Capitulo onze

11

Magia Negra

Ciclo um

Belle conferiu no programa que o professor Kazam lhe dera assim que entraram na sala das Hortênsias.

- Vamos até a torre de Hocmah pra aula de Mântica com a professora Divina.

- A professora Divina que ensina Mântica? – A “sala” Hortência começou a rir histericamente.

- Ela é animada, não? – Comentou Alix.

- Sim! Sim! – Respondeu a “sala” exalando um forte odor de suas flores. – Eu sou a sala mais bem humorada de todo o castelo.

- Isso é bom. – Elogiou Belle sem pensar.

- Vamos! Vamos garotas! Vocês me parecem muito desanimadas. Por que não é bom guardar o quibe no congelador?

As duas garotas se entreolharam sem saber o que dizer.

- Não sei. – Respondeu Alix.

- Porque lá dentro ele esfirra. Há! Há! Há! Há! Há!

As duas garotas esforçaram um sorriso nervoso.

- Entenderam? Entenderam? É um trocadilho. Esfirra! Esfria! Ho! Ho! Ho! Ho! Ho!

- Minha deusa! – Murmurou Belle! – Ela ainda explica.

- Outra! Outra! Por que as plantinhas não falam?

- Ela sempre vai repetir o que fala duas vezes? – Alix respondeu um suspiro de paciência.

- Desistiram? Desistiram? Porque elas são mudas. Nhya há! Há! Há! Há!

Entenderam? É um Homônimo. Muda pessoa que não fala e muda plantinhas. He! He! He! He! He!

O tormento das duas apenas havia começado por um bom tempo agüentaram as piadas da sala Hortência.

Por que o elefante não pega fogo?
Porque ele já é cinza

O que o cavalo foi fazer no orelhão?
Passar um trote

Como as enzimas se reproduzem?
Fica uma enzima da outra.

Como se faz omelete de chocolate?
Com ovos de páscoa!

O que o advogado do frango foi fazer na delegacia?
Foi soltar a franga.

Por que o jacaré tirou o jacarezinho da escola?
Porque ele réptil de ano.

Você conhece a piada do fotógrafo?
Ainda não foi revelada.

Você sabe qual e o contrário de volátil?
Vem cá sobrinho.

Você sabe qual a diferença entre a lagoa e a padaria?
Na lagoa há sapinho, e na padaria, assa pão.

O que um cromossomo falou pro outro?
Cromossomos bonitos!

- Pode nos levar até a torre de Hocmah? – Insistiu Alix já impaciente.

- Já estamos indo pra lá. Já estamos indo pra lá. Por que o galo canta de olhos fechados?

- Essa eu conheço. – Respondeu Alix na esperança que a “sala” parasse. - Porque ele já sabe a letra da música décor.

Para desespero das duas a sala explodiu em gargalhadas mais descontroladas ainda.

- Isso é muito divertido, mas nós temos que ir até a aula de Mântica.

- Espere! Espere! Apenas mais uma! Porque a galinha atravessou a rua?

- Essa; todo mundo conhece. – Respondeu Belle. – Pra atravessar a rua.

- Errado! Errado! Foi pra fugir do seu dentista!

- Fugir do dentista? Galinhas não têm dentes.

- mas O SEU DENTISTA TEM! HÁ! HÁ! HÁ! HÁ! HÁ!

A partir disso a sala Hortência não conseguiu mais parar de rir e levou as duas até seu destino. A porta se abriu revelando salão Branco e claro, as paredes eram iluminadas por bolas luminosas que flutuavam acima de pedestais prateados nas paredes, como na maioria dos corredores havia muitos espelhos, aqui com molduras de prata.

O salão era dividido em dois ambientes separados por uma escadaria, duas grandes estatuas de mulheres cobertas com um lenço seguravam dois enormes globos que giravam lentamente. No centro do salão, duas garotas sentadas no tapete branco brincavam com um estranho jogo feito de madeira, suas roupas tinham longas mangas que cobriam suas mãos, sua pele possuía linhas coloridas, seus olhos eram grandes e multicoloridos com tons roxos e dourados, era difícil dizer se eram crianças ou garotas pequenas, decididamente elas não eram humanas.

As duas pararam seu interessante passatempo e correram ao encontro das garotas que acabaram de chegar.

- Meu nome é Revela. – Se apresentou a menina de olhos roxos. – E o meu nome é Revela. – Se apresentou a menina de olhos dourados.

- Me parece que eu não entendi direito. – Comentou Alix. – Parece que eu não entendi direito.

- Meu nome é Revela. – Repetiram. – E o meu nome é Revela.

- Vocês duas têm o mesmo nome?

- Não! Eu tenho o meu nome. – Disse Revela. – E eu também tenho o meu próprio nome. – Confirmou Revela. – Não usamos o nome de ninguém. – Disseram as duas juntas.

- Vocês são irmãs? – Perguntou Belle. - Esse é o seu sobrenome?

- Somos irmãs. – Confirmou Revela. – mas não tem nada sobre os nossos nomes.

- Meu nome é Alixandra Putin. Meu nome é Alixandra e meu sobrenome é Putin. – Explicou Alixandra.

- Entendemos. – Responderam em coro. – Seu nome é (Elas fizeram um som estranho misturando os dois nomes).

- Não. Não é junto.Os nomes são separados.

- mas não é “sobre” nome?

- E qual é o seu nome? – Perguntaram pra Belle.

- Eu sou Belle Trufeau. Não precisam falar os dois nomes ao mesmo tempo.

As irmãs Revela, quiseram brincar mais um pouco com as meninas e ensiná-las o jogo que estavam brincando, mas acabaram por levá-las até a classe de Mântica. No caminho cruzaram uma ponte de pedras sobre um rio que atravessava o castelo como um corredor. A água era cristalina e podiam se ver muitos peixes.

O salão de Mântica era todo forrado de cortinas, cobrindo as paredes e criando cômodos e corredores. Um inebriante aroma de incenso cobria o ambiente, o chão era coberto por tapetes e almofadas, passando alguns lenços encontraram a professora divina estava deitada em um sofá em meio a uma pilha de almofadas ao lado de uma pequena mesinha com um bule de chá, xícaras e petiscos. A professora era alta e magra, de certa forma seus membros pareciam ser mais compridos do que uma pessoa normal, seus longos cabelos negros se espalhavam pelo chão e sobre os olhos ela usava uma longa faixa vermelha amarrada como uma venda.

- Vocês querem uma xícara de chá? – Ofereceu a professora.

Revela e Revela cumprimentaram a professora com um beijo, não quiseram o chá e voltaram a jogar seu jogo, Belle e Alix se sentaram e aceitaram.

- As pessoas gostam muito de chá por aqui. – Comentou Belle com um sorriso.

- Talvez seja porque somos bretões. – Respondeu a professora aparentemente terminando de beber seu chá. – Seu nome?

- Hã?

- Qual o seu nome? – A professora divina fez um gesto e Revela interrompeu o jogo novamente pra buscar alguma coisa.

- Belle Trufeau. – Respondeu timidamente.

- Qual é a sua data de aniversario?

- Sete de setembro.

- Isso falta pouco tempo, quantos anos você fará?

- Quinze.

Revela trouxe um cálice de água em uma bandeja que entregou para a professora e voltou para seu jogo. Apesar da faixa divina aparentava estar olhando fixamente para o copo. - Durante sua vida deixou que a linha da sua vida estivesse entrelaçada com a de outras pessoas assim seu destino foi influenciado por elas e saiu completamente do seu controle. Uma criança não possui muito controle de seu destino, sua linha da vida geralmente esta ligada a de seus pais, mas conforme cresce começa a ter poder para se desvincular. Você é observadora, organizada, critica e inibida. Mesmo assim deixou que seus pais a transformassem em uma pessoa desinteressada, frívola, mandona e falante. Você usou uma mascara durante anos, traiu sua alma e seu coração para poder acreditar na mascara, agora foi traída, sua mascara foi retirada e sua personalidade se perdeu. Não sabe mais quem realmente é, nem como voltar a ser quem já foi um dia.

- Como é que a senhora sabe...

- Você me deu o seu nome e a data de aniversario não é? Seu signo no Zodíaco ocidental é virgem e seu elemento é terra, no zodíaco oriental seu signo é o carneiro e seu elemento o metal. Apesar de darem elementos diferentes possuem conotações e significados distintos, por isso ambos estão corretos e é bom conhecê-los.

Belle ficou surpresa com a rápida analise. - O que pode falar da Alixandra?

- Alixandra Putin, trinta e um de outubro. – Alix se apresentou.

- Alixandra é de escorpião, energética, autentica, resistente, ciumenta e teimosa.

- Não sou não. – Reclamou Alix.

- Você é sim. No Maximo possui alguma influencia dos seus ascendentes. Se eu tivesse a hora em que nasceram poderia calcular seus ascendentes e ter mais detalhes ainda.

- Ascendentes? – Perguntou Belle.

- Dependendo do horário em que nasceram vocês adquirem características de outros signos.

- Só com isso já consegue saber tanta coisa? – Alix se ficou espantada.

- Pelo visto vocês não conhecem nada, não é mesmo? – Riu a professora. – Pra quem sabe ler as coisas é fácil. Dar seu nome e sua data de aniversario é como oferecer um registro de sua vida passada, presente e futura.

