Capitulo dezoito

Ciclo um

Após perambular um pouco olhando melhor a paisagem, pela primeira vez em muito tempo Alix começou a pensar em Galita e na vida que nunca mais teria e nas pessoas que nunca mais veria, ela não sentia falta deles e não sabia dizer o que sentia. Rembrandt surgiu com seu sorriso tranqüilo e era bom ver um rosto amigo.

- Porque você não esta com eles? – Perguntou Rembrandt.

- A onde estão os outros?

- Janus continua espionando Belle, acho que Nicole esta com ciúmes. Ela nunca deu tanta atenção assim pro Janus e ele esta adorando. Cassandra foi comprar alguma coisa que eu não sei o que é. O que você achou da Zelda?

- Ela é bem diferente dos irmãos.

- Você acha? Pra mim ela é tão parecida com o Derek.

- Sim fisicamente! mas o Derek é bem mais tranqüilo.

- Sempre achei que ela fosse uma versão menor e cabeluda do Derek, estamos falando da mesma pessoa?

- Talvez seja você. Ouvi falar que você é o único que já expressou uma reação agressiva da Érika. Talvez você tenha um efeito especifico sobre os Dietrich.

- Então eu tenho o poder de incomodar os Dietrich?

- Eu fiquei espantada em saber que ela é só um ano mais nova do que eu. No ano que vem vai estar com a gente.

- Não parece não é mesmo? Assim como a Érika.

- Puxa! A Érika parece ser mais nova do que o Derek, mas ela é mais velha. Quantos anos eles tem de diferença?

- Onze anos.

- ONZE ANOS? ERICA TEM... – Alix fez a conta, ela não era muito boa em matemática. - VINTE E SEIS ANOS?

- Qual é o problema?

- mas ela esta no segundo ano!

- Érika é meio fada! Elas não se desenvolvem do mesmo jeito. Não sabia que elas envelhecem mais devagar? Meio que um ano pra cada cinco do resto do elenco.

- mas ela não devia estar mais adiantada então. Afinal ela é bem mais velha.

- Não! O cérebro dela é diferente e se desenvolve de outra maneira, ela tem grandes poderes mágicos, em compensação muito pouca maturidade tanto pros estudos quanto emocionalmente. Por isso esta na serie exata.

- Puxa! Então a gente vai passar por ela e ela vai continuar com a mesma idade?

A agradável conversa foi interrompida quando Alix foi agarrada de surpresa pelas costas. Era Dinamite que surgiu de surpresa dando um susto em Alix. Por algum motivo Rembrandt era imune a sustos.

- Você não anda muito despreparada Pudim. Poderia ter sido um inimigo.

- Como assim poderia?

Alix sentiu alguma coisa grande e macia apertando suas costas. Eram os seios de Dinamite, duas vezes maiores do que os de Cassandra. Por algum motivo inexplicável aquilo incomodava muito Alix. Não dava para reparar quando ela estava de armadura, mas em roupas normais e sem sutiã eles eram bem evidentes. Os olhos de Rembrandt também eram atraídos por eles o que a irritava ainda mais. Dinamite era alta e tinha a mesma altura de Rembrandt ele podia muito bem olhar ela nos olhos.

- Quem é a sua amiga? – Perguntou Rembrandt.

- Meu nome é Denise, mas você pode me chamar de Dinamite. Eu sou a tutora dela.

- Tutora? – Rembrandt se impressionou. - Alix já esta em missões.

- Sim! Nós tivemos uma grande aventura. Sabia que ela consegue fazer magias avançadas?

- Eu cheguei a ver.

- Eu sou uma mímica.

- Mímica? O que é isso?

- Descobriram ontem. Ela pode imitar qualquer magia que ela veja

Alix sentiu um arrepio quando Dinamite a olhou com um sorriso como se ela fosse alguma comida muito saborosa de aparência apetitosa.

- Então... – Continuou Rembrandt. – Você andou ensinando alguns bons macetes pra Alix?

- Não! Alix não tem muito tempo pra isso ela gosta de ir direto pras aventuras. – Dinamite se virou pra Alix. - EU vi o que você fez na torre de Kéter. Anda aprontando muito não é mesmo?

- Foi sem querer! – Alix tentou afastar dinamite como se ela fosse uma mosca incomoda. – Não foi nada de mais.

