Capitulo seis

06

Sephirot


Ciclo Um

Alixandra acordou em uma cama que balançava suavemente, havia um tubo de soro em seu braço e um curativo em sua mão direita. Ela olhou para as costas da sua mão e havia uma tatuagem. Ela estava em um hospital? Por que a cama parecia se mexer? Um arrepio percorreu sua espinha quando viu na cama ao lado Belle sentada com um olhar vazio perdido. Ela pensou em falar com Belle, mas ficou apreensiva.

Olhando para ela estava um homem grande e sombrio, com um olhar assustador e desafiador, mas em seus lábios havia um sorriso que parecia sincero.

- Garota você tem muita sorte, parece que aquele sangue que você recebeu do Rembrandt, lhe passou suas habilidades curativas por algumas horas e isso te salvou.

- Rembrandt?

O homem apontou para os olhos e ela se lembrou do rapaz com olhos cada um de cada cor.

- há... – Reconheceu Alixandra.

- Foram doze Therapevos e um farmako que ele usou em você.

- Therapevo? Farmako? O que é isso?

- As magias que Rembrandt aplicou em você. Saiba Farmako não é uma magia pra qualquer um. Digo. Não é qualquer um que pode fazer.

- Magias? Ele é um bruxo?

- Nós preferimos evitar o termo bruxa, devido à má interpretação e também evitar relação com contos de fada.

- Como devemos chamá-los então?

- O termo oficial é Magos senhorita.

Alixandra parou alguns instantes pra pensar. Ela olhou para as janelas e viu uma bela paisagem das montanhas em movimento. Estavam em um trem. Era difícil acreditar que existisse um trem tão grande assim, o quarto em que estavam era mais largo do que a sua casa e ainda havia duas portas. Quão grande seria aquele vagão?

- Para onde estamos indo?

- Sephirot! – Respondeu o homem. – Se importa se eu fumar?

- Não!

Alixandra abaixou a cabeça desolada. Já ouvira muitas historias sobre Sephirot, era o maior campo de concentração para bruxos que existia localizado na ilha das maçãs no reino de Camelot a milhares de quilômetros do seu país. O homem pegou uma bandeja cheia de comida que estava em um carrinho e entregou para Alixandra.

- Coma. – Ordenou. - Você esta muito fraca.

Alixandra sentia o seu corpo todo formigando, qualquer movimento que fazia sentia um desagradável estalo. A comida era leve e mal tinha sabor.

- Quanto tempo eu dormi?

- Cinco dias.

- Por que simplesmente não me deixaram morrer?

- Acho que sua mãe não gostaria.

- O que sabe da minha mãe?

O homem tirou um caderninho do bolso e folheou por alguns instantes.

- Ela esta no hospital da capital do norte. O medico disse que deveria ter sido internada há alguns meses.

- Eu sei! mas não tínhamos dinheiro.

- Não precisa mais se preocupar com dinheiro. Já deve ter ouvido do dinheiro que o governo concede aos parentes dos jovens místicos convocados.

- Não ouvi não.

- Os Arcanos dão uma quantia de dinheiro substancial para compensar a perda dos seus entes queridos.

- Como os soldados que morrem na guerra?

- Mais ou menos.

- Realmente vão me separar da minha mãe porque eu sou bruxa.

- Vão! mas os filhos têm que sair de casa mais cedo ou mais tarde.

Uma enfermeira entrou no vagão trazendo um carrinho cheio de coisas e fez uma rápida verificação na garota.

- Uma recuperação milagrosa. – Comentou com um sorriso.

- Eu me sinto péssima. – Respondeu.

- Você estava à beira da morte. – A enfermeira puxou uma seringa.

- O que é isso?

- Vitamina!

A enfermeira deu uma injeção em Alixandra, doeu muito. Depois lhe deu um monte de comprimidos para tomar antes de comer. Ela forçou para engolir os comprimidos e a papa sem gosto.

- Posso me levantar?

- Só se quiser mostrar o seu bumbum pra todo mundo ver.

Alixandra percebeu que não estava vestindo nada por baixo do seu avental.

- Você é uma companhia muito melhor do que a sua amiga ali.

Alixandra olhou para Belle sentada na cama ao lado com seu olhar vazio. Nunca a vira daquela maneira.

- Existe um erro! – Confessou Alixandra. – Belle não é uma... Foi um engano, confundiram ela comigo.

- Não é nenhum engano. – Respondeu o homem. – Ela é uma arcana de nível Gama. A família dela já sabia disso há anos, seu pai usou a influencia que tinha para que ignorassem isso e tentou conter o seu poder com amuletos contra feitiço. Uma medida inútil já que esses amuletos são feitos para pessoas sem habilidades mágicas. Sem falar que se gastam muito rápido com bruxas de alto nível como vocês.

- Alto nível? – Alixandra olhou para Belle que mordia o lábio inferior.

- O que é essa coisa na minha mão?

- Um selo de magia, assim não vai mais ter manifestações espontâneas.

- Foi o que imaginei. – Respondeu Alixandra.

Ciclo dois.

O trem se aproximou de uma enorme muralha que se estendia por todas as montanhas, pela janela podia se ver ao longe uma gigantesca base militar. Aviões e helicópteros se movimentavam pelo enorme aeroporto. O estomago de Alixandra se revirava, eles estavam chegando a Sephirot.

O trem parou e uma espera angustiante começou. Militares entravam e saiam carregando coisas. Um oficial entrou no vagão acompanhado de dois soldados. Olharam para os papeis que estavam na mesa.

O homem sombrio entrou atrás deles.

- Essas garotas são Eslavas. – Comentou o Oficial. – O que estão fazendo tão longe? Deveriam ir para Holloway.

- Os planos foram mudados. – Disse o homem sombrio.

- Com a ordem de quem?

- Minha.

O oficial colocou os papeis de volta e se retiraram. O homem sombrio se aproximou de Alixandra.

- Como você esta?

- Bem melhor, eu acho.

- Consegue andar?

- Acho que sim.

- Agora estamos na cidade militar de Tor. - O homem deu um suspiro e se sentou. – Aqui existe um hospital, muito bem equipado. Se precisar você pode descer e será tratada por grandes profissionais com o melhor equipamento do mundo livre.

Alixandra não gostou de ouvir aquela palavra: Livre.

- Eu já estive pior. – Respondeu.

- Acredito que sua amiga também não vai querer ficar.

Ambos olharam para Belle que continuava respirando profundamente. O homem jogou um pacote que carregava debaixo do braço na cama.

- Eu trouxe roupas para vocês, vista sua amiga antes de chegarem a Sephirot.

- Aqui não é Sephirot?

- Sephirot fica à uma hora daqui.

Alixandra abriu o pacote e encontrou um vestido bem gracioso no estilo gótico. Parecia um vestido de festa. Porque queriam que elas vestissem algo tão exótico?

- Os uniformes foram feitos baseados em seus corpos. As medidas foram feitas enquanto estavam inconscientes. Espero que não se importem.

- Não! Obrigada!

O apito soou!

- Eu vou deixá-las a sós para se trocarem.

- Senhor! – Alixandra chamou a atenção dele. – Porque não ficamos em Holloway que era em nosso país. Porque nos trouxe tão longe até Camelot?

- Rembrandt me pediu! Porque parece tão triste?

- Porque minha mãe continuou lá! Longe de mim.

- Eu não disse que sua mãe estava na cidade ao norte da sua! Eu disse que ela estava na cidade do norte.

O homem foi embora a deixando atônita. Sua mãe também estava em Camelot, à cidade do norte era uma famosa província de Camelot. Mesmo assim ela ficou intrigada. Porque aquele garoto pedira que ela fosse levada tão longe? E quem ele era para ter tanto poder a ponto de transportá-las para outro país?

Alixandra vestiu a calcinha e uma camisola, não havia nenhum sutiã no pacote. Colocou uma meia 7/8 que era bem mais quente do que parecia. Colocou o vestido rendado sem mangas bem folgado com muitos laços para amarrar e ajustar no corpo. Ela duvidou que aquelas roupas fossem feitas sob medida, pois eram bem folgadas e ela teve que apertar os laços. A jaqueta possuía mangas largas e rendadas abaixo dos cotovelos. Havia uma touca e um colar, que ela apenas deixou frouxo em volta do pescoço. Os sapatos realmente foram feitos sob medida, nunca calçara nada tão confortável em toda sua vida.

Ela nem ao menos teve coragem de falar com Belle, apenas se levantou e a vestiu como se fosse uma boneca grande. Não esperava que ela tivesse nenhuma reação mesmo. No Maximo desviou o olhar para não encará-la. Com a touca e os cabelos penteados, quase voltou à aparência que tinha, mas seus olhar vazio e perdido continuava.

Alixandra percebeu que o trem passava por um desfiladeiro pelas montanhas e ao olhar pela janela viu a coisa mais fantástica da sua vida. Em um belo vale, cercado por um fantástico labirinto de plantas, um castelo gigantesco com nove torres majestosas, que se perdiam em meio à neblina das montanhas. O castelo era muito maior do que a sua cidade. Ela chamou a atenção de Belle que por alguns instantes também ficou maravilhada.

- Olhe Belle! É Camelot!

Sempre escutara historias sobre o fabuloso Castelo de Camelot o maior castelo do mundo, mas nunca imaginara que fosse tão grandioso.

Houve uma batida na porta.

- Pode entrar. – Disse Alixandra entusiasmada.

O homem surgiu novamente trazendo casacos.

- O trem vai chegar na estação final em poucos minutos.

- Eu... Nós vimos o castelo de Camelot. – Disse entusiasmada.

- Quando? – Perguntou com um sorriso.

- Agora. Pela janela.

- Aquilo não era Camelot.

- Não? – Alixandra ficou surpresa.

- Claro que não! Camelot fica a 150 quilômetros daqui. Esse é o castelo de Sephirot.

- Mas... Ele é tão grande.

- Grande? Ele caberia nos estábulos de Camelot. – Dizendo isso entregou os casacos para as duas.

Alixandra ficou um pouco decepcionada e pensativa, enquanto vestia o casaco em Belle.

- Eu esqueci de perguntar o seu nome senhor.