- A senhora fala com tanta precisão. – Alix comentou com um sorriso. -Pensei que a previsão do futuro, não fosse é uma ciência muito exata.

- Muito pelo contrario criança. A Mântica é uma ciência antiga e precisa, todas as civilizações se interessaram por divinação a fundo fazendo com que a previsão do futuro se tornasse uma ciência complexa e com muitas ramificações.

- Então é isso que é Mântica? – Belle deu um suspiro de alivio, não fazia a mínima idéia do que poderia ser. – mas como é possível prever o futuro e saber essas coisas?

Ela se voltou para Belle e segurou seu queixo com a ponta dos dedos como se a analisasse através da venda. – Com a fisiognomonia, posso descobrir seu espírito através de seu rosto, através da Iridologia eu posso desvendar sua alma pelos seus olhos, ele não mentem jamais. Também li sua linguagem corpórea que revela muito de você. Assim como a Quiromancia que lê as linhas das mãos todas as leituras através do corpo são facilmente sujeitas a mudanças. Mesmo as informações que aparentemente são as mais sólidas são sujeitas a mudanças como é o seu caso.

- Como assim? – Perguntou Belle.

- Eu posso ler os nomes, mas sua aura e seus olhos revelam que você sofreu uma terrível mudança e esta em processo de renascimento. Seu nome não é mais Belle Trufeau.

- Então como eu vou ter que escolher um nome novo?

- Felizmente os nomes nos são dados e somos poupados da responsabilidade de escolhê-los. Quando se reencontrar vai saber seu nome novo e assim como antes ele será dado para você.

- mas se a previsão do tempo é uma ciência tão exata e confiável, porque não podemos prever exatamente tudo o que vai acontecer? Porque existem esses pontos embaraçados? – Perguntou Belle ansiosa.

- Porque nossa vida não é um livro já escrito no qual não podemos alterá-lo. Não carregamos nosso destino pendurado debaixo do pescoço sem poder fazer nada. Para toda ação existe uma reação de Força e Sentido contrário. Nossas ações e decisões geram o podemos chamam de Karma e ele tece a linha da vida que é o fio condutor do nosso destino podemos controlá-lo.

- Então nós poderemos prever o futuro? – Alix estava muito interessada.

- Eu posso ver que vocês possuem uma certa vocação.

- Um dia nós poderemos fazer esse tipo de leitura na senhora?

- Duvido muito que eu vá contar meu nome pra alguém algum dia.

- Pensei que seu nome fosse Divina.

- Não é meu nome de verdade.

As duas meninas ficaram desconcertadas, enquanto a professora tranqüilamente oferecia um pouco mais de chá.

- Como podemos prever o futuro?

- Através da nossa linha da vida ou do destino.

- Então... – Alix estava muito interessada. - Como podemos alterar o futuro através da linha da vida?

- A linha da vida ou do destino de uma pessoa faz parte de um grande bordado de possibilidades, cada linha indica um novo ponto para onde vamos, durante alguns períodos ela é linear, previsível, imutável, em alguns pontos se cruza ou acompanha outra linha da vida, chegando nesse ponto temos varias direções ou caminhos por onde podemos seguir, enquanto se esta na linha o futuro é linear e previsível, em alguns pontos levam em outras direções e podemos facilmente prever aonde se pode ir devido à decisão que se toma. Conhecendo essas linhas e como funciona o trançado podemos ver as possibilidades e facilmente controlar o futuro quando chegamos nas ramificações. Infelizmente existem algumas partes tão embaraçadas e complexas que levam para tantas direções diferentes que não podemos saber o que pode acontecer. Neste momento vivemos em um intrincado embaraço de linhas que levam a tantas possibilidades, tantos futuros que até mesmo eu que sou considerada a maior oráculo de nosso tempo não passo de uma cega.

- Se esses pontos no tempo vão acontecer e são inevitáveis... – Concluiu Belle. – Então o destino realmente existe.

- Apenas o destino como ponto de chegada de um trem ou qualquer lugar para onde estamos indo, mas apões chegarmos aquele ponto o que faremos e aonde vamos é escolha nossa. Algumas pessoas já possuem suas opções bem definidas e gostam de culpar o destino como se isso as isentasse de responsabilidade pelos seus atos.

- Então não se pode saber exatamente o que vai acontecer no futuro?

- A mântica é uma ciência que prevê o futuro, assim como prevemos a chuva e terremotos, não adivinha. O universo possui regras e fundamentos que observamos e aprendemos a usar a nosso favor, assim como o homem primitivo podia prever que ia chover quando o tempo esfriava e o céu ficava coberto por nuvens cinzas. Mesmo sem escrita ou qualquer forma de tecnologia pode perceber a sutileza desses fatos e perceber que não era uma coincidência.

- Puxa! Foi assim que soube sobre nós apenas com a nossa data de nascimento. – Percebeu Alix. - Na verdade a senhora não fez uma previsão do futuro e sim uma analise da nossa personalidade.

- Exatamente! – elogiou a professora com um sorriso. – A astrologia pode nos dar em parte algumas coordenadas das energias cósmicas que regem nosso destino, principalmente no momento do nascimento. Um mapa astral é como um manual da pessoa e com um manual podemos ter uma idéia do que pode acontecer e assim fazer a previsão.

- Eu acho que entendi. – Respondeu Belle procurando algum defeito na argumentação.

- Estamos em um período entrelaçado? – Perguntou Alix que prestava muita atenção a tudo.

- Existem muitos pontos do tempo e do espaço em que existem esses emaranhados. Até mesmo períodos de guerra possuem momentos de estabilidade e previsibilidade, assim como períodos que aparentemente são tranqüilos estão cheios de possibilidades difíceis de predizer. Meus instintos me dizem que o centro de emaranhado em que vivemos atualmente é Sephirot e em breve acontecera algo que ira mudar o destino de todos. Já que todas as linhas estão entrelaçadas.

- Alguém que vai morrer? – Perguntou Alix aflita.

Por alguns instantes a sra Divina contemplou Alix como se pudesse vela e avaliá-la através de sua venda.

- Existe alguma coisa que você queira me dizer? – A professora se virou com uma aparência quem suspeita de alguma coisa.

- Não eu...

- Você mudou completamente o rumo de nossa conversa. Isso acontece quando se esta com outra coisa na cabeça. Se isso te incomoda e eu puder ajudar... Ficaria feliz em escutar.

- Bom... Eu tive alguns sonhos...

- Oneiromancia a habilidade de prever o futuro através dos sonhos. Algumas pessoas com mais habilidade podem ver pequenas seqüências que irão acontecer.

- Oneiromancia? – Belle estranhou o nome.

- Mântica, a arte do vidente em grego possui muitas disciplinas: Quiromancia, Astrologia, Cartomancia, Iching, runas, Leitura de auras e outras. Claro que isso são estudos avançados

- Senhora. – Chamou Belle reparando em vários pacotes de cartas em uma prateleira atrás da professora. - As cartas que leremos são as cartas mágicas?

- Nós chamamos de laminas, não de cartas.

- mas são laminas mágicas? Como do jogo de feitiços?

- Sim são laminas mágicas. Uma das coisas essenciais para o aprendizado de Mântica será o uso de um conjunto dessas cartas. Recomendo que providenciem o mais rápido possível, pois é uma das primeiras coisas a se aprender.

- Eu estou vendo na sua prateleira que existem vários tipos de baralhos. – Comentou Belle excitada.

- Sim. – Confirmou a professora. – Cada um possui uma interpretação diferente, mesmo assim prefiro que meus alunos tenham um baralho que combine com eles do que empurrar um padrão que não condiz com todo mundo.

- E como sabemos qual é o nosso padrão?

- Saberão quando encontrar o baralho certo. E recomendo que fique com ele mesmo que seja um dos maços proibidos.

- O que é um maço proibido? – Quis saber Alix.

- Tudo ao seu tempo. – A professora largou sua xícara. – Agora me fale do seu sonho. – A professora fez um sinal e as duas meninas estavam sentadas aos seus pés prestando atenção com um caderno de notas. Alix ficou acanhada por alguns instantes.

- Você deve ter um ascendente em câncer ou em virgem, por isso é tão acanhada. – Analisou a professora. – Agora me conte como foi o seu sonho e o que aconteceu.

Alix contou o sonho para a professora e tudo o que aconteceu. A cada momento ela interrompia a narrativa para responder as perguntas da professora Divina que insistia nos detalhes aparentemente menos importantes.

- Me parece uma previsão legitima. – Concluiu a professora Divina. – Posso ver que vocês duas possuem uma aptidão natural para divinação.

Alix ficou aliviada e Belle ficou muito elogiada.

- Vou lhes dar um exercício muito simples e ao mesmo tempo um dos mais importantes na magia. Um exercício para fortalecer sua intuição e confiança.

As duas garotas ficaram muito atentas. Era a primeira lição que realmente recebiam sobre magia.

- Primeira lição: Sempre confie nos seus instintos.

- Como? – As duas perguntaram em uníssono.

- Exercite sua mágica natural, não acredite tanto assim no que você sabe e nas informações idiotas que te dão e acredite no que você sente. Quando o telefone tocar ou alguém bater na porta veja qual é a primeira pessoa que vem na sua mente, quando tiver uma sensação ou impulso siga de primeira, assim vai exercitar a sua clarividência.