- Como assim não foi nada de mais? – Dinamite agarrou o braço de Alix e correu em volta de Igdrasil. Alix mal tocava os pés no chão e não conseguia parar de pensar como ela conseguia correr tão rápido com aqueles enormes peitos balançando.

- Olha lá! – Dinamite apontou para o visível buraco na torre, com vários pedreiros ao redor concertando.

- Puxa! Eu não sabia que tinha sido tão forte.

- E você atirou uma dessas em mim. – Observou Rembrandt.

- Puxa! Eu... Não... Eu...

- Tudo bem! Eu não estou chateado que você tentou me matar.

- Ora! Ora! Ora! – Dinamite deu uma picadela. - Então você já tentou matar o seu próprio namorado. Jogo duro ein?

- Ele não é meu namorado! Quero dizer... Eu não queria matar ninguém.

- Tudo bem! – Rembrandt sorriu mais ainda enquanto acalmava Alix fazendo cafuné. – Eu sei o que aconteceu. Eu estava lá lembra?

- Puxa! Rembrandt eu...

- Rembrandt? – Dinamite se espantou. – Você é que é o Rembrandt.

- Da ultima vez em que eu vi ainda era eu.

- Ora! Ora! Ora! Você é bem Você anda bem famoso por aqui.

- Eu estou famoso? Será que eu já posso me candidatar?

- O pessoal andou falando de você! Você é bem magricela pra ser um dos ferrados do primeiro ano. Quando eu estava no primeiro ano nem pensamos em ganhar o torneio das cartas ou participar de missões de Nível A.

- Eu também não. Foi tudo meio que sem querer. Principalmente participar de uma missão de nível alto.

- mas eu sonho participar de uma missão de nível A e eu sou uma sênior. Talvez com a ajuda da pudim a gente consiga. – Ela se voltou pra Alix. – Seu poder vai ser muito útil. Você já sabe controlar essa coisa? – Insistiu Dinamite. – Isso vai ser porreta contra os monstros.

- Não é bem assim! – Alix tentou se acalmar. – Eu uso energia residual ou coisa assim. Meu poder depende da quantidade de magia a minha volta, você viu as mãos que eu fiz quando estávamos no mato.

- Energia residual a sua volta hein? – Dinamite fez pose de inteligente e pensou por alguns instantes. – Acho que você vai dar uma ótima encantadora para o nosso time de conjurabol.

- Nosso time de conjurabol? – Estranhou Alix.

- Isso mesmo. Acabei de ouvir sobre os testes para o seu time e estou indo correndo pra Beth. Tenho certeza que eu vou passar. – E de posse de um sorriso vitorioso ela saiu correndo.

- Estádio de Beth? – Alixandra puxou pela memória. – Foi onde você e o Derek brigaram da primeira vez.

- Não! – Corrigiu Rembrandt. – Foi onde você usou seu poder de mímica da primeira vez.

- Do que ela estava falando?

- Acho que eu tenho uma idéia. – Comentou Rembrandt. – Vamos atrás dela. Sua amiga uma pessoa interessante. Algum dia eu gostaria de conhecer o planeta de onde ela veio. Você deve ter aprendido algumas coisas interessantes com ela.

- Aprendido? Eu nem entendi direito porque eu preciso de uma tutora.

- Os seniores do primeiro ano geralmente são designados como tutores dos juniores para ensiná-los os macetes do castelo e das buscas.

- Até ai você e a Nicole fazem isso muito melhor.

- Bom! mas nós estamos aqui há alguns meses a mais que você e os seniores há quatro anos. Acho que isso deve fazer muita diferença.

Neste momento Zelda aparece enfurecida.

- Aonde esta ela? Eu sei que ela estava aqui!

- Se esta falando da garota que estava aqui, ela acabou de sair correndo pra lá! – Apontou Rembrandt.

- mas porque você esta procurando ela? – Perguntou Alix.

- Era a tal pudim. Acabaram de me falar que viram Rembrandt correndo por ai com duas garotas e uma delas era a tal Pudim.

Alix simplesmente resolveu ficar quieta. Zelda a puxou e cochichou em seu ouvido.

- Tome cuidado com o Rembrandt. Ele vai tentar tirar proveito de você que é muito boba. – Zelda partiu atrás de Dinamite.

- O que foi que ela disse? – Perguntou Rembrandt.

- Ela disse pra eu tomar cuidado com você porque vai tirar proveito de mim que sou muito boba.