- Medhal! – Ele respondeu com um sorriso. – Pode me chamar de Medhal.

O trem entrou em um túnel nos meio das montanhas e parou em uma estação subterrânea. Alixandra pegou Belle pela mão que a acompanhou atrás do homem. Alguns homens começaram a descarregar o trem, a enfermeira mais algumas pessoas que pareciam ser de uma equipe medica se dirigiram para outro lado. Aquela estação era rústica, típica de uma área de manutenção de trens. Do lado de fora Alixandra pode admirar a magnitude do trem. Cada vagão ocupava o tamanho de uma casa grande e a locomotiva era monstruosidade maravilhosa. Já havia visto muitos caminhões menores do que as gigantescas rodas daquele trem.

Os três embarcaram em uma carruagem e partiram por uma ponte de pedras pela montanha.

- Porque não vamos de carro? – Perguntou.

- Não existem carros depois da cidade da fronteira. – Respondeu Medhal.

A carruagem entrou por uma passagem do castelo aonde duas gigantescas estatuas guardavam um grande portão de madeira. Conforme a carruagem se aproximou, as estatuas começaram a se mover e abrir o portão para a carruagem entrar.

- O que foi aquilo? – Perguntou Alixandra espantada.

– Eram golens. – Respondeu Medhal. – Vai se acostumar o castelo está cheio deles.

Alixandra sentiu um arrepio ao pensar em estatuas que se mechem espalhadas pelo lugar. O castelo aparentemente estava vazio. O chão e as paredes pareciam novos em comparação com a construção gótica do lado de fora.

- Esse lugar é tão grande que precisamos andar de carruagem? – Perguntou Alixandra curiosa.

- Os corredores principais possuem cerca de sete quilômetros cada um. – Respondeu Medhal.

A carruagem atravessou o grande corredor do castelo por um bom tempo. Desceram em um salão e entraram em um elevador. Alixandra olhou e viu que a carruagem não tinha condutor nem cavalos, apenas as roupas. A carruagem continuou pelo corredor sozinha. Entraram em uma sala com um painel no centro. Medhal aparentemente acertou uma serie de coordenadas. - Esta é uma das salas moveis do castelo. Sempre que precisar ela pode se mover para qualquer andar do castelo. – Informou.

- É um elevador? – Perguntou Alixandra.

- Mais ou menos. As salas móveis de Sephirot, não são elevadores comuns que só andam pra cima e pra baixo, nossas salas vão para frente, pra trás, em diagonal, fazem curva e chegam em qualquer parte do castelo. – Medhal chamou a atenção de alguma coisa invisível. - Você esta cansada? – Perguntou preocupado.

- Não precisa se preocupar. – Respondeu Alixandra. – Eu já me agüentei muito pior. Comida e descanso me curam.

- Espero que sim.

- Onde estamos indo?

- Até o professor Kazam, depois vocês vão até seus aposentos.

Saíram em um corredor muito diferente do que estavam antes, subiram um lance de escadas e entraram em um escritório grande e luxuoso. As janelas eram altas e havia um terraço com uma redoma. Alixandra pode ver que estavam muito alto. O escritório do professor tinha muitos objetos pendurados no teto, altas estantes com livros e uma enorme mesa cheia de papéis.

- Elas estão entregues comentou Medhal e saiu.

- Sentem-se. - Disse uma voz.

Alixandra conduziu Belle até duas poltronas na frente da mesa com xícaras de chocolate quente em mesinhas ao lado. Do outro lado da grande mesa uma luxuosa cadeira se virou revelando um simpático senhor de idade e com cabelos brancos e uma barba comprida.

- Eu sou o professor Kazam. Eu sou o conselheiro da escola. Gostaria de me desculpar pelo tratamento que receberam. Duas lindas senhoritas não deveriam ser tratadas como criminosas. Bolo?

O sr gentilmente empurrou dois pratinhos com fatias de bolo que Alixandra podia jurar que não estavam lá a um segundo atrás. O bolo e o chocolate faziam ela se sentir mais calma e relaxada. Até mesmo o olhar de Belle já não era tão melancólico.

- Antes de tudo eu tenho um telefonema para uma de vocês. – O homem apontou para uma mesinha próximo a janela aonde havia um velho telefone fora do gancho.

Alixandra se levantou e hesitante se aproximou do telefone, enquanto o professor a olhava com um sorriso e Belle continuava em estado letárgico.

Ela colocou o fone no ouvido e escutou uma voz muito familiar.

Ciclo três

Durante horas Alixandra conversou com sua mãe ao telefone. Sua aparência estava ótima, falava com uma voz forte e enérgica como não ouvia há muito tempo. Ela estava sendo bem tratada e ficou animadíssima porque sua filhinha estava no, maior centro educacional de magos do mundo. A idéia de que as duas eram bruxas a deixava tão excitada que parecia que ia explodir. Varias vezes escutou ao telefone o medico pedindo que ela se acalmasse.

Abryele contou que também aprenderia mágica com alguém da cidade e estava louca só com as coisas que poderia fazer. Ela sabia um monte de coisas sobre magos e termos técnicos. Falava como se a filha já soubesse de tudo apesar de acabar de chegar.

Alixandra ficou aliviada por sua mão não saber nada sobre sua captura hedionda e sua tentativa de cortar sua mão direita fora. Ela pensava que havia sido convidada delicadamente para irem com ela. Alixandra não tinha muita certeza se iria pacificamente caso a tivessem convidado. Não depois do que viu eles fazendo com Belle.

Após se despedir e voltar à realidade percebeu que o professor Kazam conversava com Belle. Ele imediatamente a percebeu e convidou para se sentar.

- Eu estava perguntando o que estão achando de Sephirot?

- Eu tenho que admitir que fiquei muito surpresa.

- É mesmo? Com o que?

- Bom... Pra começar eu pensava que era um campo de concentração...

- Campo de concentração?

- Bem... Acontece que de onde eu venho todo mundo acha que os bru... Magos, são pessoas horrendas e eram levados para campos de concentração aonde sofriam coisas terríveis e depois mandados para a guerra.

O professor olhou para ela impressionado e depois preocupado e finalmente aliviado. - Isso explica o seu comportamento.

Ele fez um gesto com a mão e um bule que ela não lembrava de ter visto em lugar nenhum se inclinou sozinho servindo mais um pouco de chocolate quente para as duas.

- Eu devo admitir que a culpa é nossa por esse mal entendido, até a pouco tempo a comunidade arcana escondia sua existência fazendo se acreditar que magia não passava de fantasia e tínhamos orgulho disso, em nossa arrogância selecionando quem julgávamos dignos de adquirir o conhecimento sobre mágica. Admito que de certa forma ajudou no controle de mau uso da mágica, pois em um grupo pequeno e seleto é mais fácil de se zelar. Infelizmente deixávamos pessoas como vocês entregues ao seu destino sem compreender quando manifestações naturais ocorriam. Até mesmo hoje continuamos ignorando os de nível Alfa quando devíamos treiná-los para desenvolver suas habilidades latentes. Bom notificar o conselho para começarmos uma campanha de conscientização para resolver esses mal entendidos.

Ele parou por alguns instantes olhando para as duas com um ar de curiosidade.

- Foi um pedido de desculpas. – Esclareceu o professor.

- Tudo bem. – Disse Alixandra. – Não foi culpa do senhor.

- Quanto a ir para guerra, admito que muitos dos nossos alunos e até mesmo professores foram para o campo de batalha. Todos por vontade própria. Existem milhares de maneiras de ajudar o reino com suas habilidades sem necessariamente ir para a guerra. Acima de tudo Sephirot é um refugio para os magos nesses tempos difíceis.

- Então... Eu... Nós não temos que ir para a guerra?

- Exatamente. Atualmente existem mais de 10 profissões que vocês vão poder se formar durante o curso.

- Curso? Nós vamos aprender mágicas? – Alixandra ficou entusiasmada.

- Claro! – Respondeu surpreso. - Isto aqui é uma academia de ciências místicas.

O entusiasmo de sua mãe tomou posse do seu corpo. Começou a se sentir em um conto de fadas. Ela olhou para Belle que não parecia nada entusiasmada.

- Como vocês vêem de um ambiente menos... acostumado com magia. Podem levar algum tempo para se acostumar ao modo como fazemos as coisas por aqui e algumas peculiaridades do mundo da mágica que não são populares podem ser até perturbadoras... Por isso eu gostaria de dizer que sempre terão esse escritório a sua disposição quando tiverem problemas.

O escritório começou a se tornar mais aconchegante. Alixandra desconfiou que ele estava lançando alguma magia que fazia com que se sentissem bem. Ela não conseguia controlar um sorriso no rosto por mais que se esforçasse.

- Não sei se conhecem a historia de Sephirot. Conhecem?

As duas balançaram a cabeça negativamente.

O professor contou que o castelo de Sephirot foi construído sobre uma entrada do mundo inferior, como um gigantesco selo e uma base militar avançada contra uma guerra de magia. Naquela época era comum construir um castelo que servia como cidade e o objetivo era ser uma base avançada para as raças mágicas. Já foi avisando para não se surpreenderem com a abundancia de criaturas mágicas vivendo no castelo.

Continuou contando que com o passar do tempo Sephirot foi se tornando uma instituição para ensinar mágica e seus propósitos militares se tornaram mais alegóricos.

Após o inicio da guerra reformamos o castelo para a nova situação e ele passou a ser uma academia militar também. Muitos queriam tirar o direito dos jovens arcanos e outros queriam eletizar a nossa classe. Graças à rainha, pudemos manter suas características originais e a entrada para os Arcanos se tornou opcional. O índice de pessoas que entram para a ordem é enorme e mesmo os que não entram conseguem uma posição para ajudar na guerra.

Muitos podem pensar que os alunos de Sephirot estão protegidos e alienados sobre a guerra. Infelizmente isso não é realidade, nossos cadetes são enviados em missões constantemente e não tenho orgulho em dizer que muito morreram em combate. Temos um cemitério memorial em homenagem a esses bravos alunos.

O castelo prove o exercito de equipamentos bélicos e faz pesquisas avançadas sobre novas tecnologias e magias. Mesmo os alunos que não se interessam em entrar para os arcanos fazendo experiências e construindo máquinas.

