Capitulo vinte e um

21

O futuro esquecido

Ciclo Um

Alixandra acordou em um sofá macio e confortável em meio a cheirosas almofadas e usando roupas novas e confortáveis. Ela olhou a sua volta e pode ver uma bela sala requintada de vários ambientes, havia um enorme bar, um piano de cauda, uma mesa de jantas com muitos lugares e uma enorme janela com venezianas entreabertas. Os móveis eram de madeira branca e o chão de piso brilhantes, um felpudo tapete branco estava na frente do sofá que era grande como uma cama de casal e logo a sua frente estava Lumina deitada em outro sofá com seus ferimentos tratados e também usando outra roupa. Assim que seus olhos começaram a se acostumar pode ver que havia uma pessoa na sala, por um instante ficou apreensiva e com medo, mas para sua surpresa reconheceu o rosto da pessoa.

- Belle? - Exatamente como ela se lembrava sem envelhecer um único dia. Com um sorriso indiferente e cabelos negros esvoaçastes, como se estivessem vivos. Ao seu lado flutuando uma gaiola de cristal com um gato tentando gritar desesperadamente, mas nenhum som saia. Era Hamlet.

Alix levou mais tempo para perceber o que estava acontecendo e não conseguiu chegar a nenhuma conclusão.

- Onde é que nós estamos?

- No topo da torre do horizonte. - Respondeu. - No ponto mais alto do Gilgamesh.

- Gilgamseh? Mas... O que você esta fazendo aqui?

- Contemplando minha vitória! Daqui eu posso ver a destruição de Sephirot.

- Sua vitória? Mas que absurdo... Do que você esta falando?

- Não é obvio? Eu sou a rainha dos horizontes sombrios. Todos os sonâmbulos, a irmandade da magia, as máquinas de psicociência... Tudo isso serve a mim.

Alix não suportou, ela começou a chorar e tentar reanimar Lumina.

- Por que? Por que?

- Não é ela... - Gemeu Lumina.

- O que? - Alix a abraçou e aproximou seu ouvido para ouvir melhor.

- A carta. Incorporada...

- A carta? - Alix não entendia o que estava acontecendo. - incorporada? O que isso quer dizer.

- Obvio! Eu era fraca e boba, cheia de idéias idiotas por causa da minha mãe que me criou. Mas, quando eu assumia o poder e a personalidade das cartas, eu me tornava, forte, confiante... Sem falar que pensava com uma clareza deliciosa. Eu vi como todos aqueles estadistas eram idiotas e fúteis, tão preocupados com seus próprios narizes, incapazes de perceber o verdadeiro poder que tinha nas mãos. Assim eu percebi como era bobagem me desincorporar e decidi permanecer como a rainha dos horizontes sombrios para sempre.

O gato ficou nervosíssimo.

- Papai quer falar alguma coisa? - Ela brincou com a gaiola.

- Alix! Sua irmã se fundiu a uma convocação do baralho do olho, agora ela esta dominada. Vocês têm que salvá-la.

- mas que bobagem meu papaizinho. - Belle brincou com o gato. - As cartas não existem de verdade e você sabe muito bem disso. São manifestações da minha personalidade, não há nada me dominando alem dos mais profundos ímpetos da minha alma.

- O que você fez?... - Lumina tentou se mover cambaleando e babando.

- Você sabe minha doçura. Desde que as guerras místicas acabaram com a magia do mundo, não temos coisas como coleiras de farmako, poções restauradoras ou bandagens encantadas. - Belle se serviu no bar e pegou um pote de petiscos. - Você vai ter que me se virar com os efeitos dos analgésicos e anestésicos como todo mundo.

- P-porque não me mata. - Lumina se esforçou com lagrimas nos olhos.

- Porque eu gosto de você minha querida. - Belle colocou um bolinho de queijo na boca de Lumina. - Logo nós v amos entrar no castelo e pegar Cassandra, Érika, as meninas do clube de eventos e todas as pessoas que podem participar do meu mundo novo.

- mas Érika esta louca! Pelo menos é o que todos dizem.

- Só por causa das memórias do tal Rembrandt! Eu não tenho esses escrúpulos idiotas. Assim que apagar a existência dele da memória dela ela vai ficar ótima. Eu mesma fiz isso em mim. Já nem sei quem é esse sujeito há anos. Garanto que todas vocês ficarão melhor esquecendo-se dele.

- Eu não quero me esquecer do Rembrandt. - Afirmou Alix.

- Minha querida irmãzinha! Ainda tem aquela paixão juvenil porque foi ele quem lhe deu seu primeiro beijo. Assim que esquecer dele não vai mais sentir falta.

- Acha mesmo que pode nos controlar, manipulando nossas memórias? - Lumina cuspiu o bolinho e fez um esforço sobre humano para lutar contra o remédio.

- Meu amor. Controle não passa de uma ilusão. Não aprendeu isso na academia de magia? O que eu faço é direcionar vocês. Refazer suas memórias só vai lhes dar felicidade.

- Mesmo mexendo nas nossas memórias você não pode mudar o nosso coração.

- Por favor! - Belle fez um sinal de cheiro mal. - Foi exatamente por causa desse tipo de coisa que me tornei imperatriz do Gilgamesh. Após tantas guerras e reviravoltas eu fiquei cansada daqueles lideres falsos com filosofia barata, dizendo que bem e mal eram relativos, que na verdade o mal não existia, que eram pontos de vista. Quando na verdade só queriam justificar os seus próprios crimes. "Não existe mal." Essa própria afirmação só pode vir de um próprio emissário do mal. Mesmo uma criança de três anos já é capaz de distinguir entre o certo e o errado. Todas as culturas e civilizações do mundo possuem uma definição bem distinta de bem e mal.

Mesmo assim, logo pessoas que eram boas começaram a ser corrompidas e passaram a dizer disparates como: "Quando eu era criança costumava separar, mas agora que amadureci percebi que as coisas são diferentes, depende do caso”.Quando na verdade o que eles querem dizer é "Agora tem coisa que me beneficia, eu me corrompi e para meu conforto não quero mais que a justiça seja feita”.O que mais me embrulhava o estomago eram os sacerdotes. "O mal não existe, é apenas a ausência dos deuses”.Ou seja, se os obedecessem, tudo poderia ser perdoado, mas se não os seguissem cegamente serial mal, não importa quão correta fosse a pessoa. - Belle deu a impressão que ia vomitar. - Poupe-me.

Quanto aos chamados lideres e intelectuais não passavam de umas crianças mimadas, velhas gordas e nojentas sempre choramingando: - Belle os imitou fazendo birra. - O mundo não é do jeito que eu quero. Eu quero todo mundo me bajulando. Eu quero ser elogiando. Quero que digam que sou bonzinho. Quero, quero, quero. Meu, meu, meu. Eu, eu, eu.

Foi Então eu pensei: O que esses estafermos tem melhor do que eu? Porque você, Arthur e os outros ficam dando bola para essas bobagens? Aqueles homens eram patéticos e mesmo assim faziam milhares de pessoas morrerem por eles como se fossem divindades tirânicas. Sem falar que era o que muitos deles queriam ser. Tudo isso por causa de conceitos antigos?

Eu mesma fui uma vitima de conceitos falsos e equivocados: crianças são feitas para serem vistas e não ouvidas. Boas pessoas não reclamam de seus direitos. Ë falta de educação retrucar com uma pessoa, mesmo que ela cometa uma injustiça. Se rebaixe perante as pessoas que possuem títulos, como se os próprios títulos criados pelos homens tivessem algum significado. Nunca ouviu falar de lavagem cerebral?

Você mesma Lumina. - Belle chamou a atenção de Lumina. - Você mesma me contou que quando cresceu no templo da tempestade existiam rituais bárbaros e seculares que ninguém ousava questionar. Você acreditava que deveria seguir a risca por toda sua vida, assim como seus filhos e os filhos dos seus filhos. Até hoje você ainda tem as marcas de quando sua vagina foi costurada. Então veio o exercito do império do sol dizendo que acabariam com a opressão e o povo os apoiou fazendo com que centenas de anos de tradições e repressões vazias fossem por água abaixo.

Lumina abaixou a cabeça perante os argumentos de Belle que se ergueu com majestade e inspiração.

O próprio Líder do império do sol foi um simples homem comum que começou a derrubar pequenos governos opressores e expandir seu poder, se tornando maior do que todos os reis que ele esmagou juntos. Recebeu o titulo de lorde conquistador. Ele estava certo. O que ele queria ele pegava. Se um imaturo fraco e despreparado podia estar em um lugar de comando porque ele não? Porque eu não?

Quando eu vi o mundo destruído por atitudes egoístas e infantis eu adquiri essa visão religiosa de que todos existem apenas para me entreter e fazer a minha vontade.

Com os conceitos certos difundidos na cultura, nas crenças das pessoas elas podem fazer o que eu quiser e nunca vão me questionar. Posso fazer o mais puro dos homens cometer a pior das atrocidades e mesmo que no seu intimo saiba que está errado, não vai lutar contra suas crenças e conceitos.

- Essa teoria é bobagem Belle. - Alixandra ajudou Lumina a se sentar no sofá muito irritada. - Nunca vai convencer uma pessoa boa a fazer uma coisa ruim. Não importa se é um conceito

Belle estalou os dedos e em um lado uma porta abriu. Conforme o vulto se aproximava o espanto de Alix aumentava. Sua mãe entrou pela porta com um alegre sorriso e logo se espantou com o que viu.

- Alix, minha querida! A quanto tempo?

Ciclo dois

No meio da noite Alixandra misteriosamente atravessava os corredores do castelo como se os conhecesse a vida toda. Belle, Nicole, Cassandra e Maria Mercedes se esgueiravam com dificuldade em meio a um corredor alagado oculto pela magia da professora de Magia Negra Lucy Western e acompanhadas pelo gato mágico Hamlet.

No final da área alagado uma pequena escada levava em direção a uma plataforma que levava a uma ponte. Infelizmente a correnteza da água estava muito forte e as garotas tiveram muita dificuldade para não caírem no abismo escuro. Lucy era pequena, mas muito forte Nicole em sua forma fantasmagórica era a que tinha mais dificuldade e Cassandra carregava o gato. Belle e Maria ajudavam as outras.

Infelizmente a construção era muito velha e já estava abandonada há muito tempo, toda aquela água estava acelerando o processo de envelhecimento. As muretas começaram a cair e o piso a esfarelar. Maria escorregou e Cassandra que estava sendo ajudada teve que segurá-la. Toda a estrutura da ponte começou a ruir. Metade da mureta caiu e Lucy por pouco não foi junto.

- Maldito Pendragon! - Gritou furiosa. - Porque foi tirar minha magia.

- Não é hora pra falar disso. - Gritou o gato pulando do colo de Cassandra para a área seca. - Corram!

As garotas se juntaram e correram desesperadas. A ponte era relativamente grande e estava caindo de uma vez. Cassandra puxou uma carta e mais a frente um enorme cálice pendurado por correntes ligadas a argolas aladas surgiu. Sem precisar falar duas vezes Belle fez uma pequena ponte com seus cabelos de arco-íris e subiram dentro do cálice antes que a ponte ruísse completamente.

- Eu adoro mágica. - Suspirou Maria se recostando no fundo do cálice aliviada.

- Bom! - Belle olhou para o abismo. - Pra onde leva esse abismo?

- Importa? - Nicole estava bem irritada com Belle.

- Agora que não voltamos mesmo. - Suspirou Cassandra.

- Acho melhor continuarmos flutuando neste copo. - Sugeriu Lucy quando flutuaram para fora do abismo e entraram no corredor adentro.

- Desculpe, mas eu não tenho mágica pra carregar cinco pessoas e um gato por muito tempo. - Cassandra confessou decepcionada. - Se quiserem eu posso usar todo o resto da magia do meu cajado.

- Não é preciso. - Disse o gato. - Conheço um atalho.

- Por falar em mágica. - Lembrou Maria visivelmente alterada. - Que historia foi essa de tirarem sua magia?

- O que é isso Maria! - Interferiu Nicole. - Não é importante.

- Claro que é importante. - Desabafou muito preocupada. - Até agora eu pensei que estávamos acompanhadas de uma professora totalmente funcional. Se estivermos enfrentando perigos quero saber com o que podemos contar.

- Quando eu fui presa neste castelo o idiota do Pendragon também selou a minha magia. - Bufou Lucy. -Tenho mais poder nestas áreas antigas do castelo, mas esta longe do meu poder total.

- Então esse tempo todo que todos tinham medo de você era bobagem? - Perguntou Maria.

- Nem tanto. - Lucy lambeu os beiços. - Ainda posso fazer algumas coisinhas e tenho todo meu conhecimento. Só não tenho muito poder.

- Por que não usa uma varinha ou um cajado então? - Perguntou Cassandra.

- Porque não deixam. - Sutilmente ela balançou a cabeça apontando pro gato.

- Eu trouxe esse cetro extra. - Mostrou Belle tirando das roupas. - Ele esta tão carregado de magia quanto os cetros.

- Ha hã! - Chiou o gato.

- Eu tenho certeza que o senhor gato vai deixar só desta vez não é mesmo? - Belle agarrou o gato e começou a fazer carinho nele. - O senhor não vai contar pra ninguém não é mesmo?

- Tudo bem. - Gemeu o gato.

Lucy com os olhos marejados abraçou Belle.

Assim que o cálice desapareceu o gato correu por uma bifurcação completamente diferente do caminho reto que faziam até então. Saíram em um salão escuro, com uma decoração marinha, boa parte estava destruída. De alguma forma lembrava uma estação.

- Não vão estourar os canos daqui. - Zombou Nicole.

- O que é este lugar? - Perguntou Maria curiosa.

- Aqui é uma estação de carros rápidos. - Explicou Lucy. - Usavam isso para andar pelo castelo antes das salas moveis. Não usam muita mágica. São primitivos e desconfortáveis.

