19
A nova colega de quarto
Ciclo Um
Já era tarde da noite e Belle não conseguia dormir, o céu estava negro e nenhuma luz entrava pelas frestas das cortinas. Ela agarrou sua varinha e uma pequena luz se acendeu, olhou para o vulto de Alix dormindo profundamente, apanhou algumas coisas e saiu do quarto. Os corredores do dormitório feminino eram escuros e assustadores a noite. Ela caminhou silenciosamente pelos corredores passando pelos antigos quadros e espelhos, muitos enfeites não estavam lá e outros estavam dormindo, onde ficavam as salas móveis se encontravam apenas o batente da porta e uma parede.
Ela sentia um certo medo e ao mesmo tempo excitação e curiosidade. Um dos corredores estava iluminado e ela pode ver Brownies de todos os tipos trabalhando, alguns com aparências de animeis e outros com aparências de duendes, todos muito parecidos com bonecos. Ela nunca percebera ou admitira, mas os Brownies davam um certo medo, assim como todas aquelas coisas mágicas, assim ela tomou outro caminho.
Belle caminhou por lugares que nunca tinha visto e olhou salões e escadas que nem imaginava que existiam, muitas das salas do dormitório feminino estavam fechadas outras estavam abertas e mal iluminadas. Em um grande salão de estudos encontrou uma pessoa lendo ao lado de um daqueles estranhos gatos que gostavam de tomar chá. O gato tinha ao seu lado uma grande lanterna vermelha, usava um quimono verde com desenhos de arvores e pacientemente saboreava chá. A pessoa parecia distraída em sua leitura, discretamente Belle tentou reconhecê-la, pois parecia de certa forma familiar quando a mulher perguntou:
- Você também não consegue dormir? – Com uma batida de palmas mais luzes se acenderam e ela pode reconhecer a professora de Magia Negra Lucy Western.
Embaraçada a menina entrou na sala com sua camisola, segurando seu cetro e um monte coisas debaixo do braço sem saber porquê e se sentindo idiota.
- Acomode-se! – Convidou Lucy pondo seu livro de lado.
Belle se sentou e pegou um pouco de chá que o gato ofereceu, o chá era suave e amargo, não deu nenhuma sensação especial como os chás e poções do professor Kazam era apenas chá. Ela aproveitou para dar uma boa olhada no gato. Ele era bem maior do que ela achava na primeira vista e apesar de sua expressão sorridente seu rosto não tinha nenhuma feição humana, também não era exatamente um gato, definitivamente um felino, mas nenhuma espécie que ela já conhecera.
- Algum transtorno lhe tira o sono? – Perguntou Lucy se servindo de uma garrafa de cristal com um liquido grosso e vermelho.
- Eu não sei. - Respondeu sinceramente.
- Compreendo! - Respondeu saboreando o liquido vermelho. – Deves ter muitas cousas em tua graciosa cabecinha.
- Por quê? – Perguntou timidamente.
- Vieste de um lugar aonde se têm péssimas impressões sobre mágica. Costumes muito dessemelhantes aos que se encontram por aqui. Foste abduzida e afastada de tudo que conheces, cercada de pessoas e costumes estranhos em um mundo novo e assustador. Sem falar nos incidentes das ultimas semanas que são de conhecimento a todos no castelo.
Belle mordeu os lábios e se encolheu, não sabia o que pensar.
Lucy bebeu mais um pouco e naquela luz a menina finalmente começou a perceber sua aparência, seus olhos brancos sem cor, sua pele pálida e sem vida, apesar de sua aparência infantil sua fala madura e a suave mancha vermelha que o liquido deixava em seus lábios deu um calafrio na menina, ela já não se sentia mais segura.
- Isso que a senhorita esta tomando é sangue?
Lucy parou de beber e olhou para a menina como quem é pega fazendo alguma coisa errada. O gato apenas olhou levemente interessado.
- Por que supões que eu sorveria sangue?
- Eu... – Belle se arrependeu de ter dito aquilo. Foi um impulso incontrolável. – Eu não quis dizer isso. Foi um sonho que Alix teve... Eu devo estar com sono.
- E o que tem o sonho de Alix?
- Ela teve um sonho em que viu o futuro e a senhorita estava nele. Nada demais.
- E qual minha função nesse sonho?
- Nada! É que o sonho era alguns anos no futuro e a senhorita não tinha envelhecido. Nada demais só um sonho bobo. Nem foi um sonho meu.
- Sonhos não devem ser tratados tão levianamente. – Lucy a olhou de baixo pra cima. – Alix goza da faculdade de ver o futuro em seus sonhos?
- Não completamente. Só aconteceu poucas vezes, depois que nos trouxeram pra cá.
- Ela nunca teve desses sonhos no passado?
- Só coisas bobas, momentos sem importância que ela sonha e depois acontecem. Acontece comigo também. Algumas vezes eu estou fazendo algo simples e me lembro de já ter experimentado o mesmo momento em um sonho.
- Não é um fenômeno que ocorre a todos. – Lucy deu um gole com bastante gosto. – Este lugar está submerso em magia, é mais do que esperado que seus dons latentes despertem após sua chegada. – Lucy levantou o lábio mostrando seu canino deformado. Novamente um arrepio preencheu o corpo de Belle. Aquele dente era diferente de tudo o que ela imaginara sobre vampiros, era bonito, fino e curvado como dente de uma cobra.
Belle, imediatamente se afastou tropeçando na cadeira. – Isso é sangue. – Gritou horrorizada.
A pequena professora estendeu seu cálice calmamente e o encheu após se servir e ordenou. – Sente-se!
Belle sem muita coragem tentando não chorar se sentou novamente na cadeira.
- Bebe! – Ordenou colocando o cálice nas mãos de Belle. – Vamos! Beba.
Com lagrimas nos olhos e tentando não vomitar ela virou o cálice garganta a baixo rapidamente na esperança de não sentir o gosto, mas não pode evitar o gosto forte, seco e azedo do vinho. Não podia mais levantar a cabeça de vergonha.
- Não mentirei para ti. – Respondeu a seria professorinha. – Eu consumo sangue periodicamente. É essencial tanto para minha sobrevivência quanto para recarregar meu poder. Meu organismo não assimila substancias sólidas, posso apenas beber. O leite possui características muito semelhantes ao sangue e me manter razoavelmente, assim como alguns outros alimentos. Para meu infortúnio fico com essa aparência pálida que você vedes. Todavia, se não beber de sangue humano fresco não restaurarei a magia em meu corpo, como conseqüência viria a deperecer até me tornar cinzas. - A mandíbula de Lucy se esticou e as presas ficaram salientes, podia facilmente colocar todo o pescoço dela em sua boca. Belle olhou para aquelas presas como se estivesse hipnotizada, por pouco não pediu para tocá-las. - Mesmo que me alimentasse exclusivamente de pessoas não careço mais do que dois litros por dia. Um adulto carrega cinco litros em media o que significa que se eu matasse pra beber sangue desperdiçaria três litros por dia. Como viste, minhas presas são mais finas do que agulhas. Posso atacar vinte vitimas em um dia sem deixar vestígios.
Belle engoliu seco tendo outro arrepio e protegendo a garganta.
- Na verdade não me alimento de sangue. – Explicou Lucy bebendo outro copo. – O que fazemos é retirar a magia e a essência da vida da pessoa. Alguns fazem até de forma pior do que sugar sangue, mas o que importa é que se tirássemos o sangue e colocássemos em uma garrafa para guardar ele não teria nenhum valor pra está claro?
- Então quem é que te da o sangue? – Perguntou Belle ainda embaraçada.
- Muitos magos poderosos em Sephirot que me prestam esse favor. Quanto mais forte for a magia no sangue, maior tempo que não preciso beber.
- Me desculpa. – Disse Belle arrependida. – Eu já estava pensando que a senhorita era...