- Acredito que ainda não saibam, mas as cartas mágicas que tanto são populares entre os alunos são usadas em batalhas reais. – Comentou o professor. Assim como as cartas mágicas, os amuletos, feitiços e poções feitas nas lições são levados para nossos homens no front. Por isso que os professores são tão rigorosos em sua confecção.

Muitas áreas do castelo são restritas por causa da fabricação e experiências com materiais perigosos. O castelo também guarda alguns objetos mágicos de estudo, perigosos e outros poderosos que não podem cair em mãos erradas.

Após o toque de recolher um sistema automático de vigilância é liberado por todas as áreas fora das dependências, por isso recomendo não saírem sozinhas, pois pode ser fatal.

Alem das áreas restritas pelo tapete vermelho existem áreas que vocês não devem em hipótese alguma ir e essas áreas são mortais. Nunca se esqueçam que os golens não estão vivos, não são diferentes de qualquer máquina, eles não vão saber diferenciá-las e vão atacá-las e nenhum argumento servira para ajudá-las. Por isso só andem em áreas e horários autorizados, sempre haverá uma estatua ou pintura disposta a lhe avisar quando se aproximam de uma área restrita.

O castelo é organizado por um sistema de arcanos aonde as tarefas e áreas do castelo são divididas. Existem os arcanos maiores compostos pelo corpo docente escolar, os arcanos menores compostos pelo corpo estudantil, os residentes do castelo e os outros alunos que apenas possuem obrigações momentâneas relacionadas a aulas e atividades extracurriculares como os clubes e empregos temporários para residentes.

O sistema de arcanos é dividido em quatro templos respectivamente divididos em três casas cada. O administrador do templo recebe o titulo de mestre e o da casa de tutor. Cada casa escolhe sete alunos de destaque que recebem a posição de monitores, eles possuem os títulos de valete, dama, cavaleiro, amazona, rei, rainha e az. Eles auxiliam diretamente os tutores e mestres dos templos. Os templos e as casas são:

Paus, com as casas de fogo, espírito e mente.

Copas, com as casas de água, gelo e nuvem.

Ouros, com as casas de terra, flora e fauna.

Espadas, com as casas de ar, vento e raio ou eletricidade.

- Então existem 84 monitores nessa escola? – Perguntou Belle pela primeira vez.

O professor concordou com um sorriso.

- Como é que você sabe? – Perguntou Alix procurando a informação no prospecto.

- Sete monitore, quatro templos, doze casas. – Respondeu Belle secamente. - Sete vezes doze.

Alixandra tentou fazer a conta de cabeça e ficou emburrada. Ela era péssima em matemática.

- Esse mesmo sistema se repete por todas as grandes academias de magia, assim diminui a influencia do exercito já que são responsáveis apenas por quatro casas e não tiramos a influencia dos residentes. mas o principal objetivo é garantir a liberdade de escolha para vocês. – Comentou o professor com um sorriso. – Um exemplo disso é que em competições não permitimos menos de 16 chapas concorrendo apesar de termos 12 casas o que obriga a que se formem quatro times entre os alunos sem filiação, dando um certo prestigio aos clubes e grupos independentes das casas.

- Que tipos de competições vocês tem aqui?

- Todo tipo. Concursos de dança a jogos de cartas. - O professor pegou alguns livrinhos e folhetos e mostrou para as garotas. Os prospectos listavam as atividades de cada casa. Algumas especializações exigiam que se entrasse em determinadas casas. – Estes prospectos possuem tudo o que falei e mais alguma coisa. As escolhas pras casas geralmente são feitas na primavera, mas vocês podem escolher quando quiserem. Eu não vou segurá-las por mais tempo, o domingo está muito bonito e não acredito que suas capacidades em assimilar informações estejam em perfeita ordem. Tudo o que lhes disse e mais um pouco esta nos folhetos, por isso se não tiverem mais nenhuma pergunta, vou dispensá-las.

Alixandra não sabia por onde começar tinha milhares de perguntas na cabeça (e não sabia por onde começar.) Novamente o professor surgiu com alguma coisa nas mãos que ela não percebeu de onde ele tirou e lhe entregou uma pasta com alguns papéis dentro.

- Aqui tem um prospecto sobre nossas instalações, um questionário para situarmos melhor vocês duas e um programa das aulas. Gostaria que me entregassem antes da noite.

- Quer que preenchamos agora?

- Não! Eu gostaria que dessem uma volta pelo castelo e se entrosassem melhor com o ambiente. Também acredito que a srta. Trufeau não esta em condições para ficar preenchendo papéis. Acredito que vocês vão preferir alguém da sua idade para lhes mostrar o lugar.

Ouviu-se uma ritmada e animada batida na porta.

- Pode entrar Nicole. – Disse o homem.

Uma garota muito alegre e bonita entrou, ela usava um vestido branco e um enorme chapéu branco.

- Esta é Nicole! – Apresentou. - Ela vai mostrar o lugar a vocês.

Nicole fez uma reverencia.

- mas vocês ficaram super fofas nesse uniforme! - Elogiou Nicole. – mas também. Quem não fica?

- Espero que não esteja estragando o seu domingo Nicole. – Disse o professor.

- Nem um pouco professor! Como membro do clube de eventos eu estou sempre disposta a servir de anfitriã.

- Quanto a vocês duas! – Chamou a atenção. - Não é polido revelar seus níveis de poder. Espero que sejam muito discretas quanto a isso.

Alixandra apanhou os papéis de Belle e a guiou pela mão como se fosse uma criancinha. Do lado de fora da porta perguntou:

- O que ele quis dizer com aquilo?

- Alguns gostam de se gabar por terem um nível mais alto do que os outros. No final sempre ficamos sabendo quem realmente é poderoso, mais pela quantidade de selos de poder que ele tem no corpo.

- Como esse? – Alixandra mostrou a marca em sua mão direita.

- Que gracinha. – Disse Nicole analisando a marca de Alixandra. - Você já tem um selo.

- Eu não gosto de tatuagens. – Resmungou Alixandra.

- Tudo bem. – Disse Nicole. – Eu lhe arranjo um par de luvas.

Alixandra saiu pela porta, sem olhar para frente e trombou em um homem alto e bonito; derrubando todos os papéis que carregava.

- Me desculpe Sr. Dietrich. – Se desculpou Nicole. – É que ela chegou hoje e ainda esta um pouco nervosa.

- Então... – O homem a olhou de cima a baixo. – Você é a nova aluna.

- Sim senhor. – Alixandra se desculpou com uma reverencia enquanto pegava os papeis.

- Eu sou Eric Dietrich. – Se apresentou ajudando-a a se levantar. – Diretor desta escola.

- Alixandra Putin. – Se apresentou.

- Então... - Ele olhou para ela com uma certa surpresa e começou a analisá-la como se estivesse procurando alguma coisa. – Foi você que mandou meu filho para o hospital.

Nicole quase caiu para trás com a noticia. Alixandra não entendeu muito bem o que estava acontecendo.

- Eu... Eu não... – Por alguns instantes Alixandra pode ver a semelhança entre o homem a sua frente e o cadete que a enfrentou entre os caçadores de bruxas. – Eu não sabia. Não foi a minha intenção.

- Então... Eu acredito que foi culpa do meu filho.

- Não senhor. Não foi culpa dele.

- Então... Você explodiu metade de uma casa sozinha?

- Não senhor. O seu filho. Ele...

- Usou algum feitiço não autorizado de frio para enfrentar a sua Merazoma só pra medir forças enquanto havia centenas de outras opções e causou uma explosão. – Alixandra não sabia o que dizer. – Típico do meu filho, agir sozinho e querer se mostrar.

- Eu não acho que ele queria se mostrar senhor. – Justificou Alixandra. – Eu estava sozinha com medo e...

- Então... Você sozinha manifestou uma Merazoma. Quando tinha a sua idade aconteceu algo parecido comigo. mas eu nunca poderia fazer uma Zoma.

O diretor olhou para a porta do professor.

- Então... Eu estava indo conversar com Kazam. Espero que você não vá causar problemas na minha escola.

- Não senhor. – Respondeu Alixandra.

Quando estava atravessando a porta Alixandra chamou a atenção. - Senhor. Eu não queria machucar o seu filho. Espero que ele esteja melhor.

Por alguns instantes ele olhou para Alixandra com um grande interesse e depois sorriu com todos os dentes. - Estou feliz que tenha sido quem mandou Eric pro hospital. Eu espero que preste bem a atenção por onde anda de agora em diante. Por aqui você tem que saber aonde pode ou não pode ir.

O diretor fechou a porta e por alguns segundos houve silencio entre as garotas.

- Você realmente mandou o Derek pro hospital?

- Eu... Eu não sei.

- Você consegue fazer uma Merazoma?

- Eu não sei! O que é isso?

- Zoma é uma magia potencializada. Como se fossem dezenas ao mesmo tempo em uma só. – Respondeu Nicole. – Apenas grandes magos conseguem fazer isso.

- Eu derreti um camburão dos caçadores de bruxas, não sei se isso é uma Zoma.

- Você derreteu um camburão blindado? Quanto tempo demorou pra fazer isso?

- Não sei! Foi tudo tão rápido que me pareceu uma fração de segundo.

- Ai meu pai! Você faz uma Merazoma! Deve ser a aluna mais poderosa de todas as dez torres, qual é o seu nível.

- Eu não sei! Não me contaram.

- mas que pena...

- O que ele quis dizer, com saber aonde eu posso, ou não posso ir?

Nicole pensou um pouquinho e informou.

- A primeira coisa que vocês devem saber é aonde podem e não podem ir.

Nicole deu uma bela olhada em Alixandra e deu dois passinhos pra trás.

- Todos os lugares que possuem tapetes existem proteções que impedem o uso de determinadas magias e indicam aonde você pode e não pode ir. Este corredor possui um tapete verde o que significa que podemos ir e vir a qualquer hora que bem entendermos.

Alixandra concordou com a cabeça e Belle olhou sem interesse.