- Com isso vamos chegar a Tifereth antes de Alix. - Concluiu Cassandra.

- Você não pensou que eles andavam todo esse caminho quando necessitavam alguma coisa nesta passagem não é mesmo? - Nicole provocou Belle que havia reclamado da passagem. Ao que parece incorporada pela bruxa do arco íris era menos suscetível a provocações.

- Não deveríamos ter evitado este apuro e usado isso desde o começo? - Perguntou Belle.

- Eles foram abandonados, e como pode ver boa parte do caminho esta bloqueada. - Lucy apontou pro desabamento.

- Não é possível! - Gritou o gato.

- O que foi? - Perguntou Cassandra. - Aconteceu alguma coisa.

- Ela passou a perna na gente. - Hamlet se impressionou. - Um dos carros foi acionado recentemente. Alix ainda esta muito na nossa frente.

- mas como é possível que ela sabia da existência dos carros rápidos? - desta vez a própria Lucy ficou incomodada.

- Pensamos nisso depois. - Nicole disfarçou indo até os carros rápidos.

Em uma área dois estranhos barcos flutuavam em uma estranha vala por onde passava um córrego de água que descia por um nada convidativo buraco.

- Me parece um carrinho de montanha-russa. - Observou Nicole.

- Eu disse que era desconfortável. - Lucy sentou bem na frente. - Esta na hora de você voltar seu corpo ao normal.

As garotas se acomodaram no carrinho apertado e Lucy puxou a alavanca. O carro desceu pelo buraco e com alguns trancos começou a pegar velocidade. Podiam sentir que estavam passando por aclives e declives cada vez mais intensos como uma montanha-russa de verdade.

- Isso não parece uma montanha-russa. - Nicole reclamou amedrontada. - Isso é uma montanha-russa.

- Os carros rápidos já existiam centenas de anos antes das montanhas-russas. - Lucy estava se divertindo. - La Marcus Adna Thompson, tirou a montanha russa daqui, ele foi um gênio ao conseguir fazer isso sem magia.

- Montanhas russas têm cinto de segurança. - Lembrou Cassandra se segurando ao Maximo nas barras laterais.

- Isso esta ficando muito rápido. - Reclamou Maria.

Precisamos de velocidade pra passar pela cascata. Joguem o corpo pra trás.

- Cascata? - Disseram em uníssono.

Em alta velocidade o carro saiu da vala em direção a uma queda d’água, em pleno ar atravessou e logo em seguida puderam ver três buracos na parede e se direcionaram bem no buraco do meio. Nicole fechou os olhos e Maria podia jurar que seu coração tinha parado de bater a algum tempo.

- Joguem o corpo para a direita. Rápido.

Mal obedeceram e chegaram a uma encruzilhada em alta velocidade. O carro seguiu pela direita e logo em seguida deu três lupins pela caverna, arremessando o carro por uma subida e aos poucos foi perdendo a velocidade.

- Chagamos a Tifereth. - Anunciou Lucy.

- Já atravessamos três quilômetros? - Belle observou. - Tão rápido quanto as salas móveis.

- Meu estomago ficou em algum lugar no caminho. - Gemeu Maria.

- Melhor do que eu. - Comentou Nicole. - Se alguém me tocar garanto que vomitarei.

- Eu quero por os meus pés no chão sólido. - Cassandra se arrastou pra fora do carro antes de parar completamente.

- Eu me machuquei um pouco naquelas curvas bruscas comentou Belle. - Vamos correr para encontrar Alix. Ela não deve estar muito longe agora.

- Depois de tudo isso. - Gemeu Cassandra. - Ela deve estar muita na nossa frente.

- Não sei não. - Belle tomou fôlego. - Duvido que ela tenha feito esse caminho correndo como a gente.

Ao colocarem os pés novamente no chão, Maria e Nicole puderam voltar a ter animo novamente. Continuaram pelo caminho iluminado, desta vez havia um grande portão logo ao lado da estação de carros rápidos que levava para o primeiro subsolo do castelo.

- Vamos fazer silencio. - Recomendou Belle. - Podemos estar próximos dela.

Belle e Hamlet abriram o portão e foram na frente. Provavelmente Alix não estava tão preocupada em ser seguida naquele ponto. Caminharam rapidamente até Belle sentiu alguma coisa, por algum motivo ela começou a desincorporar a bruxa do arco-íris. As outras garotas sentiram que havia alguma coisa errada e também diminuíram o passo. Mais à frente Hamlet havia parado e estava observando alguma coisa por trás de uma cortina. Sorrateiramente as garotas se esgueiraram para ver.

Finalmente após tantos contra-tempos haviam a alcançado. Alixandra se movia de uma forma estranha e ligeira, era como se estivesse colhendo fios invisíveis com uma mão e juntando na outra. Sua atenção era extrema e meticulosa. Em um momento uma sombra cresceu de dentro de um espelho e uma coisa indefinida saltou em cima da garota que sem dar nenhuma importância simplesmente atirou as coisas invisíveis que estava recolhendo em cima da coisa, como se esperasse isso e tivesse recolhido exatamente para aquele momento, tanto que a criatura rolou pelo chão enrolado no que quer que seja e antes de poder se definir o que era desapareceu. Alix continuou meticulosamente retirando os fios invisíveis, só que desta vez sem recolhê-los apenas atirando no chão e avançando de forma determinada.

Assim que desapareceu na curva seguinte Cassandra sussurrou alguma coisa que Belle não foi absolutamente capaz de compreender, aparentemente Lucy também retrucou incomodada dizendo alguma coisa mais esquisita ainda seguida por Nicole e Maria. Alguma coisa muito estranha estava acontecendo por alguns momentos as garotas estavam confusas. Hamlet sussurrou e chamou as garotas pelo nome de volta. Por alguns instantes elas não souberam o que fazer, se iam seguir Alixandra ou se iam volta.

- Belle venha aqui! - Chamou novamente e Belle acabou indo.

Para sua surpresa quando as garotas chegaram estavam falando normalmente de novo.

- mas o que é que aconteceu? - Perguntou Belle desorientada.

- É o que eu estava tentando dizer. - Rosnou Lucy. - De alguma forma Alixandra conseguiu alterar as formas dos carpetes e os tornou brancos. Toda magia no corredor é suprimida, inclusive o encanto de Babel que permite que todos se comuniquem.

- Encanto de Babel? - Estranhou Belle. - O que é isso?

- Vai me dizer que você não estranhou que uma eslava de uma hora pra outra estava falando inglês fluentemente. - Zombou Lucy.

- Eu estava falando inglês? - mas é tão natural que eu nem percebi.

- Você está falando inglês neste exato momento. - Maria reclamou. - Ou por acaso lhe parece que todas nós estamos falando línguas eslávicas?

Belle levou alguns instantes pra perceber que não estavam falando sua língua natal e mesmo assim ela compreendia como se tivesse escutado aquilo sua vida inteira. Alias tinha uma certa dificuldade de falar sua língua.

- Por falar nisso. - Maria se virou para Cassandra. - Que língua era aquela que você estava falando?

- Grego.

- Grego, mas ninguém fala grego. - Maria protestou.

- Eu conheço outras línguas. - Comentou Lucy. - Eu posso traduzir algumas coisas pra vocês enquanto estivermos no tapete branco.

- Eu não sabia que existiam tapetes brancos com tal efeito. - Nicole ficou surpresa.

- Eles são pra áreas fora do limite dos alunos. - Respondeu Maria. - Mesmo os mais privilegiados. Eu se que existem ainda mais algumas cores de tapetes que a gente não conhece.

- E nem queiram conhecer. - Interrompeu Hamlet. - Alguns desses tapetes possuem feitiços nada agradáveis.

- Muito bem! - Lucy respirou profundamente. - Belle você conhece alguma outra língua que possa ajudar?

- Eu sei falar francês. - respondeu hesitante.

- Ótimo! - Lucy sorriu. - Eu já me comuniquei com outros eslavos com francês, isso é muito bom. E você Cassandra.

- Eu só sei falar grego e a língua das sombras de Sídhe. - Respondeu.

- É quase a minha segunda língua. - Lucy sorriu com seus dentes ofídios que incomodou muito as garotas. - Maria você vai se esforçar pra entender um pouco francês. Acho que é um pouco parecido com espanhol.

- Eu não falo espanhol. - Maria informou.

- Você não fala espanhol? - mas você não é Ibéria?

- Não. Sou Brasileira.

- Brasileira? Do continente atlântico?

- Isso mesmo.

- mas o seu nome é ibero-romano.

- Existem muitos descendentes de Europeus no Brasil.

- E que língua vocês falam por lá? - Perguntou Belle.

- Brasileiro.

- E que raio de língua é essa?

- É uma mistura entre as línguas lusitanas, romanas, africanas e locais. Com grande influencia lusitana.

- Lusitana? - Estranhou Lucy. - Porque?

- Temos uma enorme colônia de lusitanos desde a sua descoberta.

- Como vocês podem ser colonizados por lusitanos? - Lucy se revoltou. - Eu já vi no mapa, seu país ocupa a metade da parte de baixo do mundo, é quase do tamanho da áfrica.

- Você não pode reclamar comigo por causa disso. - Protestou Maria.

- mas eu pensei que o feitiço de babel faria com que elas aprendessem a língua naturalmente. - Estranhou Nicole. - Elas já não deveriam falar nossa língua?

- Elas estão aqui há muito pouco tempo. - Respondeu Hamlet. - Isso não é algo que fica permanente do dia pra noite.

- Eu já entendo um pouco de inglês. - Declarou Maria. - Acho que é porque estou a mais tempo que Cassandra e Belle.

- Porque você não disse antes. - Lucy quase avançou em Maria, mas Cassandra e Nicole ficaram no caminho.

- Estamos perdendo tempo. - Reclamou Hamlet. - A essa altura não sabemos aonde Alixandra pode estar.

- Isso é obvio não é mesmo? - Comentou Cassandra. - Ela vai pro dormitório masculino.

- mas que safadinha. - Sorriu Lucy. - Você acha que ela vai enfrentar as coisas horríveis que soltam nas profundezas do castelo só pra se encontrar com um garoto? Falem a verdade! É o Rembrandt?

- Alix não faria uma coisa dessas. - Reclamou Belle.

- Então aonde ela pode ter ido.

Belle, Nicole e Cassandra tentaram disfarçar, mas era obvio que elas sabiam de alguma coisa.

- Vocês sabem de alguma coisa. - Acusou Maria. - Aonde é que ela esta indo?

- Ela vai pro dormitório feminino. - Insistiu Cassandra irritada. - Agora vamos antes que machuque alguém.

- Antes que machuque alguém? - Reclamou Maria. - Vocês sabem de alguma coisa. Até agora tínhamos que salvar ela antes que se machucasse. Agora ela pode machucar alguém. O que esta acontecendo? Como Alixandra conhece o castelo melhor do que eu de uma hora pra outra? Por que ela esta fazendo magias tão avançadas de uma ora pra outra?

- Silencio! - reclamou Nicole. - Ela pode nos ouvir.

- E qual é o problema dela nos ouvir? Por que estamos com medo dela?

- Porque agora ela é mais poderosa do que todas nós e não vai pensar duas vezes antes de eliminar o que estiver em seu caminho.

- E qual é o caminho dela? - Sibilou Lucy achando graça.

- Vamos embora! - Reclamou Belle. - Assim ela vai matar o Derek.

- Matar? - Se surpreendeu o gato. - Quando foi que começamos a falar em matar.

- Por que Alix ia querer matar o Derek. - Quase gritou Maria.

- Será que não perceberam? - Chorou Belle. - Aquilo não é a Alix. É outra coisa que esta usando o corpo dela.

Uma onde de terror assolou o coração das garotas, as sombras pareciam ser absorvidas e o frio agora vinha de dentro dos seus ossos. Lucy aparentava ser mais aterrorizadora do que nenhuma delas imaginou que veria. Finalmente compreenderam a razão de tantos adultos terem medo dela. Com olhos vermelhos e malignos com uma voz que parecia cortar a noite ela reclamou.

- Por que não me contaram isso antes?

Ciclo três

Alix não conseguia mais falar, sentia tantas emoções ao mesmo tempo, que nem conseguia identificar o que estava pensando. Ela tocava a mãe com uma aparência tão tranqüila e serena. Era difícil de acreditar que fosse ela de verdade.

- Não se preocupe mamãe. - Belle conduziu Abryele para outro lado. - Minha querida irmãzinha esta um pouco confusa, mas logo ela vai estar bem para o jantar.

- E quem é essa? - Abryele apontou para Lumina.

- Uma amiga de Alix. Nós vamos tomar conta dela.

- Hamlet parece nervoso. - Abryele brincou o gato na gaiola. - Por que ele não diz nada?

- Coloquei um feitiço de silencio, sabe como ele é tagarela não é mesmo?

- Ele sempre foi de falar muito. - Riu Abryele.

Do outro extremo da sala uma porta se abriu e Lucy surgiu em um vestido negro flutuando pela sala.

- Minha outra mamãe. - Belle abraçou Lucy carinhosamente. - Esta vendo Alix. Logo seremos uma família feliz, eu, você, papai e minhas duas mãezinhas.

- Quem é essa? - Perguntou Lucy analisando Alix.

- Minha meia irmã. Eu sempre te falei dela.

- Sei! A filha de Abryele! - Sorriu Lucy com seu olhar que Alix já conhecia de outros encontros. - Foi para isso que me chamaste. Que encanto.

- Não, minhas queridas mamães. - Belle bateu palmas. - Minha querida irmã esta confusa sobre os fatos e precisa de sua ajuda e instrução. Ela acha que ter as memórias apagadas é ruim.

- Nada melhor do que apagar suas memórias. – Respondeu Abryele. – Me disseram que havia muitas coisas que me afligia e incomodava, mas agora me sinto bem o tempo inteiro.