- Que coisa! Eu não sabia que você é boba. Acho que vou me aproveitar de você.

Ciclo dois

Alix e Rembrandt chegaram ao estádio de Beth onde Yuki e Lumina estavam arrumadas com varias outras pessoas no campo em fila.

- O que é essa fila? – Perguntou por perguntar. – Tão distribuindo alguma coisa?

- Não! – Respondeu Yuki. – Estamos selecionando membros pro nosso time de Conjurabol. Você não espera mesmo que joguemos apenas com alunos do primeiro ano, não é mesmo?

- Já estava pensando que essa fila era pra me cobrar dinheiro emprestado.

- Vocês são bem rápidas. – Elogiou Alix. - Tivemos a idéia de fazer o time ontem.

- Concordo. – Concordou Rembrandt.

- Ótimo já que você é o capitão do time.

- Eu? Eu pensei que vocês é que queriam ser as capitãs.

- Por isso mesmo. Não pode ter duas e você é o único que concordamos a obedecer.

- Eu devo me sentir elogiado?

- Deve se sentir avisado.

- Eu me sinto intimado.

- Ótimo. – Yuki se voltou e correu para ajudar.

Aparentemente muita gente ouviu sobre o novo time e queriam entrar. Até mesmo alguns membros de casas excluídos dos seus times quiseram participar. Lumina montou dois times para verem testarem suas habilidades. Preparam um tanque ao lado do estádio e dois grandes aros, cada um de um lado do campo começaram a se erguer levando os jogadores.

- Incrível! – Alix olhou impressionada enquanto analisava uma bola. – Eu não sei nada sobre esse jogo.

- Não existe nada de extraordinário. – Explicou Rembrandt. – Ë quase como qualquer jogo coletivo com uma bola, só que com mágica. O objetivo do jogo é colocar a bola na rede do gol adversário. Dependendo de como se coloca a bola no gol você ganha uma quantidade determinada de pontos. Pode usar qualquer patê do corpo e lançar pros seus parceiros, mas não pode segurar a bola. Quem faz mais pontos ganha.

- Como qualquer jogo normal. – Confirmou Alix. –E onde entra a mágica?

- Existem três formas de se usar magia neste jogo. Em você, na bola e nos jogadores. Para cada um são permitidos dois tipos de magia: Magia de reforço e habilidade em você e nos seus companheiros. Magia de efeito e ilusão na bola e nos seus adversários. Contra-feitiços são permitidos o tempo todo. Como este é um jogo escolar, não importa quão poderoso você seja, apenas magias de primeira classe são permitidas.

- Isso esta parecendo divertido. – Alix bateu palmas.

- Basicamente nós temos sete jogadores. Primeiro temos o armador. Ele é quem arma a maioria das jogadas. A bola sempre começa com ele. Depois temos dois pivôs, geralmente os fisicamente mais habilidosos, ficam na frente e usam pouca mágica. Dois Alas, que jogam nas laterais, sua função muda bastante. Por ultimo o encantador e o reparador. São os melhores em mágica, sua função e conjurar e retirar feitiços.

- Foi o que a Denise disse que eu poderia ser. – Lembrou Alix.

- Agora vem a parte mais importante: As magias custam pontos. Se a bola chega ao gol enfeitiçada perde dois pontos. Se você estava com uma magia de reforço ou habilidade perde um ponto. O campo é dividido em três áreas, a área do gol, a área da casa e a área central. Se fizer gol em cada área existe uma pontuação diferente. O campo é divido em três áreas; A área central, uma bola de lá vale quatro pontos. A área livre que possui uma divisória, a sua área vale quatro ou cinco pontos e a do adversário, três ou dois pontos, depende de atravessar a linha no centro da área livre. A casa é onde fica o gol, um gol da sua área vale sete pontos e da casa do adversário vale um ponto.

- E com magia esses pontos diminuem?

- Exatamente.

- mas se eu estiver enfeitiçada, o que me tira dois pontos e fizer um gol na casa do adversário com uma bola enfeitiçada que custa um ponto... Então eu não marco ponto nenhum?

- Pior! Você entrega dois pontos pro adversário. E não tem como reclamar, pois todo o campo é mágico e sabe se você esta roubando.

- Assim não tem muita vantagem em fazer mágica não é mesmo? Vocês podiam fazer alguma coisa, mais diferente como usar, mais de uma bola, sei lá.

