Capitulo quinze

15

Vida encantada

Ciclo Um

Finalmente chegaram a ultima aula que estava indicada no programa que o professor Kazam dera. Naquela tarde Nicole surgiu com uma agradável surpresa.

- Eu vou acompanhá-las até a próxima aula com a professora Endora. – Disse Nicole.

Não é preciso dizer que as garotas ficaram muito entusiasmadas afinal, com Nicole tudo era festa e alegria. Cassandra ficou tentada a ir, mas não queria atrapalhar a aula.

As garotas vestiram uniformes claros e limpos e conforme o exigido levaram seus cajados. No salão das estações passaram por uma interessante paisagem de um bosque congelado, com os animais paralisados e as folhas secas pairando no ar.

- Isso fica assim o tempo todo? - Perguntou Belle?

- Eu não sei exatamente porque esse salão é assim, mas muda conforme o clima. – Explicou Nicole. – se estiver chovendo ou nevando vai mudando.

No grande salão haviam algumas portas espalhadas em arcos com belos enfeites. Nicole abriu uma das portas e desapareceu por ela. Para a surpresa das garotas a porta levava a um vasto campo verdejante onde centenas de móveis estavam expostos no gramado. A media distancia podia se ver as arvores de um bosque em volta e enormes formações de pedra na forma de cogumelos que com a luz do sol pareciam ter nuances de rosa e laranja. Um vento forte soprava e por trás da porta idêntica a do salão das estações um perpetuo arco-íris tremulava no horizonte.

- Que coisa louca é essa! – Se espantou Belle.

- Como vocês são novatas; seu acesso a essas partes do castelo foi limitado para que não tivessem um choque muito grande. – Nicole se justificou. - Lembre-se que eu avisei que não havia lhes mostrado todo o castelo no primeiro dia.

- mas você não disse que o resto do castelo seria tão...

- Mágico? – Completou Nicole.

Algumas simpáticas criaturinhas andavam pelo campo, alguns eram passarinhos gordos, outros pareciam cogumelos com perninhas e outras simpáticas bolinhas com sorrisos risonhos.

- Que coisas bonitinhas. – Comentou Alixandra.

- Não chegue muito perto que eles atacam.

- O que?

- Esses bichinhos são pro treinamento de magias. – Explicou Nicole. – Toda essa área é de treinamento, você os ataca pra testar sua magia ou ficar mais forte. Estes são para os iniciantes e indo mais adiante vai encontrando criaturas mais fortes e perigosas. Mesmo assim acho que são muito fortes pra vocês.

Nicole deu uma cajadada e uma lufada de ar quente espantou os bichinhos pra fora do caminho. Em meio a mobília madame Endora vestida como uma rainha ordenava para que os moveis se arranjassem uns aos outros. Cadeiras e mesas se contorciam e andavam com suas próprias pernas e usavam seus bracinhos como bracinhos para carregar objetos e uns aos outros.

- Não seria melhor fazer com que os objetos voassem de um lugar pra outro? – Alix comentou com Nicole.

- Isso seria muito fácil e pouco estético. – Respondeu a professora ordenando que uma cadeira que brigava com um abajur parassem e ficassem de castigo em um canto.

A excêntrica professora explicou que aquela era uma área especial aonde poderiam treinar sem causar nenhum dano caso um feitiço desse errado. Madame Endora ensinou o básico sobre feitiços elementares e começaram com uma coisa bem simples. Criariam uma pequena rajada de vento para apagar uma vela.

A principio Nicole demonstrou o processo usando o cajado sem nem ao menos recitar uma palavra. Se bem que para Nicole a magia era tão elementar que podia facilmente fazer usando as mãos.

Belle fez algumas tentativas sem nenhum sucesso. Alix conseguiu logo na primeira, mas sua rajada foi tão forte que derrubou o castiçal, a mesa e o armário que estava atrás dele.

Para treinar o controle de suas habilidades Alix ficou fazendo com que uma chama saltasse de uma vela pra outra. Alix estava muito ansiosa e não conseguia controlar sua alegria, periodicamente ela soltava uma risada mais descontrolada e uma vela explodia ou era consumida instantaneamente.

Belle ficava mais frustrada a cada segundo, o Maximo que conseguia fazer era a chama trepidar e não sabia se era ela ou apenas o vento. A professora dizia que era um grande avanço para o primeiro dia. Após Belle finalmente conseguir apagar uma vela prosseguiram.

Madame Endora continuou explicando que ela lhes ensinaria etiqueta e invocação. Educação não apenas era importante na vida comum quanto essencial quando se tratava de lhe dar com criaturas mágicas de Sídhe. Ela definiu as criaturas em sete categorias, terrestres, etéreas, flamejantes, aquáticas, aéreas, iluminadas e trevosas.

A professora contou superficialmente como os acordos e pactos com criaturas mágicas funcionam. Seja como familiares, (uma espécie de bicho de estimação). Era muito comum que as bruxas tivessem familiares na forma de gato. Ficou muito zangada quando Belle perguntou sobre as criaturas das trevas e muito claramente explicou que pactos com criaturas das trevas era magia negra e esse tipo de coisa era impensável em Sephirot. Neste instante para a surpresa de todos o diretor Eric Dietrich que até então estava imóvel e imperceptível como se fizesse parte da mobília se manifestou antes que a professora encerrasse a aula.

- A partir de agora eu assumo. – Anunciou em seu tom altivo e poderoso.