- Sempre que algo me incomoda ou tira o sono eu posso apagar e voltar a ser pura como um passarinho. – Contou Lucy. – Esse é o maior desejo das pessoas. Poder esquecer de tudo que te deixa triste e ser feliz sempre.

- As pessoas não são assim. Eu não sou assim.

- Escutei o suficiente! - Lumina se levantou ofegante e aparentemente recuperada. - Você esta corrompida pelo mal, alem de salvação e não vou permitir que você deturpe a minha mente nem a de mais ninguém.

- Lumina você não sabe do que esta falando. - Belle se levantou e se afastou cautelosamente. - Eu ainda tenho minha magia e ela é muito mais forte que a sua. Já disse que assim que se esquecer de tudo vai ser muito feliz.

- Prefiro sofrer com a verdade a mentira da ilusão. Se eu não posso te libertar da carta, então é melhor você morrer para que seu mal seja detido.

Lumina estourou em sangue como um balão de água e com uma expressão de espanto caiu aos pés de Belle jorrando sangue por milhares de cortes no seu corpo.

- Eu avisei. - Belle comentou sem muito interesse.

Alixandra saltou do sofá horrorizada e agarrou Lumina. - O que aconteceu?

- Lumina em parte é um elemental do vento. - Explicou Belle. - A ultima força da natureza que não enlouqueceu. Se tivesse sua terceira visão desenvolvida poderia ver a aura azul e as asas de vento que lhe deu o titulo de anjo azul. Aos quinze anos lutar mano a mano com ela era como enfrentar um cavaleiro de camelot. Em três décadas suas habilidades aumentaram e não foi pouco. Existia um bom motivo para que as sacerdotisas se livrarem das filhas do vento ainda jovens. Com um simples pensamento ela pode matar um pelotão inteiro, e com o passar dos anos ela desenvolveu 10 asas de vento capazes de destruir uma cidade inteira. Foi com isso que ela me atacou.

- O que você fez com ela? - Alix estava desesperada.

- Eu sou a Rainha dos horizontes sombrios. Todo ataque mágico se volta contra quem o fez. Ela sabia disso, mesmo assim achou que o que eles inventaram para burlar os escudos de magia funcionaria contra mim. Só que eu não uso um campo artificial. Suas asas precisariam ser mais fortes do que eu. E em magia ninguém é mais forte do que eu.

- Belle! Lumina esta morrendo. Faça alguma coisa. Você não pode fazer uma magia de cura? Sei lá!

- Impossível! Milhares foram atacados pelas asas de vento e ninguém sobreviveu. O corpo dela tem milhares de cortes profundos e finos como se fossem feitos por navalhas. Ela já perdão mais sangue do que precisa pra viver e não possui mais veias pra receber uma transfusão. Alem disso se tornou muito mais difícil de se fazer magia do que na sua época.

- O espião... - Sussurrou Lumina. - Quem era o espião?

- Ela quer saber quem era o espião. - Chorou Alix.

- Eu não acho que deva dizer. Ela vai ficar muito chocada.

- Não custa nada... - Lumina se esforçou pra falar e cuspiu sangue.

- O espião o tempo todo era sua própria líder.

- Eu? - Alix se desesperou. - mas como? Eu nunca faria isso.

- Veja bem! - Belle respirou fundo. - Minha amada irmãzinha e eu compartilhamos um vinculo especial. Por isso mesmo ela sempre soube que eu estava viva e como não fazia a mínima idéia de que eu era a líder dos seus implacáveis adversários não tomaram nenhuma providencia para me impedir de saber de tudo o que se passava. Agora que não existe mais o reino unido, império do Sol, irmandade da magia, governos mundiais ou o diabo a quatro, não existe ninguém pra me impedir de destruir o que sobrou deste mundinho ridículo e reconstruí-lo como eu achar melhor. E agora que Alix não tem mais utilidade como espiã, vai voltar a ser a minha querida irmãzinha.

- Belle! Você não pode fazer isso. Eu não sei fazer essas magias eu não tenho poder. Por favor, salve ela. Você não pode deixar ela morrer.

- Não se preocupe irmãzinha. Eu vou apagar essas lembranças tristes da sua memória e você nunca mais vai se lembrar dela.

- Eu nunca faria isso. - Alix chorava. - Eu nunca vou esquecer dela.

- Sim, você vai! Vai se esquecer dela e vamos ser todas uma família feliz.

Ouve um estrondo distante e as janelas tremeram.

- O que foi isso? - Estranhou Abryele.

Lucy tirou um pequeno comunicador que tremia e piscava, ela ligou e falou com ela. Logo deu a noticia: - Infelizmente temos que deixar a reunião de família pra depois. Estamos sofrendo um ataque.

- Sephirot esta tentando nos atacar? - Belle correu para a janela. - mas que mal eles podem fazer?

- Estamos sofrendo um ataque interno. No campo de batalha os arcanoides se infiltraram nas armaduras e entraram com os outros soldados. Já explodiram mais de vinte tanques de mana, tem um exercito de convocações destruindo a área de lançamento e estão usando nossas próprias armas contra nós.

- Espere um pouco. - Belle, já não estava mais sorridente. Ela correu para Lumina e na poça de sangue havia um pequeno comunicador que deveria estar escondido dentro do seu próprio corpo. - Você deu o sinal!

- Você perdeu... - Sussurrou Lumina. Com muita dificuldade sorriu e mostrou um tanque no meio de suas roupas ativado para explodir.

- Maldita! - Belle agarrou o braço de Alix com toda força e as quatro saíram correndo em disparada da sala. Em pouco tempo escutaram o estrondo e a sensação de serem sugadas. Por uns instantes as luzes se apagaram e tudo começou a tremer. Quando as luzes voltaram Alix viu em sua volta como toda estrutura das paredes estava danificada, as rachaduras aumentavam visivelmente, as paredes tremiam e aos poucos pedaços do teto e do chão se soltavam. Lucy usou sua magia e elas foram parar em alguma área segura do Gilgamesh antes que fossem esmagadas. Uma luxuosa sala com tapetes felpudos, sofás luxuosos e um lustroso piano de cauda.

Alix pode sentir em seu coração que Lumina estava morta. Ela nunca havia visto ninguém morrer antes e a primeira pessoa fora praticamente em seus braços. O pior de tudo era a sensação de impotência. Ela não pode fazer nada.Foi um grande choque e começou a tremer sem parar.

- Suicidas idiotas! - Cuspiu Belle tirando o pó da roupa e sorriu ajudando Alix tremula a se levantar. - Não sabem que todo o sacrifício é em vão. Mortes assim sempre são inúteis. Não importa o estrago que causem sempre vamos conseguir concertar. No final os vencedores são os que escrevem a historia. Quem vive é quem vence.

Ciclo quatro

As garotas alcançaram Alix do futuro, ela estava caída em frente ao portão que levava ao caminho do subsolo de Lamed.

- O que aconteceu? - Nicole ficou preocupada e desconfiada.

- Obvio! - Afirmou Maria. - Ela foi pega por um dos feitiços de segurança.

- Não! - Hamlet falou como um alerta. - Ela ainda esta com feitiços amarrados em seus braços. Não foi o que aconteceu.

- Ela esta bem? - Belle instintivamente se abaixou para vê-la de perto.

- Não! - Antes que Hamlet pudesse terminar, a porta se abriu e tanto Alix quanto Belle foram puxadas para a escuridão.

- O que foi isso? - Berrou Nicole. Desta vez ela ficou muito assustada.

- Uma das defesas! - Gemeu Lucy apanhando as coisas de Belle. - Eu disse que Tifereth tinha a maior segurança de toda Sephirot.

- Não devemos pedir ajuda? - Insistiu Maria enquanto elas desciam pela passagem escura.

- Este lugar parece mais abandonado que a outra entrada! - Observou Cassandra.

- Socorro! - Gritou Belle no meio da escuridão! - Esta me arrastando.

Imediatamente correram em resgate, assim que se aproximaram puderam ver Belle e Alix inconsciente sendo arrastadas pela perna. Imediatamente Maria aumentou a luz para poder ver o que a estava arrastando, era uma espécie de esfera que flutuava um pouco acima do chão. Conforme puderam ver ela possuía pele e respirava, tinha quase três metros de altura e possuía pequenos tentáculos. Para a repulsa e desespero de Belle tinha um enorme olho no fim do tentáculo. Havia olhos na ponta de todos os tentáculos e conforme a criatura se virou podia se ver que havia olhos por todo o seu corpo e no seu centro um enorme e aterrorizante olho, maior do que todos os outros, quase do tamanho de uma pessoa.

As garotas gritaram e Maria deixou cair sua insígnia, a criatura se virou e arrastou Belle que se debatia e Alix inconsciente.

- O que era aquela coisa? - Gritou Nicole. - O que era aquela coisa horrível?

- Um vigia! - Cassandra reconheceu. - O que uma coisa dessas está fazendo aqui?

- Quantas vezes eu tenho que dizer? - Lucy estava zangada. - As defesas de Tifereth são as piores do castelo. Nem queira saber o que teriam encontrado se essa Alix do futuro não estivesse deixando o caminho seguro.

- Temos que salvá-las antes que encontre alguma coisa pior. - Completou Hamlet avançando corajosamente.

- Existe coisa pior? - Cassandra se espantou.

- Como assim? - Maria engoliu seco. - O que é exatamente essa coisa.

- Alguns vigias são famosos por fazer um pacto aonde são convocados para guardar tesouros por 101. - Explicou Cassandra. - Geralmente estão ligados com alguém ou alguma coisa que avise caso o lugar seja invadido.

- Neste caso seria Kazam. - Avisou o gato. - Só que Alixandra retirou todo o contato que esse Vigia tinha, ele esta completamente por conta própria e desorientado.

- E o que ele vai fazer com as irmãs Pudim? - insistiu Maria.

- Se não salvarmos ele provavelmente vai devorá-las. - Alertou Hamlet mais à frente.

- Mesmo? - Nicole se surpreendeu. - Eu podia jurar que não tinha uma boca.

- E não possui. - Confirmou Cassandra. - Ele suga a magia com aqueles olhos e os fluidos pelo tentáculo. Quando termina ele deixa um cadáver seco, quase mumificado.

- O que essa coisa pode fazer contra a gente? - Maria suava com a antecipação.

- Cada olho possui uma habilidade diferente. Sugar magia com o olho grande, bloquear magia, transformar carne em pedra, queimar, causar sono, infringir medo, levita objetos, enfeitiçar e até matar. Eu não consegui identificar que tipo era. Reconhecer monstros não é a minha especialidade.

- Dessa vez eu concordo com a Maria. - Nicole engoliu seco. - Se for metade do que a Cassandra disse essa coisa é demais pra nós.

- Voltem vocês! - Reclamou Lucy. - Belle! Por que você não responde desgraça.

- Socorro! - Se escutou bem distante.

- Essa coisa corre! - Cassandra acelerou o passo atrás da criatura.

Nicole hesitou um pouco e foi atrás. Maria não pensou duas vezes, mas por algum motivo voltar não era opção. Ela procurou no baralho das fadas alguma coisa que pudesse ser útil. Ela não conhecia aquele baralho e não queria se arriscar. O cavaleiro de espadas montava uma raposa e usava uma lança. Ele parecia bem rápido. Quando foi ultrapassada pelo cavaleiro Cassandra preparou novamente seu baralho do Labirinto. Mais do que ninguém ela tinha uma idéia de como enfrentar a coisa.

Diferente do outro corredor que parece uma ruína esse estava mais para uma floresta, o chão estava coberto de musgo que o tornava escorregadio e conforme avançavam passavam por cogumelos cada vez maiores, alguns eram tão grandes e firmes como arvores. Hamlet balbuciou que aquele lugar não era para estar assim.

- De alguma forma por aqui se formou um campo distorcido de magia. Como se fosse um vazamento de magia e aqui se formou uma poça.

- Por causa disso os cogumelos gigantes? - Perguntou Cassandra.

- Isso é apenas o começo. - Anunciou Lucy. - Daqui pra frente vai piorar.

- Tem alguma coisa me prendendo. - Reclamou Maria.

Entre a floresta de cogumelos, pequenos cogumelos do tamanho de cachorros brancos se moviam e lançavam fortes tentáculos contra a perna e o cajado de Maria. As garotas ficaram alarmadas e outras dessas criaturas começaram a surgir.

- Não se desesperem! - Avisou Lucy usando a faquinha. - Usem magia de corte. Se baterem ou queimarem eles lançam uma substancia venenosa.

As criaturas eram numerosas demais para serem enfrentadas e as garotas trataram de se afastar delas o mais rápido possível. Pra surpresa delas o lugar começou a ficar mais aberto e iluminado. As paredes se tornavam rosadas e folhadas parecidas com um organismo vivo. A sensação era como se entrasse dentro de água.

- Esse lugar possui tanta magia diferente que me deixa tonta. - Comentou Nicole tentando caminhar entre uma nuvem de brigadeiros. - Porque ele se interessaria por Belle e Alix?

- Esta magia está suja e Alix é como um filtro natural. - Explicou Hamlet saltando nas bolhas que flutuavam no ar. - Belle também tem sua própria magia que é mais pura do que essa. Elas são como duas fontes de água cristalina em um pântano.

- Com o cajado de Belle eu posso limpar essa magia. - O cristal na ponta do cajado se iluminou como uma lâmpada. - mas eu também tenho meus limites. A energia precisa de algum motivo pra ser direcionada.

- Faça um campo em volta de nós. - Sugeriu Hamlet. - Se tentar filtrar toda a magia vai acabar ficando exausta e não vai conseguir.