- Os corredores com tapetes azuis são para os alunos com permissão especial, como eu. – Ela mostrou um cartãozinho amarrado no pulso e deu um sorriso. – Os tapetes amarelos que aqui se Entende bege, marrom e suas variações, indicam áreas que precisam de permissão, são proibidas qualquer tipo de mágica e sujeita à punição. Os tapetes vermelhos são proibidisissimos e só se pode andar neles acompanhados de um professor. Tome bastante cuidado, porque em algumas partes os tapetes mudam de cor.

- Mudam de cor?

- É! Por exemplo: Durante as aulas os corredores das classes tem tapetes verdes, hoje que é domingo eles estão amarelos.

- E os lugares sem tapetes? – Perguntou Alixandra.

- Nesses nós podemos fazer o que quisermos. Os corredores não têm proteção contra magia.

- E nos aposentos.

- Nunca se sabe quando um aposento tem proteção contra magia ou qual a proteção dele. Recomendo que bata na porta.

Nicole saiu saltitando e Alixandra correu atrás puxando Belle. – Vamos indo?

- Aonde vamos? – Perguntou Alixandra.

- Para a sala móvel.

As duas entraram em uma pequena sala com uma simpática poltrona e um bule com xícaras. A sala era forrada de estampas de tulipas. Tanto as poltronas, as almofadas e até as xícaras e o bule tinham desenhos de Tulipas.

- Tenham um bom dia senhoritas! Eu sou a sala das tulipas. – Disse uma alegre e entusiasmada voz no ar. – Nicole! Adorável presença que encanta a terra, eu não me lembro de conhecer tão adoráveis criaturas.

- Ola senhor Tulipas! – Cumprimentou o ar. – Essas são as novas alunas que chegaram hoje. – Nicole fez um gesto para que elas se apresentassem.

- Meu nome é Alixandra e essa é a minha amiga Belle. – Se apresentou procurando de onde vinha à voz.

- Alixandra significa a defensora da humanidade um nome forte e gracioso e Belle significa uma Beleza esplendorosa uma palavra perfeita para descrevê-la.

- Obrigada.

- Gostariam de se sentar e beber um pouco de chá, café, leite, suco?

Nicole se sentou e se serviu com um pouco de chá.

- Querem alguma coisa?

- Leite! - Pediu Belle com uma xícara na mão.

Alixandra ficou espantada em ver Belle falando. E ficou mais espantada ainda quando viu Nicole servindo leite no mesmo bule que acabara de sair chá.

- Hoje esta um adorável dia para um passeio, vocês gostariam de ira ao haras andar a cavalo, ou talvez queiram aproveitar na beira da piscina para pegar um belo bronzeado.

- Não obrigada. – Respondeu Nicole. – Estamos indo para o clube de moda e costura.

- Clubes? – Pensou a “sala”. – Com um dia bonito desses vocês deveriam ir ao clube de Tênis ou de natação. Ouvi dizer que o clube de literatura vai realizar um convescote social esta tarde.

- Nos leve até o clube de clube de moda e costura, por favor.

- mas é claro! - Respondeu a “sala”. Vocês estão indo pegar suas roupas de banho para nadar na piscina. Podem se trocar aqui dentro quando quiserem, ninguém vai entrar enquanto não quiserem.

- Esta praticamente nevando lá fora. – Respondeu Nicole.

- mas aqui esta muito quente. Deve ser o meu coração pela presença de tão maravilhosas criaturas.

- Senhor Tulipas. – Disse Nicole delicadamente. – Pode nos levar agora?

As portas se abriram revelando um corredor completamente diferente do que estavam quando entraram na sala.

- Não se esqueçam de mim. - Se despediu a sala móvel. – Sempre que precisarem de um lugar discreto aonde ninguém as encontre, seja para ficarem sozinhas, se esconderem ou fazerem sexo podem contar comigo.

- Nós entramos em uma sala bem diferente quando chegamos, ela não falava e tinha um painel de controle. – Comentou Alixandra.

- É uma sala manual. – Explicou Nicole. – Só os professores podem usar. As salas inteligentes não levam os alunos pra áreas restritas.

- Quantas áreas restritas existem?

- Não sei! – Nicole parou por alguns instantes pensativa. - Na verdade o castelo é tão grande que nunca parei pra pensar nisso.

O clube de moda e costura era uma verdadeira bagunça, havia roupas e pedaços de tecidos jogados por toda parte, no fundo da sala três provadores, em um canto alguns manequins, em cima da mesa um monte de material de costura e duas poltronas que pareciam bem confortáveis. Três garotas estavam deitadas no chão lendo a mesma revista, cada uma delas com uma roupa mais estranha que a outra. Uma pessoa morena de óculos usava uma capa branca e um chapéu com o formato de abóbora com um sorriso esculpido. Ela tinha uma postura delicada e conversava com outras duas garotas segurando um longo tecido estampado.

- Claude! – Chamou Nicole entrando e desviando das cestas de novelos no chão.

Claude parou de conversar com as garotas e deu atenção para Nicole.

- Estas garotas chegaram hoje.

- Meu nome é Alixandra e essa é a Belle. – Se apresentou.

- As pessoas se limpam com a mão direita após ir ao banheiro. – Claude fez um aceno com a mão direita enquanto fez um gesto com a mão esquerda para ela guardar a mão esticada. – Claude prazer.

Alixandra não conseguiu evitar cheirar a ponta dos dedos inconscientemente. Claude agarrou o seu rosto e o esticou.

- O que você anda fazendo com a sua pele? Andou comendo de uma lata de lixo? E esse cabelo? Você o usa pra encerar o chão?

- Claude! – Reclamou Nicole. – Ela acabou de chegar.

- Meus sais. – Claude analisava o cabelo de Alixandra. - Ela tem caspa. Deus não gosta de você.

- Nós só viemos aqui porque ela quer um par de luvas pra cobrir o selo que ela tem nas mãos.

- Ela não precisa cobrir as mãos. Ela precisa cobrir a cabeça inteira.

Claude agarrou Alixandra pelos braços enquanto puxava Belle e a levou pelos corredores sobre protestos de Nicole. As outras garotas fizeram uma barreira humana impedindo Nicole de se aproximar enquanto atravessavam o corredor e varias pessoas saiam das portas para olhar.

- Aonde vamos? – Perguntou Alixandra.

- Ao clube de estética. – Respondeu Claude apressado. – Antes que seja tarde demais.

Entraram no que parecia um luxuoso salão de beleza todo feito de mármore. Havia oito garotas no salão e ainda tinha muitos lugares vagos para mais gente.

- Yulia! - Gritou Claude. – Precisamos de um tratamento de emergência.

- O que aconteceu? – Perguntou uma garota espantada com uma mascara facial azul e uma toalha enrolada na cabeça.

- Precisamos de sopa de aveia, sopa de chá de alecrim, coco, abacate e muita vitamina E!

- Eu tenho um pote pronto. – Disse outra garota trazendo um pote com um creme verde que estava aplicando no rosto de uma amiga.

- Rápido coloque na banheira.

No fundo do salão havia uma grande banheira de mármore. A garota aflita despejou o conteúdo do pote e correu para pegar uma varinha que estava guardada em uma prateleira. Claude e as meninas do clube de moda e costura junto com as garotas do salão ergueram varinhas e começaram a girar no ar.

- Espíritos do ar nos concedam a graça de seus elementos. Que a matéria se estenda e a energia se forme. – Entoou Claude. - Seguido de umas palavras que Alixandra não compreendeu.

- Fortuna e Fartura. COPIA! – Gritaram todas as garotas juntas.

A massa verde começou a crescer como se estivesse jorrando de um buraco na banheira e começou a aumentar.

- Vocês estão exagerando. – Reclamou Nicole. – Ela não esta gostando.

- Não! – Apaziguou Alixandra. – Esta tudo bem.

- Se fosse com você não diria isso não é mesmo? – Provocou Claude. – A garota sabe do atual estado em que esta. Agora tire a roupa.

- O que? – Alixandra ficou surpresa.

- Tire a roupa e entre na banheira.

- Aqui? Na frente de todo mundo?

- Você não esta cooperando. - Claude fez um gesto e as garotas avançaram em Alixandra retirando a sua roupa. Antes que percebesse já estava completamente nua na frente de todo mundo. Não sabia se tentava pegar a sua roupa de volta ou se cobria o corpo. Nunca sentira tanta vergonha em toda sua vida.

- Posso me vestir agora? – perguntou chateada, procurando suas roupas com os olhos.

- De jeito nenhum. Você vai pra mesa, a cera já esta quente. – Disse Yulia a levando pelos braços.

- Cera? Pra que?

- Você nunca se depilou antes?

- Eu nem tenho quinze anos ainda.

- Eu me depilo desde que tinha doze.

- Eu não sou peluda.

- Não é peluda? Eu estava pensando em fazer um tapete com os pelos da sua perna.

- Não existe uma poção ou mágica pra fazerem os pelos caírem? Sei lá.

- Tem! mas em geral caem os pelos da cabeça também. – Respondeu Claude.

- E uma poção que passe no corpo?

- Tem! Chama-se “cera de depilação”, uma das primeiras invenções das bruxas. Por isso na idade das trevas as mulheres “boas” tinham que ser peludas.

- Então! Eu sou uma boa garota.

- Não é não! Você é uma bruxa e a idade media acabou a uns trezentos anos.

Claude e as garotas empurraram Alixandra na mesa enquanto continuava tentando se cobrir.

- Qual é o problema? – Perguntou Yulia.

- Eu não quero que me vejam pelada. – Reclamou quase chorando.

- Tarde demais. – Claude puxou a mão dela e jogou cera foi bem no meio das pernas na região genital.

- Ai não.

- Como não? É aonde você tem mais pelos.

- mas vai doer.

- Não diga!

- Garotas devem ter pelos nessa região.

- Existe alguma garota com pelos nos paises baixos por aqui?

Todas as garotas negaram com a cabeça, incluindo Nicole.

- Qual é o problema dessa gente? – Pensou Alixandra enquanto cobriam todo o seu corpo com cera do pescoço pra baixo apesar dos seus protestos. Ela não sabia dizer se a experiência foi mais dolorosa ou humilhante. Qualquer pessoa que já tenha se depilado com cera sabe que a primeira vez é bem dolorosa. Com o corpo todo vermelho e ardendo se levantou da maca chorando.

