?

- Não precisa. – Disse ela com um sorriso. – Você estava exaltado por causa do jogo.

- Eu quis dizer por Galita. Desculpe pelo que eu fiz a você.

Por alguns instantes ela o olhou espantada e abaixou a cabeça.

- Não... A culpa foi minha. Eu te mandei pro hospital, quase matei você.

Dietrich olhou para bem nos olhos como se ela tivesse dito uma bobagem.

- Cassandra me falou de você.

- Cassandra? A irmã do Volonaki?

- Eu não sei se esse é o nome dela. Você quer dizer o Janus, não é?

- E o que foi que ela disse?

- Ela me contou que você foi o aluno que mais se destacou e por causa disso recebeu a honra de se tornar um dos monitores da casa discos logo no ginásio. Você queria ser da casa de espadas e como seu pai é o diretor mexeu seus pauzinhos pra você entrar na casa de discos. Agora todo mundo acha que você se tornou um chefe de casa porque é filho do diretor. Desde então você vive tentando provar o seu valor.

Dietrich olhou serio para ela como se tentasse parecer forte. mas não conseguia.

- Eu queria muito ter ido a uma missão de verdade. – Confessou. – mas meu pai deu um jeito e me mandaram até o outro lado do mundo só pra ficar longe do perigo. Nós ficávamos recolhendo possíveis alunos nos paises que haviam se juntado a aliança. Quando havia algum problema era a gloria pra mim. Mandaram Rembrandt e a Lumina Mwangaza como exemplo de que até os mais desajustados tinham um lugar entre os arcanos. Nós fomos chamados para ir até a tal festa só pra te procurar e Rembrandt veio comigo. Eu tinha certeza que ele ia atrapalhar, principalmente quando arrombou a porta e te encontrou. Quando ele saltou em cima de você, pra parar o seu sangramento. Aquilo... Eu nunca poderia fazer aquilo. Eu ia pensar antes, analisar a situação. Quando ele largou a sua mão e caiu na banheira eu vi o momento perfeito para minha gloria. Eu tinha que salvar o dia. Não sei se entende.

- Sim.

- Eu acho que você não se lembra. mas houve um momento em que eu te agarrei no meio da batalha.

Alixandra não disse nada, mas ela se lembrava.

- Naquele momento eu ganhei a batalha. Não havia nada que pudesse fazer contra mim. Existiam centenas de modos de te parar, mais ainda de te matar.

Ela desviou o olhar e ele novamente voltou a olhar para o teto.

- Naquele instante você parecia um passarinho recém nascido, tão, frágil e indefeso, tremendo de frio tentando respirar. Tentando ficar viva. Naquele momento eu percebi que nosso trabalho ali na verdade era salvar você. Eu não consegui. Fazer mais nada.

- Rembrandt não. - Alguma coisa havia nele agora que ela nunca havia percebido. Ele parecia tão fraco e indefeso. Tão derrotado, precisando de ajuda. Assim como ele a descrevera. - Ele nunca esqueceu por nenhum instante.

- O que você pensa do Rembrandt?

- Quando eu o conheci era uma pessoa seria e esforçada. Desde que ele descobriu que era um arcano passou a agir como se a vida fosse uma brincadeira. Você sabe que ele foi considerado mais poderoso do que o próprio Merlin na idade dele? Ser melhor do que o Merlin. Nem mesmo eu sei o que eu daria pra isso. mas ele não. Pra ele isso não é nada.

- Você odeia o Rembrandt? Digo...

- Não! Eu não odeio o Rembrandt. De jeito nenhum...

- O que você sente pelo Rembrandt?

- O que sinto? Eu era o melhor jogador de cartas da minha geração. Até que ele surgiu. Não me admira que seja tão bom, raramente o vejo fazendo outra coisa. Talvez com esforço e dedicação se tornaria em um soldado tão bom quanto eu.

- Então... Você não queria vê-lo morto?

- Não. Pelo contrario. Eu queria que ele desenvolvesse seu potencial. Daria um bom homem. Precisamos de bons homens em nossas fileiras. Também é difícil de encontrar um rival que me inspire a competir.

Alixandra continuou sentada na cama ao lado de Derek durante muito tempo.

A comida esfriou.

19:00H.

A doutora Tibiriçá chegou com a professora de feitiços, madame Endora.

Em um rápido ritual retiraram o selo de Alixandra. O que perecia ser uma tatuagem dissolveu no ar enquanto eles desenrolavam alguma coisa invisível. A sensação é que tiravam uma teia de aranha de dentro do seu braço.