O campo era nítido como uma bolha de sabão. As garotas caminharam pelo estranho fenômeno até um grande salão florido com quatro velhas estatuas de elefantes cobertas por relva e músculos. Das pedras do teto saiam fachos de luz parecidos com raios do sol. Deitadas no centro estavam Belle e Alixandra. O chão era escorregadio por causa do musgo e as garotas avançaram com mais cautela ainda. Conforme se aproximavam, a ilusão de ótica foi diminuindo por cauda do balé de cores dos flocos de magia que pairavam no ar e puderam ver a criatura em toda sua forma. Para o desespero das garotas, logo abaixo do grande olho do centro puderam ver a enorme boca do vigia.

Ciclo cinco

Após o choque da morte de Lumina Alixandra já não sabia onde estava, quando percebeu estava em uma sala maior e mais bonita do que a primeira. Sua mãe cuidava dela, limpando o sangue, Belle e Lucy estavam com um grupo de mulheres em uma espécie de sala de comando. Em uma grande mesa havia ume versão menor do Gilgamesh caminhando pela ilha da maça e nas enormes janelas cenas de vários lugares ao mesmo tempo. Aparentemente toda água do lago ao lado de Sephirot estava flutuando em forma de uma parede e de dentro de vários redemoinhos centenas de soldados saiam para o céu.

- Estão atacando em larga escala. - Lucy confirmou. - Zelda e os acólitos de Sídhe estão lá fora. Enquanto as forças de Camelot estão surgindo pela barreira.

- Rei Arthur montado em seu dragão. - Belle contemplou a imagem com um ar de saudades nos olhos. - Não importa. Arthur é um fraco. Quando teve chance se curvou perante as exigências de políticos patéticos e egoístas, assim perdendo o governo mundial. Não será ele que vai me deter. - Novamente se escutaram os estrondos. - Alguém pode me informar o que é isso afinal?

Uma das moças que estava cuidando de uma serie de mapas e conferindo uma bola de cristal se levantou para relatar e conforme falava as imagens surgiam na tela.

- Fomos informados que um grupo de Arcanoides se infiltrou nas armaduras e se infiltrou pelo castelo. Alguns estão atacando aleatoriamente e outros se dirigindo para pontos vitais. Depósitos de armas, salas de motores, hangares, rotas de escape estão todas em chamas. Eles estão usando um tipo de magia que nunca vimos antes. Não pode ser detectada ou mesmo bloqueada.

- Não é possível! Isso foi planejado com antecedência. Enquanto Eu pensei que estavam se preocupando apenas com a viagem no tempo... Eles planejaram tudo pelas minhas costas.

- Há um pedido para que todas as forças se dirijam para os canhões. - Informou uma outra garota.

- Negado! Aquela barreira provavelmente esta preparada para criar portais e desviar o ataque, assim como os soldados também são pequenos e estão perto demais para nossas armas de grande porte. Vamos combatê-los com as nossas tropas.

- E quanto aos canhões de Sephirot e aquela barreira? - Perguntou outra das mulheres.

- Eles nos subestimaram expondo o castelo. Lance o próprio castelo contra a barreira.

- Majestade! - Anunciou outra garota. - Os hangares 4 e 6 estão sendo invadidos pelos acólitos de Sídhe.

- Incendeie todas os corredores próximos. - Belle olhava para as imagens empolgada. - Temos que cauterizar a ferida.

- Majestade! - Anunciou outra. - Alguns comandantes estão reclamando que suas atitudes parecem desesperadas.

- Porque eles são burros! - Riu Belle. - Eles estão usando magia maldita de undergard. A única forma de se viajar por portais mágicos é atravessando as terras abissais. Existe grande possibilidade de planejarem abrir um portal aqui dentro para começarem uma invasão ou soltar as bestas. Avise as frotas próximas que eles vão ser atacados por Camelot. Toda a água agora é perigosa.

- Como sabe que vão atacar as frotas? - Perguntou Lucy.

- É um ataque desesperado. - Observou Belle. - Provavelmente não pretendem sobreviver. Não arriscariam que alguém venha nos socorrer.

- Confirmado. - Anunciou uma das garotas. - os portos avistaram um grupo de magos e agora estão atacando, mas perderam o elemento surpresa.

- O hangar 18 e 27 estão sendo abordados. - Anunciou outra garota. - As forças invasoras já souberam da estratégia de incendiar os corredores laterais e estão combatendo o fogo. Temos relatos de criaturas infernais que não se incomodam com as chamas.

- Ao que parece vamos ter que adiantar nosso plano. - Belle subiu as escadas para onde estava Alix e a fitou com um ar decepcionado. - Esta vendo minha irmãzinha? Seus amigos abriram as portas para undergard e estão liberando criaturas infernais na terra.

Alix olhou para as imagens sem saber o que dizer. Logo não havia mais imagens das criaturas.

- Liberem os tanques de radiação e direcionem para a área contaminada. - Ordenou Belle. - Mande reunir todas as tropas. Darei as ultimas ordens.

A porta se abriu e antes que Alix e Lucy saíssem, ela se dirigiu a Abryele.

- Limpe Alix e sabe aonde nos encontrar.

Abryele levou Alix até um quarto parecido com o que estavam quando Lumina morreu e pediu para que tomasse um banho e trocasse de roupas. Em seguida saiu apressada, deixando Alix sozinha, chorando ainda pensando em sua amiga que faleceu em seus braços. Ela já não sabia mais o que fazer ou mesmo em quem acreditar.

- Chorando outra vez meu raio de sol?

Alix se virou para ver de onde vinha a voz e pode ver Michelangelo tocando o piano e olhando para ela.

- Michelangelo! - Como você veio aqui?

- A porta estava aberta. Algum problema?

- Lumina morreu! Eu tenho que sair daqui. Eu tenho que salvar todo mundo. Eu tenho que voltar até o castelo. Por favor, me ajude.

- Tudo bem.

Michelangelo caminhou tranqüilamente. Alix hesitou um pouco antes de deixar Lumina e correr para a saída. Calmamente caminharam por enormes corredores e escadarias. Após caminhar muito e esperar em elevadores, estava meio anestesiada e não havia percebido quanto tempo passou ou todo o caminho que fizeram até que acordou com o barulho dos ataques. Estavam em um hangar quase destruído e as máquinas monstros tentavam se erguer contra o ataque das criaturas convocadas. Alixandra se viu cercada por chamas, máquinas e criaturas horrendas. Após um estrondo e uma lufada de ar percebeu que estava nos braços de um conhecido.

- Janus!

- Alix! O que você esta fazendo aqui? O que é esse sangue?

- Lumina morreu! Foi horrível.

- Sim! Nós sabemos. Vamos derrubar esse lugar.

- Janus! Você tem que me levar de volta. Eu tenho que salvar todo mundo.

Um estrondo soou e metade do mundo parecia cair.

- Não podemos seguir por aqui. Temos que ir para dentro.

- Você sabe para onde estamos indo?

- Sim! Tínhamos um espião dentro do Gilgamesh. Vamos tirar você daqui com os outros prisioneiros.

- Prisioneiros?

- O Gilgamesh estava cheio de místicos aprisionados. - Mostrou Medhal, parece que os sonâmbulos estavam fazendo experiências com eles. Temos que tirar todos daqui á salvo antes de derrubar este lugar.

Janus a levou até uma área mais segura aonde havia varias pessoas com uma aparência triste e desesperada. Entre elas os homens de Janus e uma figura inesperada usando o uniforme dos soldados de Belle ela pode reconhecê-la mais velha e experiente. Yuki Ogami.

- Algum sinal da rainha? - Perguntou Janus.

- Não! - Respondeu Yuki. - A rainha sempre usa um dublê com uma mascara. Mesmo na cidade proibida. Ninguém tem acesso ao alto escalão ou sabem exatamente em que parte da cidade eles se reúnem. Mesmo que encontrássemos a rainha e os lideres não saberíamos quem são.

- Yuki? - Alix se espantou. - Você que era a espiã do Gilgamesh?

- Eu sou a líder dos espiões. Temos vários espiões por aqui, apesar de não poder nos infiltrar nas áreas mais elevadas por causa dos exames minuciosos e lavagem cerebral. Pudemos conseguir a localização das áreas criticas e dos prisioneiros. Desculpe não ter lhe dito nada. Meu pai achou que Belle poderia ter sido capturada e o vinculo que vocês possuem fosse usado para nos espionar. Por isso fizemos esta operação em segredo de você.

Medhal que estava com o grupo fez um rápido gesto de desculpas com um sorriso e continuou a guiar os prisioneiros.

- Alix! Eu tenho uma surpresa para você! - Janus a agarrou sorridente e entusiasmado e lhe mostrou. - Olhe quem estava presa aqui todo este tempo.

Alix mal conseguiu respirar e sentiu seu coração acelerar tão forte que doeu. Era Belle, com uma aparência maltrapilha como todos os outros. Ela sorriu e mostrou a língua, com uma piscadela esfregou a uma arma carinhosamente na cabeça de Janus. Era a arma dele, por que ela estava com a arma de Janus?

Belle abraçou carinhosamente Alix como se não a visse por muitos anos e sussurrou em seu ouvido. - Quem vive vence. Uma palavra... E Janus perde.

Assim que ouviu aquilo a garganta de Alix se fechou e ela não conseguia pronunciar nenhum som. Então a terrível verdade surgiu em sua mente. O próprio Janus lhe deu a arma. Ninguém sabia que Belle era a líder do Gilgamesh, ninguém sabia que o Gilgamesh era comandado por Bruxos. Ela olhou a sua volta cada vez mais desesperada. Aquelas pessoas não eram prisioneiros. Eles iam ajudar os bruxos do Gilgamesh a saírem ilesos enquanto as pessoas normais morriam em batalha. E ela não podia dizer nada, pois Janus era refém de sua própria arma e não fazia a mínima idéia disso.

Belle e Janus aparentemente brincavam como dois amigos. Alix não podia deixar de perceber a arma que a cada instante estava por acaso apontada para uma parte vital de Janus. No hangar encontraram Zelda, ela estava mais velha e maravilhosa. De alguma forma lembrava a beleza de Érika e a força de Derek. Apos um breve cumprimento ela começou a ordenar que os prisioneiros entrassem nas máquinas de fuga.Alix já não escutava mais nenhuma conversa, os três foram para uma das máquinas de ataque dos arcanoides.

Por um instante o mundo parecia que ia acabar em uma chuva de fogo e metal derretido. Inúmeros soldados e máquinas atacaram e uma batalha começou. Janus ameaçou se juntar a batalha, mas Belle o segurou dizendo que estava com medo. Alixandra não conseguia saber o que fazer, quando mal pode ver estava sendo atacada. Yuki correu em sua defesa e ficou completamente a mercê de seus adversários para salvá-la. Janus podia ter feito alguma coisa, mas Belle o segurou a próxima coisa que Alixandra viu foi a cabeça de Yuki pairando no ar enquanto o seu corpo continuava cortando os soldados com suas espadas.

Finalmente o corpo de Yuki caiu inerte, a batalha estava terminada. Belle agarrou Alix e ambos entraram na máquina. Quando saíram voando Alix pode ver a cena de batalha, eram centenas de máquinas voando em um infinito combate aéreo, pareciam insetos em volta de uma lâmpada. Os gigantescos canhões do Gilgamesh atiravam em Sephirot, mas era em vão. O lago estava seco e uma barreira de água flutuava como uma parede em volta do castelo. Mas o contrario não acontecia, canhões quase do tamanho das torres atiravam no Gilgamesh e os estrondos ecoavam no ar. Conforme se afastavam podiam ver a devastação da floresta causada pelas ondas de vapor.

Belle ignorava tudo, ela apenas fazia perguntas para Janus que respondia alegremente como se estivesse hipnotizado. Ele contou que descobriram uma nova magia que sobrepujava as barreiras da psicociência em undergard. Também revelou que Medhal já suspeitava que ela tivesse sido capturada e sua ligação com Alix fosse usada pra espioná-los. Alix queria falar, mas não conseguia, Passaram por baixo da gigantesca parede de água e pousaram nas proximidades do castelo.

Ciclo seis

A presença do vigia afastou os flocos de magia e diminui a luz que saia das pedras. Ele olhou com curiosidade para as garotas com seus olhos.

- Ele pode estar melhor. - Comentou Hamlet. - Acho melhor conversar com ele.

Nenhuma das garotas se opôs.

- Olá senhor. - Hamlet se apresentou. - Espero não estar incomodando, meu nome é Hamlet eu sou um gato.

- Um gato? gato, gato gato... É um gato.

- Essas duas meninas por acaso são minhas. Gostaria de levá-las para casa se não se importa.

- Casa? Aqui é a minha casa. Como elas são as suas meninas? Você é um gato gatinho. Elas são gatinhas?

- mas é claro que elas são gatinhas. Gatissimas. Não esta vendo.

- Ela! Ela faz eu me sentir bem. Isso. Gostoso.

- mas é apenas sua impressão. Tem outras coisas que podem fazê-lo se sentir bem. - Hamlet fez um sinal para Lucy que saiu do campo com o cajado filtrando a magia turva a sua volta. Os olhos do vigia se interessaram e rodos se voltaram para a ponta do cajado de Belle que nas mãos de Lucy faiscava magia pura.

- Hamlet esta conseguindo conversar com ele. - Maria suspirou se aproximando para segurar Alix.

- Ele parece bêbado. - Observou Nicole.

- Isso é um mau sinal. - Alertou Cassandra que preparou seu baralho e fez sinal para que as outras fizessem o mesmo.

- Isso é apenas zelo ou algum pressentimento? - Nicole perguntou mudando sua forma para fantasma.

- Pressentimento. - Respondeu Cassandra se agachando para apanhar Belle.

- Isso não é nada bom. - Resmungou Nicole.

Tudo parecia estar bem quando Belle se recobrou e deu um berro ao ver o enorme vigia que se assustou. Um pulso de energia modificou a magia distorcida, as luzes se apagaram com exceção de alguns focos distantes e os flocos de magia luminosos. Para um grande salão de mármore e para as piores expectativas de Hamlet quatro estatuas de elefantes começaram a se mover e caminhar em direção as garotas.