- Só uma garota mesmo pra pensar em um jogo com mais de uma bola. Nunca seria um esporte de verdade.

Um estrondo assustou Alix. Um circulo enorme que parecia ser feito de água, surgiu cobrindo toda a área do estádio e os jogadores saltaram dentro dele e flutuaram como se estivessem debaixo d’água. Eles se desestabilizaram durante um tempo e logo tomaram suas posições.

- Incrível. – Gritou Alix. – O que é isso?

- Esqueci da falar? Conjurabol se joga no ar.

- Mas... Como é que se move? É como nadar?

- Não! Apesar do ar ficar mais sólido ainda é muito mais leve do que a água. O equipamento já esta enfeitiçado. Apenas deve se dar uma pancada leve no ar e se move, como se empurrasse o chão.

Yuki era a juíza do jogo. Ela colocou bola no centro do aro e imediatamente apareceu no centro do campo. Os armadores de cada time voaram para a bola. Imediatamente os feitiços começaram: A bola foi encantada com uma magia de ilusão e se multiplicou em varias outras bolas, não se sabia qual era a verdadeira. Os encantadores e reparadores começaram a atira feito metralhadoras, enfeitiçando os jogadores do time adversário e removendo feitiços dos seus.

Dinamite parecia hipnotizada pela bola, não tirava os olhos dela. Entra as varias bolas ilusórias sabia exatamente qual era a de verdade e a agarrou. Imediatamente recebeu um feitiço para ficar lenta e começou a se mover em câmera lenta. A bola foi retirada dela e poucos segundos após desfez seu feitiço. Começou a jogar com tudo, se desviava dos feitiços como um peixe nadando contra a correnteza. Agarrou a bola e quando um brutamontes ia pegá-la lançou a bola com toda sua força no rosto dele, fazendo a bola voltar e a chutou para o gol.

- Isso é permitido? – Alix ficou um pouco chocada com a violência.

- Tudo bem. – Respondeu Rembrandt. – Ela jogou a bola no rosto dele. Contanto que não se toque fisicamente no adversário não é uma falta. Ruim seria se alguém tivesse transformado a bola em pedra.

- Me parece que o objetivo da mágica neste jogo é trapacear.

- Não é trapaça. É estratégia.

O jogo continuou de maneira surpreendente, para Alix, apesar dos outros acharem tudo normal. Apesar de tudo ela ficou muito interessada em também brincar naquele canto. Cassandra, Sapão, Nicole e Janus apareceram no campo mais tarde. Ao que parece Belle e Derek insistiam em não fazer nada de interessante.

- Por que eu não fui escolhido pra ser capitão? – Perguntou Janus.

- Sei lá! Pergunta pra elas.

- Eu não. Não sou idiota.

Alix percebeu que Cassandra parecia muito incomodada com alguma coisa.

- Cassandra. – Cochichou Alix. – Algum problema.

- Aquele sujeito! – Cassandra apontou. – O ala esquerda que esta longe da bola.

- Eu acho que já. – Reconheceu Alix. – Estava me olhando na cerimônia de abertura. É um dos novos alunos.

- Novo aluno? – Janus se espantou. – Ele joga feito um profissional.

- Um admirador secreto? – Perguntou Nicole.

- Você conhece? – Perguntou Janus. – Ele te fez alguma coisa?

- Impossível. – Resmungou Cassandra. – Ele me lembra alguém que eu conheci.

- Ele esta preocupando o Rembrandt. – Nicole apontou para Rembrandt que o contemplava serio e pensativo. – Parece que um misterioso e desconhecido rival surgiu.

- Misterioso não! – Comentou Sapão. - Sapão o conhece. Michelangelo é amigo do Sapão.

- V-você conhece ele? – Engasgou Cassandra.

- Ele fala com Sapão. – Sapão tirou o boné e mostrou. - Deu chapéu bonito pra Sapão. Amigo do Sapão.

Por algum motivo Cassandra e Rembrandt estavam muito incomodados e com sua usual habilidade diplomática Nicole levou todos para longe do campo.

Ciclo três

No final do dia Alix e Rembrandt aproveitavam a tranqüilidade do parque enquanto passeavam e as pessoas se divertiam a sua volta.