- Agora que seus poros estão abertos pare de se exibir pra todo mundo e entre na banheira. – Ordenou Claude.

- Foi você que tirou a minha roupa. – Gritou Alixandra chorando sem saber se de raiva, de vergonha ou de dor.

- Que lastima. – Suspirou Claude. – mas é você que esta parada exibindo sua pele pra todo mundo ver.

Alixandra quis falar alguma coisa, mas Claude a jogou pra dentro da banheira e enfiou sua cabeça dentro do creme.

- Fique ai durante vinte minutos e não saia.

Claude levou Belle pela mão para outro lugar. Estava furiosa com Claude, ela não queria que o primeiro homem que a visse nua a visse desse jeito. Deveria ser um momento mágico e especial. Sentia-se praticamente violentada. Alixandra não sabia o que sentir. Estava frustrada, confusa enraivecida e acima de tudo humilhada. Sua primeira experiência no castelo não foi nem um pouquinho agradável.

Finalmente Belle expressou o que podia ser um sorriso.

- Vamos ver o que podemos fazer com essa daqui. – Claude analisou Belle por alguns instantes. – Você me parece ótima, mas será que também é peluda?

Ciclo quatro

Nenhuma das garotas parecia se importar com Alixandra tomando banho na frente delas. Isso não fazia com que ela se sentisse nem um pouco melhor.

Belle também sofreu a humilhante depilação, mas não parecia mais incomodada do que estava antes. Depois a levaram para fazer as unhas cortar o cabelo e desapareceu com Claude.

Yulia surgiu já com seus cabelos tratados e sem a mascara trazendo uma toalha. Quando se levantou tentou ao Maximo se encolher dentro da pequena toalha pra esconder. As garotas fizeram as unhas dela enquanto cortavam o seu cabelo.

Claude surgiu Yulia fez as ultimas recomendações.

- Eu quero que volte depois pra continuar a hidratação dos seus cabelos. Beba bastante água, limpe a sua pele, não coma carne vermelha ou frituras e durma muito bem. – Yulia entregou um pote.

- O que é isso? – Perguntou Alixandra.

- Hidratante! Passe no rosto com algodão circularmente e volte aqui quando seus pelos começarem a crescer ou eu vou atrás de você.

De volta ao clube de moda e costura Belle estava sentada em uma poltrona com o olhar perdido e vazio. Usava meias-soquete, um vestido branco rendado, luvas curtas e um chapéu. Apesar de todo o dinheiro e cuidado que tinha nunca a vira tão bonita e bem tratada antes.

- Agora vamos encontrar alguma coisa que te deixe linda. – Disse Claude.

- Eu prefiro depois. – Disse Alixandra. – Agora vou vestir a roupa que usava.

- Você não vai realmente querer andar por ai usando o uniforme escolar em pleno domingo.

- Vou sim!

Uma das garotas entregou o uniforme pra Alixandra e ela se vestiu no trocador. Sentia que havia perdido uma camada de sua pele, estava extremamente sensível, nunca havia percebido que havia tantos pelos no corpo. Ela achava que devia sentir raiva por Claude e as garotas, mas por algum motivo que não sabia explicar não conseguia. Naquele instante ficar zangada com Claude e as garotas dos clubes parecia uma coisa tão boba.

- Eu separei essas luvas pra você. – Claude apareceu com um par de luvas pretas longas e sem dedos. Alixandra colocou e ficou muito bem.

- Já que seu cabelo ainda não está arrumado eu vou arranjar um chapéu pra você.

Alixandra pegou um chapéu de bruxa que estava jogado e experimentou.

- Pra mim esse já esta bom.

- Nada mal. – Disse Claude arrumando os cabelos de Alixandra. – Sem pontas duplas.

- Vocês estão ótimas. – Elogiou Nicole que neste momento surgiu um pouco ofegante.

- Obrigada.

As garotas se despediram do clube de Moda e costura e foram de volta pra sala móvel.

- Eu estive esperando vocês. – Disse a “sala” Tulipa. – Sentiram saudade? Porque eu senti.

- Ola! – cumprimentaram Alixandra e Nicole.

- Soube que vocês se depilaram no clube de estética. Oh! Que inveja. Eu queria que vocês se depilassem aqui dentro de mim.

- Como você ficou sabendo disso? – Perguntou Nicole.

- A sala morango! Ela é muito fofoqueira. Se vocês se depilassem dentro de mim ninguém ficaria sabendo!

- Ninguém ia se depilar aqui dentro. – Reclamou Alixandra.

- Pois deveriam. – Respondeu a “sala”. - Eu alertarei para os cuidados que se devem tomar. A depilação deve ser feita de forma cautelosa. É preciso observar as condições de higiene do local que oferece o serviço e se certificar que a cera é descartável. Antes e após o procedimento deve ser feita a limpeza da área para evitar a contaminação por germes.

- Todas as salas são abusadas assim? – Perguntou Alixandra.

- Não! – Respondeu Nicole. - Só esta. Cada sala possui um espírito com personalidade própria.

- Eu não sou abusado! – Respondeu a “sala”. - Sou atencioso e preocupado.

Ciclo cinco

As garotas subiram até o observatório da torre aonde puderam ver grande parte do castelo. De lá podiam ver as montanhas, o lago, a floresta e o labirinto de cercas vivas que cercava o castelo. Existiam ao todo dez torres em todo o castelo, cada uma do tamanho de um arranha-céu com grandes prédios ligando as torres umas as outras. Para o espanto das duas existiam muitas casas, prédios e praças nas áreas entre as torres e principalmente na parte de cima das construções que ligavam as torres.

- Existe uma cidade dentro do castelo? – Alixandra mal podia falar.

- Castelos com cidades dentro são muito comuns não sabiam. – Nicole quase riu do espanto das duas.

- Eu já vi fotos de castelos com cidades, mas as cidades ficavam de um lado e o castelo, propriamente dito, do outro, não tudo junto. – Explicou Belle que de tão impressionada começou a falar.

- Essa é a cidade mágica, esta cheia de magos e seres mágicos, as pessoas dizem que existem três cidades em Sephirot a cidade de cima, onde ficam os alunos, a cidade dos magos e a cidade subterrânea.

- Como assim? – Alixandra não entendeu muito bem.

- Esta vendo aqueles círculos? – Nicole apontou. – Aquelas delimitações em volta das torres?

- Sim!

- São as Sephiras Os alunos não podem passar e entrar na área da cidade sem permissão, por isso dizem que as torres e os canais formam a cidade de cima aonde moram os alunos.

- As pessoas da cidade não podem entrar nessas áreas? – Perguntou Alixandra.

- Claro que podem, mas existem restrições pra todo mundo. Muita gente da cidade trabalha nas torres e nos canais, assim como muitos professores e alunos têm famílias que moram na cidade.

- Então tem professores e alunos que moram na cidade e outros que moram nas torres? – Alix pensou. – Achei que todo mundo morasse na cidade.

- Não! Existem duas torres que são dormitórios do lado oeste o lado feminino existe a torre de Netzah também conhecida como a torre da vitória ou a torre de Vênus onde fica o nosso dormitório, do lado oeste fica a torre de Geburah ou torre de marte ou torre da força.

- Então homens são de Marte e as mulheres são de Vênus? – Perguntou Alixandra.

- Exatamente!

- E acredito que esses prédios que ligam as torres são os canais?

- Novamente correta. Existem 10 torres e 22 dois canais, os canais também servem para separar os distritos da cidade que também são 22.

- Eles também têm três nomes como as torres? – Perguntou Alixandra já confusa.

- Logo você se acostuma. – Riu Nicole.

- E essa cidade subterrânea?

- Por baixo do castelo tudo é ligado por catacumbas, galerias e esgotos, dizem que formam uma outra cidade aonde moram criaturas das trevas.

- Isso é verdade? – Belle perguntou preocupada. – Essas criaturas das trevas?

Nicole deu de ombros. – Tanto faz.

- Essas torres são bem separadas não é mesmo? – Comentou Alixandra mudando de assunto.

- Acho que ficam a uns dois quilômetros de distancia cada uma, não tenho certeza.

- E aquelas salas mágicas conseguem pular de uma torre pra outra em um instante? – Alixandra ficou espantada com as possibilidades da mágica e ao mesmo tempo ansiosa por poder aprender a fazer esse tipo de coisa um dia.

- Não só entre as torres. – Completou Nicole. As salas moveis podem se mover por qualquer parte do castelo, inclusive na cidade.

- Então é impossível ver tudo em um dia. – Declarou Belle.

- Tudo bem. – Disse Nicole. – Eu mesma não conheço tudo.

Nicole continuou a mostrar o castelo. Alixandra e Belle puderam ver do lado de fora dos canais do castelo os campos, os pomares e plantações, as quadras esportivas, os pastos das ovelhas, o haras dos cavalos os estábulos, a área de eventos, as estufas de plantas, as áreas de exercício, o estádio atlético e os campos de vôo.

- Campos de vôo? – Perguntou Alixandra. – Nós vamos aprender a voar em vassouras?

- Mais ou menos. – Respondeu Nicole com um sorriso.

- Se isso tudo é o que tem do lado de fora do castelo, o que é que tem aqui dentro?

- Como eu já disse até mesmo eu não sei de tudo. – Disse Nicole. – E eu faço parte do clube de eventos.

- E o que o clube de eventos faz?

- Qualquer reunião ou comemoração na escola é feita pela gente. É como fazer parte de todos os clubes e o corpo estudantil ao mesmo tempo. Só que nos reunimos exclusivamente nos dias de festas.

- Quantos clubes existem?

- Acho que uma media de duzentos. Você só precisa de cinco membros pra montar um clube oficial.

- E pra que servem os clubes oficiais? Quero dizer, porque simplesmente não se reúnem como amigos.

- A graça dos clubes oficiais é que em determinados eventos você tem um lugar especialmente reservado e pode montar sua própria barraquinha nos festivais. Você devia entrar pro clube de eventos. – Nicole puxou o seu cartãozinho amarrado no pulso. – Nós temos mais acesso do que os arcanos menores.