- Um sugador de sangue assassino que leva infantes após o crepúsculo? – Lucy novamente se sentou com um sorriso. – Não é a única aluna com superstições equivocadas sobre magia por aqui.
- Eu deveria ter sido mais sensível. - Belle se sentia cada vez mais envergonhada e confusa, uma constate sensação de medo ainda a permeava.
- Mostra-me o que trouxe? – Lucy apontou para as coisas de Belle.
Belle entregou o que carregava e a pequena professora analisou tudo entusiasmadamente. – Bela varinha, é o único objeto mágico que tens?
- Não, eu já tenho um cajado e algumas cartas.
- Um livro sobre tapeçaria e bordado de feitiços.
- Eu gosto de roupas. Eu aprendi...
A pequena professora fechou o livro e olhou para Belle como um médico que analisa os sintomas de um paciente.
- Me parece que algumas palavras possuem a propriedade de lhe infringir sofrimento.
- ...
- Elas te afligem quando são pronunciadas por você ou quando as escuta também?
- Às vezes escuto coisas... Não faz sentido. Mas... Quando eu... Geralmente...
- Quando falas?
Belle concordou com a cabeça.
- Está a procurar alguma poção ou feitiço pra se sentir melhor? – Lucy olhava um grosso volume da enciclopédia de feitiços e poções.
Belle olhou pra ela com um tímido e esperançoso sorriso procurando ajuda.
- Esqueça! – Respondeu jogando o pesado volume na mesa. – Magia não é algo tão banal para poder ser usada levianamente. A lei da troca equivalente, equilíbrio no universo, tudo se transforma, bla, bla, bla... Isso não é simples bobagem de professores repetitivos. São fatos importantes que nunca devem ser postos de lado. Quando se relaciona a magia tudo e repito tudo possui um pagamento.
Belle se sentiu envergonhada e se encolheu na cadeira. Lucy olhou para ela com piedade, deu um grande suspiro e se acalmou novamente. - Quantos anos você tem?
- Quinze. Eu faço quinze...
- Um ano a menos de quando eu... Parei de envelhecer.
Belle olhou pra ela sem acreditar muito. - Pela sua aparência foi transformada bem mais jovem.
- Fui transformada quase uma infante. Diferente do que muitos acreditam, envelhecemos lentamente, em 200 anos eu chego a maioridade. Fisicamente agora eu possuo dezenove anos.
- Parece doze! – Belle corrigiu sem querer.
- O que?
- Nada! Nada!
- Quando foi teu aniversario? Meu estado me privou de uma boa percepção de tempo.
- No mês passado.
- Precedendo sua vinda a Sephirot?
- Na verdade, foi no caminho.
- Ao menos estava com Alixandra.
- Ela estava inconsciente. – Belle começou a ficar muito melancólica. Suas lembranças doíam muito.
- Tudo começou com a mulher que a criou não é mesmo? Ela encheu tua cabeça com preceitos contra magia.
- Como você sabe?
- Alem de minha própria experiência pessoal, recentemente li uma pesquisa a respeito de garotas inseguras e as influencias em suas idéias e opiniões. Em torno de 7% são influenciadas pela mídia, um pouco mais de 10% são pelos garotos, 40% as amigas e 50% as mães.
- E o que isso significa?
- Significa que as garotas dessa pesquisa não pensam por si mesmas. Esqueça o que disse quem te criou e tuas amigas e começa a escutar o que você mesma diz. A pessoa mais importante no mundo pra você é você mesma.
- Mas... Isso não seria egoísmo da minha parte?
- Egoísmo não é quando pensas em si e sim no que você quer. É impossível não pensar no seu próprio bem sem querer o bem das pessoas a sua volta. Estou vendo que você tem um diário, comece a usá-lo. Descarregue o que tem dentro de si. Não guarde essas coisas ruins.
Belle olhou para seu diário enquanto Lucy degustava sua bebida e começou a se sentir melhor. Alguma coisa foi tirada de dentro de seu peito e assim como se sentia melhor, também sentia sono. Agora tranqüila se despediu e foi dormir.
Assim que Belle saiu o gato muito perspicaz apontou para um pequeno fio avermelhado saindo do dedo mindinho de Lucy.
- Parece que temos uma nova correntinha. – Lucy percebeu. - Por mais que se tente evitar elas sempre surgem.
O gato olhou para ela de modo revelador.
Lucy sorriu envergonhada. - Eu nunca disse que você estava errado.
Ciclo dois
O ultimo mês na vida de Thomas tinha sido agitado e inusitado, todos os dias acontecia alguma divertida novidade com seus colegas. Verdade que na maioria das coisas ele não tomou parte diretamente, apenas estava presente, mesmo assim era muito bom fazer parte do grupo. Melhor ainda foi quando aceitaram os seus projetos para a corrida de tapetes. Apesar de levar meses para montá-los não tinha a pretensão que realmente fossem aceitos. Nem ao menos tinha a intenção de fazer parte do grupo quando se ofereceu para ajudar a montar os equipamentos para o festival. Apenas queria ganhar alguns pontos extras no seu currículo e passar um tempo de Soleil a garota por quem ele nutria uma paixão secreta.
Mas os últimos dias extrapolaram. Quem imaginaria que ao montar a pista da corrida de tapetes iam levá-lo a se encontrar com a polemica Alixandra Pudim e o envolveriam em uma conspiração de assassinato. Pelo menos foi o que Medhal disse que acreditava. Ao que ele entendera tudo foi apenas uma premonição e o perigo já havia passado. O mais importante é que agora ele fazia parte da turma secreta de Alix e apesar de ser o cabeça de alguns projetos usados no evento eles seriam montados sem a sua presença.
Para piorar convencera a turma de Soleil a usarem seu carro na corrida e colocá-lo como piloto. Alem de passar vergonha na frente de Soleil na corrida ainda tinha que agüentar sua amada suspirando pelos cantos por Janus.
Faltava um dia para o festival e ele estava completamente agoniado por mal conseguir completar o tempo básico das pistas de corrida, mesmo a presença de Soleil nos treinos não ajudava muito já que ele se sentia pior por fazer um papelão na frente dela. A única vantagem e vantagem mais que suficiente pra compensar tudo era que pela primeira vez conversava com sua amada. Mesmo que o assunto geralmente fosse Janus e Rembrandt.
No ultimo dia antes do festival recebeu duas noticias terríveis, primeiro Medhal queria velos, segundo que Soleil após um longo relatório de perguntas sobre Janus se decidiu a convidá-lo para ir com ela na festa de abertura.
- O que? mas por que?
- Você mesmo disse que Janus não pensa seriamente em sair com nenhuma garota e como eu não sou tão bonita quanto Nicole e Belle Pudim ele pode aceitar sair comigo. – Concluiu Soleil.
Durante toda sua vida Thomas fora um sujeito pacifico e sempre se esforçou para ser uma pessoa de bom coração e apesar de todas as qualidades atribuídas a Janus Volonaki, estava realmente com muita vontade de odiá-lo.
O sujeito era bonito e engraçado, todas as garotas do primeiro anos se derretiam por ele e até a Nicole nutria um forte interesse por ele. A única pessoa que não sabia disso era o próprio Janus. Por toda parte ele sempre tinha que lembrar a sua falta de sorte com as garotas e em como ele não era popular, mas assim que se afastava; as garotas começavam a falar dele. O pior é que quando uma garota falou na frente dele o maldito não acreditou, levou na brincadeira e depois começou a choramingar por sempre zombarem dos seus sentimentos. Isso era mais do que suficiente para Thomas odiá-lo.
Na nova reunião Belle surgiu com uma garota muito magra e estranha chamada Claude. Era a presidente do clube de moda, o tipo de gente que Thomas nunca se envolveria na vida. Elas trouxeram um uniforme confeccionado por elas com um enorme brasão estilizado no lado esquerdo.