As garotas ficaram espantadas com a presença do imponente diretor de Sephirot ele parecia mais com um rei do que com um diretor. De alguma forma podia se ver em seus olhos penetrantes que era um mago extremamente poderoso.

Ciclo Dois

A ultima aula de magia com o diretor Dietrich foi como a primeira aula com o professor Kazam. Uma aula que não podia ser demonstrada com palavras e imagens, mas sentida com sua alma.

O diretor aumentou sua aura de forma tão magnífica que as garotas puderam ver a olhos nus. A aura as envolveu e tocou suas próprias auras, era como uma parte de seus corpos que não sabiam que existia até que fosse tocada pela primeira vez.

Elas puderam ver todas as formas que a magia permitia e por alguns instantes contemplaram o mundo dos sonhos aonde dançaram ao som das cores e se inebriaram com o odor das imagens enquanto viam as formas dos sentimentos. Quanto tempo elas passaram por lá? Eram horas? Dias? Minutos? Lá aprenderam a usar sua aura para se mover e alterar a realidade a sua volta e a contragosto retornaram para a planície que agora já não tinha mais os móveis.

- Que lugar lindo. – Sussurrou Belle inebriada enquanto suas pernas ainda tremiam. – O que era aquilo onde estávamos?

- Era o mundo onírico. – Respondeu Nicole se espreguiçando no chão.

- É pra lá que a gente vai quando morre? – Belle não podia imaginar lugar melhor como paraíso.

- Não! - Respondeu com uma risada. – É pra lá que você vai quando dorme.

As garotas se levantaram e ficaram a frente do diretor. De alguma forma a sensação de desconforto que sentiam em sua presença desapareceu completamente.

- Vocês repararam que seu programa de aulas acabou.

- Sim, vamos pegar outro com o professor Kazam. – Explicou o diretor.

- Essa foi a ultima avaliação de vocês, sua próxima aula de dança será com a classe cheia.

Alix e Belle trocaram um olhar cheio de alegria por algum motivo elas sentiam como se tivessem passado em alguma espécie de teste e finalmente fariam parte de Sephirot.

- Agora é o momento de sua ultima lição para se tornarem verdadeiras aprendizes de magia.

Elas ficaram empolgadissimas mal podiam respirar. Tudo o que Belle pensava sobre magia havia mudado completamente naqueles últimos instantes. Alix sentia que havia esperado toda sua vida por isso.

- Antes de qualquer coisa eu gostaria de lembrar da primeira lei da alquimia e do primeiro fundamento da magia também aplicado no karma.

- A lei da troca equivalente. – Respondeu Belle. – Nada se cria do nada, tudo possui um valor equivalente assim como todas nossas ações geram karma, bom ou ruim que de certa forma é usado um preço em nossas ações.

- Muito bom. – O diretor aplaudiu Belle que quase estourou. – mas vocês compreendem como ira funcionar esse valor quando se tornarem aprendizes?

As duas ficaram quietas sem saber exatamente o que esperar.

- Quando se tornarem aprendizes estarão enraizadas neste principio como nenhum mortal. No instante em que se tornarem aprendizes se lembrem que nada mais, por mais simples que seja estará sujeito a um pagamento de valor equivalente. Seja um simples sorriso até a sua própria vida.

O conceito levou alguns instantes para ser compreendido a principio parecia algo revoltante, mas suas mentes e corações estavam abertos como nunca antes.

- Já aprendemos sobre isso. – Comentou Alix. – mas como vai ser a diferença?

- Existe uma ligação entre todas as coisas e a troca equivalente, contribui para o equilíbrio do universo inteiro. Um sorriso será pago com outro sorriso e uma vida com outra vida, mas o peso dessa vida seria medida pela maneira como ela foi vivida.

- Por isso que Derek tem tanta raiva do Rembrandt? – Observou Alix. - Ele salvou a vida dele.

- Sim! – Concordou o diretor. – E para um aprendiz de magia é uma divida bem grande para se pagar.

- Espero que não tenham aceitado muitos presentes. – Comentou Nicole com um tom malicioso.

- Vamos ter que pagar pelos presentes que recebemos?

- Inclusive tudo que Rembrandt fez por você. – Belle se lembrou. - Salvar sua vida, nos trazer até aqui e pedir que Nicole e Cassandra ficassem com a gente.

- Será que a virgindade de uma jovem donzela seria o suficiente para sanar tal divida? – Provocou Nicole.

- Provavelmente Não! – Respondeu o diretor. – mas estamos nos desviando do assunto. Eu quero explicar é que existe um custo por qualquer magia que se faça e quanto maior a magia maior será o preço.

Alixandra e Belle olhando sorrateiramente com um certo rancor para Nicole que propositalmente causou um mal entendido e respondeu com uma piscadela.

- Tudo na magia funciona de certa forma como uma troca. – O diretor puxou um baralho. – Agora vamos saber se vocês sabem como fazer essa troca. – O diretor deu uma carta para cada garota. – Unindo o que eu lhes ensinei no mundo onírico com o que apreenderam com o professor Kazam e todos os outros vocês poderão conjurar um feitiço.

Nicole deu um passo a frente conforme o diretor apontou para ela.

Kallo

A carta estremeceu na mão de Nicole

- Eu invoco as Faixas de seda. – A carta se desmanchou em pontos luminosos que se espalharam pelo chão. Aonde caiam faixas de seda coloridas cresceram como plantas e se agitaram com o vento subindo até os céus.