- Arcanos menores?

- Eu esqueci que você não sabe nada dessas coisas. Você sabe que os cargos oficiais dos magos do reino são chamados de arcanos não é mesmo?

Alixandra concordou.

- Os magos formados são chamados de arcanos maiores e os alunos de destaque que entram nas fraternidades e se tornam cadetes são chamados de arcanos menores porque tecnicamente já são magos do reino.

Nicole fez uma pausa pra ver se Alixandra entendeu.

- Existem quatro fraternidades: A casa de paus, de copas, de espadas e de discos. O nível hierárquico de cada casa é correspondente às cartas de baralho. Cada fraternidade possui um padrinho entre os professores que controla as suas atividades. Você conheceu o diretor Dietrich, ele é o padrinho da casa de discos. O filho do diretor quis fazer parte da casa de espadas porque eles têm fama de serem os mais fortes nos esportes, mas o diretor deu um jeito dele e a irmã entrarem na casa de discos por causa de status. Os magos mais ricos fazem parte da casa de discos.

- E como chamam quem não faz parte de nenhuma fraternidade?

- Arcanoides!

- E isso é bom?

- Ótimo! Os Arcanoides não tem compromisso com ninguém e não vamos pra guerra.

- mas eu pensei que todos os bru... Magos licenciados fossem pra guerra.

- Não! Nós recebemos baixas. - Explicou Nicole. - Mesmo assim as carreiras como arcanos são muito tentadoras e a maioria dos alunos querem se escrever. Algumas garotas do clube se interessam por carreiras na política por isso se inscreveram em fraternidades.

- E eu ainda nem sei que tipo de emprego se tem como bru... Maga.

- Não se preocupe com isso. Ainda faltam três anos antes de se formarem no ensino básico.

Por algum motivo a idéia de que passariam os próximos anos naquele lugar de certa forma atingiu as duas da mesma forma. Alixandra não estava mais tão entusiasmada e de certa forma saber de seu futuro no castelo não melhorou muito a sensação de ter um futuro incerto. Era uma sensação de que seus futuros estavam selados e não havia nada que pudessem fazer.

Ciclo seis

As três garotas continuam a volta pelo castelo, conheceram algumas salas de jogos, passaram por algumas quadras e chegaram a ver as piscinas internas. Finalmente fizeram um lanche em um café do lado de fora do castelo. Alixandra estava muito animada, mas Belle continuava quieta e cabisbaixa.

- Existem muitos garotos por aqui. – Comentou Alixandra.

- Ora! Ora! Então você é interessada em garotos? Você não pensou que aqui fosse um colégio feminino não é mesmo?

- Na verdade eu nem mesmo pensei.

- Eles são bonitões não é mesmo? – Nicole deu uma piscadela.

- Agora que você falou... Todo mundo por aqui é bonito e atlético. Isso é efeito daqueles produtos de beleza.

- Claro que não sua boba. Não sabe que Sephirot alem de escola de magia é uma academia militar? Flexões, se arrastar na grama, aprender a atirar, se pendurar em cordas... Todo o treinamento tradicional.

- Mas... Eu entendi que não era obrigatório. Que eu não tinha que ir pra guerra nem nada disso.

- Sim! Você não tem que se alistar nem entrar pro exercito. mas o condicionamento físico você tem que fazer.

Alixandra olhou em volta, mas o lugar não tinha uma aparência militar, cafés, quadras esportivas, pessoas alegres.

- O castelo parece até um clube e este lugar me lembra os cafés que eu via nas revistas. – Belle comentou impressionada. – Nunca pensei que existisse um café dentro do castelo.

- Existem vários cafés e restaurantes. – Explicou Nicole. – Sephirot é de certa forma um centro político, muitas negociações são resolvidas por aqui, algumas famílias são transferidas para cá por segurança, sem falar que aqui era uma cidade mágica antes do governo transformar em uma academia oficial.

- Esse lugar é tão seguro assim?

- Toda ilha de Avalon é cercada de uma nevoa mágica que impede que as pessoas percebam seu tamanho ou vejam sua verdadeira localização, se você se afastar muito nas montanhas o castelo fica invisível, sem falar que a floresta mágica não pode ser atravessada fora das trilhas vigiadas.

- E se alguém vier voando?

- Os instrumentos das máquinas não funcionam direito, todo o vale é invisível à longa distancia e quem se aproxima demais corre o risco de ser atacado pelas gárgulas.

- Gárgulas?

Nicole apontou com o dedo e as duas garotas sentiram um frio na espinha. As estatuas que estavam nos telhados das passarelas e das torres se moviam e muitos dos pássaros que voavam no alto não eram pássaros.

- Não são pássaros? – Belle ficou apreensiva.

- Eles estão muito longe pra se ver direito, mas vão perceber que alem de pássaros tem todo tipo de coisa voando pelo vale quando o clima esta bom. – Nicole estava mais interessada no seu milk-shake do que nas gárgulas.

Alixandra tentou ver, mas o céu estava muito brilhante e não conseguia olhar diretamente pra cima.

- Elas não são perigosas? – Belle ficou com as pernas moles.

- Vocês não têm com o que se preocupar. –Nicole deu uma risadinha. – O castelo está cheio de estatuas, quadros, armaduras, enfeites e todo tipo de coisa que fala e se meche. São todos praticamente inofensivos.

- Praticamente? – Belle ficou mais apreensiva ainda.

Alixandra não se impressionou tanto assim com as gárgulas, estavam tão longe que ela mal podia vê-los, mas podia muito bem ver o contraste entre as construções góticas do castelo e os distritos com construções bem diferentes.

- É que o castelo foi construído para abrigar todo tipo de gente para reunir conhecimentos mágicos de todos os povos e culturas. – Explicou Nicole. – Neste distrito todas as construções são em estilo holandês, uma magia até afeta o clima para que cresçam plantas de cada região.

Nicole engoliu um grande pedaço de bolo e puxou um folheto. - Vamos ver o que nós vamos comprar pra vocês.

- Comprar? – Alixandra quase caiu da cadeira. – mas eu não tenho dinheiro.

- Não se preocupe. – Nicole a consolou. – Todos os alunos recebem uma bolsa pras despesas básicas e ainda existem varias formas de aumentar sua renda. Seja com trabalhos de meio período ou se filiando as casas e aos clubes. Fazem isso pra incentivar os alunos a serem produtivos, sem falar que dinheiro normal não serve nada por aqui. Só usamos ouro mágico.

- Ouro mágico? – Alixandra estranhou. – O que é ouro mágico?

- Como o nome diz é um ouro carregado de magia. – Nicole bufou sem muita paciência. – No mundo normal ele acaba perdendo a mágica e se torna um metal sem valor.

- mas as lojas estão abertas no fim de semana?

- mas é claro! – Sorriu Nicole. – É o dia em que os alunos estão livres pra gastar seu dinheiro em suas lojas.

- E o que vamos comprar? – Perguntou Alixandra.

- O material básico. – Nicole enumerou com os dedos. – Feitiços prontos, acessórios encantados, um livro de feitiços, escova de dente, essas coisas... O resto como os uniformes e os livros a escola providencia.

- E as lojas abrem no domingo? – Alixandra estranhou.

- Os alunos só têm os dias livres pra gastar seu dinheiro no final de semana e alguns duendes nem trabalham durante a semana.

- Duendes? – Alixandra ficou maravilhada. - Existem duendes no castelo?

- Existe todo tipo de coisa por aqui. – Nicole terminou de beber e se levantou. – Vamos antes que a chuva volte.

- O que são acessórios encantados?

- Um brinco que fala com você quando estão te olhando, uma tiara que impede que a poeira entre no seu cabelo, um anel que deixa invisível,... Essas coisas.

As três garotas caminharam pelo vento frio até uma simpática loja, não havia nada de especial que as garotas não tenham visto, era uma loja de conveniência com alguns artigos estrangeiros e uns vendedores bem normais. Belle se sentiu um pouco mais tranqüila e Alixandra um pouco decepcionada em não ver nada de extraordinário. Nicole explicou que existia uma delimitação entre a cidade e a área dos estudantes e elas não tinham permissão para atravessar. Compraram as escovas de dente e outras utilidades básicas depois voltaram para o castelo que estava muito quentinho.

Finalmente voltaram para a sala móvel aonde encontraram Tulipa novamente.

- Finalmente eu as encontrei! – Disse a “sala” tulipa. – Eu podia até pensar que estavam fugindo de mim.

- Você estava nos procurando? – Perguntou Alixandra.

- mas é claro! Seria terrível que ficassem esperando nos corredores até a chegada de uma sala que estivesse disponível.

- Não tem mais gente nessa escola não?

- Eu confesso que não poderia deixar de apreciar a companhia de tão adoráveis criaturas.

- mas que amor!

- Pode nos levar até o quarto andar do dormitório feminino?

As portas fecharam e Nicole serviu um pouco de suco para as garotas.

- Esta quente não é mesmo? – Comentou a “sala”.

As garotas concordaram, realmente dentro do castelo estava quente em relação ao lado de fora.

- Não acham melhor tirar a calcinha.

- Não! – responderam em coro.

- Experimentem. Vão se espantar como vão se sentir fresquinhas.

- Estamos muitíssimo bem assim. – Disse Alixandra vermelha e puxando a saia.

- Se lá ficar muito abafado por muito tempo vocês podem impedir a transpiração da região genital, favorecendo a instalação de fungos e bactérias. Vocês não querem pegar Candidíase não é mesmo?

- Nós não vamos tirar a calcinha. – Afirmou Nicole.

- Pelo menos então vão dormir sem calcinha é uma boa oportunidade para a pele da região genital respirar.

Ciclo sete

- Vocês têm muita sorte. – Comentou Nicole entusiasmada. – Vão dividir o quarto comigo.

Entrando no quarto encontraram uma garota ruiva com cara de poucos amigos.

- Esta é Cassandra! – Apresentou. – Ela também divide o quarto conosco.

- Prazer! – Disse a garota de cabeça baixa saindo apressadamente.