- Pra que é isso? – Perguntou Janus. – Vai ter um desfile?
- Não esse vai ser o nosso uniforme oficial. – Explicou Belle.
- Não precisamos de uniforme. – Explicou Janus. – É só fazer um bracelete de pano com a identificação.
- Você também não precisa abrir a sua boca querida. – Claude retrucou. – Tão bonitinho e quando abre a boca estraga tudo.
- E esse papel? – Apontou Rembrandt apontando para o que Belle carregava.
- São os modelos pro nosso Brasão! – Belle mostrou entusiasmada. – Nós planejamos e vai ficar do lado esquerdo em uma pequena sobrecapa.
- O que é sobrecapa? – Perguntou Rembrandt. – É uma capa sobre a capa.
- Não! – Reclamou Lumina. – É aquela capinha pequena tipo casaco do Sherlock Holmes. Será que vocês não sabem de nada?
- Alem do logo precisamos trocar o nome. – Explicou Claude. – Arcanoides é muito bobo, vocês precisam de alguma coisa a mais. Arcanoides estrela e colocar um K.
- Que tal Arcanoides Plus? – Sugeriu Alix. – Todo mundo aqui tem uma coisa a mais.
- Plus? Isso me parece coisa de produto de limpeza. – Criticou Rembrandt. – Que tal Arcanoides force?
- Arcanoides Prime! – Sugeriu Janus.
- Arcanoides Extreme! – Sugeriu Thomas pra não ficar quieto.
- Isso não é desenho animado. – Reclamou Nicole. – E de onde surgiu esse Prime? Isso não faz sentido.
- Eu gostei da idéia de que temos algo a mais. – Falou Cassandra, uma das poucas vezes. – E o som de Extreme é empolgante. Que tal Arcanoides Ex?
Os garotos gostaram.
- Não vamos nos chamar Arcanoides Ex. – Reclamou Yuki. – Se é para ser extra alguma coisa vamos colocar Super ou X.
- Que tal Arcanoides Panic? – Sugeriu Lumina.
- Vamos deixar o nome pra depois, eu quero mostrar isso pra vocês. – Belle puxou uma pequena caixinha com anéis dentro. – São anéis de alfaiate. Usando a palavra mágica nos vestimos automaticamente.
- Anéis mágicos de transformação. – Rembrandt pegou um punhado de anéis e distribuiu.
- Agora até eu gostei da idéia dos uniformes. – Declarou Thomas.
Janus e Cassandra pegaram seus anéis e apertaram um no outro. – Anéis mágicos entrem em ação.
- Como é que isso funciona? – Analisou Alix.
- Você veste o uniforme e da um comando relacionado ao anel. – Belle correu entusiasmada pra explicar. - O uniforme vai ficar em um lugar relacionado ao anel. Sempre que precisar sua roupa vai desaparecer e trocar de lugar com o uniforme.
- Roupa de baixo também? – Perguntou Alix.
- Claro! – Afirmou Claude. – Escolha alguma coisa confortável e fácil de limpar.
- Também tem isso. – Yuki puxou um saco cheio de caixinhas.
- Estojinhos de maquiagem? – Perguntou Rembrandt.
- São comunicadores. Vai me dizer que nunca viu?
- Eles vão ficar comigo. – Claude pegou o saco. – Tenho que colocar o símbolo em todo o material do grupo.
- Então temos que escolher um logo. – Nicole analisou as folhas com os símbolos impressos.
- Vai ter uma estrelinha no logo não é? – Alix se preocupou.
- mas é claro mostrou Belle.
- Não é um logo! – Reclamou Lumina. – Ë um símbolo.
- Por que nenhum deles tem um coração? – Reclamou Yuki.
- Corações são um pouco infantis não acha? – Comentou Claude.
- Corações nunca são infantis. – Reclamou Yuki
- Tem algum símbolo com uma Fênix? – Perguntou Rembrandt.
- Não é o seu grupo. – Reclamou Lumina. – Não vai ter fênix nenhuma.
- Temos predominância feminina e qualquer decisão será feita pela gente. – Yuki tirou os logos das mãos dos rapazes.
- Estou vendo que a nossa opinião não conta. – Comentou Rembrandt.
- Seis garotas? – Contou Janus. - Temos que ficar felizes das roupas não serem rosas.
- Isso me lembra que devemos escolher a cor predominante. – Claude pediu para Belle esticar a roupa e puxou sua varinha.
- Sei lá! – Opinou Rembrandt. – Eu acho que gostei de roxo.
- Isso não é roxo. – Reclamou Belle. – É índigo.
- Não se exalte querida. – Apaziguou Claude. – Homens não são capazes de enxergar mais do que 16 cores.
- Sei! – Pensou Lumina. – Eles são como cachorros.
- Eu estou começando a me sentir ofendido. – Declarou Rembrandt.
- Começando? – Ironizou Janus.
Claude continuou mostrando as outras opções de cores. Cada vez que tocava com a varinha a roupa mudava. Azul meia noite, Azul ardósia escuro, Varie marrom escuro...
- Porque não faz preto de uma vez? – Pediu Rembrandt.
- mas que pobreza. – Declarou Claude. – Eu mesma vou escolher o que é melhor e vocês vão ficar muito felizes com isso. Vou querer todos vocês para tirar as medidas dos uniformes.
- Existe mais uma coisa que eu tenho que falar com você e Thomas. – Avisou Yuki. – Meu pai pediu para que os uniformes tenham alguns aparatos de segurança.
Thomas foi com Claude e Yuki, finalmente ele sentiu que estava fazendo parte do grupo.
Ciclo três
Aparentemente a semana estava passando tranqüilamente as arcanoides treinavam entusiasmadamente para o festival e nem ao menos se preocupavam com o que acontecia a sua volta. A ultima semana foi atarefada em todos os lados, muita gente chegava de todo o mundo para se hospedar na cidade e a paranóia de Medhal para aumentar a segurança do castelo o mais rápido possível era até um pouco irritante.
Mesmo assim sempre arranjavam um tempinho pra se divertir, Belle e Alix não dispensavam os treinos de com Derek e Rembrandt. Separadas claro. E ainda tiveram tempo pra jogar fora. Antes do fim da semana todos os preparativos para o festival estavam prontos e o dia do festival estava chegando. Claude arrumou os uniformes, Medhal providenciou o professor que iria se responsabilizar pelo time das arcanoides. E claro já apareceram com um nome e um logo estilizado.
Magical arcanoides Max hearth.
- Esse nome é idiota! – Se ouviu em coro.
- Tarde demais. – Suspirou Claude. - Já foi registrado pela sua tutora.
- Eu gostei. – Sorriu Yuki com o uniforme nas mãos.
- Quem achou idiota levanta as mãos. – Anunciou Rembrandt seguido por Janus Lumina e Thomas.
- Quem gostou se manifeste. – Nicole levantou a mão, seguida por Yuki, Belle e Cassandra. Os oito olharam feio pra Alix esperando o voto de Minerva.
- O que é isso gente! – Alix se justificou. – Agora já esta tarde demais. E isso não tem significância não é mesmo.
- Ela gostou. – Murmurou Claude.
- Ela gostou. Ela gostou. – Continuaram murmurando os outros.
- De qualquer forma ela tem todo o direito de escolher já que é a líder. – Anunciou Claude.
- Como assim ela é a líder? – Reclamou Lumina.
- É de comum conhecimento que a pessoa de vermelho é a líder do grupo e os acessórios de Alix são vermelhos. – Explicou Claude.
- Como assim os acessórios dela são vermelhos? – Reclamou Lumina.
- Vocês tiveram toda oportunidade de escolher as cores dos acessórios antes de serem feitos. Alix escolheu o vermelho, Belle o branco, Nicole o laranja, Yuki o rosa, Cassandra o bege, Janus o azul, Lumina o verde e Thomas o amarelo.