- Que lindo! - Comentou Belle.

- O que isso faz? – Perguntou Alixandra.

- As faixas se curvaram e gentilmente seguraram as garotas e as ergueram no ar.

- Não se preocupem. – Tranqüilizou Nicole. – Elas são tão fortes quanto vigas de aço e maleáveis como o vento. Posso usá-las para nos proteger, para levantar e carregar coisas e até imobilizar alguém com ela.

- Exatamente! – Elogiou o diretor. – mas se Nicole não as controlasse elas continuariam crescendo até gastar todo o poder dela.

Apenas com a sua vontade as faixas colocaram delicadamente as garotas no chão e se dispersaram, novamente voltando a se tornar uma carta.

- O principal objetivo desse exercício é controlar a energia que vão liberar para as cartas. Pode parecer simples, mas essas cartas em particular vão tentar sugar toda energia dos seus corpos.

Belle se aproximou olhando temerosamente para a carta assim que o diretor apontou.

- Essa é a Dança da alegria. Lembre-se que a palavra mágica para ativar as laminas é kallo.

Ela colocou o dedo delicadamente sobre a carta e transmitiu sua energia como foi ensinado.

Kallo

Belle sentiu todos os pontos de energia do seu corpo se abrirem e seus sentidos se aguçarem. Era ao mesmo tempo agradável e assustador.

- Agora chame a carta. – Nicole sussurrou.

- Então eu chamo a dança da alegria. – Assim como Nicole a carta começou a desfazer em sua mão era como segurar a areia sendo retirada das mãos pelas ondas do mar.

- Você não disse “eu invoco”. – Lembrou Alix.

- Eu preciso falar eu invoco? – Perguntou Belle?

- Kallo e o nome das cartas são as palavras mágicas que acionam o feitiço. – Explicou o diretor. – As laminas poderão ser acionadas pelo seu pensamento assim que for mais experiente.

Uma alegre musica começou a tocar no ar. Três moças surgiram em pleno ar aos poucos primeiro transparentes e depois se materializando. Conforme dançavam com ânforas e cálices derramavam vinho fazendo com que plantas crescessem, eram arbustos com frutas abóboras e algumas fartas arvores frutíferas começaram a aparecer. A visão era muito divertida, a alegria das garotas era contagiosa. Belle começou a sentir que sua energia estava sendo sugada, mas não era como a energia de se ficar cansada era uma coisa profunda e maior como nunca sentira antes.

- Parem! – Gritou Belle.

- Não adianta gritar. – Avisou Alixandra. – Você tem que segurar a energia do seu corpo. Controlá-las com sua mente. Elas são manifestações do seu ego.

- Manifestações do meu ego? – Belle a principio não entendeu. – Elas são como minhas escravas?

- Não! – Corrigiu Alix. – Elas são você. Elas são uma manifestação sua.

Belle procurou conforto nos olhos de Nicole e do diretor que confirmaram o que Alix disse. – Parem de fazer crescer plantas, por favor.

As três moças pararam de derrubar o vinho e correram para dançar em volta de Belle. Ela bebeu um pouco do vinho e começou a se sentir muito melhor.

- O que elas fazem?

- Elas alegram e recuperam a energia das pessoas.

As garotas brincaram um pouco com as moças e Belle pediu para que elas fizessem alguns truques, flutuassem pelo ar e fizessem mais algumas coisas crescerem. Quando se sentiu cansada as dispersou.

- Muito bom! – Elogiou o diretor. – Não apenas as controlou como conseguiu recuperar parte da sua energia. Se bem que é a primeira vez que vejo uma manifestação tão comportada dessa lamina.

- Como você fez elas irem embora? – Perguntou Alix curiosa.

- Eu não sei. – Belle não escondia como se sentia elogiada. – Apenas quis que elas voltassem quando fiquei muito cansada.

- Impressionante sua habilidade de controlar as cartas. – Elogiou o diretor. – Sem falar na sua energia.

- Minha vez! – Pediu Alix.

- Essa é a cornucópia celestial. – Avisou o diretor.

Alix contemplou a carta por alguns instantes e mal pode conter sua ansiedade.

Kallo eu invoco a cornucópia celestial.

O chão se revirou e plantas começaram a surgir e se enrolar. Um gigantesco vaso em forma chifre desceu dos céus e se enrolou nos galhos e flores. Alixandra ficou um pouco espantada com a sensação.

- E agora? – Perguntou Belle. – O que isso faz?

- A cornucópia celestial tem a habilidade de copiar em grandes quantidades o que você quiser enquanto uma cornucópia comum copia apenas alimentos. – O diretor se aproximou curiosamente. – É só desejar o que você quiser.

- Eu posso ter qualquer coisa que eu quiser? – Os olhos de Alix brilharam.

- Vai ser apenas uma manifestação de éter. – O diretor já colocou os pés dela no chão. - Vai desaparecer assim que você parar a magia.

Mesmo assim as outras duas começaram a sugerir idéias do que pedir.

- Tente visualizar apenas uma única coisa.

O diretor mal falou e centenas de bugigangas começaram a cair da cornucópia, eram roupas, comidas, moveis enfeites e acessórios fazendo uma bela lambança quando se espatifavam no chão.

- Incrível! – Comentou o diretor.

- Eu não pensei em todas essas coisas! – Gritou Alix.