- Então eu devo seguir os meus impulsos e não pensar muito?

- Não você tem que seguir só o primeiro impulso, as outras impressões sempre dão problema. A primeira coisa que você sente espontaneamente, o resto não presta.

- Eu acho que entendi, eu devo adivinhar as coisas, mas só que de cara uma segunda tentativa já não funciona.

- Isso! Então você vai desenvolvendo e daqui a pouco é capaz de saber quando alguém esta pensando em você.

- Posso tentar agora?

- Não! Tem que ser natural. Vai treinado como vai vivendo.

A professora esticou dois dedos.

- Segunda lição: Não esquenta.

- O que?

- Gente chata não pode usar mágica. Para de ser tão preocupada.

- Como eu vou saber o que acontecer se não me preocupar com o futuro?

- Do mesmo jeito que tropeça num buraco olhando pro fim da estrada. Ficar pensando no passado é besteira porque já passou e o futuro ainda não aconteceu. Você tem que se preocupar com o agora, com o momento, daí que começa ha saber o que vai acontecer. Por isso não se preocupe com absolutamente nada.

- Eu me preocupo porque eu tenho problemas.

- Não! Não tem. O mundo não vai parar por sua causa e qualquer problema acaba quando você morre.

- Ta! Então você deixa que os problemas se resolvam sozinhos.

- Quando eu não posso fazer nada sim. Só que eu não arranjo problemas.

- Apenas isso? – Alix ficou surpresa.

- Vocês vão ficar surpresas em como é difícil acreditar em si mesmas.

A professora dispensou as duas que se despediram das meninas, mas não sem dar um conselho antes.

- Não se esqueçam que Sephirot esta passando por um período onde as possibilidades do destino estão entrelaçadas e é quase impossível prever o que vai acontecer. Nessas ocasiões se deve evitar ao Maximo fazer decisões grandes ou importantes. Pois até as pequenas escolhas tem grande importância nesses momentos, a mais insignificante das pessoas pode tomar uma decisão que afetará a vida de todas as outras que estão entrelaçadas, até mesmo tentar não tomar uma decisão não deixa de ser uma escolha que vai afetar o futuro. Infelizmente é nesses períodos de crise que geralmente somos obrigados a tomar as decisões mais importantes.

Ciclo dois

Os conselhos da Professora Divina ajudaram a deixar a sua capacidade de premonição afiadíssima, era capaz de saber quando uma pessoa ia falar com ela ou quem ia entrar pela porta. Alix e Belle passaram a brincar de adivinhar que pessoa apareceria ou que carta sairia no baralho. Já estavam começando a ter idéia do que as pessoas iam dizer antes de dizer.

Todas as noites antes de dormir se reuniam para conversar sobre esses assuntos, todos se impressionavam com o entusiasmo e o interesse de Alixandra enquanto Belle apenas escutava com atenção.

Aprenderam muita coisa nas aulas seguintes, mas não gostavam dos chás amargos que costumavam tomar.

A aula de calculo quase tirou toda a graça da mágica para Alixandra, ela era péssima em matemática e saber que era uma matéria importante para muitas outras disciplinas que ela tinha despertado interesse como, geomancia, oráculos e magias do tempo a deixaram no mínimo arrasada.

Pra variar como em todas as disciplinas normais Belle demonstrou uma grande habilidade. Também surpreendeu o professor de historia da magia e literatura mística. Tinha um dom com a escrita com uma rápida leitura nos dias anteriores decorou informações essenciais e também revelou talento para aprender e decifrar línguas e escrituras antigas.

Para surpresa das garotas a primeira aula de alquimia ocorreu em uma grande cozinha ao invés de um laboratório. No lugar do professor Kazam encontraram a professora Italiana Isabelle.

A professora era doce e simpática como uma tia que não viam há muito tempo. Ela ensinou que os princípios básicos da alquimia podiam ser encontrados em qualquer cozinha com a mistura de ingredientes e as energias que saem do próprio corpo.

As duas fizeram pães sírios de farinha e água, para perceberem a sutileza dos sabores e uma complexa maionese para testar suas habilidades naturais.

Novamente Belle se destacou por conseguir passar melhor sua energia, dando um sabor diferenciado apesar das duas usarem o mesmo material e seguirem as mesmas instruções.

As atividades no campo eram constantes, Alix adorou aprender a tirar leite, tosquiar ovelhas, colher frutas e pescar. Por causa da coleira de regeneração estavam sempre tentando conte-la e dizendo para não se esforçar demais, mas era um antigo sonho de infância conhecer o campo e as coisas da fazenda.

Cada vez mais Belle se interessava por magia e se empenhava em estudar tudo o que lhe ensinavam. A cada dia ela estava se divertindo mais e já não andava de cabeça baixa correndo atrás de Alix. Mesmo assim ela não era mais a garota que um dia fora e nunca mais voltaria a ser.

Ciclo três

Alix começou a tentar usar a visão mágica o tempo todo. Ficava um pouco frustrada por todo mundo fazer mágica menos ela, sentia um resultado muito pequeno pelos seus exercícios em comparação ao que todos os outros alunos faziam, não era raro encontrar estudantes fazendo feitiços pela escola, principalmente nos jogos de cartas. Sentia que o básico que aprendera não passava de bobagem afinal ela já tinha feito um feitiço bem impressionante, se sentia no jardim de infância aprendendo a contar de um a dez quando já sabia fazer equações avançadas; agora entendia porque Chang comparou magia com matemática. Alixandra disse que queria ver e foi fazer os exercícios de mágica sozinha. Já tinha uma idéia de como moldar sua aura então passou o dia praticando e exercitando sua aura sem nenhum resultado.

Quando foram para a próxima aula Alix estava extremamente mal humorada.

- O que foi? – Perguntou Belle.

- Já mandaram a gente ler mãos, cartas, símbolos esquisitos, aprender filosofia, ficar meditando, lutar artes marciais, fomos enfeitiçadas, fizemos yoga, tocamos instrumentos, mas até agora eu não vi nada de aprender mágica de verdade. Esse lugar é um retiro espiritual ou o que?

- Retiro o que? – Perguntou Belle.

- Um desses lugares aonde as pessoas matam sua curiosidade sobre magia e fazem tratamentos alternativos.

- Do que você esta falando? – Belle ficou zangada. – Você pode fazer aquela coisa de Geomancia com a maior facilidade.

- Isso mesmo! – Se foi tão fácil porque estão complicando tanto?

- Não estão complicando. – Respondeu a “sala” Marmelo com sua voz melodiosa, enquanto abria as portas para o salão de mármore de Shin. – É muito importante que vocês aprendam os princípios das magias e tenham um melhor aproveitamento das suas habilidades mentais e motoras. Assim toda potencialidade será aproveitada corretamente.

- E o que isso significa? – Reclamou Alix.

- Vocês vão ver. – Dizendo isso as portas se fecharam.

As duas garotas olharam a sua volta para o grande salão com enormes quadros e escadarias, no centro uma gigantesca estatua de mármore em um pedestal.

- Ela não esta enfeitiçada como um golem não é mesmo? – Belle teve um arrepio.

- Ainda bem! – Comentou Alix com um sorriso. – Imagina só essa coisa se mexendo.

- Imagina essa coisa pisando na gente.

- Porque tem uma estatua tão grande dela?

- Annwn. Primeira rainha da era de Annwyn, guardiã das almas dos mortos e do povo das fadas. Consorte de Arawn rei do submundo. – Belle leu no grande bloco de bronze. - Rei do submundo?

- É como alguns chamam Sídhe. – Explicou Belle. - Então ela foi uma rainha de Avalon?

- De acordo com isso foi bem antes de existir registros históricos detalhados, bem mais de 3000 anos atrás.

- 5000 anos. – Respondeu uma voz de trás da estatua. – Ela foi à primeira rainha de Avalon, muito antes dos registros da chamada civilização chamarem Avalon de Avalon. Vocês não sabem muita coisa não é mesmo?

- Lumina! – Reconheceu Alix.

- Vocês se conhecem? – Perguntou Belle.

- Ela tentou me matar em Galita. – Lumina deixou bem claro que não morria de amores por Alix.

- Foi sem querer. – Gemeu Alix no que Lumina respondeu com um olhar de indiferença.

- E você é a tal que chutou a bunda de Maria. – Lumina também não demonstrava muitos sinais de simpatia com Belle.

- Eu não me lembro de você. – Belle tentou ser o mais simpática possível. Ela não tinha nenhuma intenção de esconder que Lumina emitia alguma coisa que a assustava.

- Eu não estava na ocasião. Não sou uma cadete, só estava acompanhando Maria como um favor ao professor Kazam. – Lumina examinou Belle de cima a baixo. – Não vou dizer que não gostei de ver Derek no chão por causa dessa vara-pau. Realmente gostaria de saber como você derrotou a mais brilhante aluna do primeiro ano de toda Sephirot. – Por alguns instantes ela olhou surpresa pra Alix. – Você engordou? Esta mais saudável. – Lumina se aproximou para olhar com atenção. – Uma coleira de Farmako?

- Estou fazendo um tratamento com a doutora Tibiriçá.

- Uma coleira de Farmako? – Lumina puxou a coleira pra olhar de perto. - Isso é pra moribundos, como esta andando por ai com isso?