Graças a Rembrandt Alix se esqueceu dos seus problemas. Ele tinha essa habilidade de deixar o mundo mais agradável. As vezes Rembrandt falava uma coisas muito estranhas que ela não entendia nada, era como se ele viesse de um outro mundo totalmente diferente.

- É sempre assim? – Perguntou Alix com um sorriso de satisfação.

- O que?

- Essa paz. Essa felicidade.

- Espere só até a semana que vem. Vem gente de toda parte pro festival esse lugar vai ferver.

- mas depois tudo volta ao normal. Essa cidade parece até que saiu de contos de fada.

- Eu acho que depois que se passa por muita coisa ruim, depois que acaba é difícil não viver feliz pra sempre.

- E o pessoal andou passando por coisas ruins?

- Cada um de nós tem sua própria carga de desventuras. Não sei se você se lembra estamos em guerra e é comum que alguns cadetes não voltem de suas missões. A própria Nicole já passou por umas coisas ruins. Talvez mais do que todos nós. Eu mesmo não vou dizer que uma criança com metade da cara tatuada tem uma infância fácil. Principalmente quando se percebem que é um selo contra magia negra na testa.

- Então eu só estou feliz porque sofri muito antes?

- Espero que não. – Novamente sorriu. – Espero que você esteja feliz porque não esteja sofrendo mais.

- Tem uma coisa que eu gostaria te mostrar. – Alix pegou entusiasmada a sua bolsa de couro. – Eu agora tenho um baralho também.

- Um baralho dos sonhos! – Rembrandt Reconheceu imediatamente.

- Dizem que pertenceu ao próprio Mestre Pendragon em pessoa. – Se gabou orgulhosa.

- É mesmo? – Felicitou. – Eu ouvi falar dele. Essas cartas estariam em perfeito estado se não fossem essas manchas de tinta.

- Há! Isso fui eu quem fez.

- O que?

- Eu ainda não decorei exatamente o que faz as cartas, então eu marquei pra ter uma idéia do que elas fazem. – Alix piscou. - Um código secreto só meu.

- VOCÊ SUJOU AS LAMINAS COM TINTA DE PROPOSITO?

Ciclo quatro

Alix começou a ficar agoniada, a ultima coisa que ela queria ver na vida era Rembrandt chateado com ela. Tudo bem que Cassandra gostava de Rembrandt e ainda tinha Lumina. Mesmo assim não queria que ele ficasse triste com ela.

Na volta para o dormitório Cassandra não resistiu.

- O que é que esta acontecendo?

- Rembrandt ficou zangado comigo porque eu marquei as cartas com tinta.

- VOCÊ O QUE?

- Desculpa puxa! Eu não sabia que era assim tão importante.

- Ta! Ta! Eu mesma não ligo muito pra isso mesmo. mas sei que as cartas mágicas são muito importantes pro Rembrandt. Já salvou o pescoço dele algumas vezes.

- Eu não sabia. – Alix ficou de cabeça baixa.

- Parece que o romance dos dois vai mal. – Comentou Cassandra.

- O que é isso! – Alix ficou vermelha. - Vocês não acham que ele realmente tem interesse em mim. Não é mesmo?

Neste instante Belle e Zelda chegaram para acompanhar as garotas.

- Vocês viram as irmãs Pudim em algum lugar?

- Elas estavam bem aqui da ultima vez que eu olhei. – Respondeu Nicole.

- Que ódio! Eu ouvi dizer que uma delas estava namorando o Rembrandt no parque. Aposto que é a irmã bonita.

- Irmã bonita? – Perguntou Belle.

- Sim! Me disseram que uma das irmãs é bonita feito um anjo e a outra é uma magricela ossuda que parece a terceira irmã Puro-osso. Eu não a vi direito no dia em que invadiu o campo.

- Então... – Gemeu Alixandra. – Você me acha feia?

- De jeito nenhum Alix. – Respondeu Zelda. – Eu mesma estava comentando com as minhas amigas como você é bonita. Eu mesma gostaria de ser tão bonita quanto você. Daí o Rembrandt ia ver.

A sala móvel parou e deixou Zelda no andar dela.

- Puxa vida! – Belle suspirou. – Ela é louquinha pelo Rembrandt.

- O que? – Alix se espantou.

- Zelda é completamente apaixonada pelo Rembrandt. – Confirmou Cassandra. – Ë só passar mais tempo com ela que você vai ver como a coitada é obcecada por ele.