- Eu acho que isso pegou algumas idéias que eu tive. – Comentou Nicole segurando um par de patins que ela queria ter aos 12 anos.

- Algumas? – Alix começou a se afastar da pilha de coisas, até mesmo as faixas que Nicole convocou apareceram.

- Tudo Bem! Todas.

Alix começou a se sentir um pouco zonza. A cornucópia estava descarregando centenas de objetos e não tinha idéia de como fazer ela parar.

- Você tem que impedir o fluxo de energia com a sua vontade. – Explicou o diretor aparentemente espantado.

- Porque você não pede uma rolha? – Nicole nem terminou de falar e uma gigantesca rolha tapou o buraco de dentro pra fora.

- Você conseguiu. – Belle pulou batendo palmas.

- mas eu não me sinto muito melhor. – Confessou Alix. – Acho que vou precisar de um pouco do vinho da Belle.

Mal acabou de falar e a rolha voou arremessada por uma onda de vinho, que cobriu as garotas.

- Talvez se você desmaiasse isso fosse embora. – Comentou Belle toda molhada.

- Inaceitável! – Alertou o diretor completamente seco sentado em cima de um dos armários brancos que foram cuspidos.

- Eu não tenho opção a não ser mandá-lo embora. – Alix fechou os olhos e juntou suas mãos como Cassandra a ensinara a fazer magia e se concentrou para que a cornucópia desaparecesse. Novamente abriu os olhos e com um gesto ordenou que tudo acabasse antes que perdesse a consciência.

Como uma onda inversa tudo foi varrido e desapareceu deixando as garotas novamente secas e o diretor boquiaberto.

- Você é uma jovem muito interessante Alixandra. – Elogiou o diretor. – Você me lembrou um antigo amigo meu. Por acaso o único homem que eu nunca consegui derrotar nem ao menos uma vez.

- Puxa! Mesmo?

- No ultimo instante quando eu pensei que não ia conseguir você deu um jeito. – Comentou o diretor com muita curiosidade. – Isso e mais alguns trejeitos fizeram com que você me lembrasse muito dele. Era um homem extraordinário.

- Puxa! Obrigada. – Alix sentia-se como se tivesse corrido uma maratona resolvendo complicadas equações de cabeça.

- Eu gostaria que ficasse com isso. Pertenceu a ele. – O diretor entregou o surrado estojo de couro onde estava o baralho para Alix. –Foi ele mesmo quem desenvolveu. Apesar de ser um baralho básico ninguém conseguiu ganhar dele.

Alix mal conseguia acreditar que tinha seu próprio baralho de cartas mágicas.

- É claro que Belle não vai ficar de mãos abanando. – O diretor entregou um pequeno cartão parecido com um cartão de credito Belle. – Com isso você vai poder escolher o baralho que você quiser. – Novamente ele olhou para Alix. – Se não quiser esse baralho eu posso te dar um desses. – E mostrou outro dos cartões.

- Não obrigada. – Alix abraçou o presente como se fosse a coisa mais valiosa do mundo.

- Como só depende de mim. Acho que vocês duas passaram.

Belle e Alix se apoiaram em Nicole apesar da alegria nenhuma das duas tinha forças para manifestar.

- Mesmo sendo o diretor eu não posso entrar na torre feminina, mas nada me impede de enviar coisas para lá. E vocês me parecem que precisam de um descanso.

O diretor apenas passou sua mão na frente do rosto das garotas e a planície se transformou no quarto delas. Belle se jogou na sua cama e Nicole ajudou Alix que mal se agüentava de pé. Ela tirou as cartas da bolsinha de couro e começou a analisar espantada.

- O que foi? – Perguntou Belle olhando para seu cartão.

- É um baralho dos sonhos. – Alix não tirava os olhos das cartas.

- Qual é o problema? – Perguntou Nicole. - Você quer um baralho novo? Essas cartas me parecem que mal foram usadas estão quase novas.

- Não é isso! O teste do livro deu que o meu tema é o baralho dos sonhos.

Ciclo Três

Finalmente chegou o dia em que teriam a primeira aula com outros alunos e era justamente a aula de dança. Tanto Belle quanto Alixandra estavam muito apreensivas, pois não tinham tido nenhuma aula ou avaliação previa nessa matéria. Belle havia tido aulas de balé desde pequena, mesmo assim duvidava que seria a mesma coisa. Pelo menos as roupas eram as mesmas.

Nicole explicou que alguns feitiços funcionam através de danças e rituais, toda a primeira noite de lua cheia todas as virgens se reuniam para dançar, alem de outras ocasiões especiais é claro.

- Feitiços, contra-feitiços, poções, encantamentos, conjurações, amuletos, maldições, energizações, rituais, entoações e agora danças. – Reclamou Alix enquanto tentava arrumar sua roupa que insistia em entrar na sua bunda. – Eu sempre pensei que magia fosse mais fácil, tipo sacudir a varinha.

- mas é só sacudir uma varinha. – Riu Cassandra tranqüilamente na cama vendo as outras se vestirem. – O difícil é saber como funciona.

- Você não vai se vestir pra ir com agente? – Estranhou Alix.

- Não! – Cassandra deu de ombros. – Isso é só pra donzelas virgens e puras. Não é pra mim.

- Como assim não é pra você? – Belle quase pulou de susto? – Não me diga que você não é virgem.

- Claro que não! – Cassandra esboçou um sorriso maldoso. – Eu vivia em Sídhe com o Rei das sombras, ele costumava montar em mim como se eu fosse um cavalo xucro.