- Não é bem assim.

- Depois de tudo que Rembrandt fez por você eu esperava que já estivesse melhor. Ele deu seu sangue, dividiu sua força vital e ainda passou a noite, enrolado em você com um cobertor para aquecer esse corpo fraco. – A cada palavra o coração de Lumina se enchia de ódio.

- Você esta com raiva de mim porque eu quase te matei ou por causa de Rembrandt?

Lumina agarrou o braço de Alix e o torceu esfregando a cara dela no chão. – Por pouco ele não morreu pra salvar você. Ainda gastou um favor com Medhal para que vocês entrassem aqui. É bom que valha a pena tudo o que ele fez por você.

Belle ficou desesperada. – Por favor. Por favor. O professor já deve estar nos esperando.

Lumina largou Alix que se contorceu de dor. Ela olhou Alix com desprezo como se não tivesse acontecido nada.

- Você esta bem? – Perguntou Belle não conseguindo controlar as lagrimas.

- Vocês são sempre choronas desse jeito? – Reclamou Lumina. – Temos que ir até o corredor principal de Shin.

- O corredor Shin de novo? – Alix se lembrou que foi lá onde começaram as aulas de condicionamento físico.

Muito a contra-gosto e ainda com a sensação do mármore frio no rosto acompanhou Lumina até o corredor onde um monte de Brownies e duendes estavam limpando e empilhando móveis junto de uma mulher bem atrapalhada.

- Aqui estão as novas alunas, senhora Jones. – Lumina apresentou.

A professora que mais parecia uma dona de casa pegou seus óculos que estavam no avental e os posicionou nos olhos como quem olha alguma coisa muito interessante.

- Eu já não as vi em algum lugar? – A professora começou a revirar os olhos e a vassoura.

- Eu acho que não. – Respondeu Alix.

- Você é a menina que fez as mãos de terra e você estava na sala dos professores. – A professora olhou Belle como se fosse uma coisa muita estranha, depois retirou um frasquinho que parecia perfume e borrifou em cima dela. – Vocês têm um nome de doce não é mesmo? Caramelo, pão-de-ló, quindim, alguma coisa mole... Flam!

- Pudim! – Corrigiu Lumina.

- Muito obrigada querida. – Antes que as duas pudessem contestar o nome ela continuou. – O que você estava fazendo no salão de chá?

- A sra Izma...

- Srta. Izma. – Corrigiu a professora.

- A srta. Izma me convidou.

- Isso é terrível. – Ela borrifou novamente o líquido que possuía um cheiro forte e enjoativo. – Não me admira que esteja com essa aura terrível.

- Minha aura? – Belle ficou preocupada. – O que tem a minha aura.

- Ela é cinza e murcha. – Respondeu Lumina. – Nem mesmo as auras vocês são capazes de ver?

- Nem todas as pessoas foram criadas para serem representantes de uma divindade. – A professora fez um chamego em Lumina que ficou um pouco envergonhada.

Novamente se voltou para as duas apontando com a vassoura.

- Soube que Maria Mercedes e Derek Dietrich tiveram problemas com vocês. Eles são respectivamente os melhores alunos que já tive a graça de ensinar. Uma pena que não façam parte de nenhuma das casas de paus que eu presido. Saibam que eu tenho grandes expectativas sobre vocês.

Novamente a professora olhou espantada pra Belle e a borrifou como se fosse um carrapato.

- Agora garotas até agora o que foi que vocês aprenderam sobre Artefatos mágicos?

- Eu li que a aula de artefatos mágicos serve para estudar as diversas características e propriedades de um objeto encantado, de onde ele veio, pra que ele serve, como desfazê-lo, tirar maldições, etc.

- Você se esqueceu do mais importante minha querida.

- O que?

- Como usá-los.

Um duende avisou alguma coisa no ouvido da professora.

- Ótimo, ótimo, já limparam o corredor e podemos começar a nossa aula.

- O que vamos aprender hoje? – Alix começou a se sentir que ia sair alguma coisa boa daquela professora.

- Eu sou da seguinte opinião de que a natureza esta sempre certa. Quando chega a hora mamãe passarinho empurra seus filhotes do ninho para que aprendam a voar. Se não conseguirem se estatelam no chão e é assim que as coisas devem ser. Não que eu vou empurrá-las do ninho, mas vocês vão voar.

A professora pegou alguns aparatos de segurança bem parecidos com os do treino de combate e entregou a elas.

- Mas assim? – Belle estava desnorteada. - Já?

- Comigo é assim, primeiro a pratica e depois a teoria. Assim vocês já sabem logo de uma vez o que e o porque do que estão aprendendo.

- Vamos voar em Vassouras? – Alix apontou pra vassoura na mão da professora.

- Vassouras? – A principio a Sra. Jones procurou desnorteada, mas logo encontrou a vassoura que estava em sua mão. - Sim! Vassouras são muito interessantes para jovens bruxinhas excitadas que gostam de ter longos símbolos fálicos entre as pernas. O que nós não somos não é mesmo? Nós britânicas como sempre desenvolvemos métodos mais confortáveis e eficazes ou pegamos algo que já existe e tornamos mais pratico e confortável. – A professora largou a vassoura em um canto e pegou um de muitos tapetes que estavam enrolados e escorados na parede.

- Um tapete? – Perguntou Alix espantada. – Vamos voar em um tapete?

- Não sei qual é a surpresa. Peguem um pra cada.

Alix foi saltitante apanhar o tapete, já Belle receosa recebeu outra borrifada enquanto passava pela professora. Para surpresa de Alix os tapetes eram muito mais grossos e pesados do que os que ela pegou nas casas abandonadas de Galita. Podia jurar que muitos dos fios que compunham a trama da tapeçaria eram feitos de metal.

- Os novos tapetes de fabricação britânica possuem resposta rápida e intuitiva é só desamarrá-los que já saem funcionando. Kazam lhes ensinou a fluir sua energia mística não é mesmo?

- Sim Senhora – As duas responderam em uníssono.

- Se treinaram direitinho é apenas necessário enviar um pouco de energia e a corda em volta do tape te se solta.

Para surpresa das duas quando desenrolaram o cordão o tapete ficou extremamente leve, como se fosse um lençol.

- Agora o desenrolem! – A professora desenrolou o tapete no ar e ele ficou parado a meio metro do chão. As garotas imitaram e aconteceu à mesma coisa, para o incomodo ele não parecia muito firme. – A primeira coisa a fazer é subir nele.

Falar era muito fácil, os tapetes não eram firmes, se inclinavam e se destorciam com muita facilidade. Sem falar que não tinham nenhuma firmeza e quanto tentavam se apoiar eles deslizavam pra frente. Lumina subiu com um único impulso e ficou curiosa, observando as duas se enrolando em seus tapetes. Finalmente quando conseguiram subir já não estavam tão entusiasmadas nem sentiam segurança nos tapetes.

- Fiquem no retângulo no centro do tapete pra sua segurança. Alixandra, Lumina não sentem de pernas cruzadas, boas mocinhas não se sentam assim. Não somos índias em volta de uma fogueira.

- mas assim eu tenho mais equilíbrio. – Justificou Alix.

- Tem equilíbrio, mas não tem compostura mocinha.

Alix não discutiu e obedeceu.

- Como já disse esses tapetes são muito intuitivos, seguramos os cordões como rédeas e não é muito diferente de conduzir um cavalo. Com a vantagem de subir e descer. – A sra Jones fez um movimento com os cordões e galantemente deslizou em volta das garotas com muita elegância.

- Eu nunca andei a cavalo. – Justificou Alix.

- Eu também. – Confessou Belle.

- Que infortúnio! Não se preocupem meus amores, seus impulsos e até mesmo emoções são passados para o tapete principalmente através dos cordões que vocês seguram. Dêem um comando pra começar. – Ande!

As garotas obedeceram e pra sua surpresa começaram a se mover, rapidamente se esqueceram do incidente com Lumina e estavam se divertindo muito. Para surpresa de Lumina as duas tinham muita habilidade para quem nunca havia usado mágica.

A Sra. Jones ficou muito impressionada.


Ciclo quatro

A Sala das maçãs possuía uma verdadeira guarnição de comidas derivadas de maça, Alixandra nunca havia bebido suco de maça e Belle relembrou alguns doces que sua cozinheira costumava fazer em Galita, a voz doce e suave da sala ajudava a tornar o lugar aconchegante.

Quando as portas se abriram revelando as paredes frias e escuras feitas de antigas pedras cinzentas e iluminadas por tochas nas paredes lhes deram a terrível sensação de estarem entrando em uma masmorra ou calabouço.

Para surpresa a aluna que estava as esperando era Érika Dietrich com sua radiante presença.

- Eu acho que você era a ultima pessoa que eu esperava encontrar por aqui. – Comentou Alixandra. – Alias; eu nunca imaginei que existisse um lugar assim neste castelo.

- O professor Kazam acha que seria menos traumático que vocês tivessem a minha presença por perto.

- Traumático? – Belle já ficou assustada e apreensiva.

- Que aula é essa? – Perguntou Alix.

- Magia Negra e Artes das trevas. – Belle leu no programa.

- Isso é brincadeira, não é? – Alix começou a se incomodar com a aparência daqueles corredores.