Cassandra respondeu convocando sua carta nove de paus que era nada mais, nada menos que um enorme elefante com uma armadura de madeira e dois enormes aríetes ao lado.

Nicole atravessou o obstáculo e com o cavaleiro das fadas partiu para os tentáculos que prendiam Belle e Alixandra.

Lucy não pensou duas vezes, munida do cajado de Lucy, sua ponta ficou coberta de uma substancia que assumiu a forma de um martelo e com um golpe despedaçou um dos elefantes de pedra.

Apesar do mal estar que sentia Nicole conseguiu atrair a atenção do vigia que começou a tentar agarrá-la inutilmente. Após algum tempo começou a sentir que mesmo em sua forma fantasma o grande olho da criatura conseguia sugar sua magia. Ela não ia poder continuar com aquilo por muito tempo.

Assim que se soltou, Belle correu para Alix e começou a puxá-la ignorando o machucado em sua perna. Lucy se aproximou o suficiente para agarrar Alix e puxar as duas com toda força. Belle se espantou com a força que Lucy tinha pelo seu tamanho. Assim que pegou seu Baralho do olho das bruxas convocou a primeira carta que pegou.

Ouve um leve tremor de terra e uma pedra cresceu do chão, em cima uma velha com um capuz e um enorme livro aberto. Era a ermitã e um dos seus poderes era controlar criaturas.

A quarta estatua caiu e o elefante de Cassandra atacou o vigia que já estava tendo dificuldade em se livrar do controle da ermitã do olho das bruxas.

Cansado de lançar os destroços das estatuas em Nicole e na ermitã o vigia começou a atacar as outras garotas. Estava claro que apenas as cartas convocadas não seriam o suficiente para derrubar a criatura.

- Quanto mais a gente precisa da Yuki aonde é que ela se mete? - Reclama Belle.

- Yuki não fica no castelo a noite. - Explica Maria. - Ela mora no distrito oriental com o pai dela.

- Essa resposta foi muito inútil. - Reclamou Belle que já sabia que Yuki morava no distrito oriental.

Maria convocou seis duendes com cordas que laçaram os piores olhos da criatura. Cassandra e Lucy partiram para seus ataques manuais. Até mesmo Hamlet atacava os tentáculos que podia. Finalmente o Vigia conseguiu um ataque que afetasse Nicole. Ela voltou a sua forma sólida e ele a agarrou com um dos seus tentáculos livres. Maria convocou uma fadinha pintora, ela começou a cobrir os olhos da criatura de tinta e ele foi aos poucos ficando cego e incapaz de lançar magias. Finalmente Lucy saltou com os dois pés e conseguiu derrubar a criatura no chão.

Nicole se soltou, as garotas agarraram Alix e fugiram da criatura, para ter uma terrível descoberta. Outros dois vigias menores estavam bloqueando a passagem de volta e vindo em sua direção.

- Por favor! - Gemeu Maria se segurando para não chorar. - Me diga que esses dois são controlados pelo professor Kazam.

- Se importa se for mentira? - Perguntou Hamlet.

- O que fazemos agora? - Gritou Belle finalmente percebendo seu machucado na perna.

- Vamos continuar pelo outro lado. - Anunciou Lucy.

- Vamos atravessar todo o caminho de novo? - Reclamou Maria.

- Os carros rápidos. - Lembrou Cassandra. - Por essa passagem eles estão intactos?

- Não vai ser necessário. - Gemeu Alix. Ela cambaleou tonta ficou de joelhos e apoiando a cabeça no chão. Por alguns instantes juntou as mãos e puderam ver a magia a sua volta sendo sugada. Os símbolos nas paredes descascaram e caíram, algumas estatuas começaram a esfarelar. Até mesmo os vigias pareciam doentes. Ela colocou as mãos no chão e todas puderam sentir a vibração. Três mãos gigantescas saíram do chão e agarraram os vigias.

- Alix do futuro! - Acusou Nicole.

Alixandra olhou surpresa para Nicole. Ainda estava tonta e confusa, por alguns instantes respirou fundo e começou a se localizar melhor onde estava.

O vigia se recuperou e partiu para cima delas. Alix saltou e atacou a criatura. Em três golpes a criatura caiu, logo saltou na parede como uma aranha para tomar impulso. O vigia se levantou aparentemente recuperado e agarrou Alix. Imediatamente as garotas ajudaram e rapidamente ele soltou um urro e estourou como se fosse uma escultura de barro com o ultimo golpe de Alix, derrubando boa parte da parede e do telhado.

Ela juntou as mãos e outro fluxo de energia tremeu em volta das garotas, o ar já não dava a impressão de estarem de baixo d'agua e os flocos de magia se dissolveram. Alixandra do futuro juntou as duas mãos no segundo e lançou um merazoma fazendo o vigia explodir lançando ela no chão. Rapidamente foi apanhada pelo segundo vigia e as garotas partiram para ajudá-la.

Com dificuldade Alix lançou os dejetos negros de magia como um líquido, filtrar toda aquela quantidade de magia não era tarefa muito fácil, já não dava mais saltos e golpes motivados. Novamente sugou a magia, mas em uma quantidade bem menor e lançou uma bola no vigia que se incomodou, mas não se sentiu muito abatido. Finalmente Alix se lançou em uma serie de golpes até que finalmente a criatura estourou derrubando novamente Alix no chão que descarregou toda energia suja que estava no seu corpo.

Alix estava cansada e visivelmente desgastada.

- O que aconteceu? Por que você desmaiou? -Belle perguntou preocupada.

- Eu não sei! - Respondeu Alix. - Alguma coisa com a outra...

Finalmente Alix parecia estar completamente consciente do que estava acontecendo.

- Alguma coisa com a outra Alix? - Perguntou Cassandra. - A nossa Alix.

- Eu sou a sua Alix! - respondeu Alix do futuro.

- Não exatamente! - Nicole a botou no seu lugar. - E você poderia evitar problemas colaborando conosco.

- Você nos deve uma. - Concordou Cassandra. - Você desmaiou e foi pega pelo vigia. Se não fosse pela gente estaria morta.

- Vocês têm razão. - Concordou Alix do futuro tomando fôlego. - O que eu posso fazer por vocês?

- Você realmente pretende matar Derek? - Maria perguntou visivelmente exaltada.

- O futuro é um lugar desolado. - Alix respondeu com ar desolado. - A natureza esta enlouquecida, por isso é muito mais difícil usar mágica, furacões são tão comuns quanto chuvas hoje em dia. O calor derreteu as calotas polares e com o mar enfurecido restou muito pouco lugar para vivermos. Existem muitos poucos humanos e não existe água e comida o suficiente para todos. Nós recebemos a culpa e somos caçados pelos sonâmbulos com suas máquinas que destroem a natureza. Ninguém tem esperança de sobreviver muito tempo mesmo. Nada mais razoável do que destruir aquele futuro.

- E Vai me dizer que é tudo por culpa do Derek? - Maria engoliu seu medo e se posicionou, esperando um ataque.

- Chamamos isso de efeito borboleta. - Explicou Alixandra do futuro. - Uma simples borboleta bate suas asas aqui e isso gera uma serie de conseqüências que vai causar uma tormenta do outro lado do mundo. Mas não precisa a se preocupar. Se ele sobreviver antes do final desta semana você estará morta.

- Matar alguém é um crime muito grave. - Afirmou Hamlet. - Vai causar muitos problemas pra Alixandra.

- Eu sou Alixandra. - Respondeu zangada. - Eu aceitei isso de livre e espontânea vontade.

- Se sabe tanto sobre o futuro então poderá impedi-lo sem matar Derek. - Insistiu Nicole.

- Eu já fiz isso antes. - Alix suspirou. Aparentemente já estava melhor com seu fôlego recuperado. - Duas vezes se não se lembra.

- Vamos te impedir. - Avisou Cassandra determinada. - Mesmo que seja preciso te prender.

- Não acho uma boa idéia. - Alix riu. - Vocês não sabem muito sobre saltos no tempo não é? Acha mesmo que teríamos todo esse trabalho para mudar o tempo e destruir toda a existência de uma realidade se ainda existisse alguma esperança? Enquanto eu estou aqui, sua preciosa Alix esta no meu futuro, a mercê de perigos que vocês não podem imaginar. Meu desmaio foi um sinal de que por lá ela também ficou inconsciente no futuro. Provavelmente ela esta com algum problema, talvez mortal. Se alguma coisa acontecer com ela eu fico aqui pra sempre e vocês nunca mais vão ver a jovem Alix de novo.

Ouve um momento de silencio e as garotas ficaram muito angustiadas com aquilo.

- É mesmo? - Lucy reagiu com zombaria espantando as garotas. - Pois eu tenho um outro ponto de vista.

- E qual seria? - Provocou Alix do futuro.

- Você não passa de um acumulo de lembranças, memórias e experiências que veio do futuro e agora esta no corpo de Alix. Por isso você é a própria Alix agindo como potencialmente seria daqui ha 30 anos.

- Exatamente. - Concordou Alix do futuro. - Achei que já tinha deixado isso bem claro.

- Acontece, minha cara memória de um futuro que ainda não aconteceu. Que eu mesma tenho um bom conhecimento de manipulação de memória e especialistas disso, neste castelo é o que não falta. Só tenho que eliminar todas as memórias que Alix absorveu depois de ontem, assim ela voltara exatamente ao que era, sem nenhuma lembrança do que aconteceu esta noite.

A Alix do futuro levou um susto e depois suspirou desconcertada. - 30 anos de planejamento e de hipóteses para essa missão e você acaba com tudo em trinta segundos?

- Essa é a vida meu bem. - Respondeu Lucy preparada pra lutar.

- Bem! Não pense que vai ser fácil. Eu sou a bruxa mais poderosa do meu tempo e mesmo com as limitações impostas por esse lugar, esse corpo é muito jovem e ágil. Vocês não vão me derrotar e não vou permitir que saiam da área neutra para alertar ninguém do castelo.

- Você pode ser poderosa. - Nicole ficou sombria, Maria se levantou, Belle preparou seu baralho, Cassandra também a cercou, e em uníssono responderam. - mas nós somos cinco.

Ciclo sete

Belle estava ansiosa por entrar no castelo e se controlava pra não correr. Janus estava alegre porque ela estava ansiosa. De repente Alix sentiu alguma coisa, podia falar o feitiço de Belle havia desaparecido.

- O que foi isso? - Belle se assustou. - Uma barreira antimagia?

- Não se preocupe. - Janus respondeu mexendo em um mecanismo oculto que abriu uma porta nos muros do castelo. - Assim que entrarmos no castelo poderemos usar magia normalmente.

- Porque não estamos com os outros prisioneiros? - Perguntou Alix olhando para a arma na mão de Belle.

- Os prisioneiros estão sendo levados até a nova Camelot que fica em Sídhe. Nós vamos encontrar os outros em Sephirot.

- Não tem nenhum soldado aqui? - Alix espiou.

- Não se preocupe. Todos os soldados estão em batalha ou posições estratégicas, eu desativei a segurança só pra nós entrarmos. Alem disso, magos podem andar por aqui com mais liberdade.

- Foi muito bom ouvir isso. - Um sujeito vestindo uniforme inimigo surgiu com uma arma apontada para Janus. Ele estava com uma aparência no mínimo deplorável. - Eu já estava cansado de não poder usar minha mágica.

- Tiamat seu traidor. - Janus se preparou para atacar. - Eu pensei que você estava morto.

- Eu tenho bons amigos. - Hadad fez um gesto e um grupo armado surgiu de toda parte, escondidos entre os destroços. - Pessoas com quem se pode contar. Sabe como é.

Os soldados rapidamente cercaram e renderam Janus o imobilizando com a cabeça no chão. O aparente líder dos soldados surgiu por trás de Belle e Alixandra. - Lembra-se de mim?

- Claro Enkidu! - Respondeu Janus. - Reconheci logo seu cheiro. Uma pena que pensei que fosse um gambá morto.

- Nós formávamos um grande grupo. - Bufou Enkidu com lagrimas nos olhos. - Por causa de vocês Tiamat, Enlil, Kishar, Ninlil e Inanna... Até nosso líder Bel... Estão todos mortos.

- Parece que faltou dois. - Bradou Janus. - mas ainda tenho tempo.

- Acabem com ele! - Gritou Enkidu. - Não precisamos dele pra nada.

- Não precisamos de você também. - Hadad apontou sua arma para Alix e disparou.

Belle era muito mais forte e rápida do que Alix podia imaginar, antes que pudesse perceber ela estava na sua frente sangrando por causa de receber o tiro que era pra ela.

- Por que? - Hadad se assustou. - Majestade, por que fez isso?

Foi questão de um pequeno instante e vários corpos estavam no ar. Janus havia se libertado desarmado seus algozes e enfrentava os inimigos de peito aberto. A cada movimento parecia que dois soldados caiam no chão.

- Hadad! - Belle gemeu de raiva e de dor. - Sabe porque eu salvei você da perseguição das bruxas? Sabe qual é a sua função?

- Fazer tudo o que você quiser majestade. Eu morreria por você.

- Então morra. - Belle descarregou a arma de Janus em Hadad que caiu coberto de sangue.

- Não! - Enkidu que ia socorrer seus homens contra Janus se voltou ao ver o companheiro morto. Ele correu armado em direção de Belle e Alixandra, faltava apenas um momento para que ela morresse e Janus surgiu agarrando o pelo pescoço contra a parede. Enkidu esperneou e puxou uma faca para golpear Janus que permanecia imóvel. Alixandra correu para salvá-lo, ela segurou a mão do homem. Pelo menos havia feito alguma coisa, havia salvado Janus. Ela olhou para o homem que morria sufocado e para a expressão vazia de Janus que o estrangulava firmemente. Alix contemplou as dezenas de cadáveres a sua volta e percebeu todo o sangue e ferimentos em seu amigo. O homem morreu estrangulado pelas mãos de Janus que já havia morrido há algum tempo.