- Não ligue pra ela. – Alix consolou a Belle chocada. – Ela esta só brincando com você.

- Não estou não. É verdade! – Cassandra começou a imitar sons de cavalo e simular o ato sexual de forma selvagem. – Ficava assim a noite inteira, eu nem podia sentar no dia seguinte de tão assada que ficava.

As garotas saíram do quarto enquanto Cassandra relinchava.

- Ela é uma pessoa completamente diferente quando esta sozinha com a gente. – Observou Alix.

No caminho para a aula de dança se deparam com outras também vestidas. Era estranho irem todas juntas para a aula. Elas já haviam cruzado algumas vezes com as vizinhas de quarto, mas ainda não se conheciam, é claro que Nicole conhecia, algumas eram suas amigas do clube de eventos e já haviam sido apresentadas apesar de ainda não terem decorado seus nomes. No caminho encontraram a sala Tulipa que não poupou gracejos para todas as garotas.

Chegaram no alto da torre de Yesod, havia muitas garotas e para surpresa das garotas muitos rapazes também, o salão era redondo e ocupava metade da torre, no alto um sistema solar de enormes globos dourados com mapa em relevo, pelas enormes paredes de vidro se podia ver toda cidade luminosa e as estrelas que se destacavam entre as nuvens. No fundo do enorme salão a parede se curvava como uma concha acústica e uma pequena e entusiasmada orquestra conversava em uma área de destaque.

Aquela era a primeira vez que realmente prestavam atenção nos outros alunos. Alixandra se sentiu um pouco incomodada porque percebeu que algumas pessoas olhavam pra ela e cochichavam, provavelmente por causa do incidente das mãos de terra que ela havia criado na frente de todos. Entre os alunos encontraram alguns rostos familiares, os alunos que haviam lhes acompanhado em seus testes com os professores em particular Yuki Ogami e mais três rostos familiares, Maria Mercedes ocupando a atenção de Derek Dietrich e Janus Volonaki que veio radiante conversar com as garotas.

As garotas não resistiram em comentar como eles ficavam bem nos colantes. Yuki discretamente se aproximou, apesar de ser veterana não era muito boa em fazer amigos.

- mas que bom ver vocês. – Janus comentou sem jeito.

- Essa é a primeira aula delas em grupo. – Cochichou Nicole pra todo mundo ouvir.

- Aonde é que estão o Rembrandt e a Érika? – Perguntou Belle.

- Érika estuda no segundo ano e Rembrandt não faz essa aula. – Explicou Janus. – Você vai ver que mais gente não esta aqui como Lumina e Cassandra também.

As duas não faziam a mínima questão da presença da Lumina, mas tinham curiosidade porque eles não faziam aula de dança.

- Magia negra! – Explicou Yuki. – Eles não são puros e os critérios da senhorita Aurora são muito rigorosos.

Neste instante Penélope ou Spunky como gostava de ser chamada surgiu com seus cabelos vermelhos despenteados como um ninho e um passaro de olhos esbugalhados bem aconchegado em sua cabeça.

- Meio difícil de acreditar. – Resmungou Belle cumprimentando a excêntrica colega.

A aparição de Spunky serviu apenas para atiçar a curiosidade das duas, muitos dos alunos que estavam lá ultrapassavam a excentricidade e não se pareciam muito humanos.

- Lumina e Érika não são os únicos mestiços por aqui. – Comentou Janus. - E temos alguns artigos autênticos.

Janus e Yuki começaram a mostrar para as garotas os diferentes tipos de alunos já que Nicole não se importava nem um pouco com isso. Alguns alunos tinham pele colorida e pintada, geralmente esses eram descendentes de elementais, outros como as amigas de Nicole com pele azul e cabelos prateados eram autenticas fadas do gelo.

Outros alunos com estranhas marcas no corpo possuíam sangue avançado, eram de famílias muito antigas de magos que desenvolviam determinadas características por desenvolverem um ou outro feitiço e devido a casamentos arranjados, muitas vezes os magos de sangue avançado possuíam mágicas que só podiam ser feitas por suas famílias ou feitiços e encantamentos complexos que podiam ser feitos até por crianças.

Essas famílias eram tradicionais e muito respeitadas entre os magos, tanto os Dietrich quanto os Volonaki eram famílias de magos a incontáveis gerações e a magia que corria em seu sangue muito poderosa.

Apesar de Rembrandt ser o rival declarado de Derek, quando se tratava de dança Janus se tornava um terrível adversário e era clara a disputa de quem era o melhor bailarino entre os dois.

Entre as garotas também existia uma rivalidade, Nicole era a melhor dançarina, mas a principal virgem vestal era uma garota chamada Grace Crowley uma garota quase tão bonita e graciosa quanto Nicole. Alias Nicole nem ao menos era uma das virgens vestais. Janus e Yuki não faziam a mínima idéia do porque e tinham um monte de teoria, já que a própria Nicole não lhes revelava, mas Alixandra tinha suas suspeitas. A ofídica professorinha havia lhe dito que Nicole sofrera de uma maldição o que provavelmente a tornava uma pessoa com contato com magia negra. Alix ficou muito surpresa ao saber que Grace e a sua turma do clube de superestrelas eram as grandes patricinhas da academia. Ela sempre pensou que fosse Érika e as garotas do clube de eventos, mas ao que parece elas eram as maluquetes.