- Não tem com o que se preocupar. – Érika acalmou as duas. – A professora deve estar esperando.

As três seguiram pelo corredor passando por antigas portas de madeira e grades de pedra que mostravam grandes salões escuros até chegarem em um grande salão iluminado por centenas de velas, havia muitas prateleiras com objetos assustadores e antigos livros, baús e potes. O salão era enfeitado com tapeçarias vermelhas e do outro lado havia um grande altar com o que parecia ser um caixão em cima e atrás do altar uma flamejante lareira. Aquele era exatamente o que Belle esperava de um ambiente para uma bruxa.

No centro do salão uma pequena jovem usando um vestido negro semelhante aos uniformes das garotas fazia desenhos no chão meticulosamente derramando um fino pó de dentro de um pote. Seus cabelos eram negros e sua pele anormalmente branca, assim como seus claros e quase brancos olhos azuis.

- Bom dia professora. – Cumprimentou Érika. Lucy e Belle se surpreenderam, aquela garota aparentava ser mais jovem do que elas.

- Salve Érika. – A jovem professora fez uma reverencia. – Suponho que sejam as afamadas irmãs Alessandra e Bela Pudim. Chamo-me Lucy Western.

- Belle e Alixandra Putin. – Corrigiu Alixandra.

- Tanto faz. – A professora entregou o pote pra Alixandra.

- Meu nome não é Putin. – Explicou Belle.

- Eu sei! Eu escutei. – A pequena professora foi até uma das prateleiras procurar alguma coisa entre os potes.

- O que eu faço com isso? – Perguntou Alixandra.

- Não come o que tem dentro. – Respondeu a professorinha.

Muito gentilmente Érika pegou o Pote e o colocou no que parecia ser o lugar correto, realmente sua presença era bem tranqüilizadora.

- O que vocês vem, a saber, sobre magia negra? – Perguntou a professora bebendo de um frasco que acabara de achar perdido em um baú.

- Magia negra é magia obscura. Voltada para as artes malévolas, vingança e desgraça ao próximo. – Respondeu Belle.

- E ... – Lucy fez um gesto indicando que ela continuasse falando enquanto ela procurava na prateleira.

- A magia negra pode ser feita com cabelos, roupas, objetos pessoais e diversas coisas pertencentes à pessoa na qual se quer prejudicar, no entanto ha magias que nem precisam de um objeto pessoal, basta se concentrar nela.

- Tu és a meiguice em pessoa! – Elogiou. - Leste o texto do livro e decoraste direitinho. – A professorinha começou a juntar algumas coisas que encontrava na prateleira. - E ...

- Fazem sacrifícios com humanos e com animais. Belle já não sabia mais o que dizer.

- E ...

- Eu não sei. – Respondeu Belle angustiada. Estava acostumada a sempre superar as expectativas dos professores e receber elogios. Fez uma pesquisa rápida sobre magia negra, mas tinha muito medo sobre o assunto.

- Isso expõe toda extensão de seu conhecimento sobre o assunto?

- É! - Respondeu Alixandra.

- Então desconhecem sobre o uso de cadáveres, pacto com demônios e copulas com bestas para gerar quimeras? Então nem queira saber dos rituais envolvendo sacrifícios e consumo de carne humana.

- O que é copulas? – Perguntou Belle.

- O acasalamento, o coito o ato sexual em si.

- Relações com animais? – Belle ficou horrorizada. – Pessoas têm filhos com animais?

- Claro! Como supões que surgiu o aberrante exercito do Império do sol? Eles consideram aqueles que não usam magia como sendo animais. Obrigam as mulheres dos países conquistados a copularem com bestas selvagem em rituais macabros. Quando as flageladas já não são capazes de procriar, passam a alimentar as criaturas com a carne de quem os pariu.

- Mas que coisa horrível. – Belle ficou horrorizada, o que chamou a atenção da professora Lucy que a encarou com um sorriso malicioso e pegou um estranho fetiche no fundo da prateleira amarrado em um antigo embrulho marrom.

- Noto que possui uma animosidade relacionada a assuntos de cunho libidinoso. Ou apenas uma aversão à idéia do bestialismo? O que seria mais do que natural. O que sentes ao se imaginar sendo possuída por uma besta? Um porco? Ou um cavalo talvez.

- Srta Western. – Replicou Érika. – Não permitirei que vá longe demais.

- Não te esbraseie. Se vedes que devo me conter lhe acatarei sem rezingar.

Belle começou a suar e a tremer a sensação terrível que não podia controlar invadira todo seu organismo, suas pernas tremiam e sua respiração aumentava a espasmos, uma bola subia por sua garganta tornando difícil engolir a saliva.

- O que esta fazendo com ela? – Reclamou Belle.

Lucy apontou o estranho fetiche para Alix enquanto girava uma pena nele.

- Que terrível infortúnio paira sobre você? – Lucy ficou surpresa. – Já foste vitima de um feitiço de controle e adquiriste grande resistência a isso.

Alixandra ficou mais surpresa ainda com aquelas palavras. Um feitiço de controle? Então o sonho que tivera não fora uma mentira.

- Responda-me! – Lucy apontou a pena como se fizesse uma acusação. - Por quanto tempo esteve sob domínio externo?

- Durante algumas semanas. – Respondeu Alix.

- Excelente! Então, mais do que ninguém conhece o terrível efeito da Magia Negra e suas conseqüências.

No centro do circulo colunas de madeira começaram a brotar do chão revelando uma cama vermelha que se ergueu em volta de Belle.

- Assim ela esta mais aconchegante. – Sorriu a professora.

- O que esta fazendo comigo? – Chorou Belle.

- Apenas demonstrando uma forma de magia e a libertando de outra. Você meu amor, através de conceitos e ensinamentos errôneos foi coagida a se submeter a um cárcere claustral, assim reprimiu toda sua sensualidade, sua espontaneidade, sua paixão... Crendo que fossem lascívia e libertinagem e isso a tornou débil e incapaz de aproveitar a vida.

- Por favor, pare com isso! - Belle não suportava mais e se contorcia na cama.

- O que você esta fazendo com ela? Ela esta sofrendo muito. Eu pensei que você veio aqui exatamente para impedir que ficássemos traumatizadas. – Alix reclamou com Érika que aa observava. - Faça alguma coisa.

- Desculpe-me Alixandra. – Respondeu Érika. - Se você pudesse ver a aura de tua irmã perceberia como ela precisa disso. A aura sombria que a cerca mal permite que eu veja seu rosto.

- Seu corpo está explodindo de desejo pela vida, mas sua mente não consegue aceitar por causa dos grilhões em sua alma. Enfunada e tesa, pudicamente coibida por patranhas. – A professora Lucy ergueu sua mão o cômodo ficou repleto de correntes, elas atravessavam os objetos e paredes como se fossem fantasmas e saiam todas do corpo de Belle. – Assim você pode ver melhor o estado dela.

- mas o que é isso? – Alixandra, porque fez isso nela?

- Ela não fez. – Explicou Érika. – Essas correntes foram criadas pela própria Belle, nós também temos nossas próprias correntes.

Alix percebeu assombrada que tanto ela quanto Érika também tinham correntes saindo dos seus corpos. - mas o que são essas correntes?

- São os vínculos que a prendem ao mundo. – Respondeu Lucy.

Ciclo cinco

A pálida professorinha ensinou que existem sete anseios que guiam os mortais. Pode chamar como quiser. O importante é que somos movidos por eles. São importantes para nossa vida, mas tanto o excesso quanto a falta pode nos tornar fracos ou nos dominar.

O conforto nos motiva a sermos práticos e a melhorar o mundo a nossa volta a procura de conforto. A falta nos torna confusos e complicados, o excesso se torna preguiça e ficamos desleixados e indolentes, nos tornamos inúteis.

A raiva nos motiva a nos defender e agir, a falta nos torna excessivamente passivos, condizentes com o mal e a injustiça, nos tornamos cúmplices e incentivamos os criminosos, no contrario a ira nos torna vorazes e criminosos.

A admiração nos impulsiona a crescer frente o desejo de se tornar igual a quem se admira ou ir alem, sem isso nos tornamos fracos e sem vontade, em excesso se veneração, colocamos a pessoa adorada em um patamar muito superior ao nosso e nos tornamos submissos e influenciáveis. O contrario é a inveja e ao invés de batalharmos para melhorar e adquirirmos o que a pessoa admirada possui passamos a lutar apenas para tirar o que é dos outros.

A fome e o prazer que os alimentos nos proporciona é insubstituível, afinal eles são o combustível da vida, a falta nos torna débeis e doentes, incapazes de realmente aproveitar uma refeição e exatamente o contrario acontece na gula, quando passamos a comer compulsivamente sem saber aproveitar.

A temperança é uma das grandes qualidades, a moderação ao seu usar as coisas e guardá-las para o futuro. A falta faz com que desperdicemos sem aproveitar e o excesso gera apego que nos torna avarentos e guardamos o que acumulamos também sem aproveitar.

A voluptuosidade assim como a fome é um dos instintos primários de todos os seres vivos, precisamos para procriar e sobreviver, por isso nosso organismo precisa e nos recompensa em forma de prazer carnal, a falta nos torna fracos, o organismo se atrofia e fica doente, o excesso de luxuria e a libertinagem escraviza assim como todos os outros e causa danos ao organismo.