- Eu queria o laranja, mas Nicole escolheu primeiro. – Alix se justificou.
- Eu não estava sabendo disso. – Reclamou Lumina.
- Espera ai! – Protestou Rembrandt. – Uma garota não pode ser o vermelho. No Maximo o rosa.
- Eu sou a rosa. – Yuki mostrou seu comunicador.
- O vermelho é o líder. – Afirmou Claude. – Algumas vezes pode ser o Branco, mas nesse caso seria a Belle.
- Absurdo! Alem disso. – Continuou Rembrandt. – Eu não escolhi nenhuma cor.
- Você vai ser o preto. – Afirmou Claude. – O misterioso e desgarrado que aparece no ultimo momento para salvar os heróis.
- Legal. – Murmurou Rembrandt. – Pelo menos eu não sou o azul.
- Qual é o problema com o azul? – Reclamou Janus.
- Eu só tenho uma curiosidade. – Thomas finalmente se manifestou. – Quem é o professor que escolheu um nome como arcanoides Max hearth?
- Realmente! – Ponderou Lumina. – Isso é nome que só uma garota de treze anos iria pensar. Quem foi Yuki?
- No formulário estava escrito a superprofessora mágica e no lugar da assinatura tem uma marca de beijo. Não sei quem faria uma coisa assim.
- Isso também me parece idiota. – Observou Rembrandt.
- Vai ver não existe ninguém. – Pensou Belle. – Medhal colocou isso só pra despistar.
- Meu pai nunca cometeria uma fraude. – Reclamou Yuki ofendida. – Deve ser uma professora nova.
Tudo continuou as mil maravilhas. As garotas foram dormir animadas para o dia seguinte.
Ciclo quatro
Alixandra começou a tirar sua roupa para colocar a camisola quando escutou um estranho comentário.
- A primeira vista eu pensei que você só uma magricela, mas a sua bunda é perfeita.
Alix teve um susto procurando pela origem da voz, quando viu um gato em sua cama olhando direta mente para ela.
- Foi você que falou? – Perguntou automaticamente.
- Sim! Fui!
Alix quase caiu pra trás com a resposta, apesar de todas as criaturas mágicas que encontrar desde que se mudara para o castelo ainda não estava preparada para algo como um gato falante sem aviso. Apesar de nas historias ser comum bruxas terem gatos falantes. mas até ai todo mundo dizia que ela era uma maga, não uma bruxa.
- Quem é você?
- Meu nome é Hamlet
- Hamlet? – Alixandra começou a se interessar pelo gato e se sentou na cama. – Que coincidência. O nome do meu pai também é Hamlet.
- Então você pode me chamar de Papai.
Alixandra preferiu fingir que achou engraçado. - O que esta fazendo aqui?
- A partir de hoje eu serei a sua consciência. Pode me considerar seu novo pai. Chame-me de senhor papai.
- Minha o que? Como?
- Consciência. Fui designado pra ser o seu familiar.
- Familiar o que é isso?
- Eu vou ser o guia e mentor de vocês a partir de hoje.
- Nós quem?
- As cinco garotas do quarto do pônei alado.
- E aonde é o quarto do pônei alado?
- Aqui. Não viu que tem o desenho de um pônei alado na porta?
- Aqui? mas só tem quatro garotas aqui. – Alix reparou que havia uma cama com cortinas vermelhas e enfeitadas fechando completamente. – Essa cama não estava aqui antes.
- Não! Foi colocada hoje.
- mas como... Por que?
- Não é nenhum segredo que seu pequeno clubinho das arcanoides anda causando muito alvoroço. Por isso a partir de hoje eu vou tomar conta de vocês e da outra delinqüente que já eu andava de olho.
- É uma aluna nova? Chegou hoje?
- Não escutou que eu já estava de olho nela? Ela foi transferida pra cá a meu pedido.
- mas a gente não fez nada de tão errado assim.
- Eu acredito em você! mas sabe como o Major Medhal é meio paranóico e com toda essa historia de melhorar a segurança do castelo antes do festival... Alias! Se não me engano foi por sua culpa.
- Foi sem querer.
- Claro que foi sem querer. Se fosse de propósito não teria conseguido.
- Foi ele quem te mandou?
- Não! Medhal apenas pediu, quem se ofereceu fui eu.
- Você se ofereceu? Por que?
- Porque eu já conheço a Nicole. Maravilhosa. Sabia que ela é de nottingham?
- Afinal o que tem de mais as garotas de nottingham?
- Não me admira que não saiba. Você é de Galita é praticamente uma versão eslava de uma garota de nottingham.
- mas afinal o que isso quer dizer?
Neste instante foram interrompidos pelas outras garotas entrando no quarto.
- Você tomou banho antes de todo mundo de novo? – Perguntou Nicole chateada, pronta pra ter uma discussão por ter tomado uma bronca apesar de não ter feito nada.
- Temos uma novidade. – Apontou para um gato.
- Um gatinho. – Belle adorava gatos. – Eu adoro gatos.
- Não sei se vai gostar desse gato. Ele é do tipo falante.
- Falante? Ele fala.
Um gemido incomodado soou por trás da cortina da cama nova. Uma delicada mão branca com unhas prateadas deslizou revelando um sonolento olho azul. Dos finos lábios vermelhos como sangue saiu uma voz tremula. - Porque estão fazendo tanto barulho?
Ouve um silencio sepulcral no quarto seguido de um grande mal estar.
- O que você esta fazendo aqui? – Se espantou Alix.
- Tentando dormir. – Respondeu Lucy.
- Você me disse que era uma aluna não. – Alix reclamou com o gato.
- Você que disse isso. – retrucou o gato. - Eu não disse nada.
- Essa não é a professora Lucy? – Perguntou Cassandra. – Eu pensei que não queriam que nos encontrássemos.
- Por que não?
- Precauções exageradas! – Explicou Hamlet. – Sua amiguinha de suculenta curvatura possui um avançado conhecimento de magia negra e muito pouca noção de qualquer outra coisa, já minha protegida andou muito tempo no lado errado e ainda possui uma certa tendência para o que ela chama de “bobageiras que velhos obliterados consideram errado” e temiam que se tornassem em verdadeiros maus hábitos.
- E o que aconteceu?
- A situação mudou de acordo com algumas previsões bem pessimistas que você andou fazendo. Posso saber detalhes?
- Ela previu que iam acontecer alguns acidentes durante o festival e que Rembrandt ia morrer. – Cassandra respondeu antes que as outras garotas dissessem alguma coisa. Medhal havia pedido sigilo e aparentemente não tinha contado nada para Hamlet. Não seriam elas que iam contar.
- Entendo! – Respondeu o gato pensativo. – O incidente com os tapetes. Não me admira que ele esteja tão paranóico. Ao que parece suas previsões podem ser reais.
- Até agora tudo o que eu previ aconteceu. – Alix compreendeu a preocupação de Cassandra.
As garotas pararam e perceberam que da nova cama a professora Lucy as observava com grande interesse. Os olhos arregalados davam a impressão de que ela morrera horrorizada á algumas horas e seu cadáver estava jogado na cama.
- Então você que é a Cassandra? – Lucy se virou para Cassandra.
- Sim. Nos conhecemos na festa de aniversario de Belle.
- Não tivemos muitas oportunidades para conversar aquele dia.
Após trocarem alguns olhares as duas acabaram por se abraçar. - Você é tão fofa que da vontade de apertar. – Disseram as duas ao mesmo tempo.
- Muito bem. – Comentou o gato. – Agora eu vi de tudo.
- Ouvi historias sobre você. Todavia não me informaram que era tão gostosa, digo formosa. – Elogiou Lucy.
- E ninguém disse que você parecia tão novinha. – Respondeu Cassandra.
- Eu parei de envelhecer com 16, agora tenho aparência de 19.