- Parece que você tem uma nova rival. – Nicole falou com seu usual tom de provocação.

- Como assim? – Belle se interessou. - O que eu estou perdendo?

- Alix e Rembrandt. – Cassandra respondeu esfregando os dedos.

- Eu já imaginava. – Picou Belle. – Por Isso que Rembrandt te trouxe aqui.

- Não! Não! Ela já me contou que faria isso por qualquer garota.

- E você acreditou nisso? Salvar garotas de apuros é bem a cara do Rembrandt. Agora, pedir pro Medhal te escoltar e colocar você no nosso quarto pra gente ficar de olho em você...

Alix procurou alguma opinião de Nicole e seu olhar demonstrava que ela também não acreditava nisso.

- O que é isso. Quem se interessaria por uma acabada como eu.

- Já se olhou no espelho ultimamente? – Alertou Nicole. - Você mudou completamente daquela garota maltratada que chegou aqui.

- Não me admira que Zelda não te reconheceu. – Belle confirmou. – Sua pele melhorou 100%, seu cabelo esta enorme e não é mais uma vara pau.

- É mesmo! - Concordou Belle. – Como é que o seu cabelo cresceu tanto?

- A coleira de Farmako estimula o desenvolvimento do organismo, por isso ferimentos aparentemente se curam mais rápido, quando na verdade foi seu Capitulo que se estimulou. – Explicou Nicole.

- Por isso que eu fiquei menstruada em oito dias?

- Isso! – Nicole piscou. - Fisicamente você agora já tem mais de quinze anos.

- O que?

- Você esta maravilhosa! – Insistiu Cassandra. – Zelda não tem a mínima chance contra você. Vai ser um páreo duro pra todas as pretendentes do Rembrandt.

- Não! – Alix se defendeu. - Eu nunca pensei em me envolver com o Rembrandt.

- Eu não disse que você pensou em se envolver. – Belle corrigiu. - Eu disse que se interessou. Quem já se interessou pelo Rembrandt levanta a mão.

As três garotas levantaram a mão. Alix olhou preocupada com a reação de Cassandra.

- Tudo bem. – Disse ela. – Eu cresci em Sídhe. Por mim você pode ter filhos com ele que isso não vai me incomodar. Muito pelo contrario eu concordo com a idéia de um homem com varias mulheres.

- Esta falando serio? – Perguntou Belle chocada.

- Eles têm disso em Sídhe e em alguns paises do oriente. – Nicole respondeu.

- Tudo bem! Eu admito que eu me interessei pelo Rembrandt. mas até ai eu também me interessei pelo Janus e pelo Derek também.

- mas no final comparando o Rembrandt ganha de todos. – Disse Cassandra e Nicole concordou com a cabeça.

- Nicole! – Reclamou Alix.

- Que foi? Em alguns pontos o Rembrandt realmente é o cara mais legal que eu conheço.

- Derek é todo comportadinho. – Explicou Cassandra. – Janus é bonzinho e safado nas coisas erradas já o Rembrandt é safado e bonzinho nas coisas certas.

- Definiu muito bem. – Concordou Nicole.

- Eu não sei muito bem se eu entendi. –Alix reclamou e Belle concordou. As vezes Cassandra e Nicole tinham uma linguagem própria.

Ciclo cinco

Assim que entraram no dormitório feminino Alixandra, Belle, Nicole e Cassandra encontraram um inusitado aglomerado de garotas, com muitos rostos conhecidos.

- O que foi? O que esta acontecendo?

- A sala Tulipa saiu. Ninguém a viu já faz dois dias.

- E qual é o problema? – Perguntou Nicole. – Os espíritos guardiões não estão necessariamente presos as salas. De vez em quando eles descansam e dão uma volta por ai em outras formas.

- Como as estatuas e enfeites que falam? – Perguntou Belle?

- Exatamente! – Nicole respondeu tranqüila.

- Não é nada disso. – Érika explicou. – Hoje a sala Tulipa surgiu com um novo espírito. Significa que quer que tenha acontecido ele não vai voltar.

- Puxa! E o que aconteceu com ele?

- Bom! É o que todas as garotas gostariam de saber. Todo mundo gostava dele.

- Menos a Maria. – Gritou Nicole.

- Eu ouvi isso. – Reclamou Maria.

De volta ao quarto Cassandra ressuscitou o assunto da sala Tulipa.