- Não liguem para ela! Passou os últimos cinco anos em outra dimensão com um monte de demônios, ainda não se habituou a viver com humanos de novo.

Alixandra tentou ignorar aquele comentário.

- Espero que a gente se divirta muito. – Continuou Nicole. – Eu não quero reclamar, mas ela não é uma colega de quarto muito divertida.

O quarto possuía uma grande janela com uma sacada. A vista ficava voltada para a floresta e as montanhas. Havia seis camas, todas com um pufe e uma penteadeira de um lado e um grande baú do outro. Próximo à porta de entrada um grande armário com seis compartimentos e do lado da sacada uma prateleira e três pequenos sofás em volta de uma mesinha. O banheiro era espaçoso e confortável, mas não havia sinal de banheira ou chuveiro, apenas uma pequena ducha em um canto.

- Como é que se toma banho com isso? – Perguntou Alixandra.

- Não é pra tomar banho. – Explicou Nicole. – Você usa pra lavar os pés ou alguma outra parte de emergência.

- E onde tomamos banho?

- O banho é coletivo. Eu esqueci de levar vocês até lá. Passamos mais tarde quando for levar os papéis pro professor.

Alixandra pensou um pouco e entendeu porque ninguém se importou com ela pelada. Já estavam acostumadas.

- Os garotos também?

- Não! – Nicole soltou uma risadinha. - Eles usam o banheiro da outra torre.

Nicole abriu um dos baús e mostrou pra ela.

- As suas coisas já chegaram estão nos baús com os seus nomes.

Belle olhou para o baú com o seu nome e se jogou na cama.

- E temos que dormir nas camas ao lado?

- Não! Se quiserem podem trocar com os baús que não tem nome só tem três garotas neste quarto mesmo.

Alixandra mexeu no baú e encontrou varias coisas que nunca vira antes. , - O que são essas coisas?

- O material escolar. – Respondeu Nicole. – Uniformes, pulseiras, roupas, um caldeirão, uma varinha...

- Eu pensei que o uniforme fosse esse preto que eu estou vestindo.

- Preto, é uma cor neutra. Inibe tanto as energias que você produz como as que você recebe. Em algumas aulas temos que vestir branco e outras cores.

- Não mandaram mais nada perguntou?

- Suas malas estão dentro do armário, junto com seu cajado.

- Cajado?

- Não se preocupe com isso! Ainda não vai precisar dele.

Nicole se levantou sorridente.

– Eu vou deixar vocês duas sozinhas para arrumarem suas coisas e preencherem os formulários. Como vocês são amigas e vem do mesmo lugar, vai ser mais fácil pra vocês de se acostumarem. Eu passo aqui na hora do jantar.

Nicole foi embora de deixou as duas sozinhas. Alixandra olhou pela pode ver o pico branco das montanhas, estavam bem alto. Belle estava encolhida em posição fetal. A sua terrível inimiga que tanto a humilhara com sua pose afetada agora parecia tão pequena. Comovida se aproximou da colega e se ajoelhou ao lado da cama.

- Não precisa ficar desse jeito. - Carinhosamente passou a mão por seus cabelos como sua mãe fazia.- Não é tão ruim assim. Ninguém vai estuprar a gente. Nem mesmo vão nos obrigar a ir pra guerra. Tudo vai ficar bem.

- Não vai não. – Gemeu Belle chorando copiosamente. – Nunca vai.

Alixandra abraçou Belle na esperança de consolá-la.

- Ele... Ele... Disse que não me conhecia mais. Nem me deu um beijo de despedida. Ela... Ela... Minha mãe nem olhou pra mim.

Belle chorava inconsolavelmente. Todas as diferenças entre as duas acabaram. No meio de toda a tristeza de sua companheira ele sentia conforto.Alixandra sabia que tinha que ser forte, que tinha que lutar. Agora sabia que tinha que fazer isso por ela e por Belle.

Ciclo oito

- Isso não é possível. – Disse a doutora Tibiriçá enquanto analisava os exames de Alixandra. – Não tem como essa garota ter feito uma Merazoma.

O professor Kazam e o diretor Dietrich pensavam com muita preocupação.

- Tem certeza? - Insistiu o professor Kazam.

- Todos os exames apontam na mesma direção. Não existe possibilidade dessa garota fazer uma Mera. Muito menos uma Merazoma.

- Temos testemunhas que comprovam isso.

- Deixe me por assim. Uma lambreta faz nove quilômetros com um litro de combustível. Com vinte litros ela pode ir daqui até Camelot e talvez voltar até o meio do caminho. E vocês estão me dizendo que essa lambreta foi até a lua e voltou.

- Ela pode ter recebido a energia de uma fonte externa? – O diretor Dietrich procurava alternativas plausíveis.

- Sairia nos exames.

- Ela poderia estar sendo controlada? – Sugeriu o professor Kazam.

- Não por uma fonte externa. – Respondeu a doutora.

- mas não podemos negar os fatos. Isso aconteceu. – O diretor olhava os registros da captura de Alixandra.

- mas não é provável que algo assim aconteça.

- Citando Sherlock Holmes. – Disse o professor. - Quando se elimina tudo o que é provável sobra o improvável.

- O que sugere?

- Mesmo se estivesse sendo controlada, o espírito ou qualquer coisa que o invasor seja, teria deixado vestígios sobre o corpo.

- Já analisou a mão dela? Separadamente?

- Como assim?

- Foi à mão direita que produziu o Merazoma.

- Esta me dizendo que a mão produziu uma Merazoma sozinha, sem o resto do corpo?

- Um espírito invasor pode se alojar em uma parte do corpo e controlá-la.

- mas é o tipo da coisa que qualquer pessoa perceberia.

O diretor Dietrich procurou rapidamente uma folha em particular.

- Um sargento descobriu que ela não conseguia controlar a mão e tentou cortá-la fora porque temia ser descoberta como bruxa. No país dela é comum a crença que os espíritos controlam a natureza e o destino dos homens. Qualquer manifestação de magia pelo homem é considerada maligna.

- Aquele país não faz parte da aliança dos reinos-unidos ainda. – Explicou o professor – Avalon não pode obrigar nenhum país aliado a fazer propaganda sobre os arcanos, e eles estão ocupados demais com a guerra pra se preocupar com a educação mística da população. Ela não sabe absolutamente nada sobre magia.

- Isso vamos ficar sabendo depois do teste. – Replicou o diretor. – E discordo quanto a qualquer forma de justificativa para ignorância. Mais do que ninguém, nós sabemos como ela é maléfica.

- Então devo fazer os exames?

- Não custa nada. Tentar.

- De qualquer modo eu quero que você suspenda todas as atividades dessa garota a partir de amanhã. – Ordenou a doutora.

- O que ela fez?

- Ela precisa ficar aqui e fazer fisioterapia. O correto seria que essa garota nunca tivesse saído do hospital. Ainda esta convalescendo. Graças ao sangue que recebeu de Rembrandt seu corpo sofreu uma recuperação espantosa, mas os efeitos já passaram. Após cinco dias em coma induzido, ela não pode sair por ai brincando e pulando, vai ficar aqui.

- E quanto à outra?

- Está bem, seu problema é de origem emocional. O professor Kazam pode cuidar dela.

Ciclo nove

Você está em um café e, enquanto olha o cardápio pede um café. mas assim que o garçom vira as costas, você sente vontade de tomar um chocolate quente. O que você faz?

(a) Continua olhando o cardápio e imaginando o chocolate quente.

(b) Dá uma olhada para ver se o garçom vai voltar.

(c) Chama novamente o garçom e troca seu pedido.

(d) Desiste do chocolate e toma seu café.

- mas que tipo de questão é essa? Todo mundo trocaria o pedido. – Belle estava se sentindo mais confortável com Alixandra.

- Eu não sei. Acho que nem todo mundo trocaria o pedido.

- Por que alguém tomaria café se quer chocolate.

- Eu não sei. Talvez não queira incomodar o garçom.

- Incomodar o garçom? Ele é pago pra isso. O trabalho dele é trazer o que a gente quiser. Essa é a única resposta certa.

- Eu não sei. Eu estou desconfiada desse teste. Talvez não exista uma resposta certa.

- Como assim não existe uma resposta certa?

- Olha essa daqui. – Mostrou Alixandra.

Escreva um adjetivo que, na sua opinião, melhor combina com cada uma das seguintes palavras:

Cachorro, Gato, Rata, Café, Mar.

- Eu nem sei como responder essa pergunta. – Disse Alixandra.

Escolha o desenho que você mais se identifique.

- mas que tipo de teste é esse que tem desenho no meio? – Reclamou Belle.

- Eu desconfio que isso seja um teste de mágica.

Alixandra puxou a folha e apontou.

Ao relaxar, você se senta com:

(a) joelhos dobrados juntos lado a lado com suas pernas.

(b) cruza suas pernas.

(c) com suas pernas esticadas ou abertas.

(d) em cima de uma perna debaixo.

- Pra que alguém quer saber como eu me sento?

- Pra saber se você é educada o que podemos ver que você não é.

- Educada aonde?

- A educação diz que se deve sentar com os joelhos juntos.

- No chão ou numa cadeira? Aqui não explica.

- Não importa. Toda garota descente se senta com os joelhos juntos. Garotas descentes não abrem as pernas pra nada.

- Acontece que quando eu estava nua na frente de um monte gente me disse que eu não sou uma boa garota, eu sou uma bruxa e bruxas sentam do jeito que quiser. E pelo que eu me lembro você também ficou pelada e é uma bruxa. – Alixandra jogou o teste de Belle na cara dela e não se falaram mais.

Belle se retraiu chateada, abaixou a cabeça e assinalou a questão B.

Ciclo dez

Alixandra e Belle remexeram em todas as suas coisas a procura de uma roupa para dormir, mas não encontraram nada.

- Tem as camisolas que usam por baixo das roupas. - Sugeriu Nicole.

- Eu não ainda não entendi qual é a dessas camisolas. - Comentou Alixandra. – Bruxas não usam sutiã?

- Eu uso! – Nicole puxou a alça do seu sutiã.

- Eu também. – Disse Cassandra encolhida na cama fingindo ler um livro.

- Vai ver vocês não precisam. – Concluiu Nicole.