As pessoas no quarto preferiram apenas deixar passar a afirmação.
- Espere ai. – Percebeu Belle. – Você é aquele gato que tomava chá. mas você não era um gato... Gato!
- E o que eu era então?
- Um gato-coisa?
- Gato coisa? – O gato-coisa ficou indignado. – Isso foi um insulto? Por que eu sei que não foi um elogio.
- Você tem algum parentesco com a sala tulipa? – Nicole se manifestou visivelmente desconfiada de alguma coisa.
- Sim! Ela era feita usando meu espírito. – respondeu com orgulho.
- Eu sabia! – A noite quando as salas moveis param de funcionar os espíritos assumem as formas de gatos e usam nomes de personagens das obras de Shakespeare. Hamlet é a sala tulipa.
- Você fala como se eu tivesse negado.
- É mesmo! – Belle reconheceu. – É a mesma voz.
- Puxa! – Suspirou Alix observando Lucy e Cassandra tirando suas roupas para compararem os selos de magia que possuíam nas costas e Belle e Nicole discutindo com Hamlet. – Agora vamos ter que dividir nosso quarto com esses dois?
Mas diferente do que esperavam a noite foi calma e tranqüila. Todas tiveram sonhos agradáveis, Nicole sonhou com festas. Cassandra passou o tempo toda quieta e tímida ao lado de Rembrandt. Belle pela primeira vez teve um sonho em que estava no castelo. Alixandra teve um sono tranqüilo e gostoso.
Ciclo cinco
Maria Mercedes entrou no quarto e encontrou Lumina estirada na cama em plena tarde. Aquilo não era uma coisa muito normal de se ver.
- Lumina o que esta acontecendo? – Maria era uma das poucas pessoas que falava francamente com ela, principalmente quando estavam sozinhas.
- Nada demais. Apenas estou cansada por causa do treino.
- Treino que treino? Esta falando do seu grupo com as irmãs Pudim?
- Não é um grupo com as irmãs Pudim; é um grupo do Rembrandt.
- Eu ainda não entendi direito porque vocês fizeram esse grupo em cima da hora. Mesmo assim. Não acha que esta exagerando na corrida de tapetes?
- Não é só a corrida de tapetes.
- Não! Então o que é?
- Estou treinando pro time de Conjurabol.
- Vocês estão montando um time de Conjurabol? mas eu pensei que esse grupo era só pro festival.
- Não! O Rembrandt quer montar um grupo pra valer.
- Menos mal então.
- Como assim menos mal? Então seria ruim se fosse um grupo só pro festival?
- Não! Eu acho que me expressei mal. É que... Bom. Parece-me que você não gosta dessas irmãs Pudim não é mesmo? Lembra do problema que elas causaram pra gente?
- Eu pensei que você não ligava muito pra isso. Não foi você mesma que disse que eu devia pensar no lado delas.
- Bom! Eu disse mesmo não é?
Maria parecia um pouco estranha. Lumina dividia o quarto com ela desde o ano passado e podia se dizer que a conhecia muito bem. Naquele mesmo dia Cassandra comentou que alguém lançara uma maldição em Belle. Provavelmente alguém que gostava de Derek. Realmente Maria talvez até tivesse um interesse em nele, mesmo assim ela não era o tipo de pessoa que lança maldições nos outros.
Mesmo ela agindo tão estranho nos últimos dias.
- Mudando de assunto. O que você esta fazendo aqui esta hora?
- Eu me senti um pouco mal e a doutora me mandou descansar um pouco.
- Maria. Você anda se sentindo muito mal ultimamente. Tem alguma coisa de errado com você?
- Nada demais. Apenas estou um pouco cansada.
Maria mal terminou de falar e caiu no sono. Lumina tirou seus sapatos e a cobriu, tinha alguma coisa muito errada acontecendo. Maria andava muito diferente nos últimos dias. Lumina desconfiava que ela gostava de Derek. Será que era por causa da farsa de Belle? Será que ela deveria contar a verdade? Ela havia feito uma promessa, mas Maria era sua amiga e ela não tinha certeza se esse realmente era o problema.
Ciclo seis
- Minhas calcinhas sumiram!
Era o que se escutava por toda parte no dormitório feminino das alunas do primeiro ano. Aparentemente toda a roupa intima usada haviam desaparecido das cestas, a principio poderiam pensar que fora um mal entendido e que as roupas sujas foram extraviadas, mas os próprios alunos eram responsáveis pela manutenção de suas vestes, inclusive do preparo químico do sabão, o que explicava porque alguns alunos que possuíam uma aparência mais asseada, também recebiam boas notas em química.
- Nós temos que limpar nossa roupa? - Belle não sabia disso. - Eu pensei que simplesmente fizéssemos aparecer roupas novas.
- Você ainda tem essas idéias bestas sobre magia? - Alixandra olhou com certa censura.
- Você esta aqui já faz algumas semanas. - Nicole observou Alix com desaprovação. - Não é possível que não tenha lavado suas roupas.
- Eu lavei as roupas delas. - Confessou Alix. - Belle não sabe lavar.
- Alix! - Reclamou Cassandra. - Você não pode ficar fazendo isso. Assim Belle nunca vai crescer. Tem que parar com essas coisas de irmã mais velha.
- Belle é mais velha. - Acusou Alix. - Eu ainda tenho quatorze anos.
- Não permitirei que tal situação se prolongue. - Anunciou Lucy se aproximando em uma bóia de unicórnio cor-de-rosa. - Como tua tutora não consentirei isso. Doravante Belle se impenderá de lavar suas próprias vestes.
- Eu nunca lavei roupa antes. - Belle já começou a se sentir agoniada.
- Que exagero! - Nicole deu de ombros. - Eu também não lavo a minha roupa.
- Não? - Alix estranhou. - Então quem lava pra você?
- Rembrandt!
- Pois isto esta para acabar. - Insistiu Lucy. - Quero vocês duas na lavanderia amanhã sem rezingar.
- O que você esta fazendo aqui? - Nicole encarou Lucy emburrada. - Pensei que vampiros derretiam na água.
- Que afirmação ofensiva. Eu cuido muito bem de meu asseio.
As garotas não continuaram no banho por muito tempo e foram se vestir.
- Não é possível! - Exclamou Belle aterrorizada ao sair do banho. - Eu só tenho mais uma calcinha.
- O que aconteceu com a que você estava usando? - Perguntou Cassandra.
- Desapareceu! - As garotas olharam em volta e Belle não foi à única a ter sua calcinha usada roubada.
- Não te receies! - Lucy ofereceu uma de suas calcinhas rendadas. - Tu podes trajar uma das minhas peças.
- Isso é uma calcinha de prostituta. - Belle criticou. - E é muito pequenininha.
- Queres que eu arranque teu ovário pelo reto? - Ameaçou Lucy mostrando seus ofídios caninos.
- Desculpe. Eu não quis ofender.
- Nós temos um ladrão de roupa intima suja? - Observou Cassandra. - Isso realmente é muito estranho.
- Garanto que não passa de alguma travessura dos meninos. - Lucy desprezou o problema. - Em breve elas retornarão. Como o Hamlet.
- Hamlet? - Alix estranhou. - porque ele não esta por aqui?
- Ele esta de mal com vocês até se desculparem por chamá-lo de gato coisa. - respondeu Cassandra.
- Eu não o chamei assim. - Alix se defendeu.
- Irrelevante! - Insistiu Lucy. - Ele retornará assim como as peças intimas. Tenho dito.
- Faz sentido! - Nicole concordou. - Só fico curiosa em saber como eles conseguiram.
Com esse pensamento as garotas foram dormir. As monitoras se revezaram à noite para descobrir alguma coisa e as garotas prometeram emprestar suas calcinhas pra Belle. De qualquer modo o clube de moda e costura recebeu um monte de pedidos. Havia muitas estruturas para produção em Sephirot, mas roupas não era uma delas, até mesmo Belle fora convocada para ajudar.