O ultimo e o maior a qual de certa forma rege todos os outros é o orgulho, que facilmente pode ser direcionado para nobreza ou deturpado para soberba. Através do orgulho se podem controlar nações e fazer as pessoas matarem ou morrerem.

Próximos e ao mesmo tempo distantes, semelhantes, porem distintamente diferentes separados pelo bem e o mal. Conforto e indolência, raiva e ira, admiração e inveja, fome e gula, temperança e avareza, voluptuosidade e luxuria, orgulho e soberba. Os sete anseios da alma que equilibrados a elevam, em excesso a apodrecem e reprimidos a secam. Suas correntes estão presas a esses anseios a ferindo.

- Alguns vínculos a prendem. – Érika apontou para uma corrente grossa feia e desgastada que saia de Alix. – Outras a ligam a coisas boas. – Érika segurou uma grande corrente doirada que saia do peito de Alix e ela sentiu sua mãe por um momento.

- Eu não entendo ainda o que são essas correntes. Porque eu tenho elas?

Érika começou a explicar: - Nossa alma, a principio é livre, mas vamos criando vínculos que nos acorrentam nos mais diferentes níveis, alguns nos ligam as pessoas outros nos prendem a idéias. Por exemplo:

Você está passando por uma praça e vê uma revoada de pombos. Repentinamente sente um impulso de correr e ver os pombos alçando vôo.

Se realizar seu impulso ficara alegre, eufórica e com o coração pulsando. Vai fazer um exercício aeróbico e liberar uma serie de estimulantes químicos benéficos ao seu organismo. É uma coisa boa.

Mas as correntes te prendem. As pessoas podem te ver e isso te da vergonha. Não existe nenhum motivo pra isso. Essas pessoas não te conhecem, não vão te julgar, provavelmente nem vão se lembrar de terem visto uma pessoa atiçando pássaros quando terminar o dia. Só que você teme um julgamento de desconhecidos. Um julgamento que não possui nenhuma relevância. Mesmo assim ainda é uma corrente. E por uma serie de pequenos medos e bobagens, o numero de correntes se torna tão grande que te impedem de fazer algo tão simples como correr em direção a um bando de aves. Literalmente está acorrentada, incapaz de exercer sua vontade.

Se você criou um objetivo, isso se torna uma corrente que te guia aonde quer chegar. Também se quiser ir a um determinado lugar, mas não vai por causa de algum vinculo com outra pessoa ou uma moral é outra corrente que esta te segurando.

Quanto maior a corrente, maior é essa ligação.

É mais ou menos assim que as correntes funcionam. – Explicou Érika.

Um clarão seguido de um estalo anunciou: Varias correntes de Alix se rebentaram e dissolveram no ar.

Érika e Lucy muito contentes bateram palmas.

- Vedo que não precisa de ajuda, em breve não haverá nenhum grilhão que a retenha. – Lucy subiu na cama e levemente se aproximou de Belle. – Tu devias aprender alguma coisa com ela. Quer que eu pare com isso?

- Por favor. – Implorou Belle.

- Sem Tocar. – Ordenou Érika.

- Apenas de leve... – Pediu Lucy. – Prometo que serei gentil e suave.

- De jeito nenhum. – Reclamou Érika. - Olha o estado da garota. Ela esta nesse estado e se recusa a se tocar. Imagina o que aconteceria se fosse você fizesse por ela.

Lucy se aproximou de Belle suada e ofegante, gentilmente ela apanhou a mão da garota e levantou sua saia. – Você só tem que colocar sua mão aqui. – E lentamente empurrou a mão de Belle para dentro de sua calcinha.

- O que esta fazendo? – Gritou Belle.

- Estou tentando te ajudar.

- Ajudar a que? A virar uma vadia?

- Eu só quero te ensinar a fazer se masturbar.

- Eu sei muito bem o que é isso. È coisa de vadias.

- Então é isso! – Lucy pulou na cama com um sorriso de alivio. – Você acha que apenas se tocando Tornasse-a uma vadia?

- É claro! – Gritou Belle furiosa segurando a saia. – Porque esta fazendo isso comigo? Eu não fiz nada de errado.

- Você e sua irmã me lembram eu e uma amiga que era como uma irmã pra mim. - Lucy abraçou Belle carinhosamente. – Nós fomos dominadas por um feitiço parecido com esse e ela acabou por ser destruída. Eu apenas quero evitar que isso aconteça de novo. – Lucy se aproximou de Belle e segurou seu rosto. Belle a encarou com uma expressão de susto e antes que pudesse fazer alguma coisa, para surpresa de todos recebeu um beijo nos lábios. Seus olhos reviraram, as correntes dissolveram e ela se soltou completamente relaxada.

Belle começou a rir como se estivesse bêbada e rapidamente escorregou a mão pra dentro da calcinha e gemeu de prazer. - Eu num costumo mexer ai.

- Vocês querem se juntar a ela? – Perguntou a professora animada.

- Vamos nos juntar a ela? – A professora Lucy parecia tão inebriada de luxuria quanto a própria Belle.

- De jeito nenhum. – Gritou Alix sentindo que a professora estava usando a magia do fetiche nela. – Ela é sempre assim? – Perguntou Alix.

- Só com quem ela gosta. – Érika agarrou a professora e a segurou. - Não queira ver ela assediando Nicole e Rembrandt. Ela fica impossível.

- Você tem que fazer isso com ela? – Alix perguntou pra professora.

- Ela precisa tanto conhecer o poder da Magia Negra como também precisa se livrar dessas restrições. – Lucy olhou feio pra ela. – Ou vai me dizer que concorda que ela estava melhor daquele jeito?

Alix não teve palavras ao ver Belle relaxada se dando prazer. Ela nunca imaginou que a veria daquele jeito. Infelizmente ela teve que admitir que ela parecia muito contente. - Isso é só o efeito do seu controle da mente.

- Não! – Respondeu Lucy. – Eu não estou controlando-a. Aumentei sua libido e retirei suas inibições. Admito que não poder para controlá-la, mas isso não a ajudaria.

- Por quanto tempo ela vai continuar?

- Até atingir o clímax.

Alixandra queria fazer alguma coisa, mas não sabia o que fazer. A diminuta professora apreciava como se fosse o grande espetáculo da vida e Érika olhava com um pouco de pena. Ela apenas pode tentar desviar o olhar enquanto Belle continuou mais alguns minutos, levou mais tempo ainda pra voltar ao normal, aos poucos ela parecia mais quieta como no primeiro dia em que chegou. Alix se sentia mal por não poder fazer nada. Será que a professora estava usando sua magia para impedi-la de agir, ou no fundo ela realmente acreditava que aquilo era o melhor para Belle?

- Eu não tenho certeza que isso seja bom pra ela.

- Não se preocupe. – Tranqüilizou Érika. – Algumas pessoas ficam mais fracas quando são controladas por magia, outras como você se tornam mais resistentes. A professora tem a habilidade de distinguir um tipo de pessoa da outra. Ela nunca faria nada que prejudicasse uma aluna, por mais louca que ela pareça.

- Você esta bem? – Alix perguntou. – Me desculpe por não fazer nada.

- Tudo bem. Eu me sinto ótima. – Respondeu Belle sem muita convicção.

- Não se preocupe Belle. – Consolou Érika. - Logo você vai estar se sentindo ótima. Lucy só fez isso porque você realmente precisava.

- Eu não sei o que eu estou sentindo. – Confessou Belle.

- Belle! – Lucy a chamou. – Você se sentiu livre e completa como se pudesse andar nas nuvens, mas após o ápice maravilhoso se sente vazia e culpada. No momento adorou e queria fazer pra sempre, agora se arrepende e não quer fazer nunca mais.

Belle se espantou com a riqueza de detalhes. Ela realmente sabia o que ela estava sentindo. – mas como?

- Como eu disse, eu já passei por isso. – Confessou Lucy. - Seus conceitos bobos a tornaram sujeita a esse tipo de magia. É muito comum usar os sete anseios da humanidade para manipulá-los, muitos lideres não se importam com os males que causam as pessoas. – Lucy apontou para pequenas e delicadas correntes que saiam de Belle. - Como já disse os sete anseios movem a alma de todos os humanos e é preciso ter todos em harmonia, tanto reprimi-los quanto excedê-los causa males e sofrimento. – Lucy gentilmente dispensou as garotas deixando Belle refletindo sobre seus sentimentos. – Belle! Você vai sentir esse desejo novamente como você vai sentir os outros seis. Da próxima vez não tente reprimir e aceite ou aquelas correntes vão voltar.

No caminho de volta as duas perceberam como a presença de Érika realmente tornou a experiência menos traumatizante. Belle e Alix já não achavam mais que Lucy era uma pessoa ruim mesmo que enquanto acenava com seus olhos brancos e sorriso alucinado elas puderam perceber como ela não parecia estar viva. Belle principalmente sentia como se tirasse um peso dela e já estava começando a voltar.

No frio das catacumbas em meio à escuridão uma figura que observou tudo se manifesta.

- O que você achou das irmãs pudins?

- Era pra achar alguma coisa? – Lucy tentou fingir de forma pouco convincente que não se interessava.

- Vamos nos encontrar com elas.