- Ele sumiu desde dia da explosão. Você não acha que tem alguma coisa a ver?

- Porque esta dizendo isso? – Alix se incomodou.

- A sala Tulipa nunca teve nenhuma preferência em particular, sempre mexia com todas as garotas do mesmo jeito.

- Eu sei. – Se lembrou Belle.

- Não! – Nicole também se incomodou. - Vocês se encontravam com eles pelo menos duas vezes por dia. Chegou até a esperar por vocês.

- Agora que você falou, ele meio que perseguia a gente. mas achei que fosse normal. – Disse Alix. - Acho melhor falar com a Yuki sobre isso.

- Yuki ficou espantada quando ele nos esperou fora do dormitório feminino. – Lembrou Belle. – Até o Rembrandt brigou com ele.

- Fora do dormitório? – Cassandra e Nicole se espantaram.

- Isso realmente não é muito convencional. – Ponderou Nicole. – Cassandra o que você acha disso?

- Eu não sei. Só uma cisma.

- Bom! – Nicole desencanou completamente. Se preocupar não era com ela. Sendo assim se voltou para Belle. - Então vamos ao relatório. Relatório.

- Que relatório?

- Relatório do seu encontro com Derek. Conte tudinho. Tudinho.

Neste instante Belle se deu conta do ocorrido. Derek achava o tempo todo que estavam tendo um encontro e eles realmente estavam tendo um encontro. Seu primeiro encontro. Ela ficou tão nervosa que nem ao menos podia falar. mas suas amigas eram muito eficientes em quebrar o gelo.

- Não vai adiantar nada! – Alertou Alix. – Ela não é do tipo que fala.

- Então de que tipo que eu sou?

- Do tipo que faz as escondidas.

Ciclo seis

Na hora do jantar Belle foi chamada para se encontrar com a professora Lucy. As garotas disseram para que ela não se preocupasse e fosse se encontrar com ela. Claro que ela não foi sozinha e Cassandra foi com ela.

- Tudo bem, eu já andai bastante em catacumbas escuras. – Tentou acalmá-la.

- Chamaste minha residência de catacumba escura?

As duas garotas se viraram e encontraram Lucy com um gato no colo. Imediatamente Cassandra deixou de estar falante. Belle apenas se afastou e perguntou.

- O que a senhora queria de mim?

- Convidaram-me para uma comemoração e preciso de uma companhia.

- Uma festa? – Belle engoliu seco ao imaginar que tipo de festa a professora Lucy freqüentaria. – mas não seria melhor levar um homem com você.

- Bobinha. A festa a qual vou não teria significado sem tua presença.

- Então é uma festa de... de...

Lucy não resistiu e riu com Cassandra.

- Ela sempre interpreta com malicia? – Lucy perguntou pra Cassandra.

- Sempre! – Respondeu Cassandra.

- Eu acho que não podemos ir. - Belle ficou visivelmente irritada. – Não podemos nos atrasar pro jantar.

- Não seja boba. – Riu Cassandra. – Nessa festa vai ter o que comer não é mesmo?

Lucy concordou com a cabeça e entregou o gato para Belle. As duas serelepes agarraram ela pela mão e a levaram para a sala móvel contra sua vontade. Saíram em um dos setores de recreação e correram para um dos salões de festa.

Belle as seguiu muito apreensiva pro tipo de festa que elas gostariam de ir, mas por algum motivo aquele gato a fazia se sentir um pouco mais segura.

Quando abriu a porta teve uma surpresa que não esperava, as garotas dos clubes de eventos, estética e costura estavam todas reunidas, assim como a professora divina com as irmãs revela e as irmãs Puro-osso, as professoras Aurora de dança, Izma de meditação e Jones, assim como os professor Kazam e o diretor Dietrich. Sem falar em Derek, Zelda, Maria, Lumina e sua colega de quarto Zyuah e Paxa com sua turma de estudos. Até mesmo o Sapão estava lá.

Havia um grande Bolo com quinze velas e uma enorme mesa cheia de comidas de festa e todos seguravam caixas de presentes.

- SURPRESA!

Belle ficou chocada e não conseguiu segurar as lagrimas.

- Mas... Mas...

- Seu aniversario foi na sexta-feira. – Completou Alix. – mas teve todo aquele problema que eu explodi a parede do castelo. E acho que assim foi uma surpresa maior.