- Antes de tudo, eu gostaria de dizer que estamos muito intrigados com as suas habilidades e sugeriram que fizéssemos um teste de regressão em você.

- O que é isso?

- Através de um feitiço nós enganaríamos a sua mente e você reviveria exatamente o momento em que manifestou o Merazoma. Eu sei que é uma experiência traumática e não quero forçá-la a nada. Só faríamos depois que você ficar bem física e mentalmente.

- Tudo bem! - concordou Alixandra.

- Espero que não se incomode, mas eu vou colocar esta coleira de recuperação em você. Seu organismo vai ficar um pouco desestabilizado e vai sentir muita fome. Pra isso vou te dar um pote grande com uma poção reforçada de nutrientes.

- Entendi. – Concordou Alixandra.

- Vou querer que você volte todo dia pra trocar a coleira e continuar o treinamento.

Alixandra novamente concordou. A doutora Tibiriçá pegou uma seringa que ela conhecia muito bem.

- Agora vamos terminar a sua lavagem.

20:00H.

Torre leste de Netzah. Casa de banhos das alunas.

Alixandra relaxava na água tentando não pensar em nada quando chegou Belle.

- Tem pouca gente aqui, não é mesmo? – Comentou Belle.

- Eu ainda não me acostumei a ficar sem roupa na frente dos outros.

- Eu também. As garotas ficaram tristes que você veio tomar banho sozinha. Elas queriam brincar como ontem.

- Você estava com elas esse tempo todo?

- O professor me levou pra conhecer alguns lugares. Sabia que a Érika é a presidente do corpo estudantil?

- Eu soube que ela é uma dríade.

- Mesmo? O irmão dela também?

- Não! Eu acho que eles têm mães diferentes.

- Tem muitos clubes por aqui. O professor quer que eu entre em algum clube que faça uma atividade mais normal.

- Você vai entrar?

- Não!

Belle de alguma forma mudou, ficou mais pensativa.

- Eu não quero mais lembrar de como era. Eu não quero... Eu quero ser uma bruxa. Assim como você.

- Eu não sou nada.

- Todo mundo fala de você. De como fez uma Merazoma e aquelas mãos no campo. Isso tudo é demais.

- Eu... Acho que nem percebi isso.

- Você podia me mostrar como é que você fez aquilo?

- Não! Só pode ser feito na terra.

- Não necessariamente. – Disse uma voz familiar.

Lá estava Claude parado de ante delas. Elas ficaram super envergonhadas, como ele podia estar lá na frente delas. Aquele era o banheiro feminino, nenhum homem podia entrar na torre feminina. Como ele...

- Ele é ela! – Cochichou Belle no ouvido dela.

- Eu percebi. – Respondeu Alixandra.

- A geomancia funciona com os espíritos dos elementos. – Continuou explicando Claude. – Se você foi capaz de fazer aquela magia na terra, pode muito bem fazer na água.

Alixandra estava ainda atordoada com a figura magra e andrógena de Claude, estava tendo dificuldades em aceitar que era uma garota. Quando recobrou sua atenção fez exatamente como Cassandra lhe ensinara.

Uma mão meio retorcida e disforme saiu da água.

- É um pouco mais difícil na água. – Explicou Claude. – Concentre-se um pouco mais.

A água começou a se alterar e a mão ficou com uma forma mais definida.

- Incrível. - Belle ficou tão entusiasmada que bateu palmas.

- Realmente concordou Claude. Não é todo dia que vemos uma novata que pode fazer magia só com as mãos.

- Por que? – Perguntou Belle. – Como vocês fazem magia.

- Usamos objetos mágicos, varinhas, cajados, amuletos...

- Cartas mágicas? – Completou Alixandra.

- Exatamente. – Concordou Claude. – O feitiço já esta no objeto. Pra fazer mágica com eles é mais uma questão de nível do que de habilidade.

- Então somos como baterias? – Perguntou Belle.

- Acho que você não entendeu direito. Eles facilitam o trabalho da magia, não substituem.

- E aonde eu arranjo essas coisas? – Perguntou Belle interessada.

- Se quiser eu te ensino alguma coisa.

Belle e Claude conversaram sobre magia, havia alguma coisa incomodando Alixandra.

21:00H.

Torre leste de Netzah. Quarto andar dos dormitórios.