O dia seguinte foi o dia de Belle aprender tarefas manuais. Mesmo com toda magia as roupas eram artesanais e cada peça recebia uma medida para sua dona. Os tecidos eram confeccionados com fios de ouro vindos de Sídhe o mundo das fadas e ampliados para que a costura ficasse o mais preciso possível. As novas peças foram enfeitiçadas para que fossem localizadas. Claro que Belle aproveitou para fazer umas peças para ela própria.
Alixandra e Cassandra levaram Nicole e Belle para a lavanderia do dormitório feminino. O lugar lembrava o salão de banho, só que bem mais rústico. Alguns enormes tanques que até pareciam banheiras a água fervia, em alguns largos barris haviam tecidos sendo tingidos e um grande campo de varais ao sol. Não havia apenas roupas, em algumas áreas as alunas lavavam seus acessórios como caldeirões e tubos de ensaio. Havia todo um cuidado para se separar a água usada com produtos químicos. Ao longe se podia ver a área aonde as alunas faziam o tratamento da água usada. Cassandra comentou que toda água usada na torre era dividida em dois pontos de tratamento, apesar de não lavar sua própria roupa, Nicole já havia trabalhado na área de tratamento. Havia alunas de todas as idades na lavanderia, algumas faziam experimentos químicos que destruíam as roupas, outras usavam magia para que a roupa se esfregasse sozinha, alguns experimentavam máquinas de lavar mirabolantes projetadas com a psicociência e algumas usavam a ajuda de seus espíritos familiares.
Belle e Nicole se quiseram usar uma das máquinas, mas desistiram ao ver que elas rasgavam as roupas, desapareciam com as meias ou deixavam as peças brancas cor-de-rosa. Nicole até teve a idéia de lavar as roupas brancas separadas das coloridas, mas a garota insistiu que isso poderia funcionar, mas não solucionaria o problema.
Lavar roupa não é uma tarefa muito fácil e agradável pra quem faz pela primeira vez, elas não sabiam quanto de sabão usar, quantos tempo esfregar e se realmente estavam limpas ou não. Belle limpou tanto que rasgou algumas roupas e Nicole teve que refazer três vezes, pois nunca limpava direito. Ainda tinham o problema que alguns tecidos dos uniformes eram especiais e tinham que ser lavados e secos de formas diferentes, não podiam usar as mesmas químicas, tinham que secar a sombra e as proteções dos uniformes de condicionamento físico e missões tinham que ser lavadas como acessórios. Isso tudo sem falar no cuidado pra preservar a magia nos feitiços costurados nas roupas.
Fazer uma tarefa nova e sem muito sucesso sempre fora uma coisa excessivamente desgastante. Quando voltaram para o quarto Nicole e Belle estavam ofegantes e suadas, mais do que quando faziam o condicionamento físico. Para sua surpresa Yuki estava com Lucy.
- O que você esta fazendo aqui?
- Hoje os uniformes ficam prontos e Lucy sugeriu que eu passasse a noite no quarto do pônei alado com vocês. - Yuki respondeu. - Achei que é uma boa idéia, assim podemos conversar melhor sobre o que vamos fazer.
- Tanto faz! - Nicole comentou desanimada.
- Eu quero tirar essa roupa, tomar o meu banho e ler o meu livro. - Comentou Belle. - Esse esforço me deixou toda suada. Minha calcinha esta uma sopa.
- O livro do olho? - Perguntou Lucy. - Têm lido esse livro todas as noites.
- Eu pensei que você ia usar as cartas das fadas. - Comentou Alix.
- Mesmo não usando as cartas ele é muito interessante. - Respondeu Belle. - Ele não foi feito pelo mestre Pendragon como as cartas. O livro foi escrito pela própria rainha dos horizontes sombrios. Eu queria saber se ela mesma inventou esse nome ou se alguém deu pra ela. As iniciais são A.P., mas não existe nada sobre o nome verdadeiro dela. Esse livro é como se fosse uma espécie de diário dela.
- Sabe alguma coisa sobre ela Lucy? - Perguntou Nicole.
- Agora que abordaram esse tema... - Lucy puxou pela memória. - Nunca soube o verdadeiro nome da dita rainha apesar de sua fama. Talvez Hamlet saiba. Ele já se encontrou com todos os magos famosos ao menos um par de vezes e ele estava presente em uma boa parte dos confrontos contra ela.
- Hamlet! - Alix chamou a atenção dele enquanto entrava. - Você pode dizer alguma coisa sobre a rainha dos horizontes sombrios?
Hamlet parou espantado e se lembrou. - Ela foi a mulher mais excitante e fogosa que eu já vi em toda minha vida. Você tem o mesmo bumbum perfeito em forma de coração. Qualquer homem se disporia do seu próprio coração por uma noite de amor com ela. Sua pele era macia como pêssego, seus lábios...
- Vejo que não contribuirás no que nos concerne. - Lucy tentou empurrá-lo com o pé, mas o gato era muito mais ligeiro.
- Ei! - Hamlet chamou a atenção de Belle. - Vocês podem me passar essas calcinhas já que elas estão sujas?
- Por que você quer uma calcinha usada? - Perguntou Nicole.
- Tem uma coisa que eu estou fazendo. - Ele se meteu embaixo da cama de Lucy.
- É algum plano pra pegar o ladrão? - Perguntou Yuki.
- Ladrão? - Estranhou Hamlet. - Que ladrão?
Yuki levantou a cortina que cobria a cama de Lucy e puderam ver a enorme pilha de calcinhas embaixo da cama.
- O que você esta fazendo com essas calcinhas? - Perguntou Belle.
- Eu já disse que não vou mais dormir com nenhuma de vocês até se desculparem. Esta é a minha cama provisória feita de peças intimas e continuarei aqui até se redimirem pela minha magoa. Olhem para o meu rosto, como estou magoado.
- Parece mais, arrogante pra mim. - Comentou Cassandra.
- Você fez um ninho de calcinhas usadas? - Alix se espantou. - mas porque usadas?
- Elas estavam sujas e ninguém ia precisar delas. Alem disso já falei como é saudável dormir sem elas. - Hamlet começou a enfiar o focinho nas roupas e cheirar. – Ainda posso dizer quem é a dona pelo cheiro. Essa é da Belle.
- PARA DE CHEIRAR! - Gritou Belle.
- Não! Não! - insistiu Hamlet.
Naquele mesmo dia o mal entendido foi resolvido, as calcinhas foram devolvidas as suas respectivas donas e as garotas do quarto do pônei alado pediram desculpas a ele. Como o reconheceram como a antiga sala Violeta, Hamlet passou a ser a mascote oficial do dormitório feminino do primeiro ano.
Ciclo sete
Yuki Ogami arrumou suas coisas no quarto do pônei alado. Ela ia passar uma noite a pedido da professora Lucy. Lumina também estava no quarto.
- É bom que não seja por causa de alguma bobagem. - Adiantou Alixandra.
- Como assim alguma bobagem? - Perguntou Yuki.
- Conhecendo ela, deve estar planejando alguma espécie de festa indecente. - Belle brincou.
- Não duvido de nada. - Respondeu Alix. - Me espanta que você tenha ficado tão amiguinha dela. É a que mais reclama disso.
- Ela não é tão ruim assim.
Convenientemente a professora chegou entusiasmada.
- Vejo que todas vocês estão reunidas. - Deu pulinhos de ansiedade.
- Já faz muito tempo desde a ultima vez que nos encontramos. - Yuki cumprimentou.
- Correto! - Lucy concordou. - Nunca nos falamos corretamente. Sempre quis lhe fazer algumas perguntas.
- Sobre o que?
- É verdade que se escorregares por um corrimão nua fará Bilu, Bilu?