Alixandra ficou mais chocada ainda. Desta vez era Belle que estava morrendo. Ela pediu ajuda e Alix não soube o que fazer. Poderia correr para o castelo para voltar no tempo... Ela não podia fazer isso. Belle estava morrendo para salvá-la. Com muita dificuldade a carregou para dentro dos muros do castelo.

- Por que esta chorando. - Belle riu.

- Você esta morrendo. Lumina morreu, Yuki, Janus e agora você esta morrendo.

- Eu já disse. - Riu Belle. - Na natureza quem vive vence. Acha mesmo que eu posso ser derrotada de uma forma tão fácil assim? Eles não vão conseguir derrotar a Gilgamesh sem uma quantidade enorme de perdas. Sephirot vai cair de qualquer maneira e todo o lixo que me serve como esse que você viu vai morrer. Vou começar com minha tropa especialmente selecionada e teremos tudo pra começar com você ao meu lado.

- O que você pretende fazer agora? Por que quer tanto entrar no castelo?

- Esqueceu que ninguém sabe quem eu sou? Todos pensam que eu sou apenas a sua tola irmãzinha. Vamos entrar no castelo e pegar Cassandra, Érika, as meninas do clube de eventos e todas as pessoas que podem participar do meu mundo novo.

- mas Érika esta louca! Pelo menos é o que todos dizem.

- Só por causa das memórias do tal Rembrandt! Eu não tenho esses escrúpulos idiotas. Assim que apagar a existência dele da memória dela ela vai ficar ótima. Eu mesma fiz isso em mim. Já nem sei quem é esse sujeito há anos.

- Como vai fazer isso?

- Não viu como mamãe nos transportou? Agora mesmo ela, papai e a sua mãe estão em segurança. E com um feitiço que só a maior bruxa do mundo pode fazer vou mandar todos pra lá. Ninguém vai perceber já que estão ocupados lutando contra o Gilgamesh.

- Eu ainda não consigo entender o porque. Por que você esta fazendo isso?

- Pode se dizer que eu tenho uma visão religiosa de que todas as pessoas existem apenas para me entreter.

Alix sentiu um empurrão no peito e caiu longe de Belle.

- Como é possível? - Belle já estava em pé apesar de seus ferimentos lutando contra Medhal de igual pra igual. Ambos se moviam mais rápido do que podiam ver.

- Eu percebi que você tinha Janus de refém desde o começo. - Disse Medhal tomando fôlego. - Não sei como ainda dizem que sou paranóico.

- Você é velho demais. - Belle cuspiu sangue. - Não tem como me vencer.

- Eu não esperava te vencer. - Medhal tomou fôlego e gritou. - Ë o colar que segura ela no corpo.

Como um fantasma ela atravessou a parede silenciosamente e se aproximou até ser tarde demais. A figura grotesca estava em cima dele e já não podia fugir.

- Nicole? - Belle gritou horrorizada. - Não é possível! Você esta morta!

Nicole agarrou Belle e atravessou ela levando uma outra Belle para fora do seu corpo. O colar estourou em milhões de pequenos fragmentos. Alix compreendeu imediatamente. Aquela era a carta incorporada a verdadeira rainha dos horizontes sombrios. Enquanto as duas figuras fantasmagóricas se debatiam no ar Belle caiu como uma marionete sem cordas.

Alix se aproximou e pode ver sua expressão de dor, medo e arrependimento. Agora ela realmente parecia uma pessoa baleada e que estava morrendo.

- Você esta bem? - Alix perguntou tentando segurá-la carinhosamente, mas Medhal a segurou.

- Esta doendo... Esta doendo muito.

- Belle! Nós vamos te ajudar, não se preocupe.

- Eu ... Eu fui fraca. Foi tudo culpa minha.

- Não! - Alix consolou chorando. - Não foi culpa sua. Foi culpa da carta.

- Eu... Eu sempre pensava em desincorporar amanhã. Eu sempre deixei pra depois e permiti que ela controlasse a minha vida. Agora ela tem vida própria. E foi culpa minha.

- Ela tem razão. - Concordou Medhal. - Ela não é mais uma convocação. Sugou a vida de Belle pra se tornar real. - Medhal puxou Alix e delicadamente colocou o corpo de Belle no chão. - Vamos! Você já viu tudo o que tinha pra ver. Ainda existe uma missão pra você. Tem que chegar na enfermaria e despertar Cassandra. Você sabe aonde é.

- Não vou sem ela. - Alix agarrou Belle. - Na ala hospitalar eles ainda podem salvá-la.

Medhal não disse nada e a ajudou. Alix se concentrou. Ela não podia ficar triste, não podia pensar em mais nada. A nunca coisa que importava era voltar ao seu tempo tudo não passaria de mais um sonho ruim. Ela e Medhal correram para a torre de Kether, tinham que chegar a área hospitalar. Seguido de um estrondo sentiram um forte impacto. O chão começou a tremer como um terremoto e as torres começaram a quebrar derrubando enormes destroços. Alix se virou e pode ver a imagem aterradora. Era o Gilgamesh, havia batido na barreira de água e estava desmoronando. A barreira não ia agüentar e ele ia cair bem em cima do castelo.

- A situação é pior que eu imaginava. - Grunhiu Medhal. - Eles vão precisar de mim. Maldição!

- Eu vou voltar sozinha. - Afirmou Alix com convicção. - Pode deixar.

- Parem com essa bobagem. - Medhal empurrou e agarrou Alix. - Olhe nos meus olhos e preste atenção. Você não tem que fazer nada de errado, apenas fale comigo no passado e mande essa mensagem. “Sthag o pirralho Dietrich por Kal Bhairab”

Alixandra não entendeu o que ele quis dizer.

- O que isso quer dizer?

- Apenas diga que eu devo fazer o Sthag em Dietrich por Kal Bhairab. È importante que você se lembre desses nomes fazer o Sthag por Kali, a mando de Kal Bhairab. Repita comigo.

Alixandra acordou gritando

- Sthag por Kali, Kal Bhairab.

- Eu coloquei um comando em você! - Avisou! - Agora não vai esquecer essa frase. Passe para minha versão no passado. Medhal correu em direção a batalha e deixou Alix sozinha com sua missão. Ele saltou no ar e começou a lutar contra a figura da rainha. Alix podia ver o ódio em seu rosto, a rainha não tinha a mínima chance contra Medhal e Nicole.

Alixandra não pensou duas vezes e correu para a torre ignorando os pedidos de Belle para abandoná-la. Ela pode ver a entrada de Kether, só precisava chegar no segundo andar e tudo estaria bem. Mas para sua surpresa na entrada encontrou a ultima pessoa que esperava ver.

- Bel! Não é possível. Você parece uma barata!

- Enquanto vocês estavam ocupados eu consegui me arrastar pra fora da área de antimagia e usar meu feitiço de cura. - Ele sorriu ensangüentado e rasgado, decididamente não tinha tido um dia muito fácil.

- Você... Você vai me matar agora?

- Não vadia! Você vai sofrer... Vou fazer você sentir 100 vezes mais dor do que eu sofri. E não tem ninguém pra te salvar agora.

- Errado! - Belle atirou no braço de Bel e sua mão voou. - Rápido! - Gritou para Alix e se soltou dos seus braços. Pegue a arma.

Alixandra correu e segurou a arma antes de Bel. Com toda dor do mundo ela apontou a arma pra ele. - Pra trás! - Gritou. - Pra trás.

- Não aponte isso pra mim. - Bel sorriu de uma forma a dar piedade. - Você não é uma assassina. Não vai me matar. Não é a sua índole.

Ouve outro estrondo terrível. Alix se virou e pode ver Gilgamesh se desfazendo sobre as torres de Sephirot. O castelo estava caindo, conforme as torres tombavam uma nuvem de fumaça tão grande quanto as próprias torres ruía em sua direção.

- Acabou! - Bel estava estupefato. - Gilgamesh e Sephirot caíram. Ninguém ganhou. Não existe mais vencedor nem vencido, apenas sobreviventes. Abaixe essa arma, temos que fugir da nuvem de entulho e destroços.

- Não caia nessa. - Gritou Belle. - Ele vai tirar a arma de você e te matar. Já vi esse filme milhares de vezes. Eu mesma fiz isso varias vezes.

- Não adianta ficar com essa arma. - Insistiu Bel. - Você não vai me matar. Se me matar vai se tornar tão ruim quanto eu.

- Bobagem! - Gritou Belle com lagrimas nos olhos! - Eu matava uma pessoa e já esquecia no fim do dia. Ele mata e fica se gabando para os amigos. Janus matava e ficava com as mortes na consciência. Matar por medo, matar por ódio, matar pra cumprir seu dever, matar pra se defender, matar por prazer... São coisas completamente diferentes. Mate ele!

- Não escute ela! - Gritou Bel. - Matar vai te transformar em uma assassina. Não importa o que diga.

- Eu enganei, menti e manipulei meio mundo, mas sempre soube muito bem o que era certo e errado. - Chorou Belle. - Soldados matam na guerra. Policiais matam protegendo as pessoas e isso nunca vai fazer deles assassinos. Matar uma pessoa é só uma circunstancia, não definem quem a pessoa é. Mas as razões sim.Você vai matar em legitima defesa e ele quer te matar por prazer. Não diga que isso os torna iguais.

- Isso é besteira. - Gritou Bel! - Você não tem motivos pra me matar.

- Não tenho? - Alix se enfureceu com lagrimas nos olhos. - Tudo isso é culpa sua. Você tirou o dinheiro da minha mãe. Você fez Derek matar Rembrandt. Você começou tudo isso. Você disse que ia me matar.

- Eu estava cumprindo ordens.

- Não é sempre assim? - Zombou Belle.

- Quem diabos é você seu maracujá de gaveta? - Bel gritou furioso.

- Eu sou a rainha que você prometeu servir, verme. - Belle cuspiu Sangue.

- Belle! - Alix abraçou Belle que agonizava no chão. - Você esta bem? Belle?

- Esqueça de mim. - Gemeu com força. - Você tem que voltar no tempo e concertar tudo. Nós todos nos sacrificamos por você. Quem vive é quem vence. Você tem que viver.

- Nenhum sacrifício vale a pena. - Chorou Alix. - Não posso deixar você morrer.

- Lembra o que papai disse quando o encontramos pela primeira vez? Seu nome é Alixandra. Significa a salvadora da humanidade.

- E o seu é Belle, que significa Beleza.

- Combina muito com você.

Então novamente Alix viu alguém morrer. E a pessoa que morreu era Belle e foi em seus braços. Ela pode ver sue rosto, lindo como ela nunca imaginara, iluminado e com as mais puras lagrimas que poderiam existir. Ela ascendeu ao céu e se dispersou. Novamente o mundo começou a andar. Os sons da destruição. Gilgamesh e Sephirot caindo. O corpo pesado e frio de Belle em seus braços. Bel com a arma de Belle apontando pra sua cabeça.

- Vamos pra dentro da torre. - Ordenou. - Não quero estar aqui quando aquela nuvem chegar.

Ciclo oito

- Vamos analisar a situação friamente. - As garotas se prepararam para uma luta terrível e cercaram a Alixandra do futuro, mas para sua surpresa ela decidiu conversar e a cada palavra elas se surpreendiam e a insegurança tomava conta de seus corações. - Eu venho de trinta anos do futuro, tenho 55 anos, experiência em batalhas, naturalmente me alimento de magia e tenho o poder de toda essa parte do castelo incluindo todas vocês, conheço todas vocês intimamente, seus pontos forte, suas franquezas. Lucy é uma bruxa com mais de 300 anos presa no corpo de uma garotinha e com capacidades de magia bem limitadas, Nicole pode virar fantasma e pensa que nada pode te machucar, mas eu posso, me acredite, Cassandra é uma bruxa excepcional para uma garota de quinze anos, só que dizem que eu sou a melhor do mundo, Belle pode incorporar as cartas do olho das bruxas, mas não sabe usar essa habilidade e não é capaz de resistir à personalidade das cartas, conheço todas as habilidades que você ainda vai descobrir que tem, Maria é praticamente uma garota indefesa, alem disso eu ainda tenho um repertorio de feitiços totalmente desconhecido pra vocês e o corpo de Alix como refém.

As garotas estavam visivelmente abaladas com o discurso de Alix.

- Não caiam nessa, garotas. - Gritou Hamlet. - Nós podemos vencê-la com nossas habilidades.

- Puxa! Um gato que fala. Que impressionante. - Zombou Alix. - É melhor você sair de perto papai.

- Falar pode ser muito útil queridinha. - O gato se posicionou atrás de Belle. - Garotas! Ela não pode usar sua magia a menos que deixem. Concentre-se em seus feitiços e ela não vai poder fazer nada. Façam o pior que puderem.

- Eu convoco o imperador do reino encantado. - Maria anunciou sua intenção de lutar, um velho e robusto duende, surgiu com uma enorme espada e uma águia pousada em sua coroa.

- Eu invoco a Força da princesa lobo. - Gritou Belle. Uma bela jovem de cabelo curto e armadura de batalha surgiu empunhando uma lança e acompanhada de um lobo branco gigante. Belle estendeu os braços e seu tornou a princesa com direto ao seu cajado se alterando em uma mistura de cajado e lança.

- Eu convoco Der Teufel o impiedoso. - Chamou Cassandra. Uma terrível figura alada surgiu, com dois longos chifres, o corpo cobertos por uma serpente e correntes, e uma espada flamejante. Ligados a corrente vinham dois belos jovens também alados e de aparência angelical. Um rapaz e uma garota.