Alixandra foi deitar mais cedo pensando no que aconteceu se sentia exausta. Cassandra chegou com alguns livros.

- Então é ai que você estava, estive te procurando?

- Mesmo? – Disse Alixandra desanimada.

- Você na parece bem. O que aconteceu?

- Nada! É que eu ando muito cansada.

Cassandra examinou a coleira de Alix e deu uma cheirada no pote ao lado dela.

- Eca! Poção restauradora, porque você esta tomando isso? E essa coleira de Farmako?

- Não sei. – Disse Alix. – A medica me mandou. Essa coisa me deixa o tempo todo com fome e já não agüento mais ir ao banheiro.

- Alix! Você só toma esse tipo de coisa quando... Quanto tempo faz que aconteceu aquilo que o Rembrandt contou?

- Aquilo o que?

- Que você esteve à beira da morte.

- Acho que uma semana. Talvez menos. Eu só acordei ontem.

- O que? – Cassandra pulou em cima de Alixandra e examinou seus olhos. – Você estava à beira da morte há uma semana e fica correndo por ai fazendo magias de alto grau. Você esta louca. Podia ter morrido.

- mas usaram mágica pra me curar, eu já estou bem.

- Mesmo mágica não funciona assim no Pufe e esta tudo bem. Leva tempo até o seu organismo se recuperar.

- mas eu me sinto bem.

- Se você esta se sentindo bem agora eu não quero saber como era antes. Essa pulseira de Farmako esta no Maximo. Se você usou uma mágica que te deu a sensação de melhorar imediatamente depois você vai ver como o seu organismo vai ficar acabado.

- Como assim.

- Essa pulseira aplica um feitiço de farmako enquanto seu corpo estiver ruim, assim como a poção de restauração. Tomar os dois juntos é o que se faz com pessoas que estão à beira da morte.

- Você esta exagerando. Deve ser só porque a doutora me fez uma lavagem.

- Lavagem? Você ainda estava com intoxicação. O que você andava fazendo?

- Não importa. – Alixandra deu um sorriso. – Agora ficou tudo pra trás.

- Alix. Eu quero que você deite e vá dormir.

- Eu não quero dormir agora.

- É por causa daquele sonho não é? Você esta com medo de ter outro sonho igual aquele não é?

- Não. Eu só quero ficar acordada.

-Desculpa, mas eu não posso permitir.

Cassandra colocou a mão na cabeça de Alixandra e conjurou.

YPNOS

Despertar

Alixandra acordou morrendo de vontade ir ao banheiro, estava toda suada e a cama estava molhada. Nunca se sentira daquele jeito na vida, Depois de ir ao banheiro estava zonza e enjoada.

Quando saiu do banheiro encontrou uma garota de cabelo curto e branco usando um belo vestido da mesma cor, sentada delicadamente lendo um livro muito grande.

- Você acordou? – Perguntou Belle.

- Acho que sim.

- Teve outro sonho estranho?

- Não! Dessa vez eu dormi muito bem... Você cortou o cabelo?

- Ficou ótimo não?

Belle estourou a falar enquanto Alix tomava a poção que a doutora havia deixado enquanto estava dormindo. Ela contou que logo de manhã se encontrou com Claude para que lhe mostrasse algumas mágicas.

Fizeram uma mudança geral no seu visual, usaram um feitiço pra mudar a cor dos olhos, dos cabelos e desenharam um feitiço nas suas costas para que pudesse transmutar roupas. Ela ficou entusiasmadíssima com a idéia dos feitiços prontos. Depois foi a biblioteca pegar alguns livros pra se atualizar sobre magia. Na hora do almoço as garotas do clube de estética contaram como eram as próprias alunas que faziam a maioria dos amuletos, mas também poderiam comprar cartas e objetos mágicos nas vilas próximas a Sephirot.

Em seguida foi mandada novamente para a professora Izma que disse como ela estava conseguindo vencer o stress.

- Hora do almoço? Que horas são?

- 15:00h. – Belle se abaixou e cochichou. – Isso quer dizer três da tarde.

- Três horas da tarde? Quanto tempo eu dormi afinal?

- Por que? Você tinha algum lugar pra ir?

- Não, nenhum lugar.

- Quer dar uma olhada nesse livro de mágicas comigo?

- Eu não...

Alixandra olhou para Belle tão frágil e bela, tão diferente de como era antes.

- Não existe nada que eu queira fazer mais na minha vida.


Continua...

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