A senhorita Aurora chegou para o começo da aula. Ela era outra pessoa que não podia se passar por uma pessoa normal, sua pele tinha claros nuances de azul e cinza em belas formações pela sua pele, suas orelhas eram exageradas e se pareciam com as de um animal, pra terminar o conjunto seus olhos eram azuis e felinos. A bela e exótica professora apresentou Alixandra e Belle para a classe como as irmãs pudim. Antes que pudesse protestar ela percebeu algo de errado com Alixandra.

- Você não pode ser uma Virgem vestal. – Anunciou. – Você não é nada pura.

- mas como assim? – Belle estranhou.

- Rembrandt! – Respondeu Derek Dietrich.

- Rembrandt? – Alixandra ficou vermelha e começou a vomitar besteiras. – mas nós nunca fizemos nada. Digo eu nem o conheço direito. Quero dizer...

- Eu estou falando do sangue dele. – Interrompeu Derek. – Rembrandt fez uma transfusão de sangue pra você.

A principio Alixandra não compreendeu a ligação entre uma coisa e outra.

- Ele tem razão. – Concordou a professora. – Até você ter diluído todo esse sangue não poderá ser uma virgem vestal. – Dizendo isso dispensou Alix e concentrou toda sua atenção em Belle.

- De acordo com sua ficha você pratica balé desde muito cedo. – A professora analisou todo o corpo de bailarina de Belle.

Muito envergonhada, Belle atendeu os pedidos da professora e mostrou o que sabia, para sua surpresa a professora ficou muito entusiasmada.

A aula prosseguiu normalmente. A professora comentou da dança do ritual da lua e a importância das vestais. Fizeram alguns exercícios e Belle se saiu muito bem. No final da aula já era oficialmente uma virgem vestal.

Como Nicole e Alixandra não eram virgens vestais permaneceram sentadas com os garotos durante a maior parte da aula. Alixandra não pode deixar de reparar como Grace parecia incomodada com a atenção que a professora dava para Belle.

Ela chegou a se lembrar do próprio olhar de Belle para com ela. mas ela achou bobagem assim que percebeu que Grace olhava da mesma forma para ela própria e Nicole.

Quando voltaram para o quarto e foram para o banho Belle estava radiante ao que parece havia se recuperado novamente.

Ciclo Quatro

Medhal chamou Alix para um dos campos de treinamento ligados a Sídhe. Ela sempre se espantava com a radical diferença entre os climas. Seu mundo estava frio e chuvoso enquanto lá era um outono quente e agradável. Foram até uma clareira com a relva dourada banhada por um sol amistoso e confortável. No caminho um bando de vacas voadoras, brincando e cambaleando com o vento assustaram Alix apesar do aviso dos sinos em seus pescoços, o que fez todo um campo de flores apontar e rir dela. Chegando ao alto de uma colina havia uma arvore cortada ao meio e a sua volta uma serie de moveis e utensílios que também estavam pela metade. Alix teve vontade de perguntar o que era aquilo, mas estava mais interessada em saber porque havia sido chamada.

- Vamos fazer algum treinamento físico muito pesado? – Perguntou Alix.

- Não. – Respondeu Medhal com um sorriso. - Vamos treinar as suas habilidades.

- Treinar as minhas habilidades?

- A principio podem pensar que sua habilidade de mímica te leve a ser a feiticeira mais poderosa do mundo. Isso é um equivoco.

- Puxa! Eu nunca pensei isso. – Comentou Alix.

- Bem... Eu pensei. – Sorriu Medhal. – Então eu fiz uma pesquisa sobre sua habilidade. Aprender magia é uma tarefa lenta e penosa por isso uma pessoa que pode aprender apenas com um olhar pode criar a ilusão de que se vai ter um grande repertorio de magias com muita facilidade.

- Puxa! Eu acho que isso faz sentido de certa forma.

- Sim! mas existem duas falhas cruciais na sua habilidade.

- Quais são?

Medhal pegou um maço de cartas diferente das cartas mágicas que ela conhecia, ele escolheu uma carta e balançou no ar fazendo a carta desmanchar e uma mesa com três candelabros surgiu no meio da grama. Ele explicou que aquelas cartas eram diferentes das cartas com mágicas, eram cartas de objetos, muito úteis pra se transportar grandes cargas. Elas não tinham nenhuma atitude alem de se transformarem em objetos e só podiam ser usadas uma vez, os objetos em si também possuem uma quantidade limitada de vezes que podem ser transformados em cartas sem se danificarem. Após explicar ele fez um rápido gesto e apontou para uma vela a acendendo.

MERA

Ele pediu para que Alix repetisse. A principio ela não conseguiu imitar a magia pelo gesto, depois ela juntou as mãos e conseguiu repetir. A vela se ascendeu e em poucos instantes se consumiu. Ela repetiu em todas as outras velas até não restar nenhuma. Essa era a grande primeira falha, apesar de conseguir aprender facilmente as magias ela não tinha nenhum controle. Medhal acendia as velas, enquanto Alix as consumia completamente com sua chama.

- É por isso que quando você estava cercada de magos, fez as mãos gigantes e quando estava com Denise só conseguiu fazer duas mãos de terra comuns. Você absorve toda energia a sua volta e usa o Maximo potencial sem nenhum controle.

- Como sabe o que aconteceu com Denise?

- Eu li o relatório dela. – Ele deu um sorriso.

- Nicole me disse que Rembrandt também não consegue controlar sua força direito. Por isso que tem tantos selos no corpo.