- Por que eu faria bilu, bilu? - Yuki estranhou.
- Hamlet me contou que as nipônicas têm a perseguida invertida.
- Já começou! - Reclamou Alixandra.
- E eu acabei de defender você. - Ralhou Belle.
- Por falar nele... Onde está Hamlet? - Nicole estranhou.
- Está com os garotos instruindo-os sobre como usar o anel do alfaiate. - Lucy fez um sinal e estatuas de ninfas entraram no quarto carregando baús. - Estes são os baús conectados aos anéis. Assim que usarem o feitiço nos anéis, o que estiverem trajando irá para dentro do baú trocando de lugar com os uniformes que ali estavam, subseqüentemente ajustando-se aos seus corpos.
- Então, quando usamos o anel trocamos de roupa com os uniformes dentro do baú? – Perguntou Yuki.
- Acabo de dizer isso! Tens alguma dificuldade para compreender o que eu digo?
- Completamente! – Reclamou Yuki. – Porque você sabe tanto sobre os uniformes? Você não é uma arcanoide.
- Como não? - Lucy ficou indignada. - Eu sou a tutora e responsável pelo grupo. Isso me põe acima da líder.
- Você é a tutora? - As garotas falaram em uníssono espantadas.
- Vai gente! - reclamou Belle. - Estava na cara.
- Mesmo assim ela fica. - Insistiu Nicole segurando Érika.
- Droga! - Lucy mostrou a língua. - Fadas acabam com o meu apetite. E eu havia planejado tanta coisa.
- Você estava pensando besteira mesmo. - Acusou Belle.
- Continue com os baús. - Insistiu Lumina. - Agora eu quero saber.
- O feitiço já está pronto. - Explicou Lucy. - Depositem o que quiserem no baú, arrumado direitinho enquanto o anel estiver na fechadura. Assim que o feitiço se ativar tudo o que estava no baú voltara pra seu interior.
Seguindo as instruções, todas arrumaram direitinho seus uniformes nos baús e fizeram o encantamento. Depois vestiram os uniformes e fizeram a segunda parte do encantamento. Os uniformes desapareceram e elas ficaram todas nuas. Lucy explicou que o feitiço estava pronto e sempre que usassem a palavra mágica os uniformes apareceriam e o que estivessem vestindo trocaria de lugar no baú. Também alertou que teriam que limpar periodicamente tanto o baú quanto as roupas e que tomassem cuidado para o que estivessem vestindo não estivesse muito sujo, pois sujaria os baús e os uniformes quando voltassem.
MAX HEARTH
As garotas disseram a palavra mágica e imediatamente os uniformes apareceram. A brincadeira durou algum tempo, até que Yuki expressou uma idéia.
- Os uniformes estão ótimos. Possuem até encaixes pra melhorias. Eu mesma tenho material pra melhorar esse equipamento, mas e as outras garotas? Alix já demonstrou que não pode usar esse equipamento básico da escola.
- Bem lembrado. - Lucy lambeu os beiços. - Isso já pertencia a meu intuito para esta noite. Quanto passou da hora de recolher?
- Mais de uma hora! - Yuki verificou. - Passou bastante tempo com a brincadeira de trocar de roupa.
- Então subiremos ao andar dos seniores apanharemos o expresso. - Lucy pulou da cama e vestiu suas pantufas.
- Pegar o expresso? - Estranhou Lumina. - O que é isso?
- A ultima sala móvel que funciona depois do toque de recolher. - Dinamite piscou. - Ela leva até o submundo.
- Não gostei do som disso. - Comentou Belle já se protegendo atrás de Alix.
- Por que eu nunca ouvi falar disso? - Érika gemeu.
- Porque é só para os Seniores e você é uma Junior. - Respondeu Dinamite.
As garotas se vestiram e foram atrás de Lucy até o andar dos seniores. Era a primeira vez que as garotas saiam da área Junior, com exceção de Alix que já visitara a professora Divina. Toda a decoração dos corredores mudava assim que atravessavam o ultimo lance de escadas. Todos os seniores tinham mais de dezoito anos e havia uma distinção muito maior entre as casas no dormitório. Elas também eram muito menos comportadas após o toque de recolher do que as juniores.
- Puxa! - Observou Alix desviando de uma frota de aviões de papel. - Até parece que estamos no dormitório infantil.
- As seniores sabem mais de magia do que as juniores por isso elas acabam aprontando um pouco mais. - Respondeu Dinamite.
- Não vejo a hora de me tornar uma sênior agora. - Cassandra comentou cutucando uns rabiscos na parede que as seguiam fazendo caretas.
MAX HEARTH
Todas se viraram e Nicole havia usado o anel para vestir o uniforme.
- Desculpe! Eu não resisti.
Após subirem mais alguns andares e enfrentarem uma cascata de chantili nas escadas, chegaram a uma área mais escura e isolada no meio de uma das salas de estudo. Realmente havia uma porta para uma sala móvel. Lucy explicou que aquela sala não aparecia durante o dia e só levaria para seus destinos de acordo com a senha. Eram lugares muito exclusivos que só poderiam ir através das salas secretas. Após algum tempo a porta da sala se abriu.
- Boa noite garotas! - cumprimentou a sala das rosas negras.
- Eu nunca soube que existia essa sala. - Érika comentou espantada.
- Eu sou exclusiva. - Comentou com um certo orgulho. - Poderiam me dar seu destino?
- À noite quando os homens dormem, os gatos fazem a festa. - Responderam as garotas com a senha que Lucy lhes dera.
Diferente das salas moveis normais essa deu um forte tranco como se fosse um velho elevador de carga. Puderam sentir o forte movimento em seus estômagos. Assim que a porta se abriu deram de cara com um casal namorando em um banco, estavam em um grande corredor vermelho e se ouvia musica Jazz no fundo.
- Carpetes vermelhos. - Percebeu Belle. - Não podemos andar aqui. São proibidissimos.
- Acho que esses são diferentes. - Observou Nicole. - Alem disso estamos com uma professora.
- Exatamente! - Concordou Lucy. - Esse carpete vermelho não é como os outros.
- Esse lugar parece um bordel! - Criticou Belle.
- Como é que você sabe? - Perguntou Nicole. - Já esteve em um?
- Já vi ilustrações.
- Isso indica que se interessa.
As garotas caminharam para mais perto da musica e por trás de uma cortina de fitas tiveram uma enorme surpresa. Um luxuoso cassino administrado por gatos, com muitos alunos como clientes. Um simpático gato peludo com um quimono fez uma dança de boas vindas e cumprimentou Lucy.
- Como vai minha querida? É a primeira vez que trás amigas com você.
- Peter Quincy, estas são minhas alunas. - Apresentou Lucy.
- Alunas? Estou louco pra ver o que andou ensinado pra elas. Vão fazer uma apresentação?
- Hoje estou a procura de Shylock o mercador. Em outra ocasião faremos uma apresentação pra você.
O lugar não era um cassino comum, havia todos os tipos de jogos e comércios informais, inclusive o que os alunos chamavam de buscas e missões secretas. Os maiores prêmios nunca eram em dinheiro, alguns eram itens raros e outros eram bobagenzinhas para se colecionar ou dar de presente para namorada. Em meio aos alunos se divertindo encontraram Hamlet com Thomas, Janus e Rembrandt.
- Eu já estava duvidando que fossem aparecer. - Cumprimentou Rembrandt.
- Hamlet estava nos mostrando o lugar com seus amigos, Horatio, Rosencrants e Guildenstern. - Thomas apresentou os três gatos que os acompanhavam.
- Eu conheço esses nomes. - Declarou Nicole. - Vocês são os espíritos das salas móveis que de noite viram gatos.
- Ela só percebeu isso agora? - Ironizou Guildenstern.
- Essas garotas muito bonitas sempre são assim. - Observou Rosencrants.