Lucy se recolheu em meio aos lençóis vermelhos, seus olhos brilhavam no escuro conforme ela pensava em como ele achava aquelas duas interessantes.

Ciclo seis

A próxima aula seria de condicionamento físico.

No vestiário dos ginásios Belle e Alix encontraram uma garota muito seria de pernas cruzadas meditando em um banco de madeira. As duas entraram de certa forma apreensivas, tentando não incomodá-la.

- Vocês são as novas alunas? – Perguntou a garota.

- Sim! Esta é Belle e eu sou Alixandra.

- Ogami Yuki! É escrito com os ideogramas nipônicos de lobo e neve. – Apresentou-se. – Suas roupas estão nestas bolsas com seus nomes.

As garotas apanharam as bolsas, dentro havia dois uniformes que pareciam uma mistura de quimonos com roupas de ginástica. As duas tentaram se vestir durante um bom tempo, mas se complicaram com as faixas. Yuki se levantou e finalmente as ajudou a amarrar corretamente.

- Não tem sapatos? – Perguntou Belle.

- Não! – Respondeu Yuki. – Nós vamos descalças.

Apesar de sua apresentação detalhada Yuki não era muito de falar e silenciosamente guiou as duas até uma sala móvel. – Corredor principal de Shin. – Anunciou para a sala maracujá, o cheiro era forte e Alix não resistiu a tomar um gole de suco de que estava na mesinha. Saíram em um dos enormes corredores como o que chegaram na carruagem sem cavalos no primeiro dia.

Medhal, Janus e Rembrandt estavam esperando, Yuki os cumprimentou com uma reverencia, primeiro o senhor depois os garotos. – Meu pai. Idiotas. – Alix e Belle tiveram um certo choque ao ouvir aquilo. Yuki não tinha nenhum traço de Medhal, mas podia se perceber as semelhanças em sua atitude. Mesmo assim era um pouco difícil de imaginar aquele homem como pai. Timidamente as garotas os cumprimentaram.

- Vamos começar. – Anunciou Medhal em um tom cordial. – Como vocês estão em recuperação vamos começar devagar pra conhecerem o processo de condicionamento físico. Se acostumem, pois o treino básico é feito cinco vezes por semana. Apesar do serviço militar não ser obrigatório o treinamento é, não se esqueçam que esta é acima de tudo uma academia militar. Não quero ouvir reclamações ou comentários. Inspirem pelo nariz expirem pela boca.

As garotas começaram a caminhar pelo grande salão seguindo as instruções de Medhal. Yuki parecia de certo modo incomodada e impaciente. Rembrandt e Janus acompanharam as garotas com um sorriso simpático. O corredor era muito grande, o teto ficava a mais de vinte metros do chão e era iluminado por lustres luxuosos e belíssimos vitrais, as paredes tinham quadros, espelhos e tapeçarias, enormes estatuas e prateleiras cheias de objetos completavam a decoração. De vez em quando cruzavam com alguma pessoa passando, Brownies e duendes, quadros e estatuas dormindo ou conversando, golens e gárgulas carregando alguma coisa, objetos flutuando sozinhos e gigantescas portas para salões e corredores.

Quando passaram por um grande portão que levava para um belo bosque ensolarado aonde fadas cantavam em um coral com vários alunos tocando na orquestra Belle ficou desconcertada. - O que é isso?

- Apenas uma aula de musica. - Respondeu Janus.

- mas eu pensei que esse lado levasse pra dentro do castelo.

- Mágica. – Respondeu Rembrandt. – Nem todas as portas do castelo levam para o lugar onde normalmente estaria, existem portas que mudam de lugar e levam para áreas, você pode virar uma curva e sair em outra torre.

- mas estava chovendo lá fora. – Insistiu Belle.

- O castelo de Sephirot existe em vários mundos ao mesmo tempo. – Explicou Janus. – Aquele portão levava pra Sídhe, o mesmo acontece com esses vitrais.

- Então se eu quebrar os vitrais eu vou para em um lugar totalmente diferente em Sídhe? – Perguntou Alix.

- Se você quebrar um vitral vai parar no calabouço. – Respondeu Medhal com uma risada.

- Todas essas estatuas que se mechem são golens? – Perguntou Belle. – Ou apenas as que tem forma humana?

- Os golens podem ter qualquer forma. – Respondeu Janus. – mas alguns possuem espíritos e não são golens.

- Qual é a diferença? – Completou Alix.

- Golens não tem raciocínio ou vontade própria e as estatuas possuídas tem.

- Eu não sabia que existiam tão grandes. – Confessou Belle olhando assustada para uma impressionante estatua de um tritão que acenou para eles que passavam. (Tritão é um homem peixe, masculino de sereia.).

- E esses livros e coisas voando? – Apontou Alix para um livro que bateu em sua cabeça e continuou flutuando.

- São objetos relacionados, voltam pros lugares de onde pertencem ou vão para onde são necessitados.

- Eles não podem simplesmente desaparecer em um lugar e reaparecer em outro?

- Esse é outro tipo de mágica. – Respondeu Yuki bem incomodada com a ignorância das garotas. – Isso é conjuração, precisa de alguém para indicar o lugar aonde ele vai aparecer.

- Eu também não sabia disso. – Rembrandt justificou a ignorância das duas.

- Esses objetos são meio inteligentes. – Janus apanhou uma garrafa verde que atravessava. A garrafa começou a tremer e gritar. – Eu tenho que ir pro salão comunal. Eu tenho que ir pro salão comunal.

- Larga isso. – Reclamou Yuki batendo em Janus para soltar a garrafa que continuou seu caminho.

- Vamos atravessar o corredor inteiro? – Perguntou Alix.

- Espero que não. – Respondeu Rembrandt. – Só daqui até a torre de Binah são uns cinco quilômetros.

- Não vejo problema em dar uma volta no castelo correndo. – Comentou Yuki.

- Dar uma volta no castelo? – Alix sabia que o castelo era grande, mas não tinha idéia do tamanho. - Quanto é isso?

- Uma média de vinte e seis quilômetros. – Respondeu Janus.

- Vinte e seis quilômetros? – Belle ficou espantada. – Esse lugar é enorme, eu vou morrer antes disso.

- Conversas atrapalham a respiração o que cansa mais. - Avisou Medhal. - Seus uniformes possuem monitoração automática, se estiverem passando mal não digam nada, pois eu saberei. Agora respirem! Respirem!

Para o azar de todos eles caminharam até a torre de Binah, subiram varias até o terraço de Zain aonde encontraram uma grande pista de obstáculos. Lá o céu estava acinzentado e frio. Durante alguns minutos fizeram alongamento no chão frio e úmido enquanto caia a garoa. Alix se espantou como estava cansada. Seu fôlego já não era o mesmo.

- Muito bem. – Anunciou Medhal. – Yuki eu quero que mostre para as meninas como se atravessa o percurso.

- Tem sorte que o tempo esta bom. – Comentou Medhal olhando para o céu. – É muito mais difícil no calor.

Yuki apenas acenou com a cabeça e esperou um sinal do pai para começar, ela saiu em disparada, subiu na rede como uma aranha, atravessou as barras como e se pendurou nas cordas um macaco, se arrastou por baixo da cerca de madeira como uma cobra e continuou como se tivesse nascido para isso.

- 2 minutos e 38 segundos. – Contou Medhal. – Foi um bom tempo para que nós descansássemos.

- Você esta brincando não é? – Belle protestou. – Eu mal agüento as minhas pernas. Você não espera que eu atravesse isso não é mesmo?

- Rembrandt e Janus vão acompanhá-las para ajudá-las. – Respondeu como se elas estivessem brincando.

Medhal deu o sinal e as duas não sentiram nenhum animo para desobedecer, as duas eram garotas tranqüilas da cidade e não estavam acostumadas a se pendurar e subir em coisas, mesmo com a ajuda dos rapazes levaram mais de quarenta minutos para fazer o percurso que Yuki fizera em dois. As duas se sentiam cansadas molhadas e humilhadas.

- Somos garotas. – Choramingou Belle. – Não vejo motivos pra fazermos tudo isso.

- Exercício é bom. – Respondeu Alix ofegante sem muita convicção.

Rembrandt com um sorriso tentou alegrar as garotas.

- Vocês sabiam que segundo os estudos realizados nas faculdades universitárias de Oxford 100% das pessoas que praticam exercícios morrem?

- É mesmo? – Respondeu Janus. – Pois eu li que a mesma pesquisa revelou que 100% das pessoas que não praticam exercício também morrem.

As garotas soltaram um sorriso o bom humor dos garotos era contagiante e era precisa muita má vontade pra ir contra eles. Apesar do frio e do esforço as piadas dos meninos fez com que tudo fosse muito divertido.

Medhal jogou toalhas para eles e fez um sinal para que o seguissem até uma entrada do castelo. Chegando lá para irritação das garotas ele e Yuki estavam completamente secos. Ele respirou profundamente e deu uma baforada em uma das mãos em forma de concha, segurou e abriu a mão em cima dos garotos e em poucos segundos eles estavam secos, o calor em volta do corpo era desagradável e não só as roupas como a pele e seus cabelos ficaram secos como também ficaram ressecados.

Novamente começaram a caminhar pelos corredores do castelo. Yuki se aproximou de Alix pra conversar.