- Eu convoco a imperatriz do nheco-nheco. - Convocou Nicole. - Uma gatinha de pelúcia com uma fitinha na cabeça, bolsinha e segurando um pergaminho surgiu.

- Você esta brincando. - Alix se espantou. - O seu baralho secreto era de bichinhos nhenhecos? Realmente pretende me enfrentar com eles.

- Acredito que tenho mais surpresas pra você. - Avisou Lucy puxando o seu baralho. - Eu invoco a justiça de Gattaca. - Uma mulher tão branca como a própria Lucy, surgiu empunhando uma espada dourada em uma mão e uma lança na outra. Tinha longas asas negras, usava um vestido vermelho e uma longa faixa amarrada nos olhos.

- Você tem um baralho? - Alix se espantou, mas... Como?

- O baralho da noite. Também conhecido como baralho dos vampiros. Normalmente eu não o uso, pois não tenho poder pra isso, mas Belle me emprestou um cetro e agora posso fazer a magia que eu quiser. E se for contar com experiência e magias que você não conhece... Eu venço.

Alixandra do futuro já não parecia tão contente.

- Pela sua surpresa eu posso ver que não sabe tudo o que vai acontecer. - Alfinetou Hamlet. - O que quer dizer que nossas chances aumentam a cada minuto.

- Baralho das fadas, vampiros, bichinhos fofinhos, nada disso importa. - Alix levou a mão para sua bolsa de couro atraindo a atenção do gato. - De onde eu venho, eu sei tudo sobre isso.

Alix tirou lentamente uma carta do seu baralho dos sonhos e com um olhar triunfante foi atacada por Hamlet. - Não a deixem tirar a carta.

A princesa nheco-nheco arrepiou seus pelos e de seus olhos saiu um raio que estourou a parede. Em seguida as outras figuras das outras cartas atacaram em conjunto, seguido de suas donas.

- Não a deixem juntar as mãos. É assim que ela faz magia. - Gritou Hamlet. - Maria, Belle vocês tem habilidade de luta corpo a corpo. Segurem-na.

Alix perdeu as cartas e tentou lutar contra os 12 ao mesmo tempo, mas descobriu que o corpo jovem de Alix não era tão habilidoso quanto ela se lembrava. Muito pelo contrario, após anos de treino e exercícios a Alix de 55 anos era muito, mais rápida, ágil e resistente que sua versão de 14. Mesmo que fosse apenas contra Maria e Belle incorporada, teria dificuldade para vencer. Rapidamente estava estirada no chão com Belle lhe segurando pelos braços.

- Guarde o baralho dela. - Hamlet ordenou para Nicole. - Em sua outra forma ela nunca vai pegar de volta.

- Eu admito que vocês me surpreenderam. - Admitiu Alix recuperando o fôlego. - mas existem algumas coisas que sabemos no futuro que vocês não sabem.

- Como o que? - Perguntou Lucy de forma provocadora.

- Os magos avançados, por exemplo. - Continuou Alix. - Sabe porque juntam as mãos em sinal de prece antes de fazer alquimia mental?

- Sim! - Respondeu Lucy. - As junções dos braços formam um circulo que substitui o uso de um diagrama complexo ou circulo alquímico.

- Exatamente! - Sorriu Alix. - E eu consigo fazer uma coisa que nenhum outro mago consegue. Por isso recebi o titulo de melhor do mundo.

- E o que é? - Hamlet já se preparou pro pior.

- O circulo com uma mão. - Alix juntou o polegar com o dedo médio em forma de circulo e com um estalar de dedos uma lufada jogou Belle pra longe dela.

- Isso é brincadeira! - Lucy mal podia acreditar.

Ninguém podia dizer que as garotas fizeram besteira ou ataques desordenados, simplesmente Alix era mais rápida e muito mais poderosa. Com um estalar de dedos fazia uma barreira contra um ataque, com outro estalar de dedos criava mãos saindo da terra para agarrar as garotas, com outro estalar de dedos abria uma janela no ar para que um ataque de Belle atingisse uma das convocações. A principio pensaram que podiam cansá-la, mas era exatamente o contrario. Alix podia destruir as convocações facilmente, mas isso as faria mudar de estratégia. Elas é que estavam ficando fracas em usar as convocações.

- Parem de atacar. - Ordenou Hamlet. - Recuar.

Antes que pudessem se agrupar Alix agarrou Belle e a fez de refém.

- Puxa! Isso foi divertido, mas acabou a brincadeira. - Sorriu Alix. - Saiam do meu caminho.

- Não Alix! - Nicole parou no caminho. - Nem ao menos começou.

- Por que esta dizendo isso Nicole?

- Porque você é a Alixandra Pudim. Alixandra Pudim do futuro o diabo a quatro, mas ainda assim Alixandra Pudim.

- Você nunca aprendeu meu nome direito não é mesmo?

- A principio quando eu vi o seu poder eu pensei em uma luta com alguém que eu conheço, Derek, Kazam, alguns monstros bem ruins que eu não queria me lembrar deles, até mesmo da velha forma do Pendragon. - Lucy teve um instante de saudade. - Então eu percebi que não havia comparação, primeiro que você é mais poderosa do que qualquer um deles e não é nossa inimiga. A qualquer momento você pode nos matar de uma vez simplesmente estalando seus dedos e não vai fazer isso.

- Muito bem que entendeu isso. Agora pare de atrapalhar minha missão.

- Não Alix! - Hamlet foi severo. - Você nunca teve chance.

- Se quiser matar o Derek vai ter que me matar primeiro. - Afirmou Belle.

- Você não sabe o que esta dizendo. - Alix começou a ficar com lagrimas nos olhos. - Você esta influenciada pela carta. Por esse personagem.

- Será mesmo? - Desafiou Cassandra. - Você esta disposta a perder a Belle? Esta disposta a perder qualquer uma de nós?

- Será que vocês não entendem? Estou fazendo isso por vocês. Pro futuro de vocês. Qualquer sacrifício seria permitido.

- Então eu não te ensinei nada. - Respondeu Hamlet. - Nenhum sacrifício vale a pena. Todo sacrifício é em vão.

Abaixou a cabeça em duvida. - Eu não posso mais parar.

- Eu sei que eu não faço parte da turma. - Maria admitiu. - Eu ainda não conheço você direito. Mas eu conheço esse olhar. Esse é o olhar de quem já perdeu e olha uma foto que um dia teve um significado muito maior. Mas agora você voltou no tempo e esta com ela em seus braços de novo. Esta disposta a perdê-la de novo?

- Minha irmã... - Alix choramingava, com lagrimas nos olhos. - Eu não pensei que seria assim. Eu não pensei que seria assim.

- Alix! - Hamlet avisou. - O próximo ataque que eu ordenar vai ser com força letal. A única forma de nos vencer será nos matando.

- Não tem idéia do que esta em jogo aqui.- Alix derramava lagrimas. - Você não sabe o que eu passei. Você morreu, pra mim todos vocês estão mortos.

- NÃO SE EU PUDER EVITAR!

A frase veio seguida de uma serie de relâmpagos e trovões, mal pode perceber e uma chuva de espadas reluzentes seguida de um homem severo montado em uma nuvem. Belle rapidamente se soltou e Alix só teve tempo de destruir a aparição e suas laminas. Mas logo em seguida veio Lumina Mwangaza montada em seu tapete e a atropelou violentamente.

- Lumina! - As garotas reconheceram cheias de felicidade.

- Maria! Eu trouxe as suas coisas. - Lumina entregou um pacote pra Maria.

Atordoada Alix tentou se levantar e imediatamente foi recebida pelo ataque comandado por Hamlet. - Ataquem pra matar! - Alix imediatamente percebeu a intenção verdadeira e se defendeu como pode. Primeiro veio a justiça Gattaca, em seguida o imperador rei do reino encantado e sua águia, seguido por Der Teufel e a imperatriz nheco-nheco. Assim que a carta convocada por Maria foi destruída ela convocou uma nova carta do seu próprio baralho. O baralho dos elementos.

- Eu convoco a natureza enforcada. - Centenas de cipós cresceram em uma fração de segundos, com flores de cristal crescendo tentando amarrar o corpo de Alix.

- Eu não sei o que esta acontecendo, mas eu vou participar. - Anunciou Lumina com seu baralho das tempestades. - Os amantes dos céus. - Um casal brotou em meio às nuvens que se formaram um soltando faíscas e a outra, lascas de gelo.

Desordenadamente Alix se livrou de todos os ataques até que pos trás do gigantesco lobo veio Belle com sua lança. Por um instante Alix ficou aterrorizada com a idéia de revidar com força total e se controlou para apenas atordoá-la, mas foi um embuste. Belle se desviou e Alix acertou o ar, apenas para encara completamente despreparada as presas de Lucy.

Por um instante tudo ficou parado, as próprias garotas não sabiam como reagir perante a cena. Até mesmo Belle perdeu sua incorporação com o choque. O sangue subia visivelmente pelas presas ofídicas. Alix finalmente reagiu e chutou Lucy para longe e caiu com seu pescoço aberto jorrando sangue. Lucy se levantou triunfante e colocou sua mandíbula deformada no lugar, levou um tempo até seus olhos ficarem sem o sangue injetado.

- Você... Você... - Maria mal podia falar. É uma vampira de verdade?

- Eu pensei que ela bebia o sangue pela garganta, não pelo dente. - Observou Lumina.

- Isso esta longe de me deter. - Alix passou a mão no pescoço e sua magia a recuperou completamente.

- Você esta enganada! - Anunciou Lucy! - Há muito pouco tempo esse corpo em que você esta recebeu uma transfusão de sangue do Rembrandt. Seu poder de mímica fez seu corpo absorver as propriedades peculiares de antimagia. Como não houve tempo do sangue ter sido renovado em poucos minutos eu vou estar com todos os meus poderes de novo e neste mesmo tempo você estará tonta pela perda de sangue. Calculo que o feitiço para reparar essa ferida em tão pouco tempo consumiu uma boa magia. Até mesmo pra você.

Alix apenas olhou para ela ofegante.

- Alix! - Gritou Belle ao voltar ao normal. - Alix esta ferida.

- Não se preocupe. - Disse Hamlet. - Ela esta um pouco tonta, mas esta bem.

- O que esta acontecendo por aqui? - Perguntou Lumina.

- Nós vencemos. - Respondeu Nicole.

- Graças a mim. - Lumina sorriu.

- O que você esta fazendo aqui? - Perguntou Cassandra. - Não que eu não esteja feliz por te ver, mas como você nos achou?

- Spunky me acordou no meio da noite porque meu estojo de maquiagem estava brilhando. - Lumina mostrou o sinalizador. - Eu vi que vocês tinham vestido os uniformes e estavam no meio da passagem de Nun, então eu percebi que Maria também não estava no quarto e pensei que vocês a meteram em uma confusão. Eu peguei meu tapete, as coisas dela e voei pra cá.

- Nós devíamos ter pegado tapetes. - Pensou Nicole. - Teria evitado muitos problemas.

- Mesmo com o tapete... Como você passou pelos Gwecopyns gigantes?

- Isso não é nada. - Lucy se espantou. - Se ela não pegou os carros rápidos, nem teve o caminho aberto por Alix, como passou pelo salão das águias? Mesmo com o tapete elas teriam te atacado.

- Águias? Carros rápidos? Qwec-o-que? - Lumina não entendeu nada. - Do que vocês estão falando?

- Espera ai! - Pediu Maria. - Você fez todo o caminho pelo lado de cima?

- Não! - Lumina coçou a cabeça. - Eu vim por dentro da passagem de Nun mesmo.

- Ela veio por cima. - Confirmou Cassandra.

- Você não pensou nos alarmes? - Nicole criticou a atitude da amiga.

- Que alarmes? - Lumina ficou zangada com a falta de agradecimento. - Eu vim aqui salvar minhas amigas. Os alarmes dos corredores atraem socorros.

- Escutou isso Alix? - Lucy riu. - Lumina disparou todos os alarmes que você evitou. Todo mundo já sabe que nós estamos aqui. Vai me dizer que você consegue enfrentar os cavaleiros-dragões de Sephirot?

- Quem? - Perguntou Belle.

- mas que lastima. - Reclamou Nicole. - Ou você sabe demais ou então não sabe de nada? Qual é a sua?

- Os cavaleiros-dragões são a elite de Sephirot. - Explicou Maria. - São os mais altos magos do reino no castelo. Alguns deles são mestres de casas e altos oficiais.

Um grupo de cadetes apareceu imediatamente verificando o que estava acontecendo. Maria imediatamente se identificou e afirmou ter controlado a situação, agora deveriam levar as garotas pra enfermaria. Lucy avisou sobre uma infestação de Gwecopyns próximos a entrada do dormitório feminino. Alix olhava desolada e até desesperada.

Foi então que ele apareceu. Havia acordado a poucos instantes, mesmo assim estava pronto e arrumado. Tudo foi muito rápido e nem ao menos deu tempo para uma reação. Mal perguntou o que estava acontecendo e já percebeu o sangue fresco no chão e em cima de Alixandra.

Belle não sabia como reagir, Maria percebeu tarde demais, o gato tentou ficar no caminho, mas não pode fazer nada, Lumina não fazia a mínima idéia do que estava acontecendo, Cassandra e Nicole tentaram impedir, mas estavam longe demais, até mesmo Lucy mal percebeu e ela já estava nos braços dele.

O tempo parecia ter parado e aquele terrível momento parecia ter durado uma eternidade. As garotas olharam impotentes para Derek segurando Alix nos seus braços. Ela olhou bem para ele, para seus olhos, ele a segurava firme e estava preocupado. Fazia perguntas sobre o sangue em cima dela e os sinais de batalha que haviam destruído o aposento. Era um verdadeiro cavalheiro. Não. Ele era um cavaleiro de armadura que veio para salvá-la. Qualquer um pensaria isso dele. Qualquer um, menos ela. Ela sabia o que ele tinha feito e todas as terríveis conseqüências dos seus atos. Ela mesma havia voltado no tempo por causa dele.