- Sabe sobre o paradeiro de Shylock? - Interrompeu Lucy.
Os gatos levaram as arcanoides até um discreto balcão nos fundos aonde um gato branco de olhos vermelhos, preparava uma bebida com duas gatinhas siamesas.
No caminho tiveram que recolher Spunky e Érika duas vezes depois que elas se separaram para brincar em algum jogo. Após uma amigável apresentação Shylock foi direto aos negócios.
- Muito bem! - deu uma piscadela. - Já vou avisando que não quero nada com negócios que quebrem as regras do castelo.
- Esse lugar inteiro quebra regras do castelo. - Resmungou Yuki.
- Não as serias. - Shylock completou com um sorriso.
- Nós precisamos de equipamento potente para nosso grupo. Armas, proteções e tudo o mais. Quero o mais forte que tiver.
- Pra toda essa gente? Desculpe, mas a sua dança dos sete véus não atrai muito os adolescentes que vêem aqui. Por que quer equipar essa gente.
- Eles são meus alunos. Quanto ao pagamento discutiremos posteriormente.
- Alunos? Então vocês vão fazer uma apresentação em grupo no palco? Tenho certeza que os clientes vão adorar.
- O que você anda fazendo por aqui? - Perguntou Belle.
- O material fora de linha que seria desmontado ainda está em seu estoque? – Lucy ignorou Belle puxando sua bochecha.
- Aquilo é equipamento defasado. - Fungou Shylock. - Ninguém quer aquilo. Não faz nem metade do que os novos modelos fazem.
- Não é o caso para novidade. É uma questão de potencia. Almejo cajados capazes de conjurar uma grosa de arcanos maiores. Não me importo se pode acumular vários feitiços ou tem entrada para acessórios.
- Eu não vejo muita utilidade nisso. Mas não discuto com o cliente.
Shylock mandou que uma das gatinhas levasse Lucy e os outros por um estreito corredor atrás do cassino. Chegaram a um deposito aonde as gatinhas encontraram as caixas velhas com o equipamento que Lucy queria.
- Vocês têm certeza disso? - Belle estava desconfiada. - Afinal, esse equipamento com prazo de validade vencido pode ser perigoso.
- Não é equipamento com prazo de validade vencido. - Explicou Yuki. - Acontece que esse é um equipamento militar e no instante que criaram uma versão melhor ele ficou obsoleto. Para um mago avançado ele pode ser inútil, mas para nós que não somos capazes de usar todas as suas habilidades ele é mais do que perfeito.
- Muito mais do que perfeito. - Olhou Érika. - Não vejo muita vantagem em poder conjurar uma dúzia de arcanos maiores. A maioria das provas do festival exige que se use a própria magia e os novos equipamentos são muito mais versáteis, mesmo os mais fracos.
- Então esse equipamento é forte demais para uma arcanoide usar todo o potencial, mas para um mago avançado já é muito fraco? - Perguntou Alix.
- Não é só isso. - Rembrandt olhou com um certo interesse. - Os equipamentos atuais podem ser concertados, melhorados e até fundidos com itens para se criar novos equipamentos. Esses aqui quando estiverem esgotados se joga fora.
- Não acredito que exista nada que possa justificar esse exagero. - Analisou Érika. - Isso tem cara do Medhal. Fale a verdade.
- Ele não permitiria que sua preciosa filhinha participasse de um grupo que não possuísse o dobro da proteção que precisam. - Respondeu lucy.
- Agora que temos tudo, vamos voltar pro Cassino? - Érika perguntou entusiasmada.
- Não. - Respondeu Hamlet. - Agora todo mundo vai voltar pros seus quartos.
Eles deram a volta até a sala móvel e voltaram para seus quartos com os novos equipamentos.
Ciclo oito
Desde seu aniversario Belle adquiriu o habito de ir até uma sala de estudos após o horário de dormir para estudar e a professora Lucy e Hamlet lhe faziam companhia silenciosamente em um canto da sala. Como nos últimos dias sua pequena companhia andava muito atarefada com os preparativos para o time Max Hearth acabou indo dormir mais cedo aquele dia.
Em meio à tristeza e a solidão da sala comunal a noite, Belle pegou sua varinha usou o encanto que Derek havia lhe ensinado para convocar as criaturas nas cartas mágicas. Todos os dias ela estava se encontrando com o jovem Dietrich para aprender sobre os jogos de cartas antes do festival. Ela havia escolhida a fada das estrelas para lhe fazer companhia, mas havia esquecido o baralho das cartas.
Mas ainda havia o baralho do olho. Belle nunca se separava daquele baralho e o baralho das fadas tinha sido um verdadeiro fiasco.
Ela abriu seu livro e olhou para as suas cartas. Temperança a bruxa do arco íris, com suas duas urnas mágicas aonde o conteúdo sempre esta fluindo de uma para a outra. Sua verdadeira carta favorita.
Belle fez a convocação e a carta se desmanchou de sua mão como areia do mar escorrendo pelos seus dedos levadas pelas ondas. A quantidade de liquido solta pelas cartas aumentava visivelmente e aos poucos se formou o manto multicolorido e o manto misterioso que cobria o rosto da bruxa.
Um terrível calafrio percorreu as costas de Belle ela sentiu que estava sendo observada e olhou em volta a procura de alguém, talvez o gato ou a professora Lucy estivesse por perto e a única coisa que ela encontrou era seu próprio reflexo em um espelho que ela lembrava de ter na sala comunal. É claro que se você olhar para um espelho vai contemplar seu reflexo olhando de volta, só que o reflexo não estava olhando pra ela como ela olhava pra ele.
- O que aconteceu com você? – Perguntou o espelho. – Aonde esta aquela Belle que costumava conquistar o mundo a sua volta?
Belle se assustou e caiu para trás aos pés da Bruxa do arco íris.
- O que foi isso? O que esta acontecendo?
- Já deveria saber. – Respondeu a Bruxa. – Quando me chamou, também trouxe minhas habilidades e toas suas devidas conseqüências.
- Mas... Eu não esperava isso.
- São como nosso coração falando com a gente. – Sorriu o espelho.
Belle olhou para o espelho que não passava de água e o desfez com um toque.
- É mesmo. – Se lembrou Belle. – Todas as cartas convocadas não passam de fragmentos da minha própria alma. Foi o que o derek disse.
A bruxa concordou em uma reverencia.
- Se importa em me fazer companhia?
- Eu adoraria.
Belle se sentiu um pouco melhor com a presença da Bruxa e juntas olharam um pouco o livro do olho. A bruxa do arco íris não parecia ter saído de Belle. Ela era muito sabia e compreensiva, disse coisas muito sabias e a confortou. Disse que Belle não deveria se fechar como uma concha em seus conceitos e ficar cultivando seus velhos hábitos e conhecimentos como se fosse uma perola precioso, pois no final a perola não passa da sua própria secreção e a ostra por dentro da concha não é muito diferente de meleca de nariz. E ainda ponderou sobro o que deve ter passado na cabeça da primeira pessoa que pegou uma ostra e pensou em comer aquele bicho que parecia meleca de nariz.
- Eu gostaria de lhe pedi uma coisa. – Pediu Belle.
- mas é claro. – O que você quiser.
- Eu gostaria de ver seu rosto.
A bruxa gentilmente levantou seu capuz e sorriu para Belle. Um terrível temor subiu pelo seu corpo ao ver aquele rosto familiar. Parecia mais maduro, sábio e de alguma forma maldoso. Para muitos, talvez sua sensação de medo não teria sido justificável, mas foi o que Belle sentiu, quando viu o próprio rosto.
Ciclo nove
O ultimo dia passou em um piscar de olhos.
Todos os preparativos do festival já estavam prontos e a única coisa que restava era se divertir e relaxar para o dia seguinte, pois o festival de outono chegara.
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