- Rembrandt possui uma quantidade enorme e descontrolada de magia. Nós conseguimos controlar isso com aqueles selos no corpo dele. O que não é o seu caso. Você absorve a energia a sua volta e praticamente não manifesta sua própria energia, isso não pode ser ajustado com selos mágicos já que a quantidade de energia varia com o ambiente a sua volta. Comparando Rembrandt é como um rio que podemos fazer uma barragem e abrir e fechar a torneira, enquanto você é como o mar que dependendo do clima é calmo e tranqüilo e às vezes imprevisível e perigoso.

- Vai ser muito difícil aprender a controlar isso?

- Tanto quanto é pra qualquer um. Não tenha pressa. Agora vamos ver as magias de primeiro grau que são as mais simples de se fazer. As magias podem ser divididas em varias categorias como feitiços. Encantamentos, conjurações, etc... Hoje vamos tratar de magias elementais, de reforço e efeito. Essas magias são como puras forças da natureza, por isso se pode manifestá-las espontaneamente como você fez com o Mera, mas isso não seria possível com magias mais complexas.

Medhal fez as magias pra que Alix o imitasse. A cada magia Alixandra repetia sem nenhuma dificuldade. Concentraram a umidade do ar para fazer água, geraram eletricidade a ponto de soltar faíscas, criaram uma barreira tornando o ar sólido, deixaram a pele dura como ferro, simularam a cura de ferimentos e envenenamentos, ampliaram suas habilidades físicas, como concentração, força velocidade, brincaram com seus sentidos ampliados e outras coisas.

Fizeram magias de efeito que eram as mais úteis, mover objetos, trazer objetos que estão em outros lugares, diminuir evidencias físicas como cheiro e barulho. Aos poucos começaram a fazer magias cada vez mais complexas, criaram ilusões simples, verificar objetos para ver o tipo de magia que possuem ou o que tem dentro de uma gaveta, avançaram alguns minutos no tempo, localizaram objetos e pessoas, ampliaram emoções como medo e coragem, fizeram luz e criaram trevas. Usaram paralisia e controle mental em animais fracos. O instrutor chegou a convocar algumas criaturas para que ela enfrentasse, sempre sofria o problema de não ser capaz de controlar o poder e fazer magias com força total.

Alix já sabia transferir energia naturalmente apesar de não ter nenhum controle, mas foi incapaz de fazer a projeção astral e de pensamento. Para essas habilidades seu poder era inútil e teria que aprender da maneira tradicional. Começaram a experimentar as magias de segunda classe. Essas magias precisavam que se soubesse algumas habilidades de primeiro grau como pré-requisito. Como o teleporte que se esperava que soubesse a projeção astral e a convocação de objetos, mesmo assim Alix conseguiu fazer. Ela estava se sentindo o Maximo, pela primeira vez estava realmente fazendo magia e aquilo era ótimo. Em um dia havia aprendido quase todas as magias de primeira e segunda Classe, talvez ela realmente se tornasse a maior feiticeira de todas.

Descansaram com uma farta refeição aonde conversaram sobre os sonhos do futuro e Medhal fez todas as perguntas que podia. Depois disse que não deveriam pensar em magia e ele deveria descansar, durante o intervalo fez Alix comentar sobre os outros alunos e suas impressões do que não tinha nada a ver com mágica no castelo. Ela já estava considerando aquele o melhor dia da sua vida, até que voltaram à área do treinamento e ele ordenou:

- Quero que repita todas as magias que aprendeu hoje.

Alix juntou as mãos e se concentrou, ela tentou se lembrar de tudo o que aconteceu. Quando via alguém fazer uma magia havia uma certa sensação que vinha da pessoa e o que ela fazia era repetir essa sensação, mas havia tantas sensações que sentira e tantas coisas que fizeram que ela ficou confusa, não conseguiu se lembrar direito. Sabia fazer a magia de fogo, de terra e de luz, conseguia ampliar alguns sentidos como salto e velocidade, conseguia fazer as barreiras contra ataques físicos e repelir magia, mas era só.

- Este é a segunda falha da sua habilidade. – Avisou Medhal. – Para os mímicos aprender magia é uma coisa tão banal que dificilmente vai se fixar em sua memória. Provavelmente quando acordar amanhã não vai se lembrar nem metade das magias que sabe agora.

Alix não pode esconder sua decepção. Seus poderes já não eram tão incríveis assim.

- Para você todo o treinamento normal é uma bobagem. – Continuou Medhal. - Você precisa aprender a controlar sua habilidade de usar a energia ambiente e treinar sua memória.

O instrutor passou a mão sobre o castiçal e as velas derretidas deram lugar a velas novas.

- Vamos começar do principio, tente não derreter as velas desta vez. Apenas acendê-las.

Alix não conseguiu controlar seu poder naquele dia. Medhal disse que ela havia progredido muito, mas ela se sentia muito frustrada.

Ciclo Cinco

Para a surpresa das garotas as aulas em Sephirot não eram muito diferentes das aulas normais. Alguns professores eram humanos completamente normais outros completamente excêntricos como o Professor Ruba de geografia que era uma quimera de Búfalo. Mesmo assim alguns alunos juravam ter tido um professor muito parecido em algum momento de suas carreiras estudantis.