- Eu preciso. – Disse Belle bem baixinho.

- Amanhã a gente vai ao clube de Moda e costura...

- De jeito nenhum. – Interrompeu Alixandra. – Eu posso morrer sem usar sutiã que não volto lá.

- Peguem suas roupas e toalhas que vamos tomar banho. – Anunciou Nicole. – Peguem as suas poções de limpeza.

Alixandra puxou o frasco que Yulia havia lhe dado, já Belle surgiu com seis frascos.

- De onde você tirou isso? – Perguntou Alixandra espantada.

- Me deram no clube. – Respondeu Belle.

- Eu acho que eles pensaram que é pra vocês duas. – Concluiu Nicole.

- Eu vou depois. – Disse Cassandra.

- De jeito nenhum você vai fazer essa desfeita. – Reclamou Nicole. – É a primeira noite das nossas novas colegas e você vem junto.

As três garotas saíram pouco animadas atrás de Nicole entusiasmada.

Na sala Móvel entraram em um cômodo todo branco com estampas de orquídeas e um arranjo de flores, no chão havia apenas almofadas pra se sentar e uma cesta com pequenas garrafinhas. Uma voz suave e feminina se apresentou.

- Eu sou a sala das orquídeas brancas. Fico muito feliz em conhecê-las.

- Estas são Alixandra e Belle. - Apresentou Nicole. - Chegaram hoje.

- Que coisa. – Comentou Alixandra. – Eu pensei que íamos pegar aquela sala de novo.

- Sinto sua aura um pouco fraca. - Comentou a “sala”.

- É que saímos do hospital hoje. – Respondeu Alix.

- Suponho que estejam indo para o salão de banho?

- Sim estamos. – Respondeu Nicole. – mas primeiro vamos até o escritório do professor Kazam.

- Pois então eu irei preveni-las de que ficar muito tempo na água quente pode abaixar a sua pressão, causando franqueza, tonturas e até desmaios. O que é muito problemático em sua condição delicada.

- Obrigada. - Agradeceu Alixandra.

A porta se abriu e elas saíram.

- Todas as salas dão conselhos? – Perguntou Alixandra.

- Todas.

Chegando no escritório do professor Kazam ele as recebeu com um sorriso e recolheu os exames de Alixandra e Belle. Na volta novamente se encontraram com a sala das orquídeas brancas que novamente lhes deu um conselho.

- Tomem cuidado com o chão molhado para não escorregaram.

Abrindo a porta da sala já se pode perceber a diferença pelo vapor. O teto era muito alto e o piso de madeira. Já podiam ver algumas garotas nuas e alguns...

- Pingüins?

- Sim! – Respondeu Nicole - Eles fazem o serviço de manutenção dos banhos. Também temos as tartarugas e os castores.

- mas eles não são pingüins de verdade, eles parecem de brinquedo.

- Sim. - Concordou Nicole. – Eles são Brownies, mas nós chamamos de pingüins por causa da sua aparência; bem... De pingüins.

- O que é um Brownie exatamente?

- São criaturinhas mágicas domesticas que gostam de ajudar nos afazeres domésticos, muita gente tratam eles como se fossem membros da família. – Explicou Nicole. – O castelo está cheio deles.

- Puxa! Em Galita a gente chama isso de Domovoi. – Alixandra ficou muito contente em ver que esse tipo de ser existia. – mas eu pensei que eles se pareciam com pessoazinhas.

- Eu ouvi que Domovois roubam coisas assustam pessoas e às vezes paralisam a gente na cama. – Comentou Belle.

- Deve ser outro tipo de criatura. – Nicole consolou Belle. – esses são Brownies, são bonitinhos.

- A porta sai bem assim... – Alixandra olhou pros lados. – Não existe o perigo de algum garoto entrar aqui?

- Impossível. – Respondeu Nicole. – O castelo todo é mágico, nenhum homem pode entrar na torre Netzah por isso que a chamamos de torre feminina.

- E vice versa?

- Não! Qualquer garota pode entrar na torre masculina a hora que quiser.

- mas por que isso?

- Que garota quererá entrar no banheiro masculino?

- Pra ver como é.

- A torre masculina é idêntica à torre feminina, não tem nada pra ver. - Nicole parou diante de uma fileira de armários e começou a tirar a roupa. - Você coloca a roupa em um dos armários.

Nenhuma das três parecia com vontade de se despir.

- Não querem que eu chame as buchas pra tirar as suas roupas não é mesmo? – Ameaçou Nicole. - Vamos logo!

Sem muita vontade as garotas obedeceram, ainda havia alguns vestígios de queimaduras no corpo de Alixandra, mas ela podia perceber que os ossos de suas costelas já não apareciam tanto na pele. Quanto ao selo em sua mão direita pareceu uma bobagem completa ao ver que todas as costas de Cassandra e parte de trás dos seus braços e pernas estavam com selos mágicos. Sem as roupas Alixandra começou a se sentir um pouco inferiorizada. As três eram muito bonitas, mesmo que ela fosse um pouco bonita, perto delas se sentia muito feia. Cassandra tentava se esconder, mas possuía um corpo perfeito. Claro que nenhuma garota era tão bonita quanto Nicole. Alixandra procurou bastante entre as garotas do banho.

Passando a entrada desceram em uma área aonde havia vários buracos no chão aonde as garotas se banhavam. Nas paredes, longas figuras de pedra se esticavam pra jorrar água nas garotas. Algumas paredes divisórias com prateleiras e espelhos enfeitados separando o enorme salão incomodaram as garotas, já era ruim estarem peladas no meio de tanta gente, muito pior com espelhos pra lembrar disso. Alguns espelhos chamaram a atenção das garotas, pois elas apareciam de costas.

- O que é isso? – Perguntou Alixandra.

- É só um espelho. – Respondeu Nicole.

- mas eu estou me vendo de costas. – Explicou Alixandra.

- E qual é o problema? – Perguntou Nicole.

Alixandra não insistiu mais. Era obvio que Nicole e Cassandra estavam acostumadas com coisas mágicas e não iam entender a surpresa das garotas.

Quatro simpáticos pingüins pararam na frente de cada uma das garotas. Olhando bem podia se perceber as diferenças.

- Agora vocês entregam os produtos que eles cuidam de tudo. – Nicole entregou seus frascos para os pingüins, Alixandra e Belle imitaram.

- Não obrigada! – Disse Cassandra, eu mesma prefiro fazer isso e se sentou em um banco onde tinha algumas escovas e começou a passar no corpo.

Nicole se sentou esperando como uma rainha. Belle ainda tentava se cobrir enquanto Alixandra tentava se acostumar com aquilo. Seis bichinhos parecidos com doninhas apareceram, eles também pareciam de brinquedo. Nicole esticou os braços e eles pularam em cima dela se esfregando e ensaboando seu corpo.

- Não obrigada. – Alixandra não gostou da idéia deles pulando em cima dela, então eles se dividiram em grupos de três em cima de Belle e Nicole.

- Banho de ervas. – Falou um pingüim que puxou Alixandra pela mão.

Ela foi com o pingüim enquanto Belle lutava contra as buchas para que não limpassem determinadas áreas estratégicas enquanto Nicole parecia se divertir e muito. O pingüim a levou até um dos buracos no chão vazio. Ela podia ver no fundo a tampa por onde a água saia. Uma estatua com cara de um Leviatã aparentemente acordou e esticou o pescoço em sua direção. Ele abriu a boca e um líquido verde, com um cheiro gostoso jorrou de sua boca como uma mangueira de incêndio, depois voltou a sua posição original.

Alixandra não tinha idéia do que era aquele líquido, mas a sensação era deliciosa, as partes aonde tinham marcas de queimadura deram um alivio maravilhoso e ela sentia como se alguma coisa boa fluísse para dentro do seu corpo através de sua pele.

Um pingüim apareceu com uma espécie de esfregão e começou a esfregar suas costas, outro pingüim puxou a sua perna e também começou a esfregá-la com uma escova. Alixandra pensou que a idéia das buchas não era tão mal.

Outra estatua de Leviatã esguichava água gelada violentamente nas garotas para tirar o sabão do corpo. Alixandra achou que ia pegar uma gripe, todo seu corpo parecia que ia congelar.

Ela seguiu as garotas até a saída e para sua surpresa viu uma enorme piscina onde dezenas de garotas nuas estavam nadando e conversando. Até parecia um clube. Ela olhou para cima e viu um céu azul perfeito em plena noite, que tipo de magia fantástica era aquela? Nunca havia entrado em um parque aquático e aquilo definitivamente parecia um parque aquático.

Nicole correu para a água e mergulhou. Alixandra esqueceu completamente seus pudores sobre ficar nua e correu para mergulhar também. Para sua surpresa a água estava quente.

- Eu nunca imaginei que uma coisa dessas pudesse existir. - Comentou Belle maravilhada.

- Cuidado com as áreas que saem as bolhas, elas são muito quentes. – Avisou Nicole.

- Como é possível? – Belle não se conformava.

- O teto é uma janela acima das nuvens a 25 graus em relação ao sol na linha do equador. – Respondeu Cassandra. – Por isso está sempre quente e iluminado sem nunca aparecer nuvens ou o sol. A água vem de uma fonte vulcânica, por isso é rica em enxofre e sais minerais.

- Então essa água é medicinal? – Perguntou Alixandra.

- Exatamente! - Respondeu Cassandra.

- Você ficou animada. – Comentou Nicole.

- É que eu nunca estive em uma piscina antes.

- Isso não é uma piscina. – Corrigiu Cassandra. – É uma banheira.

As quatro garotas brincaram na água até ficarem com a palma dos pés e das mãos enrugadas. Cassandra confessou que nunca tinha se divertido tanto naquele banho, assim como Nicole. Belle terminou mais descontraída, já não pensava mais em nenhum problema. Quando voltaram ao quarto Cassandra revelou algumas garrafas de suco e doces escondidos. Ela queria passar a noite inteira acordada com suas novas amigas, mas não agüentaram. Mal chegaram no quarto e já estavam todas dormindo.

Finalmente depois de muito tempo pela primeira vez Alixandra não se sentia sozinha.

Continua...

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