Derek olhou para o circulo que ela fazia com o polegar e o dedo médio. Ninguém podia fazer mais nada para impedi-la.

- Nicole! - Ela olhou nos olhos da amiga. - Você tinha toda razão sobre mim. Eu nunca vou desistir de você. Eu sempre vou estar. Não fuja dessa Alixandra como a minha Nicole fugiu de mim.

Nicole ficou atônita com as palavras de Alix.

Alix se virou Maria e Lumina. - Digam pra outra Alix dar uma chance a vocês. São amigas maravilhosas.

- Não precisa ser assim.- Falou Lucy. -Eu disse que podia te apagar, mas também existem maneiras de conseguir te preservar.

- Eu prefiro assim. - Afirmou Alix nos braços de Belle. - Eu quero olhar pra minha irmã.

- Papai, Lucy, por favor, cuidem bem da Belle. Prometam-me que nunca vão pensar que ela vai estar melhor sem vocês por perto.

- Eu prometo! - Prometeu Lucy.

- Hamlet. - Colocou sua pata em sua mão e concordou com a cabeça.

- Algum recado do futuro? - Perguntou Cassandra. - Alguma coisa que queira me pedir?

- Você sempre foi perfeita. Não existe nada pra pedir pra você. - Alix sorriu. -Obrigada por tudo.

Em sua época diziam que era a bruxa mais poderosa do mundo. Tinha todo o poder do mundo na ponta dos seus dedos e podia fazer qualquer coisa simplesmente estalando os dedos.

Então Alix estalou os dedos.

Ciclo nove

Apesar de Alixandra até aquele momento acreditar que não podia acontecer nada de pior, sua concepção sobre o mundo virar de cabeça para baixo quanto o céu se rachou, o chão começou a tremer e tudo começou a cair para cima.

- O que esta acontecendo? - Berrou Bel.

- Como é que eu vou saber? - Alix berrou e se aproveitou do momento de distração de Bel. Segurou suas mãos, concentrou e tocou no seu peito com toda força.

SPAZO

Bel voou para o outro lado da entrada e bateu tão forte na parede que abriu um buraco. Sua magia de cura teria muitos problemas para concertar esse estrago. O chão continuava tremendo e Alix tentou se agarrar em alguma coisa.

Não apenas o mundo havia virado de cabeça pra baixo, mas Alix teve um estranho problema de visão. A paisagem parecia estar se alterando conforme ela olhava. Em meio à confusão e desespero uma pessoa caminhava tranqüilamente como se não estivesse acontecendo nada de mais. Michelangelo com seu inexpressivo sorriso acenou para Alix. - Raio-de-sol! - Ele chamou.

- Michelangelo. O que esta acontecendo? - Perguntou Alix. - Porque o mundo esta acabando?

- Eu pensei que fosse obvio! - Michelangelo a ajudou a se levantar. - Em algum período do tempo a historia foi irremediavelmente alterada e agora esta linha do tempo esta sendo descartada da continuidade da existência.

- Como assim? - Bel o ameaçou com uma arma. - O que você quer dizer?

- Antigamente se acreditava que se um evento no tempo fosse alterado isso causaria uma ruptura interdimensional e um novo universo nasceria das duas possibilidades. - Michelangelo explicou. - Só que o universo é único e possibilidades não passam de conjecturas, sabe como é; trocar seis por meia dúzia, de ponta cabeça por cabeça pra baixo.

Bel caiu desconsolado com sua arma na mão e vendo a figura patética aos seus pés Alix teve um lampejo de lucidez.

- Edson! - Ela puxou sua roupa. - Você disse que um período do tempo foi alterado. Foi o meu período.

- Provavelmente. Sua versão futura fez alguma coisa de importância crucial no tecido da realidade e desmanchou a costura.

A olho nu Bel começou a alterar sua aparência, inclusive sua arma. Ele ficou velho, machucado, saudável novamente, gordo...

- O que foi isso? - Bel começou a se desesperar quando a arma virou um coquetel e sua aparência ficou a de um turista bronzeado. - O que esta acontecendo?

- A realidade ainda esta tentando se adaptar, mas acredito que a mudança é forte o suficiente para descartar toda essa realidade.

- Faça parar! - Gritou desesperado. - Eu ordeno que faça parar.

- Será que você não tem noção do ridículo? Você não passa de um personagem bidimensional de segunda classe muito mal elaborado. Você sabe muito bem dessa sua patética posição e ao invés de fazer algo de sua existência, ficou se esgueirando atrás de verdadeiras figuras de autoridade na vã esperança de ter alguma posição de destaque e se iludindo com os flashs de gloria de outra pessoa. Você nem mesmo ocupou um espaço terciário. O universo não precisa de você.

- Não pode ser! Não pode ser! - Bel apontava a arma desesperado, mas de acordo com as alterações às vezes ele não era ele.

- Você esta sendo repetitivo. - Michelangelo perdeu todo o interesse por ele.

- Aonde esta Edson? - Alix berrou desesperada. - Ele tem que me mandar de volta.

Ao longe Alix pode reconhecer uma figura sombria que conhecia muito bem. Ela tentou correr contra o mundo que ao mesmo tempo se alterava e caia para cima, já não havia muitos resquícios do campo de batalha que ali existira há poucos segundos. As torres se alteravam de forma e aparência conforme os destroços caiam no buraco do céu.

- Nicole!

- Alixandra. O tempo esta acabando.

- Eu sei! Aonde esta o Edson?

- Venha comigo! - Nicole segurou a mão de Nicole e correram pelo campo que se alterava constantemente. Para seu desespero sua amiga começou a se alterar. Diferente da paisagem e de Bel outras versões de Nicole começaram a sair do seu corpo, algumas eram intangíveis e outras sólidas, algumas estavam, mais a frente e outras atrás como se fossem imagens repetidas, algumas pareciam com a criatura grotesca e outras eram mais como a Nicole que ela conhecera em seu tempo. Em um momento a figura que segurava a mão desapareceu e já não sabia mais qual é a verdadeira.

- Nicole você esta bem? - Alix gritou.

- Não se preocupe. - Responderam as Nicoles, umas mais cedo e outras mais tarde. - Isso acontece todas às vezes. O mundo morre mais eu continuo.

Áreas inteiras e arvores começaram a cair para cima até mesmo pessoas estavam caindo para o céu. Em determinado ponto varias Nicoles começaram a cair para o rasgo no céu que aumentava, cada vez mais nítido podia se ver uma espécie de chão mal formado do outro lado do rasgo. O desespero começou a tomar conta de Alix, era como se o próprio ar que respiravam estava sendo sugado.

Nos campos de Sephirot havia arvores com a aparência de Érika e algumas versões indefinidas e translúcidas flutuavam no ar sendo levadas. As duas entraram na torre de Kether, as paredes mudavam o material em que eram feitas e às vezes o lugar onde estavam as portas e as escadas. O chão e as escadas se alteravam, em um momento eram acarpetados, em outro eram restos destroçados, conforme o piso e os degraus se alteravam se tornava difícil de andar. Os corredores começavam a se alterar violentamente,

Com certa dificuldade pode identificar Thomas e alguns membros dessa equipe.

- Onde está todo mundo? - Perguntou Thomas?

- Não é importante. - Gemeram as Nicoles fantasmagóricas. - Fizeram suas escolhas, mas ela deve voltar.

- Tem razão. - Thomas chamou a equipe de técnicos visivelmente desesperados. - Quanto mais rápido você voltar, mais rápido concertamos tudo isso.

- Cassandra já esta preparada na cama. - Respondeu Janus. - Vamos levá-la até o quarto e conectá-las.

- Janus? - Alix levou um susto. - O que você esta fazendo aqui?

Alix olhou a sua volta e muitas pessoas que não deveriam estar lá, estavam e outras que não deveriam estar mudavam e desapareciam. Em outro estrondo uma parede foi sugada com outro pedaço de chão e caiu para o céu levando muitos que estavam por, lá, inclusive copias de Nicole. No quarto as máquinas estavam mudando e assim como Nicole havia varias versões de Cassandra inconscientes espalhadas. Janus tentou pegar as máquinas, mas suas mãos atravessavam o metal.

- Soleil! Ajude Nicole. - Pediu Thomas.

- Soleil? - Alix se espantou. - O que você faz aqui?

- Eu estou sentindo! - Thomas falou maravilhado. - As possibilidades, o que poderia ter sido eu estou sentindo.

Outro estrondo seguido de um tremor e grande parte do teto e das paredes foi para o céu com muitas versões de Cassandra.

- Parem com isso! - Gritou Bel. - Eu vou fazer vocês pararem.

Antes que pudesse fazer alguma coisa Lumina surgiu, retirou a arma de Bel e o matou atravessando sua espada pelo seu peito.

- Lumina! Me ajuda aqui. - Gritou Janus. - Essa máquina não esta funcionando direito.

- Não é a máquina. - Reclamou Thomas. - esta com falta de energia. Precisamos de mais Mana. - As máquinas ligaram e começaram a apitar. - Ela vai voltar! - Gritou Thomas. - A Alixandra no passado decidiu voltar por vontade própria.

- Estou vendo. - Anunciou Janus. - As versões da máquina. Tudo esta fazendo sentido. É tudo interligado, faz tudo parte da mesma coisa.

- Eu também. - Disse Lumina. - Estou começando a ver tudo. É maravilhoso.

Com um estrondo a torre se partiu em duas grandes partes, uma das máquinas subiu para o céu com Janus e Lumina. Alguns assistentes se seguravam, mas as mudanças tanto no cenário como neles fazia com que caíssem no céu.

- Não existe mais máquina. - Gritou Thomas.

Outra parte do castelo se foi com o resto dos assistentes, Thomas e Alix estavam desolados, completamente desesperados. Algumas das copias de Cassandra apareceram acordadas, todas sorridentes e alegres.

- Não precisa se preocupar Alix. - As Cassandras disseram da mesma forma desarmoniza que Nicole. - Tudo vai ficar bem.

As mudanças começaram a ficar cada vez mais violentas. Bel gritava desesperado que era horrível e caiu para o céu horrorizado.

- É lindo! - Thomas sorriu enquanto sua fisionomia mudava rapidamente por tudo o que ele poderia ter sido enquanto Soleil ficou maravilhada. - Agora tudo faz sentido. Tudo esta ficando tão claro.

Uma lufada levou Thomas e Soleil pra longe junto com as máquinas. O vento aumentava e as coisas continuavam a cair cada vez mais.

- O que é lindo? - Alix começou a chorar desesperada. - O que está tão claro?

- Nós pensamos que todo este universo, esta realidade iria desaparecer e que deixaríamos de existir. - Responderam as verias versões de Nicole que se multiplicavam. - Finalmente eles compreenderam. Eu compreendi. Existimos. Sempre existiremos.

- Agora nós vamos ir.- Cassandra se despediu. - Nós sempre estivemos com você e isso é maravilhoso.

- mas o que vai acontecer comigo? - Alix chorava desconsolada.

Centenas de versões de Cassandras e Nicoles flutuaram para o céu com as camas e os corpos de Cassandra. O mundo a sua volta girava e tudo começou a ficar indefinido, tudo estava sendo sugado pela fenda do céu e ela mesma já não podia ser vista. Até o próprio som parecia ter sido tragado.

- Por que esta chorando meu raio de sol? - Perguntou Michelangelo com sua expressão serena, parado como se nada de extraordinário estivesse acontecendo.

- Eu estou com medo. - Alixandra o abraçou desesperadamente. - Estou com muito medo.

- mas já não lhe disseram que não precisa temer?

- Sim! Mesmo assim eu não entendo.

- Se você for ficar com medo por não entender das coisas não vai sentir outra coisa.

- Por que tudo esta desmoronando, mas continuamos por aqui?

- Porque não pertencemos a esse lugar. - Michelangelo acariciou o seu rosto e pela primeira vez pareceu sentir alguma coisa, algum sentimento. - Você não precisa ver o que vai acontecer agora. Se quiser você pode ir pra casa.

- Eu posso? Como?

- Eu vou te levar pra casa. - Disse uma voz atrás dela.

Alixandra não pode acreditar na voz que ouviu, ela se virou devagar com medo do que ia encontrar e lá estava ele. Rembrandt sorria mais bonito do que ela podia imaginar, usando uma roupa branca e de pés descalços. Não havia nenhuma marca em seu rosto. Ela tocou sua mão com medo de que ele não fosse real. Mas era. Ela podia sentir sua pele macia. Tocar seu rosto.

Rembrandt estava lá com seu sorriso sincero e em meio aquele caos a sua volta ele pode ver nitidamente um salão do castelo aonde ela estava caída cercada por suas amigas. Assim centenas de versões fantasmagóricas da própria Alix começaram a preencher todo o lugar e já não podia mais nada.

- Você é Alixandra do futuro? O que você fez?

- Eu usei todo o meu poder para colocar um feitiço em Derek. - Disseram as Alixandras.

- E o que esse feitiço faz?

- Ele transforma Derek em um verdadeiro cavaleiro e o obriga a proteger Rembrandt, como o herói que no fundo ele sempre quis ser.

- Obrigado. - Rembrandt agradeceu.

- Estou feliz de ver você antes de ir Rembrandt.

- Eu também. - Cumprimentou Rembrandt.

- Esta na hora de voltar para o seu lugar. - Disseram as Alixandras.

Alixandra se sentiu pesada e caiu.

No corredor destruído os cadetes se amontoavam arrumando os destroços. Alixandra estava dormindo nos braços de Nicole e cercada por suas amigas. Estava tudo bem agora.

Lumina esfregou os olhos com sono e perguntou. - Podemos ir dormir agora?


Continua...

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