Belle começou a se sentir normal, mesmo entre os alunos mágicos, Paxa uma púca de Sídhe que parecia uma mistura de um urso, com um tigre listrado e uma cauda grande e felpuda como de um esquilo estava sempre se sentando perto de Belle para escutar suas historias. Alix se sentia um pouco melhor ao ver que Cassandra era pior nas matérias normais do que ela. Ao que parece seu poder de mímica não adiantava nada pra isso.

A principio era estranho ter aulas com os outros que já estavam a mais tempo em Sephirot como Nicole e Cassandra. Alix e Belle as viam como mais experientes e avançadas, mas depois isso se refletiu nas aulas de magia que eram separadas. Os alunos que já estavam há mais tempo na academia iam para classes mais avançadas. Em geral todas as aulas normais, atividades no campo e atividades físicas eram feitas em conjunto com seus conhecidos.

Cassandra tinha dificuldades com algumas magias simples enquanto outras tinha tanta facilidade como para respirar, por isso algumas vezes tinha aulas com os outros novatos e em outras estudava com os alunos mais experientes. Ela estudava em classes atrasadas de historia, geografia, ciências e matemática em contraponto tinha aulas de geomancia e manipulação com os seniores. Janus também tinha destaque nas aulas de ciência e estudava em uma classe avançada ao que parece alem de alto e bonito ele também era inteligente. Belle devorava livros de magia. Yuki era obviamente uma aluna exemplar e nas aulas que tinham com Lumina; ela permanecia quieta e desinteressada no fundo da sala de aula. Nicole levava tudo na brincadeira e Alix tinha aulas complementares por causa do seu poder.

As duas continuaram tendo as mesmas lições de magia com os professores da semana passada só que desta vez com muitos outros alunos.

As aulas com a professora Lucy eram bem diferentes, variando de demonstrações de magia negra a simples conversas. Os outros professores alertaram que Lucy se sente atraída pela mágica da pessoa, principalmente a magia caótica; por isso ela não tinha interesse na Érika, alias muitas criaturas das trevas sentiriam repulsa por um espírito tão iluminado. Tanto Alix quanto Belle pertenciam a um grupo de energia caótica, depois que recebera o sangue de Rembrandt então deveria parecer deliciosa. E assim as aulas com a professora Lucy continuaram sempre tempestuosas.

A primeira semana foi bem puxada e não tiveram muita oportunidade de cultivar amizades com os novos alunos.

Ciclo Seis

Alixandra acordou e correu para o banheiro como fazia todas as manhãs só que dessa vez houve uma grande diferença.

- Finalmente hoje é o ultimo dia. – Se espreguiçou retirando a coleira.

- Ultimo dia do que? – Perguntou Belle.

- Do meu tratamento médico. Eu não tenho mais que usar a coleira de Farmako nem tomar aquela poção horrorosa. Chega de ficar o tempo todo com fome e correndo pro banheiro.

- Chega de suor noturno. – Comentou Cassandra checando os lençóis de Alix. – Sequinho.

- Você tinha razão. – Alixandra falou pra Cassandra. – Eu estava me sentindo péssima e nem percebi.

- Você realmente está ótima. – Disse Belle checando. – Dentes brancos, pele boa, cabelos sedosos e brilhantes. Alias seus cabelos estão na altura dos joelhos, quando foi que cresceram tanto assim?

- É mesmo! Eles nunca foram tão grandes.

- E você cresceu um pouco também. – Mediu Belle. – Por Avalloc! Como foi que você conseguiu fazer isso?

- Não é só isso. – Comentou Nicole. – Suas pernas estão novamente peludas.

- Da até pra pentear. – Cassandra alisou com a mão.

- Vamos levá-la ao clube de estética. – Gritou Nicole.

- Sobre protestos as garotas levaram Alix até o clube de estética de calcinha e camisola pra fazer outra depilação. Novamente vermelha e irritada foi jogada na banheira de creme enquanto as outras conversavam.

- Finalmente. – Disse Yulia. – Agora sim você esta perfeita.

- Não tem nada a ver com aquela garota magricela com dentes podres que eu conhecia. – Elogiou Belle a maneira dela.

- Eu tenho que me olhar no espelho.

Alixandra envergonhada e ansiosa se olhou no espelho, mesmo nua e envergonhada. Era a primeira vez que se olhava nua em um espelho de corpo inteiro desde que veio pra Sephirot. Ela nem ao menos reconheceu a garota no espelho.

- Eu estou gorda!

- Gorda? Aonde? – Perguntou Belle.

- Olha aqui? Não esta vendo essa barriga?

- Qual o problema? – Belle ficou furiosa. - É igual a minha.

- É natural que garotas tenham essa curvinha.

Nicole olhou a própria barriga que não tinha curva nenhuma.

- MINHA DEUSA. – Gritou Claude. – Você esta uma baleia.

- Arpoem-me! – Chorou Alix.

- Pare com isso! – Reclamou Yulia. – Você esta linda, formosa, não quero escutar essas bobagens de magreza exagerada. Não existe uma só garota em todo castelo que tenha as costelas à mostra como você tinha.

- È verdade. – Concordou Nicole. – Você não tinha barriga, mas também não tinha essas curvas.

Alixandra começou a se sentir um pouco ridícula, realmente estava muito mais bonita e mesmo no salão de banhos pode ver que a maioria das garotas era como ela mesma.

- mas vamos ser sinceras. – Pediu Alix. – Eu passei um pouquinho do ponto não é mesmo?

Todas responderam juntas.

- Passou!


Continua...

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