Seguindo Medhal chegaram a um grande salão com armas penduradas nas paredes e uma pequena mesa no fundo. Janus, Rembrandt e Yuki se posicionaram em fila, Alix e Belle imitaram. Medhal se posicionou no centro da sala e começou a discursar de forma seria, bem diferente do seu tom usual.

- A arte marcial considera a moral como o seu princípio e fundamento. O praticante deve treinar o físico e o espírito, respeitando seu mestre e colegas, além de prestar ajuda a quem precisar, isto é, preocupando-se com as outras pessoas. Estas atitudes devem ser realizadas com consciência e coragem, discernindo o bom e o mau, sempre mantendo a honestidade, rigidez, humildade e perseverança.

Em um tom firme chamou Yuki para ensinar as garotas algumas estâncias ou movimentos básicos que exercitam o corpo e canalizam energia para seus membros e órgãos internos, durante alguns minutos tentaram acompanhar os movimentos, mas já estavam exaustas do “aquecimento”.

As duas mal tinham forças pra ficar em pé quando Medhal dispensou todos e voltou para o centro do salão. Com um gesto luvas, capacetes, joelheiras e cotoveleiras saltaram da parede em suas mãos.

- Rembrandt! Volonaki! – Convocou Medhal. Os dois se posicionaram diante dele e receberam o equipamento. – Esse é o equipamento básico de Conjurabol, com isso sua resistência, força e velocidade são ampliados, também possuem a capacidade de lançar feitiços de torpor, mesmo assim com o treinamento correto são completamente ineficazes.

Assim que os garotos se vestiram ele simplesmente ordenou.

- Ataquem.

ARCHIZO

Gritaram os dois juntos, os símbolos dos equipamentos brilharam como lâmpadas, os dois partiram juntos contra o tutor que continuava sereno. Seus movimentos eram perceptivamente mais rápidos e fortes que o normal, podia se sentir o forte deslocamento de ar a cada gesto. Medhal deslizava suavemente entre os dois virando seus ataques contra eles, Janus e Rembrandt não pareciam nem um pouco fracos, na verdade eram bem habilidosos, mesmo assim com poucos contra-ataques os dois estavam estirados no chão.

Com outro gesto mais equipamentos saltaram para Medhal que entregou para as garotas e depois foi se sentar tranqüilamente atrás da mesa.

Belle e Alixandra não estavam nem um pouco interessadas em enfrentar Medhal, colocaram o equipamento sem grande entusiasmo e viram que quem se preparava para enfrentá-las era Yuki.

As duas não faziam a mínima idéia de como lutar, mesmo assim tentariam, se posicionaram e ativaram o equipamento.

ARCHIZO

Uma sensação completamente nova percorreu o corpo das duas, podiam sentir que o equipamento sugando lentamente a energia dos seus corpos, mesmo assim se sentiam suaves como se estivessem dentro da água e leves como se tivessem retirado um grande peso. Uma sensação de liberdade e euforia preenchia dentro do peito. Sentiram vontade de rir, de correr e de saltar.

Se moverem no ar como se fossem bolhas de sabão, tudo que faziam parecia rápido e ao mesmo tempo em que o mundo estava devagar, dançavam no ar com total liberdade como se a gravidade não funcionasse direito, até que se aproximaram demais de Yuki. Mal perceberam e já estavam estiradas no chão tão rápido que ficaram tão tontas e enjoadas que mal podiam se levantar.

Assim que puderam se levantar se posicionaram em fila com os outros e Medhal começou a falar.

- Acreditava-se que deixar o conhecimento das artes marciais com a pessoa errada poderia prejudicar outros, era uma desgraça, era igual como plantar uma semente ruim que poderia danificar gerações futuras. Deixar o conhecimento com o estudante certo era plantar uma semente boa para beneficiar gerações futuras. Isto significava a honra e respeito de uma vida.

Ele parou e olhou para ver se estavam prestando atenção. Belle levantou a mão.

- Sim srta Belle. – Medhal acenou para que ela pudesse falar.

- O que artes marciais tem a ver com magia?

- Um corpo e uma mente saudáveis e disciplinados são muito mais habilitados para magia. Vocês poderão conjurar magia com mais facilidade e menos esforço. No oriente é muito comum o uso de magia em combates corpo a corpo.

- Eu não acho que artes marciais sejam muito úteis para nós, eu não tenho nenhuma intenção de ir para a guerra E eu não seria de muita valia mesmo. – Continuou Belle. – Pelo que me disseram apesar do curso na academia ser obrigatório o alistamento não é.

- Srta Alix poderia vir até aqui? – Chamou o professor. – A srta poderia conjurar uma magia mera para nós?

- Acho que sim. – Alix cruzou as mãos como Cassandra a ensinara e tentou recriar a mera quando foi interrompida por um terrível estampido seguido de um zunido perto de sua cabeça que a derrubou e fez seu coração disparar. A sua frente o Major Medhal estava parado com uma pistola na mão.

- Magia é muito útil e interessante, mas em uma guerra de verdade armas de fogo ainda são imbatíveis. O maior artista marcial e mais poderoso dos feiticeiros ainda pode facilmente ser destruído por um momento oportuno do mais inapto com o dedo no gatilho. – Medhal guardou a arma e ajudou Alix a se levantar com sua costumeira tranqüilidade como se nada tivesse acontecido. – Como já disse este treinamento lhes proporcionara um corpo e uma mente mais saudável, um dos benefícios é que também poderão conjurar magia com menos esforço e mais habilidade. Particularmente acredito que a mais valiosa lição que eu proporciono é a disciplina. Este é o salão de combate, são três treinos por semana. Vocês duas não são obrigadas a participar. A ficha de inscrições deve estar no meu gabinete antes de sábado. Todos estão dispensados.

Os garotos ajudaram Belle e Alix que ainda estavam tremulas.

- Puxa! – Comentou Alix com um zunido no ouvido. - Esse lugar não é tão divertido quanto eu pensava.

- Muito estranho. – Comentou Yuki olhando Alix desconfiada.

- O que? – Perguntou Alix. – Ele atirar na minha orelha?

- Não! Ele errar. – Explicou Yuki. – Geralmente ele arrancaria sua orelha nesse tipo de demonstração.

- Arrancar a minha orelha? mas foi Belle quem...

- Executar inocentes é uma boa maneira de reprimir os culpados para que saibam que se esta falando serio. – Yuki falou com a maior naturalidade. – Alem disso em poucos dias reconstruiriam a sua orelha.

- Vocês reconstroem orelhas? – Belle ficou espantada.

- Falando isso acho que vocês vão ter que refazer as suas. – Janus observou a orelha de Belle que rapidamente tirou a mão dele e se afastou vermelha como uma pimenta.

- Por que? – Alix verificou que estava sem brincos.

- Bruxas não podem ter buracos no corpo, e os lóbulos possuem um importante ponto de energia espiritual. Não me admira que estejam com energias tão confusas.

- mas tem um monte de gente por aqui com brincos. – Observou Alix. – Olha o Janus.

Janus possuía uma fileira de brincos em sua orelha direita.

- Eles são de pressão. – Explicou tirando um. – São pontos magnéticos pra aumentar minha energia, como sua coleira de regeneração.

- Vocês estão mudando de assunto. – Reclamou Yuki. - Parece que meu pai tem um certo favoritismo por vocês. Normalmente ele não se importa com quem não quer fazer o treinamento e eu soube que foi ele que trouxe você aqui pessoalmente. Por que isso?

- Eu pedi! – Respondeu Rembrandt.

Neste instante a porta da sala móvel abriu revelando a sala Tulipa.

- Minhas queridas, como estão suadinhas. Venham que vou tirá-las desse vento frio.

- Sala Tulipa? – Yuki se espantou. – O que você esta fazendo aqui?

- Apenas cumprindo meu dever de transportar tão delicadas flores para sua proteção e satisfação.

- Essa é a famosa sala Tulipa? – Rembrandt se aproximou pra ver e quase recebeu uma pancada da porta.

- Não ouse entrar neste santuário sagrado para belas flores. – Reclamou a “sala”. – Muito menos ensopado e coberto de ácidos graxos.

- Tudo bem. – Disse Yuki. – Nós pegamos outra sala e vamos juntos.

- Eu não vou sair daqui. – Insistiu a sala Tulipa.

- Hei! – Protestou Alix. - Isso não é meio intransigente? Você poderia fazer uma pequena exceção pra gente.

- Só com o intuito de coito e praticas sexuais diversas. Se as garotas estiverem interessadas eu os deixo acompanhá-las.

- Não obrigada. – Belle entrou na “sala” e as outras garotas a acompanharam deixando os garotos pra trás.

Continua...

Um comentário:

Anônimo disse...

Como assim a professora violou uma aluna??? Que mulher safada!

Apesar de gostar da sua historia, acho que as coisas neste capítulo ficarama explicitas demais. Acho que nao ficou legal voce explicitar tanto a questao da masturbaçao da Belle na frente de outras pessoas, e a submissao dela à professora.

No mais eu continuo gostando da historia, mas acho que ela pode melhorar e acredito que voce tem talento pra fazer essa historia ficar fantastica.

Espero que nao leve meu comentário a mal, pos o que quero com ele é apenas expressar minha opiniao sobre sua historia.
Parabens pelo que voce ja criou e sorte para que consiga melhorar.

abraço,

Angélica.