Belle nunca teve uma festa de aniversario melhor em toda sua vida. Pela primeira vez não se sentiu reprimida por alguma obrigação social com os convidados dos seus pais e festejou como nunca. Os presentes eram mágicos e alguns bem esquisitos, como a câmera fotografia que parecia um passaro que Spunky lhe dera e a calculadora que se recusava a fazer contas quando estava mal humorada de Thomas.

Alixandra começou a soltar um monte de pedidos de desculpas sempre que encontrava Rembrandt. Ele não era do tipo que ficava zangado muito tempo.

Depois da festa as garotas foram tomar banho e logo foram dormir. Estavam exaustas depois de um dia cheio. Belle estava feliz e começando a gostar de Sephirot.

Ciclo sete

Nas profundezas de Sephirot em suas frias e escuras masmorras ela esperava entediada por uma oportunidade para se livrar de sua maldição que a aprisionava dentro dos muros do castelo. Não era todos os dias que recebia uma visita, principalmente da cidade.

A velha bruxa adentrou as portas com muita serenidade e cuidado.

- Agradeço por me atender minha mestra. – Se curvou a velhinha.

- Não há motivo para te curvardes Cicília. Não tens idade para tal.

- Vejo que as coisas mudaram desde a minha ultima visita.

- Aos meus olhos uma eternidade de soledade. Todavia, cria que já tiveste desvanecido de tão velha.

- Eu vim aqui por um motivo especial. – A velha olhou em sua volta preocupada com alguma coisa.

- Acalma-te, pois está incólume em minha presença. – Respondeu a voz nas sombras. – Nenhum feitiço nestas masmorras foi engendrado por outro que não seja eu. Ninguém cogita a existência de servos meus na cidade.

- Foi por isso que agora mora nesta masmorra mestra?

- Permaneço enclausurada aqui, sem molestar viva alma. Todavia, Dietrich e Kazam insistem em me perturbar com alvitres de que me locomova para as regiões modernas do castelo aonde não tenho poder e provavelmente eles podem me espionar maior comodidade.

- Eu fico triste pela mestra. Espero que minhas noticias sejam do seu agrado.

- Diga-me. Qual a urgência para se dar a todo esforço de me ver?

- É sobre um dos livros que a senhora deixou sob meus cuidados. O olho das bruxas. – A velha mostrou um pequeno cartão. – Geralmente eu nunca entregaria um livro desses, mesmo com um passe do grande mestre. mas era a garota de quem todos estão falando. A menina Belle!

- Belle! – Ela estremeceu. – E porque deste a ela?

- Foi o destino. Ela veio a minha loja por vontade própria e se interessou pelo de sua antecessora. Mesmo sob protestos do jovem Dietrich era visível seu interesse por esse livro em particular.

- O livro da minha antecessora? Falaste da rainha dos horizontes sombrios? Belle está de posse do livro do Olho?

- Então eu mereço um presente?

- Claro! O que eu posso te oferecer para demonstrar meus préstimos? Queres recuperar tua juventude e obter a vida eterna?

- Me perdoe minha mestra, mas eu ainda prefiro aceitar o peso da idade e perecer a viver nas condições impostas.

- Ainda sente repulsa por sangue? Cria que terias sobrepujado isso em tua atual idade.

- Eu poderia apenas escolher alguma coisa entre seus bens de pouco uso que acumulou durante os séculos?

- Usualmente diria para levardes o que puder carregar, todavia, neste caso escolhe o que te apetecer e eu mando entregar em tua loja. Farte-se na opulência das minhas posses.

- Não vai causar problemas?

- Não para tu!

- Então suponho que fiz uma coisa muito valiosa. – Segurando sua risada e sua curiosidade a velha bruxa correu para o deposito de tesouros deixando Lucy Western sozinha com a escuridão.

- Então! Que crês disto? Há quinze anos Pendragon enclausurou-me aqui pelo que julgava ser para toda a eternidade. Agora me surges Rembrandt que me locupletou em esperanças de que possa me safar, finalmente Belle e Alixandra se adicionam a lista dos que podem me libertar.

- Pra mim não fede nem cheira. – Respondeu a voz que vinha da escuridão.

- Então! Desacredita-me que não obterei a liberdade que tanto almejo?

- E por que você iria embora agora que Sephirot esta tão interessante?


